O ex-governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB).| Foto: Felipe Dalla Valle/Palácio Piratini
Ouça este conteúdo

O ex-governador e candidato à reeleição no Rio Grande do Sul Eduardo Leite (PSDB) anunciou nesta sexta-feira (7) que não apoiará Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nem Jair Bolsonaro (PL) na disputa pela Presidência da República. O movimento político pode inviabilizar um possível apoio petista para o tucano no segundo turno das eleições ao governo do estado, em que Leite disputa contra o ex-ministro Onyx Lorenzoni (PL), candidato apoiado por Bolsonaro. Em 2018, na campanha do segundo turno, Leite declarou voto em Bolsonaro.

CARREGANDO :)

"Cheguei ao segundo turno com a confiança de eleitores que não necessariamente são Lula e Bolsonaro. E sim pelo desejo de fazer diferente e que no Rio Grande do Sul tem um caminho de esperança e que deve continuar", declarou Leite em pronunciamento.

No primeiro turno, o deputado federal Onyx Lorenzoni (PL) obteve 37,5% dos votos válidos, contra contra 26,81% de Leite e 26,77% do deputado estadual Edegar Pretto (PT). A diferença entre os candidatos tucano e petista foi de 2.491 votos.

Publicidade

Dessa forma, os votos petistas conquistados por Pretto no primeiro turno (1,7 milhão de eleitores) devem ser decisivos para as eleições no Rio Grande do Sul. Luiz Carlos Heinze (PP) registrou 4,27% (271,5 mil votos) e declarou apoio formal a Onyx. Já o PDT de Vieira da Cunha e o PSB de Vicente Bogo decidiram apoiar Leite, sendo que os candidatos somados fizeram 1,87% dos votos válidos.

PT negocia apoio a Eduardo Leite, mas espera aceno a Lula

Para o professor de pós-graduação em ciência política da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Rodrigo Stumpf Gonzalez, mesmo com maior diferença ideológica entre o PT e o PL, os eleitores petistas não necessariamente irão escolher Leite como governador nesse segundo turno.

"Existe uma grande animosidade entre os eleitores petistas com o PSDB devido a eleições anteriores. Por isso, acredito que esse apoio vai depender de como vai ser a relação do PSDB com a campanha do Lula. Se houver aproximação pode haver esse direcionamento dos votos, mas caso haja distanciamento esses eleitores podem escolher o voto em branco ou anularem o voto", analisa Gonzalez.

Essa movimentação foi colocada como um dos fatores primordiais por Pretto para que a aliança entre PT e PSDB seja concretizada para o segundo turno no Rio Grande do Sul.

"Nós queremos estabelecer essa relação. O apoio nosso ao Eduardo Leite é importante, como ele me disse na ligação que me fez, mas é importante também o apoio dele ao presidente Lula. Esperamos um sinal em favor do presidente Lula. Então vamos nos reunir na segunda-feira (10) para bater o martelo para orientarmos nossa militância", afirmou Pretto.

Publicidade

Mas essa nacionalização das eleições no Rio Grande do Sul não parece ser o foco de Leite. No pronunciamento feito nesta sexta-feira, o ex-governador afirmou que o debate deve ser voltado para os problemas do estado e não para a disputa presidencial.

"O Rio Grande do Sul não é extensão de Brasília e nem quintal do governo federal. Temos muito a definir e os gaúchos nos deram o segundo turno para discutirmos se vamos continuar sendo um centro democrático ou sendo o estado de um lado só da polarização. Vamos discutir qual Rio Grande nós queremos ser", prosseguiu Leite.

O segundo turno das eleições no Rio Grande do Sul está marcado para o dia 30 de outubro. Além de vencer Onyx, Leite também tenta quebrar um tabu histórico nas disputas no estado, em que desde a redemocratização, em 1988, nunca um governador foi reeleito pelos gaúchos.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]