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Debate entre Leite e Onyx é marcado por denúncia de homofobia e críticas por renúncia
Eduardo Leite e Onyx Lorenzoni em debate eleitoral.| Foto: Mateus Bruxel/Agência RBS

A Rádio Gaúcha e o Jornal Zero Hora realizaram na manhã desta sexta-feira (14) o segundo debate do segundo turno para o governo do Rio Grande do Sul. O encontro entre o ex-governador Eduardo Leite (PSDB) e o ex-ministro Onyx Lorenzoni (PL) foi marcado pela troca de ofensas entre os candidatos. Leite acusou Onyx Lorenzoni de homofobia. E Leite teve seu governo criticado pelo adversário.

A primeira pergunta de Leite para Onyx foi sobre a propaganda política do adversário mencionar que o Rio Grande do Sul terá uma primeira-dama de verdade com ele no poder – o ex-governador gaúcho é homossexual. O tucano afirmou que irá acionar a Justiça contra o deputado federal pelo crime de homofobia.

Já Onyx, em diversos momentos do debate, criticou Leite por ter decidido renunciar ao cargo de governador para se dedicar à campanha presidencial. O deputado federal acusou o adversário de ter "abandonado o povo gaúcho" e "virado as costas para o estado".

Os candidatos também responderam questionamentos sobre temas como educação, saúde, agronegócio, turismo, desenvolvimento regional, infraestrutura, entre outros. Confira abaixo os principais momentos do debate.

Homofobia

Ao ser questionado por Leite sobre a propaganda eleitoral em que citava a "primeira-dama", Onyx acusou o adversário de tentar se "vitimizar" e disse que "respeita a escolha" do tucano, que é homossexual. O ex-governador reforçou a denúncia de homofobia e disse que conseguiu na Justiça a retirada de vídeos falsos que sugeriam pedofilia do candidato.

Educação

A educação foi debatida pelos candidatos em alguns momentos. Leite defendeu o trabalho realizado pela sua gestão e apontou que o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) apresentou crescimento na educação básica, fundamental e ensino médio ao final da gestão. O tucano ainda criticou o congelamento dos repasses federais para merenda escolar.

Lorenzoni disse que a gestão do adversário criou um sistema de fraude desses índices educacionais, ao aprovarem alunos que nem sequer frequentavam as aulas. O deputado federal disse que terá como foco em um eventual mandato a diminuição do abandono escolar, a ampliação das escolas cívico-militares, o fomento à educação profissional e a prática esportiva, criação de mecanismos para a integração da educação especial e a valorização dos professores.

Ambos os candidatos defenderam a ampliação da educação em tempo integral para os estudantes da rede pública no Rio Grande do Sul. Leite disse que quer aumentar em 50% o número de escolas que oferecem a modalidade, enquanto Lorenzoni aponta a criação de um programa para a prática de modalidades esportivas no contraturno escolar.

Saúde

As discussões envolvendo o tema foram norteadas em duas bases: vacinação e distanciamento social na pandemia da Covid-19, e repasse de recursos para os hospitais do Rio Grande do Sul.

Onyx disse que o estado deve R$ 1 bilhão em repasses para Santas Casas e outros hospitais filantrópicos e defendeu a criação de dez clínicas de especialidades no Rio Grande do Sul, com distância máxima de 200 km entre elas. Nessas localidades, serão ofertados serviços de oncologia, oftalmologia, cardiologia, entre outros.

Leite disse ter organizado as dívidas do estado antes de iniciarem investimentos no setor de saúde. O tucano afirmou que pretender criar sete Clínicas da Saúde da Mulher em macrorregiões do Rio Grande do Sul, aproveitando espaços já existentes em hospitais filantrópicos.

Sobre a vacinação, Leite questionou Onyx de quais motivos o fizeram não se vacinar contra a Covid-19. Onyx citou a defesa da "liberdade" e disse que a decisão foi por "questões médicas" e que as vacinas "não tinham comprovação científica". O ex-ministro ainda criticou a política de distanciamento social adotada na gestão do tucano, que na visão do candidato foi responsável por "quebrar empresas" e "gerar desemprego".

Leite rebateu, e disse que a defesa das vacinas é responsabilidade dos governantes e chamou Onyx de "negacionista" e "mentiroso" ao falar que as vacinas não têm comprovação científica. O tucano também apontou que as decisões tomadas durante a pandemia da Covid-19 resultaram na preservação de vidas.

Habitação

Leite falou sobre o lançamento do Programa Casa é Sua para a construção de casas populares, além de um investimento de R$ 20 milhões para concluir quase 20 mil obras habitacionais pelo estado. O tucano apontou que pretende lançar em um eventual segundo mandato convênios com os municípios para tirar pessoas de áreas de risco.

Onyx defendeu um mutirão na área de regularização fundiária no estado. O deputado federal disse que 500 mil títulos de propriedades podem ser emitidos nos próximos quatro anos.

Infraestrutura

Leite disse que a situação financeira herdada dos governos anteriores impediu maiores investimentos no estado. O tucano afirmou que, no final da gestão, realizou aportes de R$ 2 milhões para ampliar acesso asfáltico no estado e completar obras paradas pelo governo federal.

Onyx alfinetou Leite ao dizer que o adversário promete muitas coisas para o segundo mandato porque não cumpriu os compromissos nos primeiros quatro anos. Ele também afirmou que deseja investir R$ 250 milhões em obras no setor hidroviário do Rio Grande do Sul e encerrar a Empresa Gaúcha de Rodovias. Segundo o candidato, a empresa "traz pouco retorno e muitos casos de corrupção".

Funcionalismo público

Onyx criticou o tratamento dado por Leite aos servidores públicos durante o mandato e defendeu o fim do processo de privatização da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan). O deputado federal ainda ressaltou que não irá desrespeitar a Lei de Responsabilidade Fiscal.

Leite disse que dialogou com os sindicatos antes das reformas fiscais aprovadas. Também defendeu essas reformas devido ao fato de o Rio Grande do Sul ter o maior déficit previdenciário do Brasil. Já a privatização da Corsan foi defendida pelo tucano como forma de cumprir o fornecimento de saneamento básico para a população, seguindo as regras do Marco Regulatório do Saneamento.

Banrisul

Leite acusou Onyx de ter uma "proposta irresponsável" de gestão do Banrisul, ao querer intervir no banco e utilizar parte do dinheiro dos acionistas. O tucano disse que a ingerência política é uma das principais causas de fechamento de bancos públicos no Brasil e que o adversário deseja as verbas para resolver problemas agora e empurrar os problemas para os próximos governos.

Onyx rebateu o adversário ao citar a queda no valor de mercado do Banrisul de R$ 12 bilhões para R$ 4 bilhões, e criticou as escolhas de Leite para o conselho fiscal do banco. O deputado federal ainda apontou que essa queda no faturamento se deve à maior preocupação do tucano em um projeto presidencial do que com o Rio Grande do Sul.

Segurança pública

Leite disse que conseguiu renovar a frota da segurança pública, com veículos blindados. Além disso, afirmou que foi o primeiro governador a conseguiu entregar um efetivo policial maior do que recebeu no início do mandato. Para o próximo mandato, o tucano deseja ampliar o monitoramento criminal em 23 municípios considerados chave no combate ao crime organizado.

Onyx defendeu maior integração dos entes da segurança pública no estado e que a Justiça mantenham presos criminosos. A valorização salarial dos policiais dentro da responsabilidade fiscal também é pauta para o deputado federal.

Considerações finais

"Eu conheço bem o Rio Grande e o estado me conhece. Buscamos dialogar com quem pensa diferente e respeitamos a democracia. O meu adversário diz que tudo não presta, que tudo não funciona. Temos problemas, mas a população sabe que o estado evoluiu. Hoje o estado consegue fazer investimentos em estradas, o dinheiro do Porto de Rio Grande pode ficar lá para obras de infraestrutura, os hospitais estão recebendo recursos do governo do estado", declarou Eduardo Leite.

"Estamos tentando trazer a luz. Homenageio por meio da minha vice todos os professores do estado. Não ouvimos nada do candidato Leite, que renunciou aos gaúchos e virou as costas para o nosso povo, enquanto andava pelo Brasil sem se importar com as empresas fechadas e a falta de emprego. Queremos um caminho de esperança para todos os gaúchos", afirmou Onyx Lorenzoni.

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