Protestos de caminhoneiros em rodovias federais ocorrem em pelo menos 20 estados nesta segunda-feira (31), após a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para a Presidência da República, segundo balanço divulgado pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) por volta das 18 horas.
Há, ao todo, 236 bloqueios totais ou interdições parciais nesse momento nos estados do Acre, Alagoas, Amazonas, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rondônia, Roraima, Santa Catarina, São Paulo e Tocantins.
A situação é mais complexa em rodovias catarinenses (42 bloqueios), gaúchas (36 bloqueios e três interdições) e sul-mato-grossenses (32 interdições), estados em que o presidente Jair Bolsonaro (PL) venceu na votação do último domingo (30).
A PRF informou que a Advocacia-Geral da União entrou com ações em todas as unidades da federação em que existem bloqueios em rodovias federais. A corporação tentará conseguir liminares na Justiça Federal para impedir que os atos sigam interrompendo o tráfego nas estradas.
À tarde, a Polícia Militar do DF informou que isolou trechos da Esplanada dos Ministérios e da Praça dos Três Poderes para evitar possíveis protestos de caminhoneiros no local. “A Esplanada foi isolada preventivamente para evitar que caminhões invadam a região. A ideia é proteger os órgãos públicos e manter a ordem”, informou a PM-DF. “A medida se deu após identificação de possível ato marcado para o local feito por redes sociais”, informou, em nota, a Secretaria de Segurança do DF.
No Paraná, a PRF confirmou pela manhã que existiam três pontos com manifestações, por volta das 10 horas. Na BR-376, km 662, em Tijucas do Sul. Outro ponto ocorre na BR-476, km 357, em União da Vitoria, onde há interdição total da pista. Além desses, a BR-280, km 257, em Marmeleiro, tem interdição a cada 40 minutos.
Mais cedo, por volta das 8 horas, levantamento na CBN mostrava que havia vários pontos de manifestação em Santa Catarina. Atos eram realizados nas BRs 101 e 116. A via estava fechada nos dois sentidos da BR-101 no km 24, em Joinville, no km 116, em Itajaí, e no km 216 em Palhoça. De acordo com informações da CBN, existe um trecho com protesto e interrupção do tráfego no sentido PR-SC, km 5, em Garuva.
Já entre São Paulo e Rio de Janeiro, a BR-116 - a rodovia Presidente Dutra - estava bloqueada nos dois sentidos no km 281, em Barra Mansa (RJ).
Além disso, havia estradas bloqueadas em Goiás. Na BR-060, km 101, em Anápolis; BR-153, km 703, em Itumbiara; e BR-040, em Cristalina, nas proximidades do Distrito Federal, segundo os dados da rádio.
Já a Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores (Abrava) listou 63 pontos com manifestações de caminhoneiros na manhã desta segunda-feira.
Em contrapartida, a BR-020, na cidade de Luís Eduardo Magalhães, no oeste da Bahia, foi liberada por volta das 2h30 desta segunda-feira (31) após protesto pelo resultado das eleições 2022. Caminhoneiros colocaram fogo em pneus e fecharam a estrada após a vitória de Lula, segundo informações do g1.
O ato começou por volta das 23 horas de domingo e foi encerrado ainda durante a madrugada, de acordo com a Polícia Rodoviária Federal.
Manifestações de caminhoneiros
O presidente da presidente da Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores (Abrava), Wallace Landim, que é conhecido como Chorão, reconheceu a vitória de Lula nas urnas e avaliou que a economia do Brasil será prejudicada se a categoria decidir "parar o país". "Não é o momento de parar esse país, precisamos estar alinhados e lutar pelo nosso segmento. [...] Vamos aceitar [o resultado das eleições]. Isso é democracia", defendeu.
Posicionamento diferente foi defendido pelo presidente do Sindicato dos Caminhoneiros de Ourinhos (SP), Júnior Almeida. No domingo, confirmou que lideranças da categoria convocaram mobilizações em todo o país por insatisfação com o resultado das urnas. "Há indício de fraude, o resultado é suspeito, mas não vou entrar no mérito porque acho que é um assunto nebuloso para caminhoneiro falar", diz. "Mas a greve é geral, o país para de hoje [domingo] para amanhã [segunda-feira (31)]". Ele afirmou que a desmobilização do movimento irá ocorrer apenas se as eleições forem anuladas ou a pedido do presidente. "Se o Bolsonaro não me ligar, não acaba o movimento", afirmou.
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