O PT pretende abrir nos próximos dias uma nova ofensiva para atrair o apoio do PSD para a campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda no primeiro turno das eleições. Na avaliação de líderes petistas, a sigla comandada pelo ex-ministro Gilberto Kassab será o fiel da balança na estratégia eleitoral do petista.
Além de tempo de propaganda no rádio e na TV, a composição com o PSD seria o principal aceno de Lula ao centro depois da provável indicação de Geraldo Alckmin como vice na chapa petista. A nova movimentação do PT ocorre depois das tentativas de Kassab de lançar um nome próprio do partido ao Palácio do Planalto.
O presidente do PSD chegou a trabalhar para que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (MG), fosse o candidato do partido neste ano. O senador, no entanto, acabou recuando da proposta. Posteriormente, Kassab tentou atrair o ex-governador do Rio Grande do Sul Eduardo Leite, mas o gaúcho optou por se manter no PSDB.
Na semana passada, o ex-governador do Espírito Santo Paulo Hartung também sinalizou que declinaria de um eventual convite para se filiar e ser candidato pelo partido de Kassab. Neste cenário, aliados de Lula acreditam que podem buscar um acordo com integrantes do PSD antes de lançar a candidatura oficial.
Com o fim da janela partidária, a presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), pretende buscar Kassab para uma nova rodada de conversas. Existe ainda a expectativa de que Lula passe por Brasília no mês que vem para se reunir com lideranças do PSD.
“O PT não medirá esforços para agrupar e expandir as alianças. A candidatura de Lula deverá trazer, já na composição da chapa de presidente e vice-presidente, a ampliação e a unidade que se espera das forças de oposição", admite Gleisi.
Parte do PSD vê com ceticismo aliança com o PT no primeiro turno
Apesar da ofensiva do PT, o entorno de Kassab vê com ceticismo a possibilidade de o PSD apoiar formalmente a candidatura de Lula ainda no primeiro turno. Na avaliação de lideranças da sigla, a composição poderia implicar em um racha, já que o PSD também conta com aliados do presidente Jair Bolsonaro (PL).
No Paraná, por exemplo, o governador Ratinho Jr. pretende concorrer à reeleição abrindo palanque para Bolsonaro no estado. O paranaense foi um dos principais opositores a movimentos anteriores do partido em sinalizar apoio ao nome de Lula. Além disso, o governador também atuou nos bastidores para que Eduardo Leite não se filiasse ao PSD.
Como forma de contornar o impasse, Kassab segue em busca de uma solução dentro do próprio partido para lançar na corrida ao Planalto. A interlocutores, o presidente do PSD afirma que, com um nome do partido disputando a Presidência, ele não precisaria apoiar Lula ou Bolsonaro logo no primeiro turno.
“A única alternativa é ter uma candidatura que leve uma mensagem ao povo brasileiro, que se diferencie do PT e do atual presidente da República. Essa é a meta principal do PSD”, avalia o deputado Fábio Trad (MS).
O partido de Kassab terminou a janela partidária com 41 deputados. Durante o período, que permitia a troca de legenda por parte dos parlamentares, o PSD recebeu seis novos deputados, mas perdeu dois, e com isso registrou um crescimento de quatro integrantes na bancada.
De acordo com integrantes do partido, o objetivo de Kassab é fortalecer a legenda e eleger o maior número de deputados e senadores para a próxima legislatura. Além da reeleição de Rodrigo Pacheco para o comando do Senado, o partido pretende trabalhar também para eleger um nome para o comando da Câmara dos Deputados.
Na semana passada, por exemplo, Kassab participou de um ato de filiação de 102 novos integrantes do PSD em Brasília. Entre os postulantes ao cargo de deputado federal estão André Kubistchek Pereira, neto do ex-presidente Juscelino Kubistchek, e o ex-presidente da Câmara Legislativa do Distrito Federal Alírio Neto.
Lula deve atrair apoio de lideranças regionais do PSD
Outra possibilidade ventilada na cúpula do PSD é a de liberar os diretórios estaduais para construção de palanques de acordo com os interesses regionais. É o caso de Minas Gerais, onde o ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil pretende concorrer ao governo em uma aliança com o ex-presidente Lula.
"O ex-presidente Lula defende a aliança com o Kalil. Ele entende que isso aumenta a força dele (Lula) no estado e fortalece, ajuda muito, o Kalil a crescer nas pesquisas e até a vencer as eleições", defende Cristiano Silveira, presidente regional do PT.
Em entrevista à Rádio Super FM, Lula afirmou que “a única coisa que eu tenho certeza é que Kalil precisa de mim e que eu preciso do Kalil”. Segundo o petista, a possibilidade de eles estarem juntos nas eleições é “muito grande”.
O petista tem ainda um acordo com o senador Otto Alencar (PSD-BA), que vai disputar a reeleição no mesmo palanque que o PT na Bahia. "Minha posição é muito clara, de aliança com o PT e com a base", defendeu Alencar. No Amazonas, o senador Omar Aziz (PSD) também já sinalizou que estará no mesmo palanque que Lula.
“Minha posição já foi colocada [para a cúpula do PSD]. Podem fazer cem reuniões, podem entrar cem pessoas no partido, para mim está sendo indiferente, meu candidato é o Lula”, reforçou Aziz.
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