Depois das tentativas sem sucesso de lançar um nome próprio do PSD na disputa pela presidência da República, o presidente nacional da sigla, o ex-ministro Gilberto Kassab, já sinaliza que deve liberar os diretórios para construção de palanques de acordo com os interesses regionais. Com isso, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) intensificou as articulações nos últimos dias no intuito de atrair o apoio do partido em alguns estados.
Inicialmente a estratégia de Kassab em ter uma candidatura própria visava não dividir o partido no primeiro turno das eleições. O PSD conta com quadros que pretendem apoiar Lula e com outros nomes que pretendem apoiar o presidente Jair Bolsonaro (PL). Além disso, Kassab tem dito que pretende aumentar para 20 a sua bancada de senadores e para pelo menos 50 deputados federais. Atualmente o partido tem 12 membros no Senado e 47 na Câmara.
Na estratégia, o ex-ministro trabalhou para viabilizar nomes como do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (MG), e dos ex-governadores Eduardo Leite (Rio Grande do Sul) e Paulo Hartung (Espírito Santo) na disputa pelo Palácio do Planalto. Sem um "plano D", como Kassab vinha se referindo à busca por um outro nome entre os quadros do partido, o ex-ministro já buscou lideranças do partido para indicar o novo posicionamento.
Em Brasília, o ex-presidente Lula se reuniu com lideranças do partido de Kassab na tentativa de amarrar o apoio do PSD ainda no primeiro turno. Apesar disso, nomes ligados ao presidente da sigla consideram como improvável uma composição formal para o primeiro turno das eleições.
"Tenho a esperança de trazer o PSD ainda para o primeiro turno. Para mim, pode ser o delta que ainda falta para fortalecer nossa campanha", disse o deputado federal José Guimarães (PT-CE), um dos coordenadores da pré-campanha de Lula.
Lula abre mão de quadros do PT para atrair o partido de Kassab
Na ofensiva de atrair o partido de Kassab, o ex-presidente Lula tem sinalizado que pode abrir mão de quadros do PT em alguns estados. A principal articulação passa pelo palanque em Minas Gerais, onde o petista pretende contar com o apoio de Alexandre Kalil, pré-candidato ao governo estadual.
O partido de Lula pretendia lançar o deputado Reginaldo Lopes na disputa pelo Senado, no entanto, o PSD já informou que não pretende abrir mão da vaga para que Alexandre Silveira, aliado de Rodrigo Pacheco, tente a reeleição. Em Brasília, Lula indicou aos integrantes da sigla de Kassab que não deve impor a candidatura de Lopes na chapa.
"A legislação permite que tenhamos dois candidatos. Não estou pedindo ao Kalil para retirar o candidato dele", admitiu Lopes. A composição pode ser chancelada na segunda semana de maio, quando Lula pretende rodar o estado mineiro em pré-campanha.
Apesar da estratégia de Lula, a bancada de deputados do PSD em Minas Gerais tem resistido ao movimento de Kalil em abrir palanque para o PT. O partido conta com quatro parlamentares no estado e o grupo já indicou que pretende apoiar o presidente Bolsonaro no estado.
Já em Pernambuco, Lula passou a encampar o nome de André de Paula (PSD) como candidato ao Senado na chapa de Danilo Cabral, pré-candidato ao governo do estado pelo PSB. Com isso, o PT ficaria apenas com a indicação de vice na chapa de Cabral. Na passagem pela Capital Federal, Lula esteve reunido com lideranças do PSD de Mato Grosso do Sul, como o senador Nelsinho Trad e o deputado Fábio Trad.
Lula pode ter o apoio de 10 diretórios estaduais do PSD
Além das costuras em Minas Gerais e em Pernambuco, Lula deve atrair o apoio do PSD em ao menos outros oito diretórios estaduais. Nas próximas semanas, Kassab deve reunir-se com os senadores Otto Alencar, da Bahia, e Omar Aziz, do Amazonas. Ambos já vinham manifestando apoio à candidatura presidencial de Lula, com aval da cúpula do PSD.
O petista também já conta com sinalizações de acordo no Piauí, Sergipe, Paraíba, Ceará, Tocantins e Mato Grosso. No Rio de Janeiro, o prefeito da capital fluminense, Eduardo Paes, mantém uma proximidade com Lula, mas tem defendido o entendimento de que o partido deve se manter neutro ao menos no primeiro turno da disputa presidencial. Além do Rio, outros 12 diretórios defendem o mesmo posicionamento.
Bolsonaro deve ter apoio em ao menos três estados e DF
Já no Paraná, no Rio Grande do Norte, Goiás e no Distrito Federal o posicionamento do PSD é de apoio ao presidente Bolsonaro. Candidato à reeleição, o governador paranaense, Ratinho Jr., espera a definição de Kassab sobre a liberação do partido para consolidar a aliança com o presidente no estado.
Em uma estratégia para atrair o PSD para sua campanha de reeleição, Bolsonaro nomeou Marcos Montes como sucessor da ex-ministra da Agricultura Tereza Cristina no comando da pasta. Ex-deputado federal pelo PSD, Montes é alguém da confiança da ex-ministra e é visto como o elo que pode reaproximar Kassab do governo.
"O PSD tem a segunda maior bancada do Senado e uma das maiores da Câmara. Ou seja, é algo que deve ser encarado como uma prioridade pela base política do presidente. E, como estamos sem uma definição clara de qual caminho seguir [sobre candidatura presidencial], a viabilidade dessa composição [com Bolsonaro] existe", disse um senador do PSD à Gazeta do Povo no começo do mês.
Ciro Gomes também corteja lideranças do PSD
Na esteira das negociações de Lula com lideranças do PSD, o ex-ministro Ciro Gomes, pré-candidato pelo PDT, também tem trabalhado para atrair o apoio do partido de Kassab. Recentemente o pedetista esteve reunido com Kassab em São Paulo e pediu apoio do PSD à sua candidatura, caso consiga se viabilizar até agosto, data final para definição de alianças.
"[As conversas com o PSD são] muito mais [frequentes] do que pensa a imprensa”, disse Ciro Gomes nesta semana após participar da Marcha dos Prefeitos, em Brasília.
O pré-candidato conta com acenos do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, que recentemente afirmou que "Ciro Gomes é alguém muito preparado e talhado para o cargo de presidente". Apesar disso, integrantes da bancada do PT no Senado trabalham para atrair o apoio à candidatura de Lula por parte do presidente da Casa. No balcão de negociações, os petistas sinalizam apoiar à reeleição de Pacheco para o comando do Senado a partir de 2023.
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