Éder Mauro é pré-candidato a prefeito de Belém pelo PL.| Foto: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados
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O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) visitou Belém no último domingo (30) e confirmou que Éder Mauro será o candidato do PL na disputa pela prefeitura da capital paraense nas eleições em 2024. Em cima de um carro de som, o deputado federal agradeceu a presença e a confiança de Bolsonaro para tentar, pela segunda vez, ser prefeito de Belém.

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“Quero dizer ao povo de Belém que nós agradecemos de coração a confiança que nos foi depositada por Jair Bolsonaro, por esta indicação à pré-candidatura à prefeitura de Belém. Tenham a certeza de uma coisa: se for da vontade de Deus, e do povo de Belém, vocês vão ter pela primeira vez um prefeito que ama esta cidade”, discursou o parlamentar para centenas de apoiadores na avenida Doca de Souza Franco, no bairro do Reduto.

Éder Mauro é um dos principais apoiadores de Bolsonaro na Câmara dos Deputados e tem protagonizado recorrentes discussões com congressistas da esquerda. Em um episódio recente, no início de junho, supostamente agrediu o deputado federal Rogério Correia (PT-MG) durante sessão do Conselho de Ética que analisava o processo contra André Janones (Avante-MG) por suspeita de prática de rachadinha. Isso levou o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), a deferir a instauração de um processo administrativo pela Corregedoria da Câmara contra o parlamentar do PL.

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Na Comissão de Direitos Humanos da Casa, na véspera do dia que completava seis anos em que a ex-vereadora Marielle Franco havia sido assassinada, em 14 de março, o deputado disse que “Marielle acabou” e que a esquerda era responsável pela morte dela. Depois disso houve tumulto e a reunião da comissão foi encerrada antes do fim.

Éder Mauro é ex-delegado e tem a segurança pública como principal bandeira

Ex-delegado de polícia, Éder Mauro é um dos integrantes mais ativos da bancada da segurança pública, sendo o principal representante da região Norte no bloco. Em maio de 2021, em discussão com Glauber Rocha (Psol-RJ), afirmou ter matado várias pessoas ao longo da carreira de delegado. “Eu, infelizmente, já matei sim. Não foi pouca não, muita gente. Tudo bandido. Nenhum era cidadão de bem, nenhum era pai de filho, nenhum era cidadão que pudesse estar na rua trabalhando para levar sustento para a família", declarou na época. O caso foi parar no Conselho de Ética, mas o pedido do Psol não foi para frente.

Não por acaso, a principal bandeira do congressista é a segurança pública e o combate às drogas. O tema, aliás, esteve presente no discurso junto com Bolsonaro em Belém. Ele disse que, caso eleito, a cidade terá um prefeito que “já deu tudo para defender a família e nossos filhos dessas porcarias que são as drogas, que invadem nossas casas, que destroem nossos filhos, nossa família toda.”

Éder Mauro se formou em Direito na Universidade Federal do Pará (UFPA) e foi delegado da Polícia Civil no estado entre 1984 e 2014. Ele entrou para a política em 2014, quando concorreu a deputado federal pelo PSD, sendo eleito com 265.983 votos, o mais votado na disputa. A atuação em Brasília fez com que o PSD o lançasse a candidato a prefeito de Belém em 2016, sendo o terceiro mais votado no 1º turno, com 16,53% dos votos, ficando atrás de Zenaldo Coutinho (PSDB) e Edmilson Rodrigues (Psol).

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Em 2018, ainda pelo PSD, foi novamente eleito deputado federal, com 146.653 votos. Quatro anos mais tarde, Éder Mauro filiou-se ao PL após um convite do ex-presidente Jair Bolsonaro, para concorrer novamente a uma cadeira na Câmara dos Deputados. Foi o segundo candidato mais votado, com 205.543 votos.

Ao longo dos mandatos de deputado federal, teve atuação bastante próxima das bancadas ruralista e do garimpo, sendo contrário às pautas climáticas, inclusive criticando operações contra crimes ambientais. À Folha de S. Paulo, disse que, como deputado, não está “nem um pouco preocupado com a questão [climática].”

Um contraste com a possível realização da COP-30, a Conferência Mundial para o Clima da Organização das Nações Unidas (ONU), em Belém, no próximo ano. Também à Folha, o deputado federal disse que o tema da COP não lhe interessa e que o interesse dele é com a cidade e com as oportunidades que o evento pode gerar.

A questão climática e a COP-30, aliás, deverão permear a campanha para a prefeitura de Belém, nacionalizando a disputa entre os grupos de Jair Bolsonaro e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), pelo menos em um eventual segundo turno. O atual prefeito Edmilson Rodrigues (Psol) esperava o apoio de Lula, mas viu o aliado do presidente, o governador Helder Barbalho (MDB), entrar na corrida lançando a pré-candidatura do primo dele, Igor Normando (MDB). Com isso, Lula deve se posicionar na campanha em Belém somente no segundo turno, caso um de seus aliados avance.