O segundo mandato do prefeito de Belém (PA), Edmilson Rodrigues (Psol), passou a sofrer uma dupla ameaça nas eleições de 2024. A reeleição do único prefeito do Psol em capitais é apoiada pelo presidente Lula (PT) e a expectativa era de um confronto com o candidato apoiado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o deputado federal Éder Mauro (PL), principalmente em um eventual segundo turno.
Porém, a entrada do candidato Igor Normando (MDB), apadrinhado pelo governador Helder Barbalho (MDB), mudou o cenário eleitoral na capital do Pará e os personagens que devem polarizar o pleito municipal. O clã Barbalho, que ainda tem Jader Filho no Ministério das Cidades do governo Lula, apostou em uma coligação com o MDB na cabeça de chapa, ao invés de uma aliança com o prefeito à reeleição apoiado por partidos de esquerda.
A estratégia ofuscou a candidatura de Rodrigues e colocou Normando entre os mais cotados para o segundo turno ao lado de Éder Mauro. Segundo a pesquisa Quaest divulgada no último sábado (31), o aliado de Jair Bolsonaro (PL) lidera com 23% da preferência do eleitorado na cidade de Belém, empatado tecnicamente com Normando, que teve 21% das respostas no cenário estimulado. O prefeito Rodrigues teve 15%, o que representa empate técnico com o emedebista no limite da margem de erro de três pontos percentuais para mais ou para menos.
Conforme o cientista político e professor da Universidade Federal do Pará Carlos Augusto da Silva Souza, o perfil administrativo da cidade se tornará mais conservador, marcado por um modelo de segurança pública mais ostensivo, em caso de vitória nas urnas do deputado federal bolsonarista. Na avaliação dele, a política pública em relação às questões do clima e do meio ambiente também pode passar por mudanças, se Éder Mauro for eleito a prefeito de Belém, cidade-sede da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30) em 2025.
“Aqui é uma região com vários conflitos indígenas, a questão da mineração, queimadas e avanço do agronegócio. Esses são temas que tendem a ser tratados de uma forma mais flexível do que na atual gestão”, aponta o docente. Em julho, Éder Mauro negou o rótulo de “anticlima” em entrevista à Gazeta do Povo e criticou a “narrativa” criada pelos adversários por causa do evento internacional previsto para o próximo ano na capital paraense.
Normando deve ter apoio do prefeito de Belém se for ao segundo turno
De acordo com o cientista político Carlos Augusto da Silva Souza, mesmo que a relação entre Normando e Rodrigues esteja estremecida pela candidatura do MDB, ao invés da aliança Lula-Barbalho pela reeleição do prefeito, a tendência é de apoio ao adversário em caso de segundo turno.
Souza analisa que mesmo sendo um partido de centro, se o candidato do MDB vencer a eleição, ele deve assumir uma postura mais à esquerda devido ao apoio de Barbalho e à proximidade do partido ao governo Lula. “Ele já fez alianças com o PT e outros partidos de esquerda para a campanha, então acho que pelo conteúdo programático desses candidatos, isso deve se manter”, considera Souza.
Metodologia: 900 entrevistados pela Quaest entre os dias 28 e 30 de agosto de 2024. A pesquisa em Belém foi contratada pela Televisão Liberal SA. Confiança: 95%. Margem de erro: 3 pontos percentuais. Registro no TSE nº PA-02991/2024.
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