Fuad Noman, do Partido Social Democrático (PSD), foi reeleito para o segundo mandato à frente da prefeitura de Belo Horizonte, pelos próximos quatro anos. No segundo turno das eleições municipais 2024, realizado neste domingo (27), Noman venceu a disputa nas urnas contra o deputado estadual Bruno Engler (PL), que tentava, pela segunda vez, chegar ao Executivo municipal. O vice na chapa de Noman é o vereador Álvaro Damião (União Brasil).
Com 100% das urnas apuradas, o resultado Belo Horizonte indicou Noman, do PSD, com 53,73% dos votos válidos (670.574), conforme divulgação oficial do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Já Engler, do PL, conquistou 46,27% dos votos válidos (577.537). Ao todo, foram registrados 4,56% (61.885) de votos nulos e 3,39% (46.236) em branco.
Noman conseguiu inverter a preferência do eleitorado para vencer a eleição: no primeiro turno, realizado no último dia 6 de outubro, ele avançou na disputa em segundo lugar, com 26,54% (336.442 votos). Na reta decisiva, o prefeito conseguiu atrair os partidos de esquerda, aglutinando forças para derrotar Engler.
Fuad Noman assumiu a prefeitura de BH em 2022, após o então prefeito Alexandre Kalil deixar o cargo para disputar o governo do estado – ele foi derrotado por Romeu Zema (Novo). Nas eleições 2024, Kalil apoiou o candidato Mauro Tramonte (Republicanos), que ficou em terceiro lugar na disputa.
Durante a campanha, Noman adotou a estratégia de evitar os confrontos diretos com os oponentes, evitando debates promovidos por veículos de comunicação. Ele concorreu à reeleição enquanto passava por um tratamento de câncer.
Noman ingressou no serviço público como funcionário de carreira do Banco Central do Brasil. Foi secretário-executivo da Casa Civil da Presidência da República durante o governo de Fernando Henrique Cardoso e consultor do Fundo Monetário Internacional (FMI). Foi também secretário de Fazenda de Minas Gerais, secretário estadual de Transporte e Obras Públicas e presidente da Companhia de Gás de Minas Gerais (Gasmig).
Esquerda apoiou Noman no segundo turno em BH
O atual prefeito recebeu, no segundo turno, apoio de partidos de esquerda como o PDT - que teve a deputada federal Duda Salabert em quinto lugar na disputa, com 7,68% dos votos - e a Federação PT, PV e PCdoB - que amargou um sexto lugar na eleição municipal com o deputado federal Rogério Correia, que totalizou 4,37% dos votos.
Nas entrevistas como candidato à reeleição, Noman disse não ser de esquerda e nem de direita, e que mantém diálogo com o presidente Lula (PT) para intervenções importantes na capital mineira, como o comando por parte da prefeitura do Anel Rodoviário, do aeroporto Carlos Prates e obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Engler disputou a prefeitura de BH pela segunda vez
Esta foi a segunda vez que Engler concorreu à prefeitura de Belo Horizonte. Quatro anos atrás, então integrante do PRTB, Engler perdeu as eleições para Alexandre Kalil. Dessa vez, a candidatura de Engler teve o reforço do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de outras figuras importantes da legenda, como o senador Flávio Bolsonaro e o deputado federal Nikolas Ferreira, além do senador Cleitinho (Republicanos).
Durante a campanha, Engler encampou a posição de "verdadeiro candidato da direita" e teceu várias críticas à atual gestão de Fuad Noman. O deputado estadual enfatizou bandeiras como a modernização da gestão da prefeitura, a ampliação do efetivo da Guarda Municipal, a criação de escolas cívico-militares e defendeu a revisão do Código de Posturas de BH.
Engler, que teve o maior índice de votos no primeiro turno - 34,38% - recebeu apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que esteve por duas vezes na capital mineira durante a campanha. No segundo turno, o candidato do PL recebeu o apoio do governador Romeu Zema (Novo) - na reta inicial, Zema este ao lado da chapa de Mauro Tramonte e Luísa Barreto (Novo), ex-secretária de Gestão e Planejamento no governo dele.
Depois do resultado das eleições em Belo Horizonte, os desafios da gestão municipal
Belo Horizonte é a sexta capital mais populosa do país, com 2.315.560 milhões de moradores, de acordo com o Censo 2022, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). É a quinta melhor capital brasileira em ranking de transparência, de acordo com levantamento do Índice de Transparência e Governança Pública divulgado em julho deste ano pela Transparência Internacional -Brasil.
Entre os desafios aos quais a gestão municipal 2025-2028 vai precisar responder estão a criação de mais ofertas de emprego para os belo-horizontinos; melhorias na saúde básica, o que inclui a necessidade de ampliação das cirurgias eletivas - cerca de 30 mil pessoas esperam na fila, segundo dados da própria prefeitura; além de atrair empreendimentos imobiliários e de apresentar soluções para a mobilidade urbana.
De acordo com pesquisa divulgada em agosto pela CNT (Confederação Nacional do Transporte), a capital mineira tem o segundo pior trânsito do Brasil, atrás da cidade de São Paulo. Propostas dos candidatos para a área foi um dos pontos-chave nos debates televisivos. De acordo com dados da prefeitura, Belo Horizonte possui 105 quilômetros de ciclovias e ciclofaixas.
Outro ponto que merece a atenção do gestor municipal é a população de rua de Belo Horizonte. De acordo com levantamento realizado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em 2022, a população em situação de rua em BH era de 5.344 pessoas - estima-se que esse número seja muito maior.
Uma das principais queixas do belo-horizontino, em relação ao transporte público, é o valor da passagem de ônibus que custa R$ 5,25; junto com atrasos na chegada e a superlotação. Projeto de Resolução 882/24- que prevê a suspensão do contato firmado entre a prefeitura e as empresas de ônibus que operam o transporte público na cidade está travado na Comissão de Legislação e Justiça da Câmara Municipal e o impasse precisará ser enfrentado pela gestão municipal.
- Bruno Engler: “não é possível resolver problema da população de rua sem mapeá-la”
- Qual é a função de um prefeito?
- Novo confirma “case de sucesso” em Joinville com mais de 78% dos votos nas urnas
- PT e PL nacionalizam eleição municipal com vitoriosos do 1° turno
- Eleições 2024: Bolsonaro avança em estados conquistados por Lula em 2022