Dos aliados mais próximos de Lula e Bolsonaro a articuladores da terceira via e aos clãs tradicionais: há muitos personagens nas políticas regionais que exercerão influência nas eleições de outubro.
No Norte, a família Barbalho participa há décadas da política paraense e continua relevante no cenário estadual, bem como seu apoio é importante para as candidaturas presidenciais. No Nordeste, vários clãs políticos ainda sustentam o poder depois de muitos anos, a exemplo dos Ferreira Gomes, dos Calheiros, dos Arraes e dos Sarney.
No Sul, a família Barros, do líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), é atualmente aliada do presidente Jair Bolsonaro (PL). Já a deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR) é articuladora fundamental na campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A região Centro-Oeste tem nomes de projeção nacional, como o da senadora Simone Tebet (MDB), enquanto o Sudeste reúne o maior número de cabeças com grande poder de influenciar as eleições presidenciais. Confira a seguir um levantamento dos principais personagens da política em cada região do Brasil, realizado com auxílio da consultoria Metapolítica:
Região Norte
Os Barbalho comandam o MDB no Pará, o estado mais populoso da Região Norte. O partido foi o que mais elegeu prefeitos e vereadores nas eleições de 2020, apesar de ter perdido na capital Belém. Dois anos antes, Helder Barbalho foi eleito governador do Pará e agora é cotado como favorito para o pleito de 2022, quando deve concorrer à reeleição. O patriarca Jader Barbalho, que já virou nome de bairro (Jaderlândia, em Anindeua) e de estádio de futebol, foi reeleito senador em 2018 e tem assento garantido na Casa até 2026.
A influência dos Barbalho na política paraense começou com Laércio Barbalho, pai de Jader e deputado estadual que teve seu mandato cassado pela ditadura militar. Foi ele o fundador do jornal Diário do Pará, veículo que pertence ao grupo RBA de Comunicação, que continua sob o comando da família e conta também com emissoras de televisão e de rádio.
Para as eleições de 2022, com o PT apoiando a reeleição de Helder, a tendência é que o MDB paraense use toda a sua influência e poder para apoiar a candidatura de Lula.
Outros nomes importantes na Região Norte são o da senadora Katia Abreu, que já foi vice de Ciro Gomes nas eleições de 2018, ministra da Agricultura de Dilma Rousseff e, embora seja do PP, ensaia uma aproximação com Lula. Em 2022, ela tentará eleger o filho Irajá Silvestre Filho ao governo do Tocantins.
O senador Eduardo Gomes (MDB) também se destaca. Recentemente assumiu a liderança do governo no Congresso e deve ser a aposta do presidente Jair Bolsonaro para concorrer ao governo do Tocantins.
Já o senador Davi Alcolumbre (DEM), do Amapá, vem sofrendo uma série de reveses nos últimos anos – não conseguiu se reeleger presidente da Casa, seu irmão perdeu a prefeitura de Macapá em 2020 e ele caiu em descrédito entre aliados de Bolsonaro ao tentar barrar a indicação do ministro André Mendonça ao Supremo Tribunal Federal.
Seu mandato encerra em fevereiro de 2023 e ele concorrerá à reeleição. Mas a bancada evangélica pretende tornar difícil o caminho de Alcolumbre ao Senado no ano que vem: estão articulando apoio a um nome que represente o grupo, em uma espécie de retaliação por causa da demora do senador em pautar a sabatina de Mendonça na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, a qual preside.
Até mesmo o nome da ministra da Família, Damares Alves, está sendo considerado – ela tem até abril para mudar seu domicílio eleitoral para o Amapá.
Outros nomes importantes da política no norte do país são: Amazonino Mendes (ex-governador do Amazonas, filiado ao União Brasil), os senadores Eduardo Braga (MDB-AM), Omar Aziz (PSD-AM), e Plínio Valério (PSDB-AM), o ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio Neto (PSDB-AM), o deputado federal Marcelo Ramos (PSD-AM); governador do Acre, Gladson Cameli (PP); os ex-governadores do Acre Jorge Viana e Tião Viana (PT); os senadores Márcio Bittar (PSL-AC) e Sérgio Petecão (PSD-AC), a ex-candidata a presidente Marina Silva (Rede-AC) e o deputado federal Flaviano Melo (MDB-AC)
Região Nordeste
Renan Calheiros (MDB) assumiu seu primeiro cargo eletivo em 1978 e, nestas mais de quatro décadas, teve tempo suficiente para ampliar sua influência na política brasileira, especialmente entre a esquerda e o centro. Em 2018, foi eleito para o quarto mandato como senador por Alagoas. No mesmo ano, seu primogênito, Renan Filho, foi eleito governador, e o irmão Olavo Calheiros, reeleito deputado estadual de Alagoas.
O presidente do MDB de Alagoas é visto como um político pragmático. Para ficar em um exemplo, votou a favor do impeachment de Dilma Rousseff em 2016, apesar de ter apoiado o PT nos 14 anos anteriores. Agora, sendo oposição a Bolsonaro e crítico feroz da operação Lava Jato e do pré-candidato Sergio Moro, Renan volta a se aproximar do PT e costura uma aliança com Lula. No fim de janeiro, ele se encontrou com o ex-presidente e defendeu que o MDB abrace a candidatura do petista, se o partido não tiver um nome forte para concorrer à Presidência em 2 de outubro.
Há também outro nome de peso na política alagoana: o deputado federal Arthur Lira (PP), presidente da Câmara dos Deputados. Eleito em 2011, foi nos últimos três anos que ele se tornou um dos políticos mais poderosos do país. Em 2020, foi o articulador da aproximação entre o presidente e os parlamentares do chamado Centrão. No ano seguinte, teve o apoio do governo para se tornar presidente da Câmara.
A parceria entre Bolsonaro e Lira continua neste começo de 2022, mas existem questionamentos se ela continuará no caso de Bolsonaro perder força durante a campanha, já que Lira concorrerá à reeleição para deputado e o Nordeste é, tradicionalmente, um reduto da esquerda.
No Ceará, os Ferreira Gomes têm sido protagonistas na política desde as décadas de 1980 e 1990, quando Ciro Gomes se elegeu prefeito de Fortaleza e posteriormente governador do estado, sucedendo Tasso Jereissati (PSDB), outro importante político do estado. Atual pré-candidato a presidente do país, Ciro foi ministro de Estado nos governo Lula e Itamar Franco.
O pai de Ciro já havia sido prefeito de Sobral, uma das cidades mais importantes do estado. O irmão Cid Gomes, atual senador, foi governador do Ceará por dois mandatos. Também estão na política o prefeito de Sobral Ivo Gomes, irmão de Ciro, e o primo Tin Gomes, deputado estadual no Ceará.
O clã faz parte do governo cearense desde 2007, seja no comando do estado ou na coligação do PT que governa o Ceará. São considerados políticos pragmáticos, já tendo passado por outros partidos antes de embarcar no PDT.
Outra família com influência política no Nordeste são os Sarney no Maranhão, cujo patriarca José Sarney (MDB) é ex-senador e ex-presidente. Ele já foi contatado por Lula para um eventual apoio para a corrida presidencial.
Os Arraes, do falecido candidato a presidente Eduardo Campos, está profundamente inserida na política de Pernambuco por meio de nomes como Paulo Câmara (PSB), governador do estado, que é casado com uma prima de Eduardo Campos; João Campos (PSB), prefeito de Recife; e Marília Arraes, deputada federal do PT, cotada para ser a candidata do partido para o Senado em 2022. Todos descendem do ex-governador Miguel Arraes, que fundou o PSB e foi uma das maiores lideranças do Nordeste por muitas décadas.
Também em Pernambuco tem grande relevância a família Coelho, do senador Fernando Bezerra Coelho (MDB), que deixou a liderança do governo Bolsonaro no Congresso no fim do ano passado após não receber apoio dos parlamentares governistas para o cargo de ministro no Tribunal de Contas da União (TCU).
O filho do senador, Miguel Coelho, deve se candidatar ao governo pernambucano pelo União Brasil, mas tem se esquivado de responder qual candidato a presidente apoiará em 2022. Outro filho do senador, Fernando Coelho, é deputado federal e deve tentar a reeleição pela quinta vez consecutiva.
Na Bahia, ACM Neto é o político mais proeminente da família do falecido Antonio Carlos Magalhães, uma das figuras políticas mais importantes do Brasil no fim do século 20. Presidente nacional do DEM, ele já lançou sua pré-candidatura ao governo baiano pelo União Brasil, partido formado a partir da fusão entre DEM e PSL. Seu objetivo será tirar o PT do poder na Bahia – tarefa que promete ser difícil, já que os petistas dominam o Palácio de Ondina desde 2007. Os adversários dele serão o senador e ex-governador Jacques Wagner (PT) e o ministro da Cidadania, João Roma (Republicanos), apoiado por Bolsonaro.
ACM Neto também terá um importante papel na definição dos rumos do União Brasil na campanha de 2022. O novo partido estuda apoiar a pré-candidatura a presidente do ex-juiz Sergio Moro ou de João Doria (PSDB), governador de São Paulo. Dividirá essa responsabilidade com Luciano Bivar, deputado federal por Pernambuco, presidente do PSL e futuro líder nacional do União Brasil.
Outros dois políticos importantes no Nordeste são o senador Ciro Nogueira (PP), aliado de Bolsonaro e ministro da Casa Civil, e o governador Wellington Dias, do PT, ambos do Piauí. Na campanha de Bolsonaro, Ciro, que é presidente nacional do PP, será responsável por analisar as pesquisas de intenção de voto e já está fazendo um levantamento sobre as ações do governo Bolsonaro que possam ser usadas na campanha de reeleição do presidente.
Wellington Dias já foi governador do Piauí por quatro mandatos. Quando deixou o Palácio Karnak em 2010, após oito anos no poder, elegeu o sucessor Wilson Martins. Agora que está terminando mais oito anos de governo, Dias quer repetir o feito, elegendo mais um sucessor: Rafael Fonteles (PT), secretário de Fazenda do Piauí. O ex-governador trabalha para reaproximar o PT e o PSB, sendo um dos defensores de Geraldo Alckmin como vice do petista, além de ser aliado importante na campanha de Lula no Nordeste.
Região Centro-Oeste
A senadora Simone Tebet, pré-candidata à Presidência pelo MDB, é uma das políticas mais influentes da Região Centro-Oeste. Seu nome tem apoio do ex-presidente Michel Temer, mas a candidatura só vai decolar se ela conseguir deslanchar nas pesquisas eleitorais até o segundo trimestre. Mesmo que isso não ocorra, a pré-candidatura colocou o nome da senadora em evidência na política nacional – e nos cálculos dos partidos que tentam formar uma candidatura de terceira via contra Lula e Bolsonaro. Ela, inclusive, recebeu apoio de tucanos descontentes com a escolha de Doria como pré-candidato do PSDB, como Tasso Jereissati e José Aníbal.
Também do Mato Grosso do Sul, o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (DEM) é mais um nome relevante na política nacional. Depois de sair do governo Bolsonaro, em 2020, passou a fazer oposição ao presidente e foi cogitado como um possível candidato a presidente durante o ano passado. A ideia não prosperou e Mandetta ainda não decidiu sobre seu futuro político, mas trabalha nas articulações para uma candidatura da terceira via, sendo um dos principais apoiadores de Sergio Moro dentro do União Brasil.
Já a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, é a sul-matogrossense que estará ao lado de Bolsonaro no estado durante a campanha. Eleita deputada federal em 2018 e cotada para ser vice de Bolsonaro na eleição de 2022, ela quer disputar um assento no Senado em 2022. O grupo que apoia o presidente ainda não sabe se lançará um candidato ao governo do estado.
Em Goiás, Marconi Perillo (PSDB), que já foi governador por quatro mandatos, quer voltar ao Palácio das Esmeraldas. O tucano diz apoiar Doria, mas se encontrou recentemente com Lula. O governador Ronaldo Caiado (DEM), porém, vai disputar a reeleição. Enquanto organiza sua campanha no estado, ele está evitando mencionar apoio a presidenciáveis.
Do Mato Grosso, Blairo Maggi (PP), ex-ministro da Agricultura do governo Michel Temer e ex-governador, é um nome mencionado nas articulações presidenciais. Lula disse no ano passado que teve uma boa convivência com ele e que Maggi tem encabeçado a defesa do agronegócio brasileiro. Lula também tem tentado aproximação com outros políticos ruralistas, como o deputado federal Neri Geller (PP) e o senador Carlos Fávaro (PSD). Os três, porém, não sinalizaram, até o momento, apoio ao petista.
Região Sudeste
O Rio de Janeiro é o reduto de outra família poderosa: os Bolsonaro. Há três décadas na política, o patriarca Jair ampliou sua influência em 2018, conquistando boa parcela dos eleitores evangélicos, produtores rurais e militares. Ao assumir a Presidência, os filhos Flávio, Carlos e Eduardo, que já eram políticos como o pai, ganharam notoriedade.
O primogênito Flávio foi eleito senador, e passou a ser uma ponte entre o Senado e o Palácio do Planalto, o que o tornou o principal articulador político da família, papel que continuará exercendo na campanha de reeleição do pai. Foi Flávio, por exemplo, quem atuou para destravar a filiação de Jair Bolsonaro ao PL de Valdemar Costa Neto.
Carlos é vereador no Rio de Janeiro. Responsável pela estratégia de comunicação digital bem-sucedida da campanha presidencial de 2018, o filho “02” deve continuar desempenhando papel central na coordenação das redes sociais do presidente no ano eleitoral. Já o terceiro filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro, deve ter uma atuação mais relevante na campanha em São Paulo, estado onde disputará a reeleição para a Câmara dos Deputados. Em 2018, com mais de 1,8 milhão de votos, ele foi o deputado mais votado do país e, em 2022, espera repetir o feito.
Bolsonaro recentemente se encontrou com outra família influente na política carioca: os Garotinho. O patriarca e ex-governador do Rio Anthony Garotinho teve os direitos políticos cassados após ser condenado por improbidade administrativa e formação de quadrilha, mas quer reconquistar espaço na política do Rio e, para isso, está ensaiando uma aproximação com Bolsonaro, seu antigo adversário.
A esposa e ex-governadora Rosa Garotinho, a filha Clarissa, deputada federal pelo Pros, e o filho Wladimir, prefeito de Campos dos Goytacazes, completam o clã político dos Garotinho, que tem forte influência no norte do estado – apesar de alta rejeição na capital. Para Bolsonaro, manter uma base aliada no Rio de Janeiro, pensando nas eleições para deputado, também será importante para a governabilidade em um eventual segundo mandato.
Em São Paulo, um nome em especial vem causando frisson nesta pré-campanha eleitoral: Geraldo Alckmin. O médico e ex-governador de São Paulo foi um dos fundadores do PSDB, mas, após desavenças com o atual comandante do Palácio Bandeirantes, João Doria, decidiu deixar o partido e está em vias de firmar uma aliança com Lula, com quem já disputou uma eleição presidencial, em 2006.
Parlamentares petistas envolvidos na campanha afirmam que a chapa Lula-Alckmin já é certa, embora o ex-tucano ainda não tenha definido para qual partido migrará. A expectativa é que o anúncio ocorra em março e de que Alckmin traga para Lula votos do eleitorado de centro, reforçando a campanha do petista especialmente em São Paulo, maior colégio eleitoral do país.
O estado também abriga muitos outros poderosos da política nacional, a começar pelo próprio Lula, que construiu sua carreira política nos Sindicatos dos Metalúrgicos do ABC paulista. João Doria, por sua vez, comanda o estado e mostrou, nas prévias do PSDB, que seu grupo agora domina o tucanato.
Na esquerda, Fernando Haddad, apesar da derrota nas eleições presidenciais de 2018, continua sendo um nome forte do PT no estado. Lula quer que ele seja candidato ao governo neste ano, na intenção de levar o PT ao Palácio Bandeirantes pela primeira vez, mesmo que isso custe um desgaste com o PSB de Márcio França e com o Psol de Guilherme Boulos – ambos já demonstraram interesse em se candidatar ao governo paulista.
Entre outros nomes, talvez menos conhecidos, mas com grande poder na política nacional está o de Gilberto Kassab, presidente do PSD, considerado um grande articulador, discreto e com bom trânsito com os demais partidos. Sob sua presidência, o PSD passou a ser o terceiro maior partido do país em número de prefeitos eleitos – 663, atrás apenas de MDB e PP. No ano passado, Kassab anunciou que lançaria o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, como candidato a presidente, mas a ideia parece ter perdido força e agora Kassab está cortejando o governador gaúcho Eduardo Leite para que ele troque o PSDB pelo PSD.
Valdemar Costa Neto, presidente do PL, também terá um importante papel nas eleições de 2022. Como líder da sigla que abriga o candidato à reeleição presidencial, ele será responsável por alinhar os interesses eleitorais de Bolsonaro e dos diretórios regionais do PL e por encabeçar as negociações por alianças com outros partidos para a campanha do presidente.
Do MDB, se destacam em São Paulo o deputado federal Baleia Rossi, presidente nacional da sigla que, recentemente, indicou que está estudando formar uma federação partidária com o PSDB, apesar de grande resistência entre os caciques do partido no Nordeste; e o ex-presidente da República Michel Temer, que continua sendo conselheiro e articulador político nos bastidores – recentemente, em entrevista, ele não descartou disputar a eleição presidencial de 2022, embora tenha dito também que esta possibilidade não está em seu “horizonte”.
Em Minas Gerais, o tucano Aécio Neves tenta recuperar o capital político que perdeu durante os anos de auge da operação Lava Jato, quando foi gravado pedindo R$ 2 milhões ao empresário Joesley Batista, dono da JBS – que ele alegou ser um empréstimo e não propina. No PSDB, ele tenta minar a liderança de Doria, que já tentou o expulsar do partido no ano passado e busca, com seus aliados internos, que o partido determine um prazo para que o governador de São Paulo viabilize sua campanha presidencial.
Mas tanto o PSDB quanto o PT de Fernando Pimentel perderam força na política mineira nos últimos anos. Os nomes mais cotados para o governo estadual são o de Romeu Zema (Novo), que deve concorrer à reeleição, e o de Alexandre Kalil (PSD), prefeito de Belo Horizonte. Uma ala do PT mineiro é a favor de uma aliança com Kalil para derrotar Zema. A depender dos rumos que o PSD tomará em nível nacional, Lula poderá ter um importante aliado em Minas.
Falando em PSD, Rodrigo Pacheco é outro mineiro influente. Teve uma ascensão rápida no Legislativo, sendo eleito pela primeira vez em 2014, ao cargo de deputado federal, e, na eleição seguinte, ao Senado, vencendo Dilma Rousseff (PT). Em 2021, assumiu a presidência da Casa, o que o colocou em contato com lideranças políticas e empresariais de todo o país. Entretanto, sua reticência em abraçar a campanha presidencial não ajuda a alavancar seu nome nas pesquisas eleitorais.
Região Sul
O Paraná é o estado natal de três adversários importantes da política nacional: os deputados federais Gleisi Hoffmann (PT) e Ricardo Barros (PP) e o ex-juiz da Lava Jato Sergio Moro. A presidente nacional do PT está diretamente envolvida na campanha de Lula e tem trabalhado neste começo de 2022 para consolidar a formação de uma federação entre seu partido e PSB, PCdoB e PV. Também terá o desafio de evitar desgastes internos que possam resultar do descontentamento de uma aliança entre Lula e Alckmin.
Ricardo Barros é o patriarca de um influente clã paranaense, que, apesar de ter tido uma derrota importante em 2018 – quando a esposa Cida Borghetti perdeu a eleição para o governo do estado –, continua relevante no Paraná e no Brasil. Barros é deputado federal desde 1995 e já foi líder de governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), de Lula e de Dilma. No governo Temer, foi ministro da Saúde.
Já em 2020, foi escolhido para ser o líder do governo Bolsonaro na Câmara dos Deputados. No ano passado, foi um dos investigados na CPI da Covid, por envolvimento em um suposto esquema de desvio de dinheiro para compra de vacinas contra Covid da empresa indiana Covaxin – o que ele nega. Para 2022, Barros está trabalhando nas articulações da campanha de Bolsonaro no estado. Além de Barros e Cida, que atualmente é conselheira na Itaipu Binacional, a filha do casal, Maria Victoria, ocupa uma cadeira na Assembleia Legislativa do Paraná.
Sergio Moro completa a trinca paranaense. Natural de Maringá, terceira maior cidade do estado, o ex-juiz da Lava Jato e ex-ministro da Justiça rompeu com Bolsonaro em 2020 e no ano passado se filiou ao Podemos, um dos partidos mais fortes do Paraná. Moro é um dos pré-candidatos à Presidência que pretendem fazer frente às candidaturas de Lula e Bolsonaro na chamada “terceira via”. Recentemente, ele cogitou migrar para o União Brasil, mas foi alertado por aliados que a mudança geraria resistências dentro do novo partido, o que fez Moro colocar a ideia em banho maria por enquanto.
No Rio Grande do Sul, o governador Eduardo Leite (PSDB) alcançou projeção nacional em 2021 ao ser o principal adversário de Doria nas prévias tucanas e apesar de ter perdido o pleito. A principal demonstração de sua força política é o interesse que ele tem despertado em outros partidos, embora tenha afirmado anteriormente que não deixará o ninho tucano.
Recentemente, foi convidado por Gilberto Kassab a se filiar ao PSD, para, talvez, disputar a Presidência – desde que seu nome seja lançado com apoio de outros partidos de centro. Leite poderia ainda tentar a reeleição, mas desde que assumiu o Palácio Piratini diz que não concorrerá à reeleição.
Outro nome gaúcho de peso é do ministro do Trabalho e Previdência, Onyx Lorenzoni (DEM). O aliado de Bolsonaro deve migrar para o PL, mesmo partido do presidente, assim que a janela de mudança partidária for aberta, no mês que vem. É um dos principais nomes na disputa pelo governo gaúcho, mas corre o risco de ter que dividir o apoio do presidente com o senador Luiz Carlos Heinze (PP), que é fiel ao governo e também está determinado a disputar o comando do Palácio Piratini.
Em Santa Catarina, se destaca o ativista político, como ele mesmo se intitula, Luciano Hang. Embora seja empresário e não esteja filiado a nenhum partido, ele é um dos principais aliados de Bolsonaro no estado e cogita disputar uma cadeira no Senado neste ano. Políticos catarinense sabem da relevância do empresário, dono da rede de lojas Havan, e têm buscado uma aproximação com ele.
Recentemente, Hang se encontrou com Raimundo Colombo (PSD), ex-governador do estado que busca voltar à política depois de ter sua imagem abalada pela operação Lava Jato. O atual governador de SC, Carlos Moisés da Silva, que deve concorrer à reeleição, também já se encontrou com o empresário. O senador Jorginho Mello, presidente estadual do PL e um dos principais apoiadores de Bolsonaro em Santa Catarina, quer que Hang se filie ao seu partido para disputar um cargo nas eleições de outubro.
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