O resultado final das eleições de 2018 comprovou que o dinheiro é peça-chave para o sucesso dos candidatos. Embora alguns políticos tenham sido bem-sucedidos gastando pouco, a maior parte dos vitoriosos desembolsou grandes cifras para garantir a preferência do eleitorado. O custo médio para a eleição de um deputado federal, por exemplo, foi de cerca de R$ 1,3 milhão. E o cargo que exigiu menos investimento, de deputado estadual, ainda assim exigiu pouco mais de R$ 300 mil, em média, para que alguém se elegesse.
Os dados são do levantamento "Quanto custa ganhar uma eleição?", produzido recentemente pelo Instituto Brasileiro de Pesquisa e Análise de Dados (IBPAD). A pesquisa verificou as prestações de contas de todos os candidatos vitoriosos em 2018 para os cargos de governador, senador, deputado federal e deputado estadual (ou distrital, no caso de Brasília). As informações foram fornecidas pelos próprios candidatos ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e os dados tiveram seus valores corrigidos pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial.
O levantamento mostrou que o custo médio para ganhar a eleição ao cargo de governador foi de R$ 6,77 milhões. De senador, de R$ 2,12 milhões. Para deputado federal, o valor médio desembolsado pelos 513 eleitos foi de R$ 1,31 milhão. E para o cargo de deputado estadual foi de R$ 373,2 mil.
A identificação dos valores mínimos e máximos para cada um dos cargos em disputa revela outras informações de destaque. A candidatura vitoriosa mais cara para um governo estadual foi a de João Doria (PSDB) em São Paulo, que custou R$ 26,8 milhões. Já a com menor gasto para um governo estadual foi a de Marcos Rocha (União Brasil), em Rondônia,, que teve despesas de R$ 624 mil.
A senadora Mara Gabrilli (PSDB-SP) foi, entre os 54 senadores eleitos em 2018, a que teve a campanha mais custosa, com despesas próximas de R$ 6,5 milhões. Já o senador eleito que menos gastou em 2018 foi Styvenson Valentim (Podemos-RN), cuja campanha foi orçada em R$ 43 mil.
Entre os deputados federais, o maior gasto para se eleger foi o de Professor Alcides (PP-GO), cuja campanha ficou em R$ 3,1 milhões. Já o deputado eleito com o menor custo de campanha foi Daniel Silveira (União Brasil-RJ), que gastou R$ 12 mil.
O deputado estadual Sargento Lima (PL-SC), que recebeu 35.053 votos na eleição de 2018, investiu na campanha menos de R$ 1 mil. Foram exatamente R$ 924,27, com os valores corrigidos para 2022. O oposto foi a campanha de Maísa Mitidieri (PSD), eleita deputada estadual por Sergipe com um investimento de R$ 1,2 milhão.
Em que o dinheiro gasto na campanha foi usado
O levantamento do IBPAD analisou também o destino dos recursos investidos em campanhas. E o resultado foi a identificação de que as despesas "tradicionais" seguem tendo expressivo peso no orçamento dos candidatos.
Por exemplo, nas campanhas vitoriosas de governadores e senadores, os gastos que lideraram a lista de despesas foram os de produção de programas de rádio e TV. Foram 31,34% do total dos recursos dos candidatos vitoriosos aos governos estaduais, e 24,84% ao Senado.
Já em relação aos deputados, federais e estaduais, o que liderou a lista de despesas foram os gastos com materiais impressos: 25,04% para os federais, e 22,51% para os estaduais.
Outra despesa eleitoral tradicional que teve peso significativo em todas as candidaturas vencedoras foi a produção de adesivos. Nenhum dos quatro grupos de vencedores analisados gastou menos de 5% dos seus orçamentos de campanha com esse tipo de material de propaganda. Entre os deputados estaduais, o custo chegou a 8,40% do total das despesas de campanha.
Para todas as subdivisões de candidaturas analisadas, o gasto com adesivos foi superior a despesas efetuadas com divulgação na internet. As despesas com impulsionamento de conteúdos online oscilaram entre 2,90% a 1,62% do total da campanha. Já os custos com criação e inclusão de páginas na internet não superou 1%, na média, em nenhum dos quatro grupos.
Pesquisa expõe que não se ganha eleição sem dinheiro, diz especialista
A consultora Gisele Meter, especialista em marketing e influência digital, afirma que, neste ano, a tendência é que o custo para se eleger seja igual ou maior do que em 2018. "A primeira coisa que essa pesquisa faz é passar aos candidatos que uma campanha custa. E eles precisam entender que em 2022 também vai custar – o equivalente a 2018, senão um pouco mais".
Segundo ela, embora o histórico das eleições registre exceções bem-sucedidas, a regra é que as campanhas de candidatos eleitos tenham também uma boa gestão financeira. "Um candidato precisa saber que uma campanha deve ter a estrutura de uma empresa. Assim como eu preciso de capital para abrir uma empresa, é preciso capital para ser candidato", destacou.
Além do mito da campanha sem dinheiro, segundo Gisele, outro pensamento que o estudo mostra estar errado é o da campanha integralmente digital. "Não adianta pensar que as campanhas serão 100% digitais", diz ela.
Segundo a especialista, a pesquisa também indica uma possível diferença entre os cenários de 2018 e 2022. "Tivemos em 2018 o movimento do bolsonarismo que foi todo estruturado no digital. Mas agora vivemos um período pós-pandêmico em que o digital é essencial, mas não ficará somente nisso. As pessoas querem saber os resultados da política. Essas questões e outras pendências vão mudar o resultado das eleições", diz Gisele Meter.
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