Bolsonaro e ministros de estado em cerimônia de hasteamento da bandeira, no Palácio da Alvorada: mudanças na Esplanada ocorrerão até o fim do mês.| Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
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O presidente Jair Bolsonaro (PL) vai definir até 31 de março seu novo time de ministros que estará à frente do governo federal pelos próximos oito meses. Nesta semana e na próxima, ele se encontra com os 11 ministros que pensam em deixar os cargos para disputar as eleições. A legislação eleitoral estabelece que ministros têm de deixar a função pelo menos seis meses antes das eleições, o que obrigará Bolsonaro a fazer uma reforma ministerial ampla.

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Dos ministros que tendem a concorrer às eleições, estão nomes que podem se lançar à Câmara dos Deputados, ao Senado, a governos estaduais e até como vice de Bolsonaro ou de algum candidato a governador.

Saiba quem são os 11 nomes que podem deixar o governo na reforma ministerial para participar das eleições:

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  • Tereza Cristina, da Agricultura
  • João Roma, da Cidadania
  • Marcos Pontes, da Ciência, Tecnologia e Inovações
  • Walter Braga Netto, da Defesa
  • Rogério Marinho, do Desenvolvimento Regional
  • Tarcísio de Freitas, da Infraestrutura
  • Anderson Torres, da Justiça e Segurança Pública
  • Damares Alves, da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos
  • Flávia Arruda, da Secretaria de Governo
  • Onyx Lorenzoni, do Trabalho e Previdência
  • Gilson Machado, do Turismo
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Quais ministros tendem a disputar o Senado

A reforma ministerial proposta por Bolsonaro pode confirmar uma grande maioria de candidaturas de ministros ao Senado. Desde quando ainda sondava um partido para se filiar, o Senado é a prioridade do presidente da República nas eleições legislativas. Diferentemente da Câmara, a base governista entre os senadores é menor e a meta é ampliá-la para o caso de uma reeleição.

Dos 11 ministros que tendem a se candidatar, cinco têm o Senado como meta. Deputada federal licenciada por Mato Grosso do Sul, Tereza Cristina (ministra da Agricultura) vai concorrer para senadora pelo PP, partido do ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira. Em seu lugar, deve assumir o secretário-executivo Marcos Montes, ex-deputado federal filiado atualmente ao PSD.

Outro ministro que pretende disputar um cargo de senador é Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional). Ex-deputado federal pelo PSDB pelo Rio Grande do Norte, ele se filiou ao PL em novembro do ano passado. Sua candidatura foi acertada após um arranjo estadual firmado com o ministro das Comunicações, Fábio Faria, que sondava uma candidatura ao Senado pelo estado e que decidiu não disputar as eleições deste ano.

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O nome mais cotado para assumir o Desenvolvimento Regional na reforma ministerial é o do presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, que chegou a ter seu nome cotado para ser vice de Bolsonaro. Como a pasta lida com o banco estatal em políticas públicas como o programa Casa Verde e Amarela (o antigo Minha Casa, Minha Vida), Bolsonaro entende que Guimarães é o nome ideal para comandar o Desenvolvimento Regional.

O salário de Guimarães foi apontado como um possível entrave para ele aceitar o ministério. Na Caixa, ele recebe cerca de R$ 56 mil mais uma remuneração variável que chega a R$ 450 mil ao ano. Já como ministro receberia em torno de metade do salário atual. Um aliado da base governista pondera, contudo, que ele está disposto a assumir o ministério como uma "missão", em respeito a Bolsonaro. Segundo interlocutores do Palácio do Planalto, a presidência da Caixa deve ser assumida por Celso Leonardo Derziê de Jesus Barbosa, atual vice-presidente de Varejo e ex-assessor estratégico da Presidência.

A reforma ministerial também deve confirmar a ministra Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos) como candidata ao Senado. O Amapá é um dos estados estudados para ela concorrer. Mas Damares ainda analisa outras opções e trabalha com aliados na montagem de sua chapa, que envolve suplentes e um aliado na disputa ao governo estadual. A ministra analisa se filiar ao Republicanos para concorrer ao posto. Seu sucessor na Esplanada pode ser alguém com o apoio dela e da legenda.

O Republicanos filiou na quarta-feira (16) o vice-presidente Hamilton Mourão e deu sinais de que poderia se distanciar da candidatura presidencial (Mourão e Bolsonaro mantêm divergências). A filiação de Damares é uma estratégia costurada com o próprio Bolsonaro para evitar o desembarque do partido da base aliada e um possível apoio a outro presidenciável.

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Outra ministra que definiu sua candidatura ao Senado é Flávia Arruda. Deputada federal licenciada pelo PL no Distrito Federal, a titular da Secretaria de Governo da Presidência da República e o governador, Ibaneis Rocha (MDB), que irá à reeleição, selaram acordo para que ambos estejam na mesma chapa.

O chefe de gabinete pessoal de Bolsonaro, Célio Faria Júnior, deve assumir a Secretaria de Governo, pasta responsável pela articulação política do governo com o Congresso. Embora sua indicação seja avaliada com ressalvas por aliados políticos pela pouca experiência, ele é uma escolha pessoal do presidente. "É um desejo do presidente e trabalharia alinhado com o Ciro [Nogueira] e o Fábio [Faria]. Mesmo que não tenha uma experiência parlamentar, ele tem um bom relacionamento com os parlamentares e é um desejo do presidente", afirma um interlocutor do Planalto.

Segundo um deputado da liderança do governo, o novo chefe de gabinete de Bolsonaro na reforma ministerial deve ser Pedro Cesar Sousa, que já assumiu o posto em 2019 e atualmente é titular da Subchefia para Assuntos Jurídicos (SAJ) da Presidência da República.

Servidor público federal, Célio é economista e seu currículo o aponta como especialista em orçamento com "larga experiência" em processo legislativo e processo legislativo orçamentário, bem como elaboração e execução orçamentária e financeira e "conhecimento avançado" em assessoria parlamentar e em relações institucionais. Como o ministro da Secretaria de Governo lida com a negociação e liberação de emendas parlamentares impositivas, Bolsonaro entende que seu chefe de gabinete tem as credenciais para assumir a pasta.

Outro ministro que vai se lançar a senador é Gilson Machado, ministro do Turismo. Isso foi confirmado pelo próprio Bolsonaro. Ele vai concorrer em Pernambuco na chapa com o prefeito de Jaboatão dos Guararapes, Anderson Ferreira (PL), que vai disputar o governo estadual. O secretário-executivo da pasta, Marcos José Pereira, é um nome cotado para sucedê-lo.

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Que ministros podem lançar candidaturas a governos estaduais

Embora não seja uma prioridade para Bolsonaro, a possibilidade de eleger ministros para governos estaduais é bem-vinda no Planalto. Não à toa o presidente da República se engajou pessoalmente nas articulações políticas para lançar o ministro Tarcísio de Freitas (Infraestrutura) ao governo de São Paulo.

No início, no meio político aliado a Bolsonaro, não havia entusiasmo com Tarcísio na disputa pelo governo paulista, um dos redutos eleitorais mais disputados – e que, historicamente, elege tucanos. Contudo, integrantes do núcleo político do Planalto e o próprio Bolsonaro estão convencidos de que Tarcísio tem chances de vencer. A tendência é que ele se filie ao PL – mesmo partido de Bolsonaro. Mas isso ainda não está 100% certo, e o Republicanos é outra opção.

"Vai ficar entre os dois [partidos]. Teremos que definir nos próximos dias. Obviamente que o PL é muito importante, é o partido do presidente. Ter o mesmo número do presidente é muito legal. Mas o Republicanos é um ótimo partido também, vamos pensar", disse Freitas durante evento NT Expo, do setor ferroviário.

O sucessor à frente do Ministério da Infraestrutura será o secretário-executivo da pasta, Marcelo Sampaio. É um quadro técnico e nome da confiança do próprio ministro. Além disso, é genro do ministro-chefe da Secretaria-Geral, Luiz Eduardo Ramos. Mas a pasta é cobiçada pelo PL, que nas gestões petistas comandou o antigo Ministério dos Transportes. Apesar disso, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, não fez objeções a Sampaio assumir a pasta até o fim do ano.

Já a candidatura de Onyx Lorenzoni, ministro do Trabalho e Previdência, ao governo do Rio Grande do Sul também é dada como certa. Muito se especulou sobre a possibilidade de ele se candidatar ao Senado. Contudo, ele se filiou ao PL no ano passado e sempre manteve firme seu nome na disputa pelo governo gaúcho – principalmente após Hamilton Mourão lançar sua pré-candidatura ao Senado pelo estado pregando "apoio irrestrito" a Bolsonaro.

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Aliados do governo apontam que o sucessor de Onyx pode ser um senador. O jornal O Globo diz que pode ser o senador Márcio Bittar (União Brasil-AC). Já aliados do governo não cravam a informação à Gazeta do Povo, mas ponderam que o senador não está descartado. Inclusive lembram que Bolsonaro tem uma agenda marcada na sexta-feira (18) em Rio Branco (AC), onde participará da cerimônia de regularização fundiária e de assentamentos – e onde deve se encontrar com Bittar.

Outros senadores também estão no páreo para suceder Onyx. Um deles é Eduardo Gomes (MDB-TO), líder do governo no Congresso. Outro nome cotado para a pasta é o de Marcos Rogério (PL-RO), que defendeu o governo Bolsonaro na CPI da Covid. Mas Rogério cogita sair candidato ao governo de Rondônia.

O ministro da Cidadania, João Roma, é outro cotado para concorrer a um governo estadual – no caso, a Bahia. O próprio Bolsonaro disse, na quarta (16,) que Roma é quem tem coordenado sua campanha no estado e disse que ele "possivelmente" seria seu candidato ao governo baiano. Segundo interlocutores do governo, Roma será sucedido pelo chefe de assessoria especial da pasta, Ronaldo Vieira Bento, uma vez que o secretário-executivo, Luiz Antônio Galvão, pode auxiliar o ministro na coordenação de sua campanha.

Roma confirmou que mantém conversas sobre uma possível filiação ao PL. "Nós estamos fazendo as tratativas e o que nós estamos buscando é que a Bahia esteja de mãos dadas com o Brasil. Quem tem prazo não tem pressa. Então até o dia 2 de abril os baianos saberão", disse.

A possibilidade de Roma ser candidato ao governo existe, embora interlocutores do governo e aliados da base não descartem uma candidatura dele ao Senado, à Câmara dos Deputados e até mesmo como vice de Bolsonaro. O ministro da Cidadania não sair candidato como uma estratégia para o governo compor com ACM Neto, candidato ao governo da Bahia pelo União Brasil, é algo que não é descartado pelo governo.

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Que ministros podem sair candidatos a vice e à Câmara

O ministro da Defesa, general Braga Netto, é o nome da preferência de Bolsonaro para ser seu vice nas eleições de outubro. Desde o ano passado, o ministro da Defesa entrou no radar do presidente da República e, em sua opinião pessoal, é o nome ideal.

De sete ministros que tiveram seu nome sondado como potencial vice desde 2020, diferentes perfis foram procurados – como o de uma mulher, um nordestino, um nome ligado ao agronegócio, um evangélico ou alguém ligado ao mercado. Contudo, nenhum deles empolgou muito a base política e eleitoral do presidente.

Por esse motivo, o próprio presidente deve fazer prevalecer sua vontade política e pessoal e substituir Mourão por Braga Netto como vice. Ainda é incerto, porém, o partido por qual o vice se filiaria. Existia um acordo de que o PP ficaria com a vice na chapa. Mas a base da legenda é contra a sigla indicar alguém para o posto por defender a liberação da bancada nos estados para apoiar quem quiser.

Também general de Exército, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Luiz Eduardo Ramos, tentou se cacifar nos bastidores para assumir a Defesa. Mas seu nome não agradou oficiais generais das Forças Armadas e sofreu rejeição, afirma um interlocutor de um dos comandantes. Para militares, o nome que vai substituir Braga Netto na reforma ministerial tem que ser um quadro com mais prestígio no Exército.

O site UOL informou que o comandante do Exército, general Paulo Sérgio, pode ser o escolhido para a Defesa. Ele estaria, inclusive, em contato frequente com Bolsonaro, inclusive com encontros no Palácio da Alvorada fora da agenda oficial. Interlocutores do governo não confirmam a informação, mas não descartam a possibilidade.

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Outro ministro que pode ser candidato a vice é o ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres. Mas não para vice de Bolsonaro, e sim de Ibaneis Rocha, governador do Distrito Federal que busca a reeleição. O ministro foi secretário de Segurança Pública de Ibaneis e ambos conversam sobre a composição de uma chapa.

O ministro da Justiça e o governador do Distrito Federal se encontraram na terça-feira (15) e no fim de fevereiro para discutir uma proposta de reajuste de 10% para os policiais civis, militares e o Corpo de Bombeiros Militar distrital. Nos corredores do ministério, a informação é de que os dois também conversaram sobre Torres ser vice de Ibaneis.

Outras possibilidades estudadas pelo ministro é sair como candidato à Câmara ou permanecer na pasta até o fim do ano e não se candidatar. Por esse motivo, é incerto quem assumiria a pasta.

Dos 11 ministros de Bolsonaro que podem deixar seus postos na reforma ministerial, um dos únicos a cogitar a Câmara dos Deputados com convicção é o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações, Marcos Pontes. No início de março, ele próprio admitiu o desejo de concorrer a deputado por São Paulo, e disse que recomendou ao presidente alguém do quadro técnico da pasta para comandar o ministério.

"Sim, existem alguns nomes com o presidente", disse Marcos Pontes no evento de tecnologia Mobile World Congress, em Barcelona, na Espanha. "O ministério tem que continuar funcionando como uma máquina, mas tem que ser bem pilotada."

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Bolsonaro quer evitar descontinuidade com a reforma ministerial

O objetivo das conversas de Bolsonaro desta semana e da próxima com os ministros que serão candidatos é alinhar as prioridades das pastas a fim de evitar descontinuidades de programas do governo e demais políticas públicas. Por isso, o presidente quer fazer um pente-fino com seus ministros para saber o que será deixado a partir de abril e o que está previsto para ser lançado até dezembro.

A expectativa é de que Bolsonaro promova reuniões individuais com os ministros – embora, a depender da agenda, seja possível que ele receba mais de um em seu gabinete ao mesmo tempo. Na segunda-feira (14), por exemplo, ele se encontrou com o ministro do Trabalho e Previdência, Onyx Lorenzoni, que deve sair candidato a governador por Rio Grande Sul. Nesta quinta-feira (17), recebeu 22 ministros. A única que não participou foi Damares, que viajou a Nova Iorque para uma reunião da Comissão sobre a Situação da Mulher nas Nações Unidas.

A possibilidade de o governo realizar uma cerimônia única para a "passagem de bastão" dos ministros não é descartada, mas ainda é algo em análise.