Além de pessoas próximas, como os seus filhos, o presidente Jair Bolsonaro (PL) pretende ter no núcleo de articulação de sua campanha à reeleição políticos experientes do Centrão. Com mais estrutura do que na disputa de 2018, aliados do Palácio do Planalto afirmam que a organização será necessária para apresentar ao eleitor todos os trabalhos que foram feitos nos últimos anos.
Integrantes do governo pretendem reverter o cenário apontado pelas recentes pesquisas, onde o chefe do Executivo tem aparecido atrás do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), por exemplo. No primeiro levantamento de 2022, feito pelo Instituto Quaest, o petista aparece na liderança com 45% das intenções de voto no primeiro turno, enquanto Bolsonaro aparece em segundo com 23%.
"Com essa fragmentação que acontece hoje, com dois candidatos que tem aí um piso de um terço do eleitorado, não vejo possibilidade nenhuma de não ter Jair Bolsonaro e o ex-presidente Lula no segundo turno”, disse o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, em entrevista à rádio Jovem Pan.
A expectativa dos aliados do governo é aproveitar a divulgação de programas sociais, como o Auxílio Brasil, por exemplo para alavancar a popularidade do presidente. No Palácio do Planalto, aliados comemoraram a queda na desaprovação do governo entre os mais pobres.
De acordo com a pesquisa Quaest, entre os eleitores com renda de até dois salários mínimos e que tem na família alguém recebendo o benefício social, o percentual de pessoas com uma avaliação negativa do governo caiu de 63% em novembro para 53% em janeiro deste ano. Já entre os os eleitores que aprovam, a avaliação positiva do governo subiu de 13% par 17% na mesma comparação.
Filhos do presidente terão postos estratégicos na campanha
Primogênito do presidente, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) será o líder do núcleo da campanha e é considerado o principal articulador do grupo. O parlamentar já vinha pavimentando o posto desde o ano passado, quando assumiu a negociação que levou Bolsonaro a se filiar ao PL. O filho do presidente atuou diretamente para destravar a filiação junto ao presidente da sigla, Valdemar Costa Neto.
Já o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) será responsável pelos trabalhos da campanha nas redes sociais. O filho 02 terá como principal função a coordenação junto à militância do governo nas plataformas digitais.
Estado chave para a campanha de Bolsonaro, São Paulo deverá ter a campanha conduzida pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). Candidato à reeleição e campeão de votos em 2018, o filho 03 do presidente será responsável por construir as chapas e pelas escolhas das candidaturas dos aliados no estado paulista.
Valdemar Costa Neto tem a missão de destravar palanques regionais
Presidente nacional do PL, o ex-deputado Valdemar Costa Neto está incumbido de destravar possíveis impasses contra a candidatura de Bolsonaro em diretórios regionais do partido.
Um desses imbróglios acontece no Maranhão, onde o partido tem como pré-candidato ao governo o deputado federal Josimar de Maranhãozinho (PL-MA), suspeito de desviar emendar parlamentares destinadas a saúde. Integrantes do Planalto já demonstraram incômodo com a situação, e Costa Neto tem atuado para reverter o cenário.
Paralelamente, o presidente do PL tem buscado outros partidos no intuito de ampliar o grupo político do apoio à reeleição de Bolsonaro. Além do PL, a coligação conta com acordo alinhavado com o Progressistas (PP) e o Republicanos.
Ciro Nogueira monitora pesquisas e mapeia ações do governo
Comandando a Casa Civil, o ministro Ciro Nogueira tem realizado um mapeamento de tudo o que foi feito pelo governo nos últimos anos – como obras, programas sociais e políticas públicas que possam ser usadas na campanha presidencial. Paralelamente, Nogueira é responsável por analisar pesquisas de intenção de voto.
Recentemente, o ministro escreveu um artigo para o jornal O Globo em que afirmou que ainda "há um longo caminho até as eleições presidenciais". No texto, além de criticar propostas de Lula, como a revogação da reforma trabalhista, Ciro defendeu o trabalho feito pelo governo Bolsonaro.
"O dia seguinte do governo Bolsonaro será o teto de gastos, o equilíbrio fiscal, as reformas que ele já provou ser capaz de fazer e endossa, a liberdade econômica, as privatizações, um governo há três anos sem corrupção e um Banco Central independente", escreveu Nogueira, que é ainda presidente nacional do PP.
O trabalho do chefe da Casa Civil tem o apoio do ministro do Trabalho, Onyx Lorenzoni, que atuou no núcleo da campanha de Bolsonaro em 2018. Lorenzoni, no entanto, deve se afastar das funções nos próximos meses para se dedicar a sua candidatura ao governo do Rio Grande do Sul.
Ao lado de Costa Neto e de Flávio Bolsonaro, a dupla de ministros ainda busca um marqueteiro para atuar na campanha de Bolsonaro. Recentemente, o estrategista político Paulo Moura foi recebido para uma reunião com o grupo no Palácio do Planalto para uma série de discussões. Moura já atuou em campanhas de políticos de diversos partidos como PDT, MDB, DEM e do governador do Piauí, Wellington Dias (PT).
Metodologia da pesquisa citada na reportagem
A pesquisa do Instituto Quaest, encomendada pelo Banco Genial, foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o número BR-00075/2022. O levantamento ouviu 2 mil eleitores entre os dias 6 e 9 de janeiro. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos; e o nível de confiança é de 95%.
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