O núcleo de campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL) deu início a um movimento para tentar diminuir a rejeição junto ao eleitorado feminino. Aliados do Palácio do Planalto estão engajados em promover pautas do governo voltadas para as mulheres.
De acordo com o último levantamento do Instituto Quaest, divulgado nesta quarta-feira (16), Bolsonaro aparece em segundo lugar entre o eleitorado feminino com 20% das intenções de voto. Neste cenário, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem 48% dos votos das mulheres.
Também divulgado em março, o levantamento do Paraná Pesquisas mostrou uma vantagem de Lula contra Bolsonaro entres as mulheres. De acordo com a pesquisa, o petista tem 42,1% das intenções de voto contra 25,5% do atual presidente entre o público feminino.
Para ampliar a viabilidade do presidente junto às eleitoras, o núcleo de campanha de Bolsonaro lançou uma série de programas e propostas voltadas para este público. Entre as apostas, os aliados do governo pretendem promover campanhas voltadas para o Auxílio Brasil, programa que substituiu o Bolsa Família desde o final do ano passado.
O PL, partido de Bolsonaro, vai aproveitar as inserções da sigla na propaganda partidária para que o presidente explore o programa social. De acordo com o Ministério da Cidadania, 83% das famílias beneficiadas pelo auxílio – cerca de 15 milhões – são chefiadas por mulheres.
"Ninguém sabe o que ele [Bolsonaro] fez pela mulher brasileira. Essa é uma gente tão humilde, que acha que é o prefeito que está dando [o Auxílio Brasil]. O presidente Bolsonaro vai ter [aproximadamente] 40 inserções no horário nobre. Mas antes disso, já começamos o trabalho para mostrar o que ele está fazendo", disse o presidente nacional do PL, Valdemar da Costa Neto, durante evento do partido em Brasília.
As propagandas partidárias destinadas ao PL serão exibidas entre 2 e 11 de junho, das 19h30 às 22h30. Como estratégia, o partido do presidente concentrou todas as suas inserções no último mês antes da abertura da campanha eleitoral.
Após veto, Bolsonaro assina decreto para distribuir absorventes
Em outra frente, o Palácio do Planalto aproveitou o mês de março, em que se comemora o Dia Internacional da Mulher, para lançar uma série de programas voltados para o público feminino. Entre eles, o presidente Jair Bolsonaro assinou um decreto para distribuir gratuitamente absorventes e produtos de higiene pessoal.
"O programa da saúde menstrual prevê a oferta gratuita de produtos de higiene e outros itens necessários ao período da menstruação feminina, bem como oferecer garantia de cuidados básicos de saúde e desenvolver meio para inclusão das mulheres em ações e programas de proteção à saúde menstrual", afirmou o governo. De acordo com o Ministério da Saúde, serão empregados cerca de R$ 130 milhões por ano no projeto.
A medida, no entanto, ocorreu cerca de três meses depois que o presidente vetou uma proposta aprovada pelo Congresso Nacional que previa a distribuição dos absorventes pelo governo. Mesmo com o decreto, o Congresso Nacional derrubou o veto de Bolsonaro em sessão do último dia 10.
Para integrantes da bancada feminina, o decreto de Bolsonaro foi apenas uma medida "eleitoreira" e que o projeto de lei teria mais força que o texto do Executivo. "O presidente falou todo tipo de atrocidade e, de repente, aparece como se fosse salvar o mundo com um decreto, que, além de não ter concretude, não tem segurança", disse a deputada Marília Arraes (PT-PE), autora do projeto.
Já a deputada Celina Leão (PP-DF), vice-líder do governo na Câmara, afirmou que Bolsonaro foi "mal assessorado" quando vetou a medida. Mas também sinalizou que o veto precisaria ser derrubado. "Entendemos que a derrubada do veto garante algo que o decreto deixa um pouco vago, que é a garantia do orçamento. A lei aponta o orçamento e cria a obrigatoriedade", disse. O veto foi derrubado por 64 votos a 1 no Senado e por 425 votos a 25 na Câmara.
Programa vai incentivar o empreendedorismo feminino
No mesmo dia em que assinou o decreto para distribuição dos absorventes, Bolsonaro lançou um programa para ampliar o acesso ao microcrédito e com iniciativas de empreendedorismo para mulheres batizado de "Brasil pra Elas". De acordo com o Ministério da Economia, a estratégia reúne ações como acesso à crédito, cursos técnicos e informações sobre finanças para mulheres. A intenção é incentivar a criação e expansão de negócios liderados por mulheres.
"Minha mãe foi também uma empreendedora. Lá naquele meu tempo, é história, ou a mulher era professora ou dona de casa, dificilmente uma mulher fazia algo diferente disso. Lá nos anos 1950, 1960. Hoje em dia as mulheres estão praticamente integradas à sociedade. Nós as auxiliamos. Nós estamos sempre ao lado dela. Não podemos mais viver sem ela", afirmou o presidente em discurso no evento.
Em nota, o ministério da Economia informou que o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal e o Banco da Amazônia (Basa) vão oferecer linhas de crédito especiais para micro e pequenas empresas. Além disso, haverá apoio de educação empreendedora do Sebrae para quem está começando a empreender e para aquelas mulheres que precisam incrementar seus negócios próprios.
No mesmo evento, o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, lançou um pacote com redução de taxas para empréstimos às mulheres durante o mês de março. Segundo ele, haverá redução de taxas para microempresas em até 45% para empreendimentos em que mulheres são as donas e de 37% no cartão de crédito.
Lula também busca apoio do eleitorado feminino
Assim como Bolsonaro, o ex-presidente Lula também tem feito acenos para o eleitorado feminino. Em evento realizado pelo PT neste mês, o pré-candidato petista defendeu a ampliação da representatividade feminina nos espaços de poder e disse desejar que um dia as mulheres sejam maioria no Congresso Nacional. Na avaliação de integrantes do PT, Lula terá condições de manter a vantagem sobre Bolsonaro no eleitorado feminino.
“É um sonho do Partido dos Trabalhadores fazer com que o Congresso Nacional tenha maioria de mulheres. Embora nosso partido tenha paridade em sua direção, a verdade é que nós não conseguimos ainda encontrar mecanismos para convencer as mulheres, que são maioria na sociedade brasileira, a se transformarem em maioria nos sindicatos, se transformarem em maioria nas câmaras, se transformarem em maioria em todos os lugares”, completou.
Metodologia de pesquisas citadas na reportagem
O levantamento do instituto Quaest, encomendado pelo Banco Genial, ouviu 2 mil eleitores entre os dias 10 e 13 de março. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos. O levantamento foi registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o número BR-06693/2022.
O levantamento do instituto Paraná Pesquisas, encomendado pela BGC Liquidez Distribuidora de Títulos Mobiliários Ltda., ouviu 2.020 mil eleitores entre os dias 03 e 08 de março. A pesquisa foi registrada no TSE sob o número BR-06682/2022. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais para mais ou para menos.
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