A disputa pela prefeitura em BH ramifica o espectro da direita, num cenário que pode ter na figura de Bolsonaro (na foto, com Bruno Engler) o fator decisivo.| Foto: Reprodução/Facebook Bruno Engler
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Em Belo Horizonte, o deputado estadual Bruno Engler (PL), apoiado por Jair Bolsonaro (PL), terá o desafio de convencer os eleitores da capital mineira de que ele é o autêntico candidato direitista, que defende as mesmas pautas que o ex-presidente, como segurança, combate à ideologia de gênero nas escolas e do direito à vida. Engler terá seu nome confirmado na convenção partidária qmarcada para esta sexta-feira (2).

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“O cenário ainda está muito em aberto nas eleições de BH. Por ter dois turnos, a tendência é que existam muitas candidaturas, porque sempre há possibilidade de ir ao segundo turno. Então, fazer uma aliança em torno de uma só candidatura é difícil, pois os partidos e as coligações entendem que eles têm oportunidade de ganhar mais evidência”, avalia o professor do Ibmec BH e analista político Adriano Cerqueira.

Sem fugir da polarização que tomou conta do cenário político brasileiro, Belo Horizonte também tem colocado no “ringue” os seus candidatos direitistas e esquerdistas que disputam para ver quem conquista a cadeira de prefeito. Para o professor do Ibmec BH, os partidos chamados progressistas estão disputando uma mesma fatia do eleitorado, o que pode atrapalhar o avanço de algumas candidaturas.

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“Em termos de tendência, se colocarmos o eleitorado de esquerda, o de direita e uma parcela dos eleitores que se consideram de centro, observamos a direita e o centro com poucas candidaturas, mas com chance de Bruno Engler avançar para o segundo turno, principalmente com o apoio que o Bolsonaro tem em BH, que é expressivo", aponta ele.

"Por outro lado, pela esquerda e pela centro esquerda, a gente vê muitas candidaturas pleiteando a mesma faixa do eleitorado como o atual prefeito (que tenta a reeleição), Fuad Noman (PSD), a deputada Duda Salabert (PDT), o deputado Rogério Correia (PT) e o presidente da Câmara de BH, Gabriel Azevedo (MDB)”, avalia Cerqueira.

Entrada de Kalil no Republicanos pode colocar Mauro Tramonte na centro esquerda do eleitorado

Nesse xadrez político, uma nova peça entrou em cena nas eleições municipais da capital mineira e pode ser o “xeque-mate” da vez. O ex-prefeito Alexandre Kalil, agora do partido Republicanos - o mesmo do pré-candidato Mauro Tramonte - é quem estará à frente da campanha do apresentador e jornalista.

De acordo com o último levantamento realizado pelo instituto Quaest, Tramonte tem, até agora, tido a preferência do eleitor da capital mineira, e aparece em primeiro lugar com 25%, seguido por Bruno Engler com 12%, João Leite (PSDB) com 11%, a deputada federal Duda Salabert (PDT) com 9% e o atual prefeito, Fuad Noman (PSD), também com 9%. A pesquisa avaliou 10 cenários estimulados e um espontâneo, sendo que Tramonte lidera todos os cenários estimulados e é seguido por vários empates dentro da margem de erro entre os outros candidatos, de 3 pontos percentuais para mais ou para menos.

Tramonte apresenta também um perfil mais conservador, mas a chegada de Kalil, considerado por muitos como uma figura polêmica, pode colocá-lo em uma outra fatia do eleitorado, já que o ex-prefeito apoiou o presidente Lula (PT) nas eleições de 2022, o que não será visto com bons olhos entre os eleitores de Bolsonaro.

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A novidade desta eleição é o Mauro Tramonte. Ele tende a pegar o eleitorado que costuma votar mais à direita e centro direita, mas ao mesmo tempo, ele tem evitado se aproximar muito de Bolsonaro. Com a entrada de Kalil no partido, apoiando sua candidatura para prefeitura de BH, a tendência agora é ele disputar uma fatia do eleitorado de centro esquerda, e isso provavelmente o afastará desse eleitor mais conservador. Com certeza, teremos em BH o segundo turno, pois é tradição daqui, é muito difícil algum candidato levar a eleição em primeiro turno”, comenta Adriano Cerqueira.

Para o analista, a figura do ex-prefeito Kalil na campanha do Mauro Tramonte pode ter um efeito não muito satisfatório. “AQuando conseguiu ser eleito prefeito de BH, Kalil conseguiu um feito de arregimentar votos de eleitores de centro direita e de centro esquerda, mas esse feito se perdeu, por isso, a tendência é que os votos mais à esquerda serão relativamente menores do que os votos da direita, mas claro que isso vai depender como será o desempenho das campanhas”, finaliza.

Luísa Barreto deve ser confirmada como vice na chapa de Tramonte em BH

E para mexer ainda mais na complicada equação do xadrez político, nesta quarta-feira (31) ocorreu uma reunião a portas fechadas entre representantes do partido Republicanos, do pré-candidato Mauro Tramonte, e o governador Romeu Zema (Novo). Mesmo sem a confirmação direta do presidente do diretório regional do Novo em BH, Frederico Papatella, a ex-secretária de Planejamento e Gestão, Luísa Barreto (Novo) deverá abrir mão da candidatura e será a vice do apresentador Mauro Tramonte.

Perguntado se já era oficial a ida de Barreto para a chapa de Tramonte, Papatella saiu pela tangente: “Estamos em conversas. A confirmação do que faremos será realmente na convenção (que acontece no sábado, dia 3. Ainda temos o dia de hoje (quinta) e amanhã (sexta) para ajustarmos as expectativas e ações de cada grupo político”.

Metodologia da pesquisa citada: 1,2 mil pessoas entrevistadas pessoalmente em Belo Horizonte, pela Quaest Pesquisas, entre os dias 12 e 15 de julho de 2024. A pesquisa foi contratada por Sedek Serviços, Tecnologia e Informação Ltda. Confiança: 95%. Margem de erro: 3 pontos percentuais. Registro no TSE nº MG-01625/2024.

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Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]