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Soraya Thronicke União Brasil
Candidata do União Brasil, Soraya Thronicke vai para a disputa correndo por fora.| Foto: Divulgação/campanha

A senadora e candidata a presidente Soraya Thronicke (MS), do União Brasil, começa a campanha eleitoral correndo por fora até mesmo dentre os candidatos da terceira via. Mas ela e seu partido contam com duas importantes armas na disputa que podem fazer a diferença: um dos maiores tempos de televisão na propaganda eleitoral gratuita e a maior fatia do Fundo Eleitoral.

A candidatura dela foi lançada em cima da hora, apenas no começo de agosto, após o presidente do União Brasil, o deputado Luciano Bivar (PE), desistir de concorrer ao cargo e descartar uma aliança com a chapa Lula-Alckmin (PT-PSB).

A entrada da senadora sul-mato-grossense na disputa chamou a atenção de analistas políticos pelo fato de Soraya Thronicke ser pouco conhecida fora do seu estado e ter um passado de ligação com Jair Bolsonaro, para quem fez campanha na eleição de 2018. No entanto, a condução das políticas públicas de enfrentamento da pandemia da Covid-19 a fizeram se afastar do governo.

Para Caio Morau, advogado, doutorando e mestre em Direito Civil pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP) e professor da Universidade Católica de Brasília (UCB), a candidatura própria do União Brasil em vez de formar uma coligação, neste momento, tem mais a ver com mostrar a representatividade do partido do que necessariamente concorrer para uma vitória. Para ele, é no segundo turno que a legenda vai mostrar a que veio.

“Vejo essa candidatura do União Brasil como uma tentativa de consignar uma certa importância nessa eleição. Como outros partidos grandes, como o MDB, que estão com candidatos próprios, penso que este, que vem de uma fusão de duas legendas grandes como o DEM e o PSL, tenta se firmar como uma legenda que tenha relevância, mostrar sua força no primeiro turno para negociar apoio em um eventual segundo turno e ministérios posteriormente”, diz.

Além disso, Soraya não tem o apoio nem mesmo de todos os candidatos de seu partido nos estados. O União Brasil tem 12 candidatos aos governos estaduais. Mas é apenas no Acre que o União Brasil não coligou com nenhuma legenda com candidatos à Presidência. No entanto, o candidato do partido no estado, Márcio Bittar, já declarou apoio a Jair Bolsonaro (PL) na eleição presidencial.

Mas ela pode também se beneficiar de um palanque que é de outro partido. Em São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), atual governador e candidato à reeleição, afirmou que seu partido apoia a candidatura de Simone Tebet (MDB) à Presidência no estado. Mas disse que, como seu candidato a vice é do União Brasil, "então o palanque está aberto". As declarações foram dadas em uma sabatina na quarta-feira (17) à Jovem Pan.

Soraya Thronicke pode receber votos de eleitores insatisfeitos com Bolsonaro?

Embora tenha sido eleita apoiando Bolsonaro em 2018, Soraya Thronicke não deve conquistar votos dos simpatizantes do presidente em 2022. “Acho muito improvável isso. Os eventuais dissidentes do Bolsonaro, quer dizer, pessoas que tinham alguma simpatia ou mesmo que votaram nele nas eleições de 2018 e ficaram insatisfeitas, a minha impressão é que elas migrarão para outros candidatos, em especial para a Simone Tebet e, de modo muito pequeno, para o Ciro Gomes”, aposta Caio Morau.

Os analistas também não apostam que Soraya Thronicke irá se beneficiar pelo fato de ser mulher, pois Simone Tebet (MDB) largou na frente e compôs uma chapa puramente feminina com a também senadora Mara Gabrilli (PSDB-SP) como vice.

Juliana Fratini, organizadora do movimento Mulheres na Política e mestre em ciências sociais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), vê a candidatura de Simone Tebet e Mara Gabrilli já consolidada, com uma projeção maior no eleitorado feminino. Conta também o fato de Tebet ter também uma longa carreira política que já vem de família – seu pai, Ramez Tebet, foi senador e ex-presidente do Congresso Nacional.

“Essa candidatura [de Soraya] é importante para demarcação de território, para dizer ‘eu vim, eu estou aqui’, não importa se ela vai ganhar ou não. O partido tem interesse para que isso aconteça, porque a pauta das mulheres na política está na ordem do dia”, explica.

O que o União Brasil planeja para sua candidata

Embora tenha a maior fatia do Fundo Eleitoral, de R$ 782 milhões, o União Brasil terá o mesmo limite de gastos que outros partidos na eleição presidencial: R$ 88,9 milhões. E é no tempo de TV semelhante ao dos maiores concorrentes – 2 minutos e 10 segundos na propaganda eleitoral gratuita – que o partido pretende tornar a senadora conhecida para além do seu estado, o Mato Grosso do Sul.

Para isso, o União Brasil contratou o marqueteiro Lula Guimarães para traçar as estratégias da propaganda política no horário eleitoral gratuito (que começa no dia 26 de agosto), nas redes sociais e na rua. O profissional já é conhecido do meio político por ter coordenado a propaganda da campanha presidencial de Eduardo Campos (PSB) e Marina Silva (PSB), em 2014, e de João Doria (PSDB) à prefeitura de São Paulo em 2016.

À Gazeta do Povo, a coordenação de campanha da candidata afirmou que vai se diferenciar dos concorrentes ao apresentar “soluções concretas” para o desenvolvimento do país, de crescimento econômico e combate à pobreza. Pelo menos 35 vídeos para a propaganda eleitoral já foram gravados no comitê da campanha, em São Paulo.

Em um deles, divulgado nas redes sociais no primeiro dia de campanha, a candidata levanta a bandeira da “pacificação”, fazendo um contraponto ao tom que vem sendo adotado pelos outros três maiores candidatos. “Jamais permita que a política te separe da tua família e dos teus amigos, chega de briga e confusão. Tá na hora de paz e de união”, diz.

Outra estratégia será a de que é preciso “acabar com os impostos federais e implementar, por exemplo, o imposto único, beneficiando a maioria, que são os mais pobres”. Aliás, é no Imposto Único Federal (IUF) que Soraya Thronicke reitera várias vezes, ao longo do plano de governo, como a principal solução de reforço na arrecadação para combater “a crise social, financeira e política”.

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