A executiva nacional do PTB convocou na quinta-feira (13) filiados de todo o Brasil a votarem uma proposta de fusão do partido com o Patriota. O PTB não alcançou os limites mínimos exigidos pela cláusula de barreira para continuar tendo acesso aos fundos partidário eleitoral e tempo de propaganda na TV; elegeu apenas um deputado federal nesta eleição. O Patriota tampouco escapou da cláusula de barreira.
Unidos, as duas siglas podem "fugir" dos efeitos da cláusula de barreira – mecanismo criado para tirar benefícios de partidos que têm baixa representação e, assim, diminuir o número de siglas no Brasil para facilitar a governabilidade.
Em um telegrama enviado aos correligionários e obtido pela Gazeta do Povo, o secretário-geral em exercício do PTB, Kassyo Santos Ramos, convoca os membros para uma convenção que será realizada no dia 26, às 10h, pela internet e presencialmente em Brasília para decidir se os dois partidos vão se unir.
Informações preliminares obtidas pela reportagem apontam que o PTB vai abrir mão de alguns diretórios regionais para integrantes do Patriota, mas que pretende continuar usando o número 14 nas urnas. O Patriota tem o número 51.
O que está na mesa de negociação na fusão do PTB com o Patriota
Além do telegrama, a reportagem também teve acesso a um documento em que o PTB explica o que chama de “estratégia de incorporação”, comparando o seu desempenho com o do Patriota e do PSC e “considerando três partidos associados à direita pelo eleitorado, que não alcançaram a cláusula de barreira”.
Para o PTB, a associação com o PSC seria, num primeiro olhar, mais vantajosa por ter conseguido um melhor desempenho eleitoral, de 1,79% dos votos contra 1,42% do Patriota. No entanto, em comparações mais detalhadas, o partido afirma que sairia perdendo em deputados federais eleitos e no número de diretórios.
Já a fusão com o Patriota permitiria ao PTB manter "o controle partidário, com 19 diretórios. O PATRI [abreviação de Patriota] deve deter a liderança na Câmara, uma vez que tem mais deputados. Acho possível alguma negociação com o PATRI para compor o diretório de SP", aponta o documento em um trecho. Porém, a possibilidade de uma divisão das estruturas do novo partido não está descartada.
O documento diz ainda que há uma tentativa de aproximação entre o Patriota e o PSC, que já tinha sido adiantada à reportagem pela executiva da segunda sigla. No entanto, o PTB pretende argumentar que o partido vai perder representatividade ao se associar com os sociais-cristãos caso aceite uma fusão assim.
“PATRI controlaria mais diretórios que a situação da TABELA 4. Contudo, deve-se observar que o PATRI perderia o controle de SP, GO e MA, tendo deputado eleito nesse último. O valor de fundo recebido na eventual incorporação com o PTB também é cerca de 9,84% maior (percentual maior, apesar da base de cálculo menor). Dificilmente o PSC abriria mão da liderança na Câmara", analisa a executiva petebista ao identificar uma proposta mais vantajosa de fusão com o Patriota.
Por outro lado, o PTB oferece ao Patriota 51,94% do fundo partidário e os grandes diretórios de São Paulo e Minas Gerais, e dos estados do Acre, Amazonas, Goiás, Maranhão, Pernambuco e Sergipe.
A cúpula petebista aponta, porém, que uma divisão do novo partido, inclusive com alternância das presidências e de secretarias, está sendo negociada e que não há nada definido.
Negociações partidárias
Além do PTB com o Patriota, também já estão em conversas por fusões o Solidariedade com o Pros ou o Avante, o PSC com alguma outra legenda, e possivelmente do PP com o União Brasil.
Essa última fusão, se concretizada, fará o União Brasil superar o PL na representatividade na Câmara dos Deputados em 2023, com 106 parlamentares eleitos contra 99 da legenda do presidente Jair Bolsonaro.
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