Na manhã desta segunda-feira (17), o ex-ministro Tarcísio de Freitas (Republicanos), candidato ao governo de São Paulo, e sua equipe precisaram deixar às pressas a sede de um projeto social na favela de Paraisópolis, na capital paulista, após a ocorrência de um tiroteio nas imediações do prédio em que o projeto funciona. O candidato estava no local para participar da inauguração do Primeiro Polo Universitário de Paraisópolis.
Inicialmente Tarcísio classificou o episódio como um ataque direto a sua equipe efetuado por criminosos. Em coletiva de imprensa no final da tarde, o candidato do Republicanos afirmou que por ora descartava a ocorrência de um atentado, mas destacou que o tiroteio representou uma tentativa de intimidação por parte do crime organizado, uma mensagem passada pelos criminosos de que sua presença não era bem-vinda naquele local.
A favela de Paraisópolis, localizada na zona sul de São Paulo – uma das mais populosas do país, com cerca de 100 mil habitantes –, sofre com a ampla influência do Primeiro Comando da Capital (PCC) no local.
O primeiro confronto ocorreu por volta 11h40, e o enfrentamento aos criminosos se deu pelos agentes policiais que compõem a segurança da equipe do ex-ministro. Em seguida foram deslocadas tropas das polícias militar e civil para dar suporte. Um dos criminosos envolvidos no tiroteio foi alvejado por policiais e morreu no local. Felipe Silva de Lima, de 27 anos, que era fichado na polícia por roubo, foi levado ao Hospital Campo Limpo, mas não resistiu aos ferimentos e morreu no local. Não houve nenhum outro óbito ou ferimento no episódio.
Imediatamente após a ação, deu-se início à investigação sobre as causas do tiroteio. Em coletiva de imprensa na tarde desta segunda-feira, o secretário de segurança pública de São Paulo, João Camilo Pires, declarou que, pelos dados disponíveis até o momento, não considerava a possibilidade de tentativa de atentado contra o ex-ministro. Segundo Pires, as circunstâncias apontam para a reação de criminosos à presença de policiais que compõem a equipe de Tarcísio. O secretário destacou, entretanto, que nenhuma outra hipótese está descartada até o momento.
A polícia verificará, a partir de agora, imagens de câmeras das ruas e de cinegrafistas e das câmeras corporais dos policiais que as portavam durante a ação. O governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), pediu agilidade na elucidação dos fatos.
Tarcísio classifica episódio como intimidação a sua presença
Na coletiva desta tarde, o candidato ao governo paulista afirmou que membros de sua equipe de segurança narraram que oito indivíduos em motocicletas rondaram a frente do instituto antes do ataque e fizeram fotos e vídeos da equipe de segurança, além de terem abordado os integrantes com perguntas. Em seguida, os criminosos teriam voltado com armamento e iniciado o tiroteio.
“A gente ouviu a primeira rajada, e a primeira impressão que tive foi de que era algo para intimidar, para dizer ‘vocês não são bem-vindos aqui’. Mas achei que fosse ficar nisso. Mais tarde, a gente começou a ouvir mais tiros e gritaria. Poucos minutos depois, o pessoal começou a gritar ‘abaixa, abaixa, vão atirar aqui’. Até o momento em que uma pessoa entra e diz: ‘tem que tirar ele daqui, porque o problema é ele. Tem que dar um jeito de tirar ele daqui, estão dizendo que vão entrar aqui’”, disse Tarcísio de Freitas.
Haddad diz que repudia a violência
Fernando Haddad (PT), adversário de Tarcísio de Freitas neste segundo turno, evitou pronunciamento oficial sobre o caso. Ao cumprir agenda em São Mateus, zona leste de São Paulo, o candidato foi questionado por jornalistas sobre o caso e disse estar sabendo do ocorrido naquele momento, pelos repórteres. Haddad afirmou repudiar “toda e qualquer forma de violência”, que faz uma “campanha de paz e muito respeitosa” e que sempre tratou seu oponente com respeito.
“Eu repudio toda e qualquer forma de violência. Isso vale para 2018, 2020 e 2022. Sempre trabalhei no campo da dignidade da política, na contribuição com propostas. É assim que tenho me portado desde que entrei na vida pública”, declarou.
Com receio de que o caso impacte eleitoralmente, o deputado estadual Emídio de Souza (PT), coordenador de campanha de Haddad, foi às redes sociais pedir uma resposta rápida por parte da polícia sobre o caso. “Para não dar margem a interpretações equivocadas, a Polícia de São Paulo precisa responder rapidamente se a comitiva de Tarcísio foi atacada, como diz o candidato, ou se foi um tiroteio entre bandidos próximo onde o candidato estava”.
Bolsonaro menciona episódio em propaganda eleitoral
O presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), aliado de Tarcísio de Freitas, mencionou o tiroteio em seu programa eleitoral na noite desta segunda. "O candidato a governador de São Paulo Tarcísio de Freitas e sua equipe foram atacados por criminosos em Paraisópolis", diz a locução da peça.
A propaganda também cita a facada da qual Bolsonaro foi vítima na campanha eleitoral de 2018 e o episódio de violência ocorrido na última sexta-feira (14), quando um homem foi preso em Fortaleza após atirar contra o muro de uma igreja evangélica antes de um evento religioso que receberia a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, e a senadora eleita Damares Alves (Republicanos).
Pela manhã, o presidente já havia se manifestado sobre o caso envolvendo Tarcísio de Freitas. O chefe do Executivo disse que ainda era cedo para concluir se houve motivação política no confronto. “Recebi um telefonema do Tarcísio, algumas imagens também. Tudo é preliminar ainda, então não quero me precipitar. Se foi uma ação contra a equipe dele, se foi uma ação isolada, se algum conflito já estava havendo ou por haver na região. Então seria prematuro eu falar sobre isso”, apontou.
Ao comentar o caso, Bolsonaro também mencionou o caso de violência em Fortaleza. “O que eu sei é que há poucos dias teve uma ação de dois tiros em uma igreja onde a primeira-dama se faria presente. O elemento foi preso, detido, confessou ser do Comando Vermelho e que os dois tiros foram para intimidar e evitar que muita gente comparecesse a esse evento da primeira-dama com a senhora Damares. Isso está acontecendo, a gente lamenta. Um caso já comprovado que tem a ver com motivação política. O caso Tarcísio ainda não”, afirmou.
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