O prefeito de BH Fuad Noman (PSD) é candidato à reeleição| Foto: Rodrigo Clemente/Prefeitura de Belo Horizonte
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Para 41% do eleitorado da capital mineira, o atual prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman (PSD), é um “ilustre desconhecido". Esse dado foi revelado no último levantamento divulgado pelo instituto Quaest, no dia 28 de agosto, que apurou a intenção de voto para a prefeitura de Belo Horizonte nas eleições de 2024. Ao mesmo tempo em que o eleitor belo-horizontino responde desconhecer quem é o seu gestor municipal, para 37% da população o prefeito realiza uma gestão regular.

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De acordo com Adriano Cerqueira, cientista político e professor do Ibmec Belo Horizonte, é de se esperar essa desinformação. “O prefeito Fuad Noman nunca fez carreira política, nunca disputou como um candidato próprio, como majoritário. Ele sempre ficou à sombra de pessoas mais populares, principalmente na época do Aécio Neves (ex-governador de Minas Gerais), mas principalmente do (Alexandre) Kalil (ex-prefeito de BH). Então, ele não tem muito, aparentemente, esse tino para ser popular. E ele não conseguiu, frente ao mandato, construir uma figura pública que o tornasse popular”, avalia.

O levantamento da Quaest mostra os candidatos Mauro Tramonte (Republicanos) e Carlos Viana (Podemos) como os mais conhecidos dos mineiros da capital, devido à carreira jornalística dos dois políticos. Tramonte é apresentador do Balanço Geral - versão mineira do programa da TV Record- e o senador licenciado Viana, antes de ser eleito, teve uma longa carreira na rádio Itatiaia e na TV Record como apresentador.

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Outro dado que chama a atenção é que 74% dos eleitores de Belo Horizonte não sabem quem é o atual presidente da Câmara Municipal, Gabriel Azevedo (MDB), também candidato à prefeitura em 2024, mesmo ele tendo uma atuação bem constante nas redes sociais, o principal canal de comunicação dele com a população. A pesquisa da Quaest também mostra o deputado estadual Bruno Engler (PL) desconhecido para 53% das pessoas. Na avaliação de Cerqueira, esse desconhecimento se deve porque esses dois nomes do cenário político mineiro não se tornaram, ainda, mais próximos do eleitorado.

74% dos eleitores de BH não sabem quem é o presidente da Câmara de Vereadores

“Eles não têm uma atividade que os tornassem mais conhecidos para o eleitorado em BH, já um radialista consegue esse feito”, pondera. Cerqueira analisa ainda que o apadrinhamento pode ajudar a alavancar candidaturas. “Esses candidatos agora têm a possibilidade, através do apadrinhamento, como Bruno Engler, que tem o apoio do ex-presidente Bolsonaro, que é muito popular. Ele pode ser impulsionado quando esse eleitorado souber que o candidato do ex-presidente é o Engler", diz.

Ele acrescenta: "Vai depender da campanha dele. Já o Gabriel Azevedo  tem um cargo que não é de muito destaque, ele até tentou fazer isso, pois tem uma postura mais agressiva na sua comunicação política”, explica Cerqueira.

Na era da internet, candidato-apresentador em rádio e TV é mais conhecido

Desde as eleições de 2018, quando o ex-presidente Jair Bolsonaro foi eleito devido à força das redes sociais, as campanhas políticas alcançaram novos patamares e a propaganda eleitoral gratuita em TV e rádio (que são obrigatórias) vêm perdendo espaço. Por outro lado, os dados revelados na pesquisa da Quaest mostram que os dois candidatos mais lembrados pelo eleitor da capital mineira são os apresentadores de TV Mauro Tramonte e Carlos Viana.

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“Não chega a ser uma contradição porque programas de rádio e televisão - em municípios como Belo Horizonte - ainda têm um papel importante na mobilização do eleitorado. Mas isso não é suficiente, como já foi no passado", aponta Cerqueira.

Ele acrescenta que um bom engajamento nas redes sociais é ponto-chave para uma melhor performance. "A maioria dos municípios no Brasil não tem telejornalismo local. Nesses municípios, que é a grande maioria aqui no país, a necessidade das redes sociais é total, elas são os principais impulsionadores da campanha política”, diz o especialista.

Metodologia: 1.002 entrevistados pelo instituto Quaest entre os dias 25 e 27 de agosto de 2024. A pesquisa foi contratada pela Globo Comunicação e Participações S/A. Confiança: 95%. Margem de erro: 3 pontos percentuais. O levantamento foi registrado junto ao TSE sob o número MG-09915/2024.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]