Os estrategistas da campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) planejaram como o petista deve agir em diversos cenários durante o primeiro debate deste segundo turno contra o presidente Jair Bolsonaro (PL). O PT espera um tom "sereno" de Lula para se contrapor ao possíveis ataques do atual presidente. O debate, que será realizado pela TV Band juntamente com um pool de veículos de comunicação, ocorre neste domingo (16), a partir das 20h.
Na campanha de Lula, a avaliação é de que Bolsonaro buscará subir o tom, numa estratégia de tentar desestabilizar o candidato petista. Nos cálculos dos estrategistas do PT, o atual presidente vai usar o debate para levantar pautas de costumes e emplacar termos como "ex-presidiário", "corrupto" e "quadrilheiro" numa forma de irritar o ex-presidente.
Para os aliados de Lula, Bolsonaro vai adotar o mesmo tom que teve no primeiro bloco do debate da TV Globo no primeiro turno, quando ele e o petista trocaram diversas acusações em meio a pedidos de direito de resposta. Paralelamente, os estrategistas da campanha do petista acreditam que o atual presidente vai desempenhar o "mesmo papel" do Padre Kelmon (PTB), com quem Lula acabou batendo boca durante um dos blocos do debate da emissora carioca.
Apesar disso, a campanha de Lula acredita que pode faturar politicamente caso Bolsonaro resolva subir o tom contra o petista. Para isso, o candidato do PT vem sendo aconselhado a não entrar na "armadilha" de Bolsonaro, mas ao mesmo tempo não deixar de rebater as acusações feitas pelo presidente.
Os aliados do PT acreditam ainda que o tom "sereno" de Lula será uma forma de a campanha se contrapor ao discurso de Bolsonaro e atrair eleitores de centro. É consenso, porém, que Lula “precisa responder no tom certo” para não passar a imagem de passividade ou apatia, como aconteceu no debate da Band do primeiro turno. Se acertar na estratégia, a campanha petista acredita que pode crescer, principalmente, entre os eleitores da senadora Simone Tebet (MDB), que declarou apoio ao petista neste segundo turno.
Lula vai tentar emplacar agenda propositiva
Como forma de se contrapor ao atual presidente, a campanha do PT espera que Lula use o debate para apresentar propostas ao eleitor. Para isso, os articuladores preparam uma lista de medidas na área econômica que deverá ser explorada por Lula durante o embate com Bolsonaro.
De acordo com integrantes do PT, a agenda propositiva tem mais chances de conquistar eleitores indecisos e de classe média, além de levar a candidatura de Lula para o centro. Apesar disso, a campanha não sinaliza detalhes da agenda econômica. Mas devem ser reforçadas sinalizações como a de que, se eleito, Lula vai isentar da cobrança de Imposto de Renda os trabalhadores que ganham até R$ 5 mil por mês.
Como será a estratégia para rebater acusações durante o debate
Para rebater possíveis acusações, Lula vai explorar as suspeitas de corrupção do governo Bolsonaro, além dos sigilos de 100 anos impostos pelo Palácio do Planalto a temas que considera sensíveis. A avaliação é de que o presidente, até o momento, não conseguiu esclarecer pontos como a compra de imóveis em dinheiro vivo pela sua família.
O ex-presidente deve ainda responsabilizar Bolsonaro pelo atraso na compra das vacinas, lembrando que a CPI da Covid-19 registrou, em seu relatório, que houve indícios de corrupção nas negociações para a compra de imunizantes.
Paralelamente, Lula deve explorar os recentes episódios em que apoiadores de Bolsonaro hostilizaram padres e representantes da Igreja Católica durante os festejos de Nossa Senhora Aparecida, em 12 de outubro. Na avaliação de petistas, Bolsonaro acabou se desgastando principalmente entre os eleitores mais moderados e católicos, que rechaçam o uso da religião como ferramenta política. Com isso, Lula espera se contrapor ao presidente em um aceno para esse eleitorado religioso.
PT avalia explorar proposta sobre aumento de ministros do STF
Em outra frente, a campanha de Lula ainda avalia se o petista deve explorar a proposta de aliados de Bolsonaro para ampliar o número de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Para os que defendem a estratégia, a medida seria uma forma de o candidato do PT rebater a narrativa de que "o Brasil vai virar uma Venezuela se Lula for eleito", adotada por aliados de Bolsonaro. Na Venezuela, Hugo Chávez usou o aumento de juízes da Suprema Corte como forma controlar o Judiciário.
Recentemente, em entrevista à revista Veja, Bolsonaro disse que já chegaram propostas para ampliar o número de ministros do STF, mas que elas só serão discutidas após as eleições. Na sequência, aliados do presidente, como o líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR), chegou a dizer que via a proposta como uma "necessidade de enquadramento de um ativismo do Judiciário". O tema, no entanto, acabou provocando críticas do meio político e jurídico. Após o episódio, Bolsonaro chegou a dizer que a proposta "seria invenção da imprensa".
Agora, o PT avalia que pode levar o tema ao debate para comparar com a mesma ampliação da Corte promovida pelo ditador Hugo Chávez na Venezuela.
Desde que o tema veio à tona, Lula já tem feito declarações públicas para criticar Bolsonaro como forma de defender a democracia. "Temos aí um cidadão que está prometendo aumentar o número de membros da Suprema Corte na perspectiva de fazer uma Suprema Corte favorável a ele [Bolsonaro]. E eu tive a sorte de indicar seis ministros da Suprema Corte e não indiquei nenhum amigo. Os que indiquei foi por currículo de gente indicada e nunca pedi um favor", disse Lula.
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