A chamada terceira via inicia o período das convenções partidárias em situação delicada na disputa presidencial. As convenções são os eventos em que as candidaturas são oficializadas pelos partidos e, a partir delas, os candidatos podem começar oficialmente a campanha. Mas pesquisas eleitorais recentes – como os levantamentos BTG/FSB, Paraná Pesquisas e PoderData divulgados entre os dias 6 e esta quarta-feira (20) – mostram que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL) lideram a disputa com ampla vantagem para os demais concorrentes.
O melhor desempenho de um terceiro candidato nos levantamentos é o de Ciro Gomes (PDT) na pesquisa BTG/FSB, em que ele somou 9%. Ainda assim, muito distante dos 32% registrados a favor de Bolsonaro na mesma pesquisa.
Simone Tebet (MDB) se saiu melhor na pesquisa BTG/FSB, com 4%. André Janones (Avante) obteve 3% como melhor desempenho, também na BTG/FSB de julho.
Pablo Marçal (Pros) marcou no máximo 1% nas pesquisas da BTG e PoderData deste mês. E Vera Lúcia (PSTU) e Felipe d'Avila (Novo) marcaram 1% na pesquisa da BTG. Os demais pré-candidatos não atingiram nem 1% nas três pesquisas citadas nesta reportagem.
Convenções, vices e planos de governo são apostas
A própria realização das convenções é vista pelos membros da terceira via como uma oportunidade para reverter o quadro e crescer nas pesquisas. Esses eventos costumam ser uma ocasião em que os partidos tentam "mostrar força" e aproveitam para divulgar o candidato por causa da atenção da mídia.
A convenção do PDT para homologar o nome de Ciro ocorre nesta quarta-feira (20). A do MDB, que confirmará a senadora Simone Tebet (MS) como candidata ao Palácio do Planalto, está agendada para o dia 27. E a do Avante, para referendar o deputado federal André Janones (MG) como representante do partido na corrida presidencial, no dia 23. "Com as convenções e o início da campanha eleitoral propriamente dita, os brasileiros vão prestar mais atenção [nos candidatos]", diz Janones.
Outros dois marcos desse período também são vistos pelos partidos como oportunidades de divulgar seus candidatos: a escolha do vice e a apresentação dos planos de governo. Ciro, Simone Tebet e Janones ainda não definiram os nomes que comporão com eles suas chapas, no cargo de vice. Sobre o plano de governo, ele obrigatoriamente têm de ser registrados na Justiça Eleitoral. Mas a imprensa costuma divulgá-los – e os candidatos veem nisso uma oportunidade de expor sua plataforma de governo aos eleitores.
Janones, por exemplo, diz que o documento que norteará uma eventual gestão sua terá o nome de "Plano de Emergência". "Vamos apresentar nos próximos dias o nosso Plano de Emergência, que é como a gente chamou nosso plano de governo. A principal mensagem da campanha é o combate à desigualdade social", afirma.
Terceira via também aposta no desconhecimento e menor rejeição
Os candidatos da terceira via, para crescer nas pesquisas, também apostam num "ativo" que numa primeira vista é uma dificuldade eleitoral: o desconhecimento que os eleitores têm em relação a esses nomes. Eles costumam argumentar que têm menos intenções de voto nas pesquisas por serem menos conhecidos, e alegam que isso que pode representar um grande número de eleitores a serem conquistados.
O levantamento do Instituto Paraná Pesquisas divulgado em 6 de julho mostrou quais são os candidatos que os eleitores dizem "não conhecer suficientemente para opinar". O menos conhecido, por 55,2% dos entrevistados, foi Felipe d'Avila (Novo). Na sequência, aparecem os pré-candidatos Luciano Bivar (União Brasil, 55%), Pablo Marçal (Pros, 54,6%), Vera Lúcia (PSTU, 54,3%), Eymael (DC, 48,2%), André Janones (Avante, 47,6%), Simone Tebet (MDB, 42,5%). Os demais são bem conhecidos do eleitor: Ciro Gomes (PDT, 4,7% de desconhecimento), Bolsonaro (PL, 0,8%) e Lula (PT, 0,5%).
Outra face do desconhecimento é a menor rejeição. Para grande parte dos membros da terceira via, a alta rejeição a Lula e Bolsonaro abre oportunidades de crescimento para eles. Ainda assim, há candidatos além de Lula e Bolsonaro que também têm índices elevados de rejeição.
No levantamento do Paraná Pesquisas de 6 de julho, o candidato mais rejeitado foi Bolsonaro. Um total de 51% dos entrevistados disseram que "não votaria de jeito nenhum" nele. Na sequência, vieram: Ciro Gomes (PDT, 44,9%), Lula (PT, 43,3%), Eymael (DC, 42,7%), Luciano Bivar (União Brasil, 37,4%), Felipe d'Avila (Novo, 35,3%), Vera Lucia (PSTU, 35,2%), Pablo Marçal (Pros, 34,7%), Leonardo Pericles (UP, 32,5%), André Janones (Avante, 32,2%), Simone Tebet (MDB, 31,7%) e Sofia Manzano (PCB, 31,1%).
Terceira via ainda tem acertos partidários para definir
Grande parte dos pré-candidatos ao Planalto da terceira via ainda mantêm negociações partidárias às vésperas das convenções. Ciro lida com desconfianças internas e com a dificuldade de atrair mais partidos para a sua coligação. A ideia de uma chapa pura, com o candidato a vice sendo também filiado ao PDT, não está fora do radar da campanha. A convenção que homologará Ciro como candidato não deverá definir o vice da chapa.
Simone Tebet enfrenta dissidências dentro do MDB. Na segunda-feira (18), figuras de peso do partido – como o líder no Senado, Eduardo Braga (AM) e o senador Renan Calheiros (AL) – anunciaram publicamente o apoio a Lula. E o ex-presidente Michel Temer (MDB) defendeu que o partido adie sua convenção até que as divergências internas estejam sanadas.
A senadora minimizou as dissidências. "O MDB é o maior partido do Brasil e tem suas características regionais. Temos a compreensão de que política é uma estrada de duas vias. Quem quer apoio tem que ter disponibilidade de dar apoio. E o MDB tem a grandeza de entender que a montagem de palanques regionais tem uma lógica diferente", disse Tebet. Para mostrar forla, ela assinou, ao lado do presidente nacional da legenda, o deputado federal Baleia Rossi (SP), um documento em que confirma a indicação de seu nome para a convenção do MDB. PSDB e Cidadania devem também endossar o projeto da emedebista.
Já Janones divulgou na terça-feira (19) que outros partidos teriam procurado o Avante para construir uma composição em torno de seu nome. "As minhas pautas estão postas e quem quiser contribuir será muito bem-vindo", disse.
Metodologia das pesquisas citadas na reportagem
BTG/FSB
O Instituto FSB Pesquisa ouviu, por telefone, dois mil eleitores entre os dias 8 e 10 de julho de 2022. A margem de erro é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos, com intervalo de confiança de 95%. A pesquisa foi encomendada pelo banco BTG Pactual e está registrada no TSE com o protocolo BR-09292/2022.
Paraná Pesquisas
O Paraná Pesquisas entrevistou pessoalmente 2.020 pessoas com 16 anos ou mais entre os dias 30 de junho e 5 de julho de 2022 em 162 municípios brasileiros, em 26 estados e no Distrito Federal. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais e o nível de confiança atinge 95%. O levantamento foi contratado pela corretora BGC Liquidez e está registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o protocolo BR-09408/2022.
PoderData
O levantamento do PoderData, que contratou a própria pesquisa, ouviu 3 mil eleitores em 309 municípios das 27 unidades da federação entre os dias 17 e 19 de julho de 2022. As entrevistas foram feitas por telefone, para fixos e celulares. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos e o nível de confiança é de 95%. Foi registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o número BR-07122/2022.
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