A campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) avalia que precisa crescer no Sudeste para vencer as eleições deste ano, apesar de o petista ter terminado o primeiro turno à frente do presidente Jair Bolsonaro (PL). Dos quatro estados da região, Lula ganhou apenas em Minas Gerais, sendo derrotado por Bolsonaro em São Paulo, Rio de Janeiro e no Espírito Santo.
Maior colégio eleitoral do país, com 34,6 milhões de eleitores, São Paulo é visto como o principal alvo da ofensiva de Lula até o segundo turno, no dia 30 de outubro. No primeiro turno, Lula recebeu 40,89% dos votos válidos do estado, ficando atrás de Bolsonaro, que somou 47,71%. A diferença foi de pouco mais de 1,7 milhão de votos.
Paralelamente, Fernando Hadadd, que concorre ao governo de São Paulo pelo PT, terminou o primeiro turno atrás do ex-ministro Tarcísio de Freitas (Republicanos), palanque de Bolsonaro no estado. Apesar disso, aliados de Lula dizem estar otimistas com a possibilidade de reduzir a vantagem de Bolsonaro entre os paulistas neste segundo turno.
Para tentar reverter o cenário, a campanha de Lula vai focar no interior do estado. No primeiro turno, o petista não cumpriu nenhuma agenda fora da região metropolitana da capital paulista. Ao lado de Geraldo Alckmin (PSB), vice na chapa do PT, Lula cumpriu agenda em Campinas neste final de semana e já prepara visitas em regiões do litoral paulista para os próximos dias.
Além do reforço no interior do estado, a campanha de Lula quer usar o apoio da senadora Simone Tebet, que concorreu à Presidência pelo MDB, para atrair o eleitorado do estado. A emedebista ficou em terceiro lugar em São Paulo, com pouco mais de 6% dos votos; e é vista pela campanha de Lula como um trunfo para este segundo turno na estratégia de conquistar eleitores fora do campo da esquerda.
"Eu já estou na campanha e vou estar onde precisar. O senhor [Lula] fica com o meu compromisso, não apenas de receber o meu voto, mas do meu total apoio para a sua campanha e seu governo. Vamos andar as ruas e praças desse país para mostramos o Brasil que queremos reconstruir", afirmou Tebet na semana passada depois de um ato com Lula em São Paulo.
Sem palanque, Lula aposta em apoio de bancada para manter vantagem em MG
Já em Minas Gerais, segundo maior colégio eleitoral do país, Lula pretende realizar ao menos mais duas visitas ao estado neste segundo turno. O petista cumpriu a agenda no estado mineiro neste último domingo (9) ao lado de Alckmin e de outros aliados.
Apesar de Lula ter vencido Bolsonaro em Minas no primeiro turno, com 48,29% dos votos válidos, ante 43,60%, a diferença de votos foi de apenas pouco mais de 500 mil votos. Paralelamente, o governador reeleito do estado, Romeu Zema (Novo), declarou apoio ao atual presidente neste segundo turno.
Sem palanque em Minas, a avaliação dos aliados do PT é de que Lula precisa intensificar as agendas no estado neste segundo turno. A estratégia é ampliar a campanha com os deputados atuais e os que foram eleitos e que apoiam Lula no estado. Os petistas tentam ainda contar com engajamento do senador Rodrigo Pacheco (PSD) como forma de neutralizar o apoio de Zema à candidatura de Bolsonaro no estado. O senador, no entanto, tem resistido ao movimento, sob a alegação de que é presidente do Congresso Nacional e precisa manter distanciamento dessas disputas. Até o momento, segundo interlocutores, Pacheco se comprometeu apenas a atuar nos bastidores. Nos cálculos do PT, com o apoio do presidente do Senado é possível reunir ao menos 300 prefeitos para tentar aumentar a vantagem eleitoral de Lula no estado.
Presidente nacional do Avante, Luis Tibé, que no primeiro turno defendia a candidatura de Lula e de Zema, também comandará as tratativas com as prefeituras. "Foi apontada a prioridade em construir agendas com setores sociais que ainda não haviam aderido à nossa campanha. E incorporar todos e todas que se colocam à disposição para ajudar neste importante momento, cada um na sua área de atuação", explicou o deputado Reginaldo Lopes (PT-MG).
Prefeito do Rio, Eduardo Paes vai assumir a campanha de Lula no estado
Reduto da família Bolsonaro, o Rio de Janeiro também impôs uma derrota para o ex-presidente no primeiro turno. O petista ficou com 40,68% dos votos válidos, ante 51,09% do atual presidente. A vantagem de Bolsonaro foi de quase 1 milhão de votos.
Além disso, o candidato de Lula ao governo fluminense, Marcelo Freixo (PSB), foi derrotado pelo atual governador Claudio Castro (PL), aliado de Bolsonaro no estado. Para tentar reverter esse cenário, Lula escalou o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), para coordenar as estratégias neste segundo turno.
A avaliação do PT é de que Paes tem influência em regiões associadas à direita e articulação política com lideranças de fora do campo da esquerda. A expectativa é de levar o ex-presidente para a Zona Oeste carioca e Baixada Fluminense, regiões onde Cláudio Castro e Bolsonaro tiveram votação expressiva no primeiro turno.
"Nós vamos trabalhar incessantemente. Esse segundo turno vai ser muito diferente do que aconteceu nessas áreas. O time que já está na rua vai intensificar o trabalho esta semana. As forças políticas do Rio estão unidas em torno da candidatura do Lula", declarou Eduardo Paes.
Para organizar os atos, a campanha já mira o apoio de Waguinho (União Brasil), prefeito de Belford Roxo, na Baixada Fluminense. A previsão é de que haja na cidade um comício no próximo dia 12, com foco em lideranças evangélicas.
PT pressiona PSB por engajamento de Casagrande no Espírito Santo
Menor estado do Sudeste, o Espírito Santo também registrou vitória de Bolsonaro no primeiro turno, com uma vantagem de 52,23% dos votos válidos, contra 40,40% de Lula. O palanque do petista no estado é composto pela candidatura do governador Renato Casagrande (PSB), que disputa o segundo turno contra Carlos Manato (PL).
A campanha petista, no entanto, tem pressionado a cúpula nacional do PSB para que Casagrande também se engaje na disputa presidencial. A avaliação é de que o atual governador capixaba escondeu Lula durante o primeiro turno no estado.
A expectativa é de que Lula visite o estado nas próximas semanas, mas até o momento a expectativa é de que o petista seja acompanhado pelo senador Fabio Contarato (PT-ES). Nos últimos dias, diversos apoiadores do governador publicaram nas redes sociais apoios explícitos a Casagrande e a Bolsonaro, na contramão da aliança oficial dele com os petistas.
No WhatsApp, “Bolsonaro lá, Casagrande cá” é um dos slogans que circulam junto com um vídeo, de origem ainda desconhecida, que mostra a impressão de materiais de campanha com nome e número dos dois. Diante da pressão do PT, Casagrande tem negado que busca um voto "casado" com Bolsonaro no estado e que o seu candidato é o ex-presidente Lula.
"Não tem aliança, não [com Bolsonaro]. Meu partido está com Lula. Eles [o PSB] já estão firmes na campanha. É um partido disciplinado", minimizou Casagrande em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo.
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