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Simone Tebet Lula futuro governo
Ex-presidente Lula sinaliza que Simone Tebet pode participar de um eventula governo no futuro se for eleito, em troca de apoio na eleição.| Foto: divulgação/campanha MDB

Dois dias depois de anunciar apoio a Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na corrida pelo segundo turno da eleição presidencial, Simone Tebet (MDB) oficializou a adesão à campanha petista na tarde desta sexta-feira (7). Ao lado do ex-presidente, a senadora disse que ele terá seu total apoio inclusive para viajar pelo país participando do palanque dele e, depois, para o que for preciso num eventual novo governo.

As afirmações foram feitas durante encontro em São Paulo, em que Tebet ressaltou que a equipe de campanha do ex-presidente aceitou incorporar algumas de suas propostas de governo ao plano que está sendo construído, em troca do apoio neste segundo turno.

“Fica aqui, a partir de agora, um compromisso não apenas do meu voto, mas do meu total apoio à sua campanha e ao seu governo. Vamos juntos até 30 de outubro andar às ruas e às praças do Brasil pra mostrar que o Brasil que queremos é um Brasil de todos nós, que só pode ser feito e construído pelas mãos do presidente Lula e de Geraldo Alckmin”, disse.

O encontro entre a emedebista e o petista vem dois dias depois de Tebet dizer que apoia Lula mesmo mantendo as críticas feitas ao longo da campanha do primeiro turno – em especial na estratégia do petista de pedir o chamado “voto útil” para levar a eleição ainda no dia 2 de outubro. A mesma crítica foi feita por Ciro Gomes (PDT), mas minimizada pelo presidente Carlos Lupi ao também anunciar apoio ao petista no começo desta semana.

Apesar das críticas e discussões do primeiro turno, Lula a elogiou, agradeceu ao apoio e afirmou que ela terá a participação que quiser em sua campanha neste segundo turno.

“É uma decisão que eu sei que você vai levar ao ponto de você nos ajudar a reconstruir o Brasil. Não será só um partido político, só um agrupamento ideológico, uma parte da sociedade brasileira. [...] Todos têm que participar desse processo, de voltar à normalidade, do poder judiciário, do legislativo e do executivo cumprirem com as suas funções, as instituições voltarem a funcionar”, afirmou.

Entre as atuações que Lula pretende dar a Simone estão a participação em comícios pelo país, principalmente nos estados de São Paulo, para ajudar na eleição de Fernando Haddad (PT) ao governo estadual, em que disputa com Tarcísio de Freitas (Republicanos) no segundo turno; Rio de Janeiro, onde o petista diz querer superar a votação de Jair Bolsonaro (PL); Minas Gerais, em que o governador reeleito Romeu Zema (Novo) declarou apoio ao presidente, entre outros onde o PT e aliados vão disputar o segundo turno das eleições estaduais. Ela também deve participar mais ativamente da propaganda eleitoral da TV, como já ocorreu nesta sexta (7), e em ações de um eventual governo se for eleito.

Além de anunciar o apoio, Tebet e Lula não pouparam críticas a Jair Bolsonaro (PL), como as afirmações feitas recentemente, como o que teriam sido críticas aos moradores da região Nordeste por terem dado a liderança ao petista no primeiro turno, o contingenciamento de verbas da educação, entre outros.

Composição do novo governo vem só depois

Embora não tenha feito nenhum convite formal e negar a pretensão, o discurso de Lula a Simone Tebet indica que ela terá um papel importante em seu futuro governo, se eleito. O ex-presidente disse que só vai montar a equipe ministerial – incluindo um ministro da economia, que vem sendo muito cobrado pelo mercado – apenas depois que ganhar a eleição.

Mas, já adiantou que Tebet vai ajuda-lo em questões como as emendas de relator, a execução das propostas que ela trouxe ao seu plano de governo, as políticas econômicas – como mudanças na lei do teto de gastos ou outra âncora fiscal –, entre outras.

“Você vai me ajudar a quebrar um tal de orçamento secreto, porque se fosse bom pra sociedade não precisaria ser secreto. Vamos tentar ver a possibilidade de criar o orçamento participativo como fizemos nas prefeituras desde 1982”, disse Lula.

A ex-candidata e agora apoiadora do petista disse que pode, também, ser uma interlocutora com o setor do agronegócio, que tem uma forte adesão ao governo Bolsonaro e que ela diz ser possível reverter para apoiar Lula.

“Eu sou do agronegócio, não só venho de um estado do agronegócio. Estou pronta, inclusive, para desmistificar essa tese equivocada que só interessa ao atual presidente da República de que é agronegócio ou meio ambiente, quando na realidade os dois andam juntos. Sem desenvolvimento sustentável, nós não temos chuva e temos perda na nossa safra”, disse citando que o setor teve uma perda de produtividade de R$ 60 bilhões nos últimos dois anos na faixa plantada entre o Mato Grosso do Sul e o Rio Grande do Sul.

Economia mais ao centro

Embora seja crítica à opinião de Lula sobre o fim do teto de gastos, Simone Tebet disse que está disposta a ajudar na construção de uma âncora fiscal – mesmo que mínima – para dar segurança ao mercado. De acordo com ela, sem esse mecanismo, o próprio “orçamento secreto” teria sido estourado para além dos R$ 19 bilhões aprovados pelo Congresso.

“Eu vivenciei, não só fui vítima do orçamento secreto quando fui candidata à Presidência do Senado, mas vi porque estou no Senado. O orçamento de R$ 19 bilhões deste ano só não virou R$ 30 bilhões porque, quando bateu no Ministério da Fazenda, eles viram que batia no teto de gastos que não teriam como liberar. A equipe econômica tem que entender qual é o melhor caminho, não necessariamente um teto de gastos, mas alguma âncora mínima que dê conforto para o mercado, tranquilidade para os investidores, para que a gente possa ter uma economia equilibrada”, disse.

O ex-presidente emendou afirmando que não precisa ter uma lei específica para tratar de responsabilidade fiscal, lembrando que seu governo conseguiu reduzir a dívida pública interna de 60,5% em 2003 para 37,7% ao fim da gestão, além de diminuir a inflação de 12% para 4,5%, quitar empréstimos contraídos junto ao Fundo Monetário Internacional (FMI), entre outros feitos.

“Temos responsabilidade fiscal e não precisamos de uma lei garantindo isso. Ela limita o investimento em coisas essenciais, é preciso definir o que é investimento e o que é gasto”, concluiu ressaltando que, embora seja contra o teto de gastos, tem disposição para discutir a formulação de uma nova âncora fiscal.

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