Assim como na capital Goiânia, a cidade de Aparecida de Goiânia, na Região Metropolitana de Goiânia, repete a disputa entre candidatos de direita neste segundo turno das eleições municipais. O candidato Leandro Vilela (MDB) concorre apoiado pelo governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União). Já Professor Alcides (PL) tem o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) como cabo eleitoral. No caso da capital de Goiás, Caiado e Bolsonaro apoiam, respectivamente, Sandro Mabel (União) e Fred Rodrigues (PL).
No primeiro turno, Vilela largou na frente com 48,02% dos votos nas urnas, totalizando 109.793 votos. Alcides obteve 43,04% da escolha do eleitorado, o que representa 98.415 votos. Para este segundo turno, pesquisa de intenção de voto publicada pela AtlasIntel mostrou que Vilela lidera na pesquisa estimulada, à frente de Alcides. No cenário estimulado, o emedebista aparece com 56,3% dos votos válidos, enquanto o candidato do PL soma 43,7%.
A cidade é o segundo maior colégio eleitoral de Goiás, com 345.367 eleitores aptos a votar em um universo de 527.796 habitantes, segundo o levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no censo de 2022. Ainda de acordo com o instituto, Aparecida de Goiânia possui o terceiro maior Produto Interno Bruto (PIB) do estado, somando R$ 16,9 bilhões no levantamento feito em 2021.
Garantir a prefeitura de Aparecida de Goiânia possibilitará ao grupo vencedor consolidar uma boa plataforma para Caiado ou Bolsonaro em 2026, junto com outras cidades prioritárias. Como o governador de Goiás já declarou sua pré-candidatura para o próximo pleito, a expectativa é que ter a região metropolitana sob controle dele facilite um eventual embate com um candidato apoiado pelo ex-presidente, atualmente inelegível.
Regiões metropolitanas podem ser decisivas para 2026
O cientista político Adriano Cerqueira observa que as regiões metropolitanas exercem papel importante na extensão da influência política das capitais, com variáveis regionais que moldam os resultados eleitorais. Além disso, a disputa entre candidaturas apoiadas por Bolsonaro e por Caiado nas eleições municipais revela um ensaio de poder que pode impactar as eleições presidenciais de 2026.
“No caso das regiões metropolitanas, o que a gente pode dizer é que é mais uma questão de influência que a capital tem em relação às cidades no seu entorno [...] Já em termos de disputa envolvendo Caiado e Bolsonaro, eu acho que o Caiado não tem o cacife nacional em termos eleitorais que o Bolsonaro tem”, disse Cerqueira.
Ele ressalta que o peso das capitais varia conforme a distribuição do eleitorado nos estados. Em Goiás, Goiânia é uma força motriz para as regiões vizinhas, enquanto em Minas Gerais o impacto de Belo Horizonte é limitado.
“Apesar de Caiado ser aliado, ele não possui o mesmo peso nacional que Bolsonaro. Por conta disso, o governador tende a focar mais nas alianças regionais e na sua sucessão estadual. Em 2026, o cenário da direita pode se fragmentar no primeiro turno, com candidaturas independentes, enquanto a esquerda pode se concentrar em torno de Lula”, pontuou.
Já para o cientista o cientista político Elton Gomes, professor da Universidade Federal do Piauí (UFPI), as regiões metropolitanas e suas prefeituras de grande porte são cruciais para a consolidação do poder político dos partidos no Brasil, servindo como peças centrais na estratégia de alianças e na estruturação do sistema de coalizão presidencial.
“As regiões metropolitanas são, por assim dizer, elementos na composição desses subsistemas de poder regional que as agremiações partidárias brasileiras precisam para consolidar o presidencialismo de coalizão. […] Nelas, prefeitos aliados executam programas e obras com recursos aportados por parlamentares, em uma troca onde o apoio eleitoral mútuo reforça o sistema. É um jogo de barganhas e trocas bem ao nível do presidencialismo de coalizão no Brasil", disse cientista político.
Os candidatos que disputam o 2° turno de Aparecida de Goiânia
Leandro Vilela tem 48 anos. Começou a carreira política em 1997, quando foi eleito vereador de Jataí (GO). Em 2002, foi eleito deputado federal e reeleito por mais dois mandatos. O emedebista é sobrinho do ex-prefeito de Aparecida de Goiânia Maguito Vilela — morto em 2021 por complicações da Covid-19 — e primo do vice-governador de Goiás, Daniel Vilela.
Alcides Ribeiro Filho tem 71 anos. É formado em pedagogia pela Faculdade Alfredo Nasser. Está no segundo mandato como deputado federal por Goiás e agora disputa a prefeitura de Aparecida de Goiânia. Ele concorreu ao cargo em 2016, mas ficou na terceira colocação. Filiado ao PL, conta com o apoio do atual prefeito do município, Vilmar Mariano.
Atritos entre Bolsonaro e Caiado escalam nas projeções para 2026
A relação entre Jair Bolsonaro e Ronaldo Caiado tem passado por altos e baixos, com desentendimentos que remontam ao período da pandemia de Covid-19. Em setembro, Bolsonaro criticou aqueles que classificou como “governadores covardes” por terem adotado restrições sanitárias, uma fala que muitos interpretaram como um recado para Caiado, especialmente por ter sido feita em Goiânia.
“Fui contra governadores que falavam ‘fique em casa, a economia a gente vê depois’. Governador covarde. Não tinha como fugir do vírus", declarou o ex-presidente, enquanto apoiadores mencionavam o nome do governador goiano. Em uma transmissão ao vivo após o evento, Bolsonaro negou que a fala fosse direcionada a Caiado.
Ao comentar a declaração, Caiado afirmou que "Deus o poupou do sentimento do medo” e reforçou sua experiência política, insinuando um possível projeto para 2026. “O que realizamos em Goiás [...] mostra que o estado, assim como o Brasil, tem um potencial enorme; basta ser bem gerido”, afirmou.
A tensão foi evidenciada ainda este ano, quando Bolsonaro vetou a entrada de Caiado no PL. Em resposta, Caiado procurou se reaproximar, comparecendo a eventos pró-Bolsonaro e reforçando publicamente a influência do ex-presidente. Apesar de Bolsonaro ter amenizado sua postura em 2024 e citado Caiado positivamente ao lado do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), ele voltou a sinalizar desconforto com o fato de o governador de Goiás já se apresentar como pré-candidato ao Planalto, reforçando que sua própria candidatura para 2026 ainda pode ser uma possibilidade.
- Metodologia da pesquisa citada: 740 entrevistados pelo Paraná Pesquisas em Aparecida de Goiânia entre os dias 10 e 13 de outubro de 2024. A pesquisa foi contratada pela GSTV Comunicação LTDA / TV Sucesso Band Goiás. Confiança: 95%. Margem de erro: 3,7 pontos percentuais. Registro no TSE nº GO-02580/2024.
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