O candidato à prefeitura de Belo Horizonte Bruno Engler (PL)| Foto: Lucas Mendes/Campanha Bruno Engler
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Aos 27 anos, Bruno Engler (PL) concorre pela segunda vez ao cargo de prefeito da capital mineira, que possui uma população de 2,3 milhões de habitantes, de acordo com o último Censo Demográfico divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2023.

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Com bandeiras conservadoras, Engler diz que Belo Horizonte precisa de um governante que não tenha “rabo preso” e que o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro é primordial na campanha dele. O candidato Bruno Engler foi entrevistado pela Gazeta do Povo e a íntegra das respostas o leitor pode conferir abaixo:

Por que o senhor quer ser prefeito de Belo Horizonte?

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Eu quero ser prefeito de Belo Horizonte porque acredito que a nossa cidade está parada no tempo e ela é travada por duas questões que a atual gestão não vai sanar. Primeiro, as amarras da politicagem, a necessidade de usar a prefeitura como um verdadeiro cabide de emprego para atender apadrinhados políticos. Então, você tem que colocar o sobrinho de fulano, o amigo de beltrano, apadrinhado de ciclano, ao invés de colocar pessoas técnicas competentes para bem gerir os cargos da nossa capital.

E também porque eu não enxergo gestores públicos capazes de buscar soluções de tecnologia de inovação para BH e eu, graças a Deus, não tenho rabo preso com ninguém. Eu vou colocar as melhores pessoas nos cargos técnicos de Belo Horizonte para prestar um bom serviço à população e estou antenado ao que há de mais moderno em todo o mundo e quero trazer essas soluções para Belo Horizonte. Então, coloquei meu nome à disposição do eleitorado. Acho que a gente precisa de alguém que tenha coragem e atitude para fazer diferente aqui na capital.

Qual será o primeiro ato do senhor, caso seja eleito?

O meu primeiro ato é fazer um raio-x da prefeitura. A gente quer auditar todos os contratos para entender aonde está indo o dinheiro. Belo Horizonte não é uma cidade pobre, a gente tem um orçamento de mais de R$ 17 bilhões. É inaceitável que uma cidade com esse orçamento não preste serviço público de qualidade. Inclusive, tivemos um ex-prefeito aí que ganhou dizendo que ia abrir a caixa preta da BHTrans (empresa de gerenciamento do transporte público) e não abriu coisa nenhuma.

A caixa preta ficou ali quietinha no mesmo canto que ela estava, não sei se tinha um cadeado, o que aconteceu, mas não abriu a caixa preta. Na nossa gestão a gente vai abrir a caixa preta não só da BHTrans, mas da limpeza urbana, da Lagoa da Pampulha, da prefeitura como um todo. A gente quer transparência e respeito ao dinheiro do cidadão.

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O cidadão belo-horizontino está se sentindo inseguro. Como a Guarda Municipal pode reforçar a segurança em BH?

A Guarda Municipal pode e deve reforçar a segurança se a gente tiver à frente do município um prefeito que coloque a guarda para exercer a sua função de combater criminosos e dar mais segurança ao cidadão. O que ocorre é que a atual administração orienta os guardas a servirem ali quase que como uma dor de cabeça para o cidadão, multa de rotativo, encher a paciência do comerciante, e guarda nenhum quer fazer isso.

Os guardas são servidores da segurança pública, eles fazem o que eles recebem, é ordem. E na nossa gestão a normativa vai ser diferente, a gente não só vai aumentar o número de guardas, mas vai espalhar bases da guarda municipal por toda Belo Horizonte, como a gente vai instituir também as Rondas Ostensivas Municipais (Romu) para que a guarda cumpra a sua função de combater criminosos e deixar mais segurança.

Vamos falar de população de rua. A proposta do senhor não contempla o assunto, que é um problema na cidade de BH. O que o senhor tem de proposta efetiva para resolver a questão?

Na verdade, a nossa proposta contempla, sim, quando fala da parte do social. Eu acho que o primeiro passo é diagnosticar a situação dos moradores de rua. Os últimos relatórios da prefeitura apontam cerca de 5 mil moradores de rua em BH. Qualquer um que anda por Belo Horizonte sabe que essa informação é falaciosa. A gente tem muito mais do que isso. Então, se a gente tem uma prefeitura que não sabe ao menos quantos moradores de rua tem na cidade, como é que ela vai trabalhar pela resolução do problema? E, a partir do momento que a gente mapear todos os moradores de rua, vamos entender o porquê que cada um deles estar na rua, porque são diversos motivos que levam uma pessoa a essa situação.

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Tem gente que está ali por vício e a gente precisa trabalhar por uma internação para que essa pessoa possa se recuperar e sair daquela situação. Tem gente que está por um motivo meramente socioeconômico, não consegue mais pagar para morar em Belo Horizonte. E aí você pode, inclusive através de parcerias, buscar uma requalificação profissional, um curso profissionalizante e tentar achar uma vaga para essa pessoa no mercado de trabalho. O primeiro passo para a gente trabalhar para uma solução definitiva é fazer esse mapeamento e entender por que cada pessoa está nessa situação, para buscar uma solução compatível com a realidade da mesma.

Qual seria uma mudança drástica que o senhor acha que deveria ter na prefeitura?

Primeiro eu acho que falta coragem, falta atitude. O cidadão percebe e cobra isso. Muitos reclamam, por exemplo, do transporte público. Falta alguém que tenha peito, atitude, para defender os interesses do cidadão e não se curvar às empresas que fazem a gestão desse serviço. E eu acho que falta também a vontade de entender que o cidadão é parceiro do poder público.

Na verdade, ao contrário, o poder público deveria ser parceiro do cidadão. E hoje a prefeitura enxerga o cidadão como adversário. E a gente vê isso na questão do empreendedor. A gente tem uma prefeitura que cria amarras para todo mundo que quer empreender.

A prefeitura cria amarras ao empreendedor.

Candidato à prefeitura de BH Bruno Engler (PL)
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É preciso rever o plano diretor para voltar a ter um setor da construção civil pujante na capital, precisa rever o código de posturas que hoje engessa completamente a atividade comercial e a precisamos de parcerias com o pessoal que já faz um trabalho social de qualidade. Hoje a gente vê muita resistência da prefeitura em colaborar com a sociedade, pelo contrário, a prefeitura que se coloca como adversária do cidadão, na nossa gestão é diferente.

O senhor tem uma medida efetiva para melhorar os índices da educação básica em BH?

A gente tem duas situações que são mais urgentes. Primeiro, a questão da falta de vagas, são cerca de 1,6 mil crianças esperando vaga na educação infantil e a gente quer solucionar esse problema não só com a construção de novas Emeis (Escola Municipal de Educação Infantil), que são um modelo que já funciona e precisa ser mantido e ampliado, mas também, principalmente, com a ampliação da rede parceira.

Bruno Engler promete ampliar rede parceira na área de Educação em BH.

A gente quer fazer processos licitatórios nos quais escolas particulares possam se inscrever, escolas de educação infantil e, a partir dessas licitações, a prefeitura possa pagar a mensalidade de crianças de famílias de baixa renda. Assim você consegue trabalhar para resolver o problema de falta de vagas. E outra questão que considero importantíssima é o aumento das vagas no período integral.

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Na gestão do prefeito Alexandre Kalil, em 2016, ele prometeu que iria aumentar as vagas das Emeis, e o que fez foi cortar o (período) integral no meio e aí ficou metade das vagas de manhã e metade das vagas à tarde. A gente sabe que as mães, os pais, não trabalham só meio período, trabalham o dia inteiro e precisam ter um lugar para deixar os seus filhos, onde eles sabem que o menino vai estar sendo educado e bem cuidado, então a gente tem duas prioridades absolutas. Primeiro, acabar com a fila, aumentar o número de vagas. E segundo, aumentar o número de vagas no ensino integral para que a mãe e o pai possam trabalhar o dia todo com tranquilidade.

E a tarifa zero no transporte coletivo o senhor acha que é viável implantar em Belo Horizonte?

A tarifa zero como um todo, não, porque o custo do subsídio se tornaria exorbitante. A gente já tem algumas tarifas zero que eu acho que podem e devem ser mantidas, que é a questão das vilas e favelas, a questão dos idosos e a questão dos estudantes de escola pública. Isso aí eu acho que é uma situação que já foi conquistada, não cabe rever, tem que ser mantido, mas a gente pensar um ônibus sem tarifa em Belo Horizonte não caberia no orçamento.

Como será a participação do Bolsonaro na campanha do senhor?

Em primeiro lugar, dizer que o presidente Bolsonaro é uma figura muito querida pelos belohorizontinos. Ele foi vencedor aqui na capital nos quatro turnos que ele disputou: primeiro e segundo (turnos) de 2018, primeiro e segundo (turnos) de 2022. Então o apoio dele é primordial para a nossa campanha. Acredito que as pessoas que já confiaram ao presidente Bolsonaro o seu voto vão enxergar na nossa uma candidatura alinhada aos seus valores e princípios. A iniciativa dele de indicar pessoas técnicas para os ministérios, nós vamos fazer de maneira semelhante aqui nas secretarias, dentre tantas outras coisas.

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O presidente Bolsonaro é nosso aliado de primeira hora, ele vai estar presente no nosso material de rádio e televisão, vai estar presente na nossa campanha de rede social e fará também, ao menos, uma visita a BH no período eleitoral. Ele, com certeza, vai estar conosco reforçando a campanha, tendo um momento aí com a militância, com os nossos apoiadores e fazendo com que a nossa campanha cresça ainda mais.

Com a campanha de rua, essa é uma boa oportunidade para o corpo a corpo com o eleitor, para ele conhecer mais o candidato Bruno Engler e saber do seu trabalho?

É uma oportunidade excelente, é primordial. A campanha de rua é uma ferramenta que a gente tem de olhar no olho do cidadão, se apresentar, falar o que nós pretendemos fazer para BH, ouvir reclamações e demandas, entender do cidadão o que ele entende que é mais importante para a cidade. Recentemente eu estava fazendo uma caminhada em Venda Nova e uma senhora me parou e me perguntou de políticas para famílias atípicas, famílias com crianças com transtorno do espectro autista (TEA).

E eu tive a oportunidade de falar um pouquinho da plataforma, que é uma prioridade para nós. E a mãe falou: "poxa, você ganhou meu voto", eu tenho um filho com TEA. Eu falei: "pô, que bacana, e dei um abraço na senhora, entreguei a ela o santinho". Eu tive a oportunidade de ouvir de uma mãe que era uma demanda importante para ela, para a cidade, e tive a oportunidade de falar para ela o nosso planejamento para isso. Então, isso é imprescindível para qualquer campanha. A gente precisa estar tendo esse contato direto com o cidadão.

O senhor acha que teve alguma falha do Partido Liberal, que aqui em BH não conseguiu trazer o partido Novo (do governador Romeu Zema) para a composição de sua chapa?

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A gente tem dois partidos gigantes, que são o PL e o PP, temos o maior tempo de televisão de todas as candidaturas. Nós somos a candidatura da direita e contamos com o apoio da grande liderança da direita no Brasil, que é o senador Cleitinho Azevedo (Republicanos) e do Nikolas Ferreira (PL), que é o grande líder dos deputados de direita na Câmara Federal, dentre diversos outros parlamentares e pessoas de alto calibre que estão nos apoiando.

A pergunta não é o Partido Liberal, é o Partido Novo, é o governador Romeu Zema, por que eles decidiram subir no palanque com o Kalil (ex-prefeito de BH e agora está no Republicanos), que é, notadamente, uma liderança de esquerda. Eu jamais me prestaria a esse papel. Nós estamos aqui com uma candidatura de direita e todos que se alinham a esses valores optaram por caminhar conosco.

O senhor é deputado estadual, então independentemente do resultado das eleições como será sua relação com o governador Romeu Zema?

Eu sempre tive um relacionamento muito tranquilo com o governador Zema, isso não muda, eu acho que ele é livre para apoiar o que ele quiser. Em relação à minha atuação, meu relacionamento com ele na Assembleia não muda nada, mas eu estou bastante confiante na nossa candidatura e eu imagino que não tenha que lidar com o governador enquanto deputado por muito tempo. Se Deus quiser, no dia 1º de janeiro vamos assumir a prefeitura de Belo Horizonte. E, enquanto prefeito de BH, também vou manter todo o diálogo e toda a construção junto ao governo do estado para avançar nas demandas da capital.

Todos os candidatos à prefeitura de Belo Horizonte foram convidados pela reportagem da Gazeta do Povo para entrevista.

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Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]