Apesar de a senadora Simone Tebet (MS) figurar com apenas 1% nas intenções de voto, segunda a última pesquisa da Quaest, a cúpula do MDB tem se movimentado para torná-la o nome da terceira via na disputa pela Presidência da República. Para isso, emedebistas têm avançado em negociações de alianças que podem isolar as candidaturas de outros pré-candidatos, como o ex-ministro e ex-juiz Sergio Moro (Podemos) e o governador de São Paulo, João Doria (PSDB).
De acordo com o levantamento do Instituto Quaest, de fevereiro, a corrida presidencial é liderada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com 45%, seguido pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), que somou 23%. Os ex-ministros Sergio Moro e Ciro Gomes (PDT) somaram 7%, cada. João Doria e André Janones (Avante), aparecem com 2%.
Apesar dos números, a avaliação da cúpula do MDB é que Simone Tebet é a que apresenta a menor taxa de rejeição e maior potencial de crescimento dentre os pré-candidatos da terceira via até o período de registro das candidaturas. Segundo o levantamento Quaest, 18% dos entrevistados disseram que "conhecem e não votariam" na emedebista, enquanto 76% disseram "não conhecer" a emedebista.
"A candidata tem bagagem. Ela tem história. A candidata conhece a realidade do Brasil como poucos conhecem", defendeu o ex-governador do Rio Grande do Sul Germano Rigotto, escolhido para coordenar o programa de governo da senadora.
Rejeição dos adversários de Simone Tebet vira aposta do MDB
Nos bastidores, aliados de Tebet avaliam que a rejeição dos demais pré-candidatos será empecilho para que as candidaturas decolem. A emedebista mantém conversas com Moro e Doria; e o trio não descarta uma unificação das candidaturas em meados de junho. Mas, publicamente, ela descarta ser vice na chapa dos demais.
"Tenho que levar minha pré-candidatura até o final no respeito e na forma de colocar a mulher. Que eu possa ser a voz de todas as mulheres. Não sou vice de ninguém. Sou pré-candidata à Presidência da República e não tenho plano B", afirma a senadora.
Ainda de acordo com a Quaest, 62% dos entrevistados dizem que "conhecem e não votariam" em Sergio Moro, e outros 14% disseram "não conhecer" o ex-juiz. Já em relação a João Doria, 61% responderam que "conhecem e não votariam", enquanto outros 23% disseram que "não conhecem" o governador tucano.
MDB discute federação com União Brasil e PSDB
Na busca por ampliar o grupo político de apoio a Simone Tebet, o MDB tem se aproximado de integrantes da cúpula do União Brasil e do PSDB. Uma encontro realizado nesta terça-feira (15) deu um passo importante no sentido de formar uma federação partidária entre as três legendas.
Após a reunião, os presidentes do MDB, Baleia Rossi, do União Brasil, Luciano Bivar, e do PSDB, Bruno Araújo, informaram considerar a possibilidade de desistir de pré-candidaturas postas na busca por um nome único e de consenso para concorrer à Presidência da República.
"As candidaturas são legítimas, postas por cada um dos nossos partidos, mas a partir do momento que caminhamos pela convergência de uma candidatura única elas estão submetidas à autoridade de um consenso", disse Araújo.
Rossi afirmou que os partidos têm "muito mais convergências do que dificuldades" e estão unidos na "vontade de apresentar um projeto moderado, equilibrado, que vise uma recuperação do nosso país na sua economia".
Antes de se aproximar do MDB, integrantes do União Brasil chegaram a tentar uma composição com o Podemos, de Sergio Moro. Além de uma federação, aliados do ex-juiz discutiam a possiblidade de ele migrar para a nova legenda a fim de garantir maior estrutura para sua campanha. A troca, no entanto, teria esbarrado em questões regionais, segundo envolvidos.
Para reduzir os impasses estaduais, uma comissão será criada pelo MDB no intuito de discutir os palanques regionais. A cúpula emedebista sinalizou que, mesmo com a candidatura de Tebet, integrantes do partido poderão apoiar outros nomes, como no Nordeste, onde parlamentares pretendem apoiar o ex-presidente Lula. O mesmo deve ocorrer no União Brasil, onde ACM Neto, pré-candidato ao governo da Bahia, deve apoiar Ciro Gomes.
Ala de oposição a Doria no PSDB trabalha pelo nome de Simone Tebet
Em outra frente, o MDB pode ganhar o apoio da ala do PSDB que faz oposição ao nome de João Doria na disputa pela Presidência. Ligado ao governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, o grupo defende que o partido apoie a senadora diante da rejeição de Doria apresentada na pesquisa da Quaest.
"Além do baixo desempenho, o que mais preocupa os líderes do partido é a altíssima e persistente rejeição que o candidato escolhido [Doria] tem, inclusive no seu estado, a 45 dias de deixar o mandato", afirmou Leite, no jantar de um grupo de tucanos que faz oposição à candidatura do governador paulista, em Brasília.
Para o ex-senador José Aníbal (SP), desafeto de Doria no PSDB, o nome de Simone Tebet é o que mais tem chances de crescer na disputa eleitoral. "Estamos entusiasmados com a candidatura da Simone. Ela é um nome que tem baixa rejeição e espaço aberto para crescer nas pesquisas eleitorais", argumenta o tucano. Suplente de José Serra, Aníbal ficou no Senado por cinco meses e deixou o cargo no começo deste mês, após o retorno do titular.
Publicamente, Simone Tebet desconversa quanto às articulações com os dissidentes do PSDB, mas recentemente participou de uma reunião na casa de Aníbal, com o também senador Tasso Jereissati (CE) e com o ex-presidente Michel Temer.
Em contrapartida, Doria também tem seus aliados no MDB. Em São Paulo, as duas legendas formam um só bloco político, no estado e na capital. O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), que assumiu o cargo com a morte de Bruno Covas, sempre foi aliado do PSDB. Ex-ministro da Secretaria de Governo de Temer, Carlos Marun (MDB) não esconde a simpatia por um acordo entre Tebet e Doria.
Metodologia da pesquisa citada na reportagem
A pesquisa do Instituto Quaest, encomendada pelo Banco Genial, foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o número BR- 08857/2022. O levantamento ouviu, de forma presencial, 2 mil eleitores entre os dias 3 e 6 de fevereiro. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos; e o nível de confiança é de 95%.
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