O União Brasil lançou nesta quarta-feira (31) o deputado federal Luciano Bivar (PE) como pré-candidato à Presidência da República. O ato, ocorrido em Brasília, contou com a presença de medalhões do partido e também integrantes da agremiação que defendem a reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL).
Em seu pronunciamento, Bivar disse que "time que não joga não forma torcida", frase que utilizou para defender a candidatura própria do União Brasil. "Seria uma covardia um partido do tamanho do nosso deixar uma sociedade que clama por mudanças", afirmou.
O deputado, que é o presidente nacional do União Brasil, alegou que o país sofre "ameaça de um golpe ou de um retrocesso", referência às pré-candidaturas de Bolsonaro e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Bivar disse que sua pré-candidatura "não é nem de direita, e nem de esquerda". A ideia foi também apresentada em um jingle executado durante a cerimônia, que defendeu o nome de Bivar com metáforas de futebol: "Num jogo tão importante não se pode jogar nem só pela esquerda, nem só pela direita / Se o Brasil quer melhorar, deixa o meio de campo jogar / vem, Bivar".
O pré-candidato falou sobre o Imposto Único, proposta que, segundo ele, substituiria 11 tributos atualmente cobrados pelo governo federal. "Se a pessoa recebe R$ 4 mil, vai receber R$ 4 mil sem desconto", afirmou. Bivar é defensor histórico da iniciativa, que utilizou como principal bandeira na sua primeira experiência como candidato a presidente, em 2006. Na ocasião, acabou em último lugar.
Medalhões e dissidentes
Bivar citou o nome dos ex-ministros Sergio Moro (Justiça) e Luiz Henrique Mandetta (Saúde) como colaboradores de seu programa de governo. Ambos serviram ao governo de Jair Bolsonaro e chegaram a se apresentar como pré-candidatos à Presidência, mas retiraram seus projetos.
Moro e Mandetta compuseram a mesa da cerimônia, que contou também com figuras ilustres do União Brasil, como o governador Ronaldo Caiado (GO); o ex-prefeito ACM Neto, pré-candidato ao governo da Bahia; o senador Davi Alcolumbre (AP); e o ex-senador José Agripino (RN), que foi presidente do DEM, um dos partidos que deu origem ao União Brasil. O outro é o PSL, que já era comandado por Bivar.
Nos pronunciamentos, lideranças como Agripino, Alcolumbre e a senadora Soraya Thronicke (MS) apontaram que a pré-candidatura de Bivar é identificada como um projeto para consolidar o nome do União Brasil e tentar furar a polarização entre Lula e Bolsonaro.
Estiveram também na cerimônia nomes do União Brasil que já declararam apoio a Bolsonaro nas eleições presidenciais, como os deputados Alan Rick (AC) e Clarissa Garotinho (RJ). O pai da parlamentar, o ex-governador fluminense Anthony Garotinho, também participou da cerimônia – e teve seu nome gritado por militantes quando foi anunciado pelo mestre de cerimônias do evento.
O União Brasil tem um número significativo de integrantes que anunciaram publicamente que estarão ao lado de Bolsonaro nas eleições. Outros nomes são os dos governadores Wilson Lima (AM) e Marcos Rocha (RO), que são pré-candidatos à reeleição.
Pesquisas jogam contra Bivar
A falta de empolgação de alguns membros do União Brasil com a pré-candidatura de Bivar deriva, entre outros fatores, do mau desempenho do deputado nas pesquisas. Levantamento do Ipespe publicado na sexta-feira (27) identificou que Bivar tem menos de 1% das intenções de voto. O mesmo cenário foi verificado pelo Instituto Datafolha, que divulgou levantamento um dia antes.
Esse patamar o coloca ao lado de representantes de partidos pequenos como o coach Pablo Marçal (Pros), a sindicalista Vera Lúcia (PSTU) e o ex-deputado José Maria Eymael (DC).
Neste contexto, algumas lideranças, do União Brasil e de outros partidos, questionam a real validade da pré-candidatura de Bivar. Reportagem do jornal O Estado de S. Paulo revelou que setores veem no projeto Bivar uma tentativa de cacifar a pré-candidatura para depois negociar o apoio com algum nome mais bem colocado nas pesquisas. Outra hipótese é a de que a pré-candidatura existiria apenas para enfraquecer ainda mais a chamada terceira via e, assim, retirar votos de adversários de Bolsonaro.
Bivar e Bolsonaro foram aliados entre 2018 e o fim de 2019. O presidente, então deputado federal, se filiou ao pequeno PSL em março de 2018. O partido, que historicamente era um dos mais inexpressivos do cenário nacional, viu um crescimento exponencial em seu número de filiados e naquele ano elegeria uma das maiores bancadas da Câmara, com candidatos impulsionados pelo nome de Bolsonaro.
O rompimento entre Bivar e Bolsonaro se deu após o presidente buscar mais controle do partido, o que foi negado pelo deputado pernambucano. Bolsonaro e seu grupo então se empenharam para criar um novo partido, o Aliança Pelo Brasil, o que não foi alcançado até o prazo mínimo exigido pela Justiça Eleitoral.
Apesar do rompimento, o presidente e Bivar mantiveram um relativo grau de proximidade e, nesta quarta, o chefe do Executivo até disse que gostaria de ter o deputado ao seu lado. Antes de se filiar ao PL, Bolsonaro chegou a negociar sua entrada no União Brasil, mas não houve acerto político.
Metodologia das pesquisas citadas
O Ipespe ouviu 1 mil eleitores entre os dias 23 e 25 de maio em todas as regiões do país. A margem de erro máximo estimada é de 3,2 pontos percentuais para mais ou para menos, com um intervalo de confiança de 95,5%. O levantamento foi registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o número BR-07856/2022.
O Datafolha entrevistou 2.556 eleitores entre os dias 25 e 26 de maio em 181 cidades. O levantamento está registrado no TSE com o protocolo BR-05166/2022. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos, e o nível de confiança é de 95%.
De político estudantil a prefeito: Sebastião Melo é pré-candidato à reeleição em Porto Alegre
De passagem por SC, Bolsonaro dá “bênção” a pré-candidatos e se encontra com evangélicos
Pesquisa aponta que 47% dos eleitores preferem candidato que não seja apoiado por Lula ou Bolsonaro
Confira as principais datas das eleições 2024