Aliança entre Duda Salabert e o PT não saiu e divisão enfraqueceu esquerda| Foto: Ricardo Stuckert/PR
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Os últimos levantamentos dos institutos de pesquisas sinalizam para o segundo turno em Belo Horizonte (MG) sem candidatos a prefeito de partidos de esquerda nas eleições de 2024, apesar das candidaturas da deputada federal Duda Salabert (PDT) e do petista Rogério Correia, que tem o apoio do presidente Lula (PT).

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De acordo com levantamento da AtlasIntel, divulgado nesta segunda-feira (30), Bruno Engler (PL) aparece com 26%, seguido pelo prefeito Fuad Noman (PSD) e Gabriel Azevedo com 15,8%, Mauro Tramonte (Republicanos) com 15,3% e Duda Salabert, 12,3%. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

No novo levantamento da Quaest, publicado pelo G1 também nesta segunda-feira (30), Tramonte aparece com 27% das intenções de voto e Engler com 21%. Pela margem de erro, que é de três pontos percentuais, ambos se encontram empatados tecnicamente. Fuad soma 20% e está empatado tecnicamente com Engler. Salabert aparece na quarta colocação com 8%.

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A deputada federal do PDT procurar articular uma coligação de esquerda com o PT durante a pré-campanha. Não houve consenso e o partido de Lula lançou Correia como candidato, que não decolou em Belo Horizonte, segundo apontado pelas pesquisas eleitorais mais recentes.

O analista político e professor da Estácio BH Lucas Zandona avalia que o problema na esquerda foi, justamente, o lançamento de diferentes nomes na disputa eleitoral. “A esquerda se dividiu em BH com alguns candidatos que representam esse viés de centro- esquerda ou esquerda. Isso pulveriza os votos dos simpatizantes da esquerda e puxa para baixo a pontuação nas pesquisas", confirma.

Além disso, ele aponta que pesa a reprovação do ex-governo petista Fernando Pimentel na gestão 2015-2018. "O governo estadual deixou cicatrizes no eleitor. Se não diretamente, em algum conhecido do eleitor. Essa cicatriz se manifesta agora e mesmo com o padrinho político, que é o presidente da República, não está conseguindo fazer o candidato decolar na capital”, observa Zandona.

Na avaliação de Zandona, os candidatos com as melhores pontuações nas pesquisas são de direita e centro-direita. “Enquanto nós temos na maioria das capitais candidatos que representam o espectro mais à esquerda e mais à direita disputando os votos, em Belo Horizonte, a disputa pelo 2º turno envolve, exclusivamente, candidatos da direita e centro-direita”, ressalta.

Para o professor, o eleitor começa a definir o seu voto e tende a escolher o candidato que possui um menor índice de rejeição nesta semana. "Já sabemos que o segundo turno abrangerá candidatos da centro-direita e isso parece irreversível pelo atual cenário. Os partidos de esquerda precisam, sim, fazer uma autocrítica. Precisam entender que padrinho não ganha eleição", aponta.

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Ainda segundo a análise de Zandona, o que ganha eleição é um debate efetivo de propostas. "A penetração da militância é limitada, porque a militância é aquilo que a gente chama, no linguajar leigo, de pregar para o convertido. Então, realmente, a esquerda precisa fazer essa autocrítica e tentar novas estratégias para as eleições gerais que acontecerão daqui dois anos”, pontua.

Prefeito tenta atrair "voto útil" da esquerda para 2º turno em Belo Horizonte

Com Lula na campanha apenas em vídeos gravados para redes sociais e no programa eleitoral, o candidato Rogério Correia ressalta que é o "candidato do Lula” durante os debates na televisão, mesmo sem a presença do presidente petista em Belo Horizonte na campanha de rua.

Na quinta-feira (26), Fuad Noman, atual prefeito e candidato à reeleição, recebeu apoio de vários políticos do espectro progressista com a divulgação de um manifesto a favor do “voto útil” na tentativa de atrair a militância de esquerda.

O documento reúne 532 assinaturas, dentre elas, de pessoas ligadas ao PT, como o ex-secretário de Planejamento de BH nos governos do Patrus Ananias (PT) e Fernando Pimentel (PT), Mauricio Borges. O manifesto tem ainda assinaturas de membro do diretório municipal do PDT, que tem Duda Salabert como candidata à prefeitura da capital mineira. Outra sigla que abandonou o barco de Correia foi o Partido Verde (PV) que faz parte da federação PT/PCdoB/PV, que tem o candidato petista na disputa pela eleição de BH.

Metodologias das pesquisas citadas:

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  • AtlasIntel: 1.600 entrevistados pela AtlasIntel entre os dias 23 e 28 de setembro de 2024. A pesquisa foi contratada pela própria AtlasIntel Tecnologia de Dados Ltda Confiança: 95%. Margem de erro: 2 pontos percentuais. Registro no TSE nº MG-09528/2024.
  • Quaest: 1.002 entrevistados pela Quaest entre os dias 27 e 29 de setembro de 2024. A pesquisa foi contratada pela Globo Comunicação e Participações SA/TV/Rede/Canais/G2C+Globo Globo.com Globoplay. Confiança: 95%. Margem de erro: 3 pontos percentuais para mais ou menos. Registro no TSE nº MG-09740/2024.
Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]