Com a indicação oficial de Geraldo Alckmin (PSB) como vice-presidente na chapa de Luiz Inácio Lula da Silva, o PT planeja acelerar a pré-campanha do ex-presidente. Integrantes da cúpula petista avaliam que é "preciso colocar o bloco na rua" para dar mais visibilidade a Lula e conter o crescimento do presidente Jair Bolsonaro (PL) nas intenções de voto.
Até então, o ex-presidente vinha adotando um tom mais contido por causa das regras eleitorais, que vedam pedidos explícitos de voto neste momento. De acordo com o calendário da Justiça Eleitoral, a campanha terá início oficialmente apenas no mês de agosto. A interlocutores, Lula dizia temer ser acusado judicialmente de campanha antecipada.
O receio teria adiado a oficialização da pré-candidatura dele, que estava prevista para ocorrer no começo deste mês. Agora, o partido prepara um evento de pré-lançamento chapa Lula-Alckmin para o dia 7 de maio, em São Paulo, com a presença de lideranças de partidos como PSB, PCdoB, PV e Psol.
O PT ainda não definiu o local do evento, mas lideranças da sigla sinalizam que não será em local aberto e haverá limitação de público. O objetivo, dizem, é que a oficialização da pré-candidatura não seja enquadrada como comício por parte da Justiça Eleitoral.
A partir deste evento, Lula pretende começar a rodar o país, ainda com encontros reservados com lideranças políticas, como o que ocorreu na segunda-feira (11) na casa do ex-senador Eunício Oliveira (MDB-CE), em Brasília. A primeira parada será em Minas Gerais, onde o ex-presidente pretende percorrer algumas cidades e encerrar a tour na capital Belo Horizonte. Durante a caravana, Lula quer amarrar o seu palanque junto ao do pré-candidato ao governo mineiro pelo PSD, Alexandre Kalil.
"Eu não quero dizer o que vai acontecer porque em política a gente tem que ter muito cuidado com as palavras. A única coisa que tenho certeza é que o Kalil precisa de mim. A única coisa que eu tenho certeza é que se nós dois nos juntarmos, nós faremos uma chapa muito forte em Minas Gerais", disse Lula em entrevista à Rádio Super.
Alckmin fará campanha no Sul e no Sudeste
De Minas Gerais, a expectativa do PT é de que Lula concentre suas agendas pelo Norte e Nordeste, regiões onde o ex-presidente apresenta um desempenho mais confortável junto ao eleitorado. Paralelamente, o ex-governador paulista Geraldo Alckmin vai buscar composições com lideranças de centro para tentar avançar sobre o eleitorado de regiões com o Sul e o Sudeste.
Integrantes do PT admitem reservadamente que o avanço de Bolsonaro entre os eleitores destas regiões acendeu um alerta no partido. O último levantamento do instituto Quaest, por exemplo, mostrou um crescimento de 15 pontos de Bolsonaro entre os eleitores do Sul e de oito pontos nos do Sudeste.
Em março, Lula liderava entre os eleitores do Sul com 35% das intenções de voto, contra 29% do presidente Bolsonaro. Já no levantamento de abril, Bolsonaro apareceu na liderança com 44%, contra 32% de Lula.
Já nos estados do Sudeste, Lula tinha com 42% em março, e agora registrou 41%. Por outro lado, o atual presidente subiu de 26% para 34% das intenções de voto no levantamento mais recente.
"O selamento deste acordo com Alckmin é uma demonstração de esforço para construir o melhor da política brasileira, para que a gente possa ganhar as eleições de 2022. Vamos percorrer este país, de Roraima ao Chuí, explicar o que vamos fazer e assumir compromissos, mostrar para a sociedade brasileira que este país precisa de amor e não de ódio, que precisa de humanismo e não de armas”, disse Lula.
Com a estratégia, aliados de Alckmin esperam que a chapa petista avance sobre o eleitorado destas regiões tidas como mais resistentes ao ex-presidente. "Minha visão é de que ele [Alckmin] deve concentrar suas agendas onde foi mais forte em 2018, ou seja, no Sul e no Sudeste. Ele tem uma boa penetração entre o eleitorado de São Paulo e em estados como Paraná e Rio Grande do Sul, redutos bolsonaristas", avalia o ex-governador Márcio França (PSB).
PT quer ampliar agendas de Lula e Alckmin com o meio empresarial
A cúpula do PT pretende ampliar as agendas de Lula ao lado de Geraldo Alckmin com setores do meio econômico. A estratégia seria uma forma de o ex-presidente acenar e apresentar suas propostas para o empresariado antes da apresentação do plano de governo.
Recentemente, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, esteve reunida com cerca de 20 empresários de São Paulo para apresentar as primeiras ideias do plano de governo petista. Com a oficialização da chapa Lula–Alckmin, a dupla pretende passar a se reunir com o segmento em encontros reservados.
Ao lado do ex-tucano, Lula deu o tom de como será essa estratégia ao enfatizar que pretende ter um governo plural e com participação do vice nas decisões. “Nós vamos conversar com toda a sociedade brasileira. Nós vamos conversar com grandes empresários, com médios, com pequenos, com microempresários e vamos conversar muito com o povo trabalhador deste país”, disse.
Além disso, o petista afirmou que o ex-governador Alckmin terá papel na campanha e no plano de governo. "[Vai] participar da elaboração do programa de governo, da combinação da montagem do governo e, antes disso, a gente vai ter que combinar como ganhar essas eleições, porque é importante saber que se essa chapa for formalizada, não é só pra ganhar as eleições. Talvez ganhar as eleições seja mais fácil do que a tarefa que nós teremos para frente, de recuperar esse país, nós vamos conversar com toda a sociedade brasileira", discursou Lula no evento do PSB.
Na mesma linha, Alckmin saudou o petista. “Quero somar meus esforços ao presidente Lula e a todos para recuperar renda, emprego e a população ter dias melhores”, disse o ex-tucano.
Metodologia de pesquisa citada
O levantamento do instituto Quaest, encomendado pelo banco Genial, ouviu 2 mil eleitores entre os dias 1º e 3 de abril. A pesquisa foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o número BR- 00372/2022. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
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