Maior colégio eleitoral do país, o estado de São Paulo é crucial para as pretensões de vitória dos pré-candidatos na corrida presidencial. Por isso, o presidente Jair Bolsonaro (PL), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os ex-governadores João Doria (PSDB) e Ciro Gomes (PDT) focam na construção de palanques fortes que lhes garantam vitrine no estado.
O grupo político de Bolsonaro escalou o ex-ministro da Infraestrutura Tarcísio de Freitas (Republicanos) para concorrer ao governo de São Paulo. A expectativa dos aliados do Planalto é de que Freitas avance, principalmente, sobre o eleitorado conservador no estado para chegar ao segundo turno.
Recentemente, Freitas esteve reunido com evangélicos para conquistar o apoio de pastores do interior do estado. Ainda desconhecido por parte do eleitorado paulista, o ex-ministro pretende contar com apoio das igrejas para ampliar sua viabilidade eleitoral. Em sua fala, no púlpito, Freitas reforçou o discurso religioso, disse ter sido "criado na igreja", com pai católico praticante e mãe evangélica.
Além disso, o pré-candidato ainda busca amarrar o apoio de outros partidos como o PL e o PP. Se consolidada, a composição será a mesma que formará a coligação nacional que buscará a reeleição do presidente Bolsonaro. O PL, que apoiava o governo de João Doria (PSDB), é hoje o partido preferencial para indicar o nome do vice-governador na coligação com Freitas.
Com o ex-ministro na disputa, Bolsonaro espera acabar com a hegemonia do PSDB, que governa o estado há quase 30 anos. "Isso mostra o exaurimento de um partido, de um grupo. Mostra que hoje não há uma liderança nessa corrente e há um vácuo, claramente. Observe que há uma desorganização, um desentendimento. Mostra muito o que aconteceu com o PSDB nos últimos anos em São Paulo”, afirmou Freitas sobre a crise política que divide os tucanos.
Lula caminha para ter dois palanques em São Paulo
Enquanto Bolsonaro tem investido na candidatura de Tarcísio de Freitas, o ex-presidente Lula ainda vive um impasse sobre a definição do palanque em São Paulo. Apesar da aliança nacional entre PT e PSB, que indicou Geraldo Alckmin como vice de Lula, as duas legendas ainda divergem sobre as candidaturas de Fernando Haddad (PT) e de Márcio França (PSB) ao Palácio dos Bandeirantes.
Lideranças das duas siglas tentam um acordo para que um dos dois abra mão da candidatura e afirmam que pesquisas qualitativas de intenção de voto serão analisadas para que haja consenso. Caso contrário, a expectativa é de que ambos disputem o primeiro turno dando palanques distintos a Lula e Alckmin.
"Nessa hipótese, o Lula certamente vai pedir voto para o Haddad, e o Alckmin pede voto para o Márcio. Hoje o PSB tem candidatura a governador de São Paulo definida e consolidada, e vamos dialogar", defende Jonas Donizette, presidente do diretório paulista do PSB.
Mas o PT também insiste na candidatura de Haddad e acredita em uma composição com França candidato ao Senado. "Vou trabalhar o que eu puder para que a gente saia unido aqui em São Paulo”, afirma a presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR).
Dentro do PT a avaliação é de que a divisão de palanques não beneficiaria Lula nem Haddad. Isso porque líderes petistas defendem que Alckmin trabalhe, principalmente, no interior do estado para atrair o eleitorado mais resistente ao voto no PT.
No PSDB, Rodrigo Garcia tenta se descolar de Doria
Depois da crise sobre a renúncia e a pré-candidatura de João Doria ao Palácio do Planalto, o atual governador Rodrigo Garcia vai usar os próximos meses para tentar se desvincular do tucano. Na avaliação de integrantes do PSDB, a rejeição de João Doria, que é alta, pode impactar na reeleição de Garcia para o Palácio dos Bandeirantes.
Como forma de manter o comando do maior colégio eleitoral do país, o presidente do PSDB, Bruno Araújo, já sinalizou que a reeleição de Garcia é prioridade. "O PSDB tem absoluta confiança na qualidade e na certeza da viabilidade eleitoral de Rodrigo Garcia, que é uma prioridade nacional do PSDB", disse Araújo.
Apesar de ter vencido as prévias do PSDB para disputar o Planalto, Doria vive um desgaste dentro do partido. Ele, inclusive, teve a sua pré-candidatura ameaçada pelo ex-governador do Rio Grande do Sul Eduardo Leite, que apenas recentemente publicou uma carta de apoio a Doria. Além disso, Doria rompeu com Bruno Araújo, que vinha atuando como coordenador da campanha presidencial.
Nos bastidores, integrantes do PSDB admitem que Garcia vai usar os próximos meses para "imprimir" sua marca como governador. Para isso, ele tem cortejado prefeitos do estado de São Paulo, inclusive de partidos adversários. Recentemente, por exemplo, o tucano esteve reunido com Rodrigo Manga, prefeito de Sorocaba, e com Dario Saadi, de Campinas. Ambos são filiados ao Republicanos, de Tarcísio Freitas.
Até o momento, Garcia tem figurado como quarto colado nos principais levantamentos de intenção de voto. De acordo com a pesquisa Ipespe, de abril, o tucano tem 5%, ficando atrás de Fernando Haddad (29%), Márcio França (19%) e de Tarcísio Freitas (13%).
Apesar disso, os aliados de Garcia acreditam que o apoio das prefeituras será primordial para a viabilidade da candidatura. Integrantes do PSDB afirmam ter o apoio de mais de 500 dos 645 prefeitos do estado nas eleições.
Ciro Gomes lança candidato do PDT para ter palanque em São Paulo
Como forma de garantir palanque para o ex-ministro Ciro Gomes, o PDT lançou o ex-prefeito de Santana de Parnaíba Elvis Cezar como pré-candidato ao governo do estado. Elvis Cezar foi filiado ao PSDB por quase duas décadas, mas deixou o ninho tucano para se filiar ao partido de Ciro Gomes.
Ainda desconhecido pelo eleitorado paulista, o pré-candidato somou 1% das intenções de voto no último levantamento Ipespe. De acordo com o presidente do diretório municipal do PDT de São Paulo, Antonio Neto, a candidatura do partido ao governo estadual vem com um "projeto de desenvolvimento para mudar São Paulo e o Brasil com Ciro Gomes presidente".
No lançamento da pré-candidatura, Ciro afirmou que o ex-prefeito "não é uma aposta no escuro". "Davi se levanta contra um Golias da prepotência, do conchavo, dos acordos vergonhosos em que se transformou a política do Brasil. Achamos nosso Davi", disse.
Metodologia de pesquisa citada na reportagem
A pesquisa Ipespe, encomendada pela XP Investimentos, ouviu 1 mil eleitores do estado de São Paulo entre os dias 6 e 9 de abril. A margem de erro é de 3,2 pontos percentuais para mais ou para menos. O levantamento está registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com o protocolo SP-06962/2022.
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