O presidente Jair Bolsonaro (PL) foi sabatinado pela Record TV, depois que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) cancelou a sua participação no debate que seria organizado pela e emissora neste domingo (23). Durante a entrevista, o candidato à reeleição aproveitou para criticar o petista e abordar temas como a prisão do ex-deputado Roberto Jefferson e a redução da maioridade penal.
Além do debate da Record TV, o ex-presidente Lula também se ausentou do encontro promovido pelo pool liderado pelo SBT, CNN e jornal O Estado de S. Paulo da última sexta-feira (21). A expectativa é de que o candidato do PT participe apenas do último debate antes do segundo turno, organizado pela TV Globo, na próxima sexta-feira (28).
"A população vai ter a oportunidade de escolher qual governo vai querer. O do passado, com corrupção, ou que defende a família, sem corrupção e que está disposto a debater com a população. Eu teria muitas perguntas para fazer para ele", disse Bolsonaro sobre a ausência de Lula. Durante diversos blocos da entrevista da Record, Bolsonaro se referiu ao ex-presidente como "fujão".
Veja abaixo os principais pontos da entrevista de Bolsonaro na Record TV.
Prisão de Roberto Jefferson
Na abertura da sabatina, o presidente Jair Bolsonaro foi questionado sobre sua relação com o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB), preso na noite deste domingo (23) pela Polícia Federal. O candidato defendeu que o tratamento dispensado ao petebista deve ser o de bandido, pois ele atirou em policiais.
"Tão logo tomei conhecimento e fiz contato com o ministro da Justiça, para que ele se deslocasse para perto do episódio. O tratamento dispensado ao senhor Roberto Jefferson é o de bandido, pois quem atira em policial é bandido", disse Bolsonaro.
De acordo com o presidente, os seus adversários tentaram "se aproveitar da situação". "Tentaram tirar proveito desse episódio, inclusive o fujão [Lula] que não está aqui debatendo. Ele não é coordenador da minha campanha. Repudio também a maneira como o Roberto Jefferson se referiu a ministra Cármen Lúcia, pois nenhuma mulher deve ser tratada daquela forma. Nós não passamos pano para ninguém, como o Lula fez quando o Roberto Jefferson fez a delação do mensalão. Nós não somos amigos", completou o candidato à reeleição.
Redução da maioridade penal
Questionado sobre a redução da maioridade penal, Bolsonaro afirmou que em um segundo mandato pretende discutir a matéria com o Congresso Nacional. De acordo com o candidato, a redução seria para crimes hediondos.
"Seria para crimes hediondos, para não generalizarmos essa questão. O latrocínio entraria. Aqueles que cometessem crimes hediondos iriam para a prisão", afirmou Bolsonaro.
Estatais quebradas e salário acima da inflação
Ainda durante a entrevista para a Record TV, Bolsonaro afirmou que pretendia questionar Lula sobre os fundos de aposentadorias de estatais. De acordo com o presidente, Lula e a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) quebraram os fundos de empresas públicas como Correios, da Petrobras e da Caixa.
"Ele [Lula] nomeou para os respectivos fundos de pensão pessoas que na verdade eram bandidas. Ao longo dos governos Lula e Dilma saquearam os fundos e as pessoas estavam ameaçada a não ter aposentadoria", afirmou Bolsonaro.
No mesmo bloco, Bolsonaro foi questionado sobre o reajuste do salário mínimo a partir de 2023, e o candidato sinalizou que o ministro da Economia, Paulo Guedes, lhe garantiu o reajuste acima da inflação. "Eu peguei o Brasil com sérios problemas éticos e econômicos, depois veio a pandemia. Nós daremos sim aumento acima da inflação para o salário mínimo, para os aposentados e para os servidores. Eu acredito no ministro Paulo Guedes", defendeu.
O presidente foi ainda questionado sobre os direitos de respostas concedidos pela Justiça Eleitoral ao ex-presidente Lula na propaganda eleitoral. Bolsonaro, no entanto, disse que as peças "apenas apresentavam as verdades sobre Lula".
"As inserções que colocamos na TV são falas do próprio Lula. Quando nós o chamamos de 'descondenado', é verdade. Quando falamos que o partido dele apoia ideologia de gênero, é verdade. Ele é uma pessoa que não tem respeito à família, aos pastores e aos padres. Ele apoia ditaduras, como Ortega na Nicarágua. Isso não é baixar o nível, mas mostrar a verdade sobre o que foi o governo Lula", disse Bolsonaro.
Votos nulos
Ao criticar o ex-presidente Lula, o candidato Bolsonaro afirmou que os eleitores que optarem por anular o voto no segundo turno "estarão ajudando o petista". "Você que vai anular seu voto, está ajudando o Lula a ter mais voto nas urnas. É um momento de você decidir fazer um filtro de quem está falando a verdade. Isso é gravíssimo. Ele quebrará o Brasil", disse Bolsonaro na Record TV.
Ainda de acordo com Bolsonaro, Lula vai quebrar o Brasil se for eleito ao Palácio do Planalto novamente. "Se Lula administrar o Brasil como fez antigamente, o Brasil quebra. Um país riquíssimo. Fará com que seu povo viva em situação de miséria", comentou.
Reaproximação com Sergio Moro
Questionado sobre sua reaproximação com o ex-juiz e senador eleito Sergio Moro (União Brasil-PR), Bolsonaro disse que as ofensas entre ambos ficaram para trás. O candidato disse ainda que não houve conversas para que Moro volte ao governo em um eventual segundo mandato.
"Ele não me pediu isso [para voltar ao governo] e nem eu ofereci. Conversamos sim, ele vai assumir o Senado e vai ser um parlamentar independete.O passado ficou para trás", disse Bolsonaro.
O candidato à reeleição disse ainda que o apoio de Moro nesse segundo turno veio por conta da defesa de um projeto de Brasil. "Ele tem uma memória sobre a corrupção e sobre a Lava Jato. Ele sabe tudo o que aconteceu. Entre eu e o fujão [Lula] não tem base de comparação", completou o presidente.
Segurança do Pix
Bolsonaro informou durante a sabatina que recentemente conversou com responsáveis do Banco Central para ampliar o sistema de segurança do Pix. De acordo com o candidato, o objetivo é evitar que os brasileiros sofram crimes por parte de estelionatários.
"O Banco Central vai desenvolver um sistema para que todo mundo seja identificado". Uma das ideias é a verificação através de fotografias", disse Bolsonaro.
O presidente disse ainda que o Pix é "excepcional" e que países como Estados Unidos têm interesse em importar o modelo de transações. "O povo não quer mais falar em fim do Pix.
Harmonia de todos os brasileiros
Ainda durante a sabatina, Bolsonaro afirmou que o governo dele nunca dividiu a população do país e que sempre buscou a harmonia entre todos os brasileiros. "Essa é a nossa política de tratar todos com igualdade. Nós não dividimos a população. [Não tem] nós contra eles, brancos contra negros, empregados contra patrões, homens contra mulheres", afirmou.
O presidente disse ainda que nunca fez um gesto com objetivo de dividir os brasileiros. "Nós nunca tivemos nenhuma palavra ou gesto para separar a população. Sempre unimos nosso povo. Um só Brasil, uma só raça e uma só cor. É um orgulho enorme que tenho cada vez mais de ver nosso povo usando a bandeira verde e amarela", acrescentou.
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