Derrotados nas urnas, os presidenciáveis da terceira via agora aguardam decisões dos seus partidos sobre quem apoiar no segundo turno da eleição nacional – se Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ou Jair Bolsonaro (PL).
Principal crítico dos dois candidatos, em especial de Lula na reta final, Ciro Gomes (PDT) afirmou que está em conversações com o partido sobre qual dos dois candidatos vai apoiar ou se vai manter a neutralidade como na eleição de 2018, quando viajou a Paris no segundo turno. "Me deem mais algumas horas para conversar com o meu partido para que a gente possa achar o melhor caminho, o melhor equilíbrio, para bem servir à nação brasileira", disse logo após a apuração na noite de domingo (2).
Com isso, Ciro abriu uma brecha para mudar o discurso que adotou ao longo do primeiro turno, em que dizia ter o direito de não fazer campanha e nem se aproximar deles, por não concordar com o modelo político e com as ações que Lula e Bolsonaro desenvolveram em suas gestões.
Após ter um desempenho abaixo do esperado – terminou a eleição em quarto lugar, com apenas 3% dos votos válidos –, Ciro ainda não disse abertamente o que fará daqui para a frente, mas deu sinais de que vai abandonar a vida política. Em entrevista à rádio Metrópoles de Salvador, em meados de setembro, afirmou: “se eu não for eleito, chega pra mim. Estou com 65 anos de idade, devotei a minha vida inteira a esse país”.
No entanto, em 2018, Ciro fez uma afirmação semelhante caso Bolsonaro fosse eleito, e retornou em 2022 para tentar a Presidência.
O PDT em si também é dúvida, mas não será novidade se resolver apoiar Lula. A legenda foi base aliada do petista em 2002, optando pela neutralidade apenas em 2006 e formando uma coalizão no começo da segunda gestão de Lula em 2007.
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Lula espera obter apoio do MDB de Tebet
Já Simone Tebet (MDB) afirmou que já tem sua decisão sobre o apoio no segundo turno e irá revelar no mais tardar terça-feira (4). Em pronunciamento logo após a apuração, a candidata disse esperar um posicionamento conjunto dos partidos da sua coligação – MDB, PSDB, Cidadania e Podemos.
“Respeito o processo eleitoral que não terminou agora. Vou esperar os presidentes dos nossos partidos se pronunciarem, para que depois eu possa me posicionar”, disse.
Em eleições passadas em que o PT chegou ao segundo turno, o MDB apoiou Lula em 2006 e a chapa da primeira gestão Dilma Rousseff em 2010, com Michel Temer na vice-presidência.
“Temos que refletir o que queremos. A palavra agora está com os presidentes dos partidos. Sou uma política que respeita o processo eleitoral, que decidam em 48 horas”, disse a candidata.
Com o fim da eleição para ela, Tebet deve seguir trabalhando na articulação partidária, já que termina seu mandato como senadora pelo Mato Grosso do Sul em janeiro de 2023. Analistas apontam que ela pode já começar a se preparar para a próxima eleição presidencial de 2026, graças ao capital político que conseguiu no pleito deste ano.
De uma senadora desconhecida do grande eleitorado brasileiro, Simone Tebet rodou o país e teve grande destaque em entrevistas e debates ao longo da campanha, alcançando 4,16% dos votos no resultado final deste domingo (2), à frente de Ciro, que disputou a quarta eleição presidencial.
A mesma estratégia será adotada por Soraya Thronicke (União Brasil), que ainda aguardará uma posição oficial do partido para decidir quem apoiará no segundo turno. Passada a eleição, a candidata volta ao cargo de senadora também pelo Mato Grosso do Sul para um mandato que se encerra em 2027.
O União Brasil, que não existia nas gestões petistas passadas, teve correligionários do extinto Democratas fazendo oposição aos governos Lula e Dilma e apoio a Michel Temer, e do então PSL apoiando Aécio Neves (PSDB) em 2014, quando a petista foi reeleita.
Agora, a tendência é de que se posicione ao lado de Bolsonaro, pelo menos em parte e a contragosto da própria Soraya. A principal razão é a situação de ACM Neto, vice-presidente do partido e antigo presidente do DEM, que está no segundo turno da eleição para o governo da Bahia contra um candidato do PT de Lula.
Para que lado pendem outros nomes da terceira via no segundo turno
O candidato do Novo, Felipe d’Avila, já adiantou durante a campanha que fará uma oposição aguerrida contra Lula e Bolsonaro tanto no segundo turno como no próximo mandato de um dos dois. Embora o partido tenha votado a favor do governo em algumas pautas no Congresso ao longo desta gestão, o empresário diz que qualquer um que for eleito vai aprofundar as crises econômica e institucional que o país vive nos últimos anos.
Daqui para frente, d’Avila diz que vai atuar como um articulador do Novo na oposição ao presidente que for eleito, mesmo sem ocupar cargo público. Além disso, volta a atuar em seu Centro de Liderança Política (CLP), uma organização suprapartidária que analisa, estuda e debate políticas públicas e formação de líderes.
Já o novato na disputa a cargos públicos, Padre Kelmon Luís (PTB) não se pronunciou sobre o resultado da eleição deste domingo. Mas é certo que seu partido anuncie apoio a Bolsonaro pela proximidade ideológica, repetindo a aliança fechada com o então candidato em 2018.
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