Ex-delegado e defensor do agro, Éder Mauro (PL-PA) é pré-candidato à prefeitura de Belém| Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Ouça este conteúdo

O ex-presidente Jair Bolsonaro e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro lançaram no último domingo (30) a pré-candidatura a prefeito de Belém (PA) do deputado federal Delegado Éder Mauro (PL-PA). A motocarreata na capital do Pará com a militância do partido e com os apoiadores bolsonaristas marcou o início da viagem pelo estado do casal, que participou de uma série de eventos eleitorais até a última terça-feira (2).

CARREGANDO :)

O deputado Éder Mauro deve polarizar a disputa pela prefeitura de Belém - cidade-sede da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP-30) - com o pré-candidato à reeleição Edmilson Rodrigues (Psol), que tem o apoio do presidente Lula (PT), principal articulador político para que o país recebesse o evento sobre o clima. 

Além disso, o governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), também é aliado de Lula com a presença do irmão e presidente estadual da sigla, Jader Barbalho Filho, no primeiro escalão do governo federal. Barbalho Filho é ministro das Cidades, mas apesar da aliança em Brasília, o MDB lançou o ex-secretário estadual Igor Normando, primo dos irmãos Barbalho, como pré-candidato a prefeito da capital nas eleições de 2024, depois de não haver consenso com o PT e Psol sobre a coligação.

Publicidade

A COP-30 deve entrar na pauta do pleito em Belém tanto pelas discussões sobre o meio ambiente em plena região amazônica como pela falta de infraestrutura para sediar o evento no Norte do Brasil. Acusado de “anticlima”, o pré-candidato de Bolsonaro critica a captura da pauta ambiental pela esquerda e rebate “a narrativa criada" pelos adversários políticos no ano eleitoral, que antecede o evento em novembro de 2025.

COP-30 vai mobilizar debates nas eleições municipais em Belém.

“Não é só nesta questão que eles criam narrativas. Ninguém é 'anticlima', nenhum brasileiro que ama o país. É diferente uma discussão séria para que a gente possa manter o verde, o mar, nossas águas doces e mananciais sem que a gente prejudique o crescimento, o desenvolvimento [econômico] e a geração de empregos. Esse é o radicalismo de quem não quer sentar para discutir a situação”, rebateu o pré-candidato Éder Mauro em entrevista à Gazeta do Povo.

“Queremos que as leis possam ser cumpridas para trazer proteção ao meio ambiente sem prejudicar as pessoas que estão na terra para trabalhar”, completa. Nas redes sociais, o Psol de Belém atacou o deputado federal pelo “negacionismo bolsonarista” em publicação nesta semana após entrevista do pré-candidato do PL ao jornal Folha de S.Paulo, na qual ele declarou que não existe relação entre o “aquecimento global e o desmatamento com as enchentes que acontecem em Belém".

O prefeito psolista Edmilson Rodrigues também criticou o adversário político. “Ele ignora que as comunidades tradicionais e o meio ambiente são pilares da nossa identidade. Ameaça a COP-30, que tanto lutamos para trazer à nossa capital, e que deu à nossa prefeitura oportunidade de poder realizar obras importantes como saneamento do Mata Fome, da Estrada Nova e do São Joaquim, que vão beneficiar mais de 500 mil belenenses”, afirmou Rodrigues pela rede social X.

Publicidade

No Congresso Nacional, Éder Mauro integra o grupo de parlamentares chamado pela imprensa de “bancada do garimpo” e acusa o governo petista de ser “antiagro” por defender supostos “indígenas e quilombolas” apoiados por ONGs com interesses comerciais na exploração de terras sem a fiscalização do poder público.

“Eles querem formalizar aqui nessa Casa a titularização dos remanescentes quilombolas, como fizeram com a questão indígena, por uma questão financeira, usando os quilombolas e dando migalhas pela exploração de ouro e madeira. Se um fazendeiro limpa uma juquira [mato em área abandonada] para plantar uma mandioca, ele é perseguido por esse governo antirruralista e antiagro”, discursou na Câmara dos Deputados.

Durante a viagem do casal Bolsonaro ao Pará, o ex-delegado também usou as redes sociais para criticar o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que teria bloqueado uma rodovia em direção ao município de Parauapebas (PA), onde o ex-presidente e a ex-primeira-dama participaram de um evento político. “Essa é a democracia relativa e a ditadura que os comunistas que estão no poder querem fazer no estado do Pará”, disse em vídeo postado no Instagram.

Éder Mauro diz que COP-30 é bem-vinda e que terá relação institucional com Lula

Apesar da oposição ao presidente Lula e ao governador paraense, Éder Mauro afirmou que terá uma relação institucional com os demais poderes se for eleito prefeito de Belém. “Como gestor, eu não terei problema nenhum, de forma institucional e formal, de me reunir com o governador e com o presidente para tratar das pautas da minha cidade, para correr atrás de recursos e discutir as situações de Belém, capital que está desgastada, abandonada e vive como um lixão a céu aberto com sérios problemas de saúde”, comentou ele.

O pré-candidato também criticou a atual gestão da cidade pela falta de estrutura turística para receber a conferência do clima em novembro de 2025 e confirmou que “a COP-30 será bem-vinda”, se ele for o responsável por receber o evento na capital do estado, que espera cerca de 50 mil visitantes.

Publicidade

“Eu tenho certeza da importância da COP-30 com líderes mundiais e cientistas presentes para discutir problemas trazidos pela questão climática. Espero que a gente possa discutir soluções não só para a questão da Amazônia, mas em relação ao mundo todo”, ponderou.

Desafeto do Psol, deputado coleciona episódios de confusão na Câmara

A polarização eleitoral entre PL e Psol na corrida eleitoral não será o primeiro embate entre o Delegado Éder Mauro e o partido de esquerda. Na Câmara dos Deputados, o deputado federal foi alvo de representações no Conselho de Ética por bate-boca e confusões envolvendo adversários políticos.

Um dos principais desafetos de Mauro é o deputado federal Glauber Braga (Psol-RJ). Os parlamentares protagonizaram duas discussões na Câmara dos Deputados com troca de acusações. Em uma delas, Braga chamou Mauro de “miliciano” e disse que o deputado tinha uma milícia no Pará. O ex-delegado respondeu que “matou muito bandido, sim, para defender a família”. 

Em março deste ano, o deputado do PL declarou que “Marielle Franco acabou” durante a sessão da Comissão de Direitos Humanos na véspera do dia em que o assassinato da vereadora carioca do Psol completou seis anos. Depois da confusão, a reunião foi suspensa. 

Éder Mauro também se envolveu em bate-boca com o deputado federal André Janones (Avante-MG), aliado de Lula nas eleições de 2022, que teve o processo arquivado por suspeita de “rachadinha” em sessão do Conselho de Ética, marcada por mais uma confusão na Câmara.

Publicidade
Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]