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Quatro emissoras já definiram as datas de seus debates para o primeiro turno da eleição presidencial| Foto: Paulo Pinto/PT

Faltando cerca de oito meses para o primeiro turno das eleições presidenciais, ao menos quatro emissoras de TV já confirmaram que irão realizar debates entre os candidatos ao Palácio do Planalto: TV Band, CNN Brasil, RedeTV e Jovem Pan News. Já Record, SBT e Globo ainda não oficializaram as suas datas.

Apesar disso, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ainda não definiu se irá participar dos debates. Levantamento Ipespe divulgado na última quinta-feira (27) mostrou o petista em primeiro lugar nas intenções de voto, com 44%.

De acordo com a equipe do petista, o partido ainda não discutiu a participação nos eventos, pois o PT nem sequer lançou a pré-candidatura oficialmente. A previsão é que isso ocorra nas próximas semanas, durante as comemorações de 42 anos do Partido dos Trabalhadores. Mesmo com essa justificativa, integrantes da legenda sinalizam que o ex-presidente não deve participar de todos os debates.

Líderes do PT defendem que as emissoras realizem os debates de forma conjunta, e com isso reduzam o número de encontros. A justificativa dos petistas é de que o grande número de debates pode restringir ainda mais o tempo para a campanha de rua e de viagens pelo país.

Em 2006, quando disputava a reeleição, Lula faltou ao último debate antes do primeiro turno, transmitido pela TV Globo. A ausência foi duramente criticada pelos adversários, entre eles o então presidenciável tucano Geraldo Alckmin, com quem Lula disputou o segundo turno daquela eleição e agora negocia uma composição de chapa.

O debate da Globo costuma ser realizado na quinta-feira que precede a realização do primeiro turno. Se a tradição for mantida, o embate deste ano será no dia 29 de setembro.

Bolsonaro sinaliza que irá nos debates deste ano 

Ausente na maioria dos debates da campanha presidencial de 2018 por razões médicas, o presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou recentemente que desta vez estará presente em todos. “Eu pretendo ir a todos os debates. Em 2018, compareci em dois e depois tive uma crise, levei uma facada”, afirmou.

Em 2018, o então candidato Bolsonaro participou do primeiro debate na Band e do segundo na RedeTV, realizados no mês de agosto. Já no mês seguinte, no dia 6 de setembro, ele sofreu o atentado em Juiz de Fora (MG), que o tirou dos outros eventos.

Apesar da sinalização do presidente, integrantes do Palácio do Planalto avaliam que Bolsonaro não deverá participar de todos os encontros para evitar exposição e desgaste. A expectativa dos aliados é de que a presença do presidente será analisada caso a caso e só será fechada no desenrolar dos próximos meses e de acordo com a articulação da campanha.

Bolsonaro aparece em segundo lugar no último levantamento Ipespe, atrás de Lula. O atual chefe do Palácio do Planalto somou 24%. Paralelamente, as campanhas de Sergio Moro (Podemos), Ciro Gomes (PDT) e João Doria (PSDB) já sinalizaram que irão em todos os debates marcados pelas emissoras. Os representantes das pré-candidaturas de Simone Tebet (MDB), Felipe D'Avilla (Novo) e Alessandro Vieira (Cidadania) não se manifestaram.

Terceira via pode se beneficiar da ausência de Lula e Bolsonaro?

De acordo com Marcelo Senise, marqueteiro e coordenador político da agência Social Play, a estratégia de campanha do candidato que que larga na frente como favorito costuma evitar a participação em debates por causa da exposição. "Todo mundo vai querer tentar polarizar com quem está na frente. Isso é matemático", afirma.

Para o marqueteiro, a disputa presidencial deste ano será um embate pelo controle da narrativa política. "A gente vai ter a eleição mais sanguinária dos últimos anos, pois ela vai ser baseada em guerra de versões e de narrativas. Então, não participar do debate, não permitir esse contraponto de projetos vai prejudicar a democracia", completa.

Apesar disso, Senise acredita que uma eventual ausência de Bolsonaro e Lula nos debates pode favorecer eventuais candidatos da chamada terceira via. "Se os outros candidatos souberem aproveitar, isso pode abrir um corredor que possa dar alguma competitividade para essa terceira via. Se algum desses nomes que estão aí se sobressair nos debates, ele pode se mostrar competitivo e convencer o eleitor que ainda não tem certeza absoluta do voto", argumenta.

Na mesma linha, Paulo Loiola, estrategista político da agência de marketing político Baselab, afirma que o candidato aparentemente preferido pelos eleitores vira "vidraça" dos demais candidatos. "O debate sempre tem um peso muito grande. Mas o debate acaba sendo um lugar onde você se coloca ali como vidraça. Se você está com uma liderança muito folgada, é comum que haja essa indicação de não participação por parte da estratégia política", explica.

Para Loiola, a ausência é ruim para o debate democrático, mas ela não irá impedir que os candidatos tenham que se expor sobre temas relevantes. "Eu acho que para o eleitor o melhor seria conhecer o mais profundamente possível os seus candidatos. Mas quero ressaltar que candidatos vão estar se expondo muito na internet e tendo muita possibilidade de expor suas opiniões mesmo frente a opiniões de outros candidatos", completa.

Segundo o estrategista, por causa da internet, a tendência é de cada vez menos o debate tenha peso sobre a decisão final do eleitorado. "Sem querer de forma alguma diminuir o peso dos debates, porque inclusive esses debates depois são cortados em pílulas e distribuídos pra militância, para o público de maneira geral, cada vez menos a gente vai ficar dependente desse processo por conta da internet. Essa dinâmica mudou", argumenta Loiola.

As datas do debates já agendados no 1º turno

  • CNN Brasil – 6 de agosto
  • Jovem Pan News – 9 de agosto
  • TV Band – 14 de agosto 
  • RedeTV – 2 de setembro 

Metodologia de pesquisa citada na reportagem 

A pesquisa do instituto Ipespe, encomendada pela XP Investimentos, foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o número BR-06408/2022. Foram entrevistados 1 mil eleitores entre os dias 24 e 25 de janeiro. A margem de erro é de 3,2 pontos percentuais para mais ou para menos. O índice de confiança é de 95,5%.

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