A disputa pela prefeitura de Belo Horizonte em 2024 trouxe de volta um personagem considerado polêmico, o ex-prefeito Alexandre Kalil (Republicanos), que agora é apoiador do candidato Mauro Tramonte (Republicanos), de alinhamento mais à direita no espectro eleitoral. Historicamente, Kalil se apresentava para o eleitorado de esquerda e surpreendeu quando anunciou essa mudança na vida política.
Na composição da aliança inusitada na capital mineira, a vice na chapa de Tramonte é a ex-secretária de Gestão do governador Romeu Zema (Novo), Luísa Barreto (Novo). Kalil e Zema são opositores declarados desde as eleições de 2022, quando o ex-prefeito perdeu para Zema na disputa pelo governo do estado.
Para sacramentar essa união entre Novo e Republicanos em BH, Zema e Kalil subiram no mesmo palco no dia da convenção do Republicanos, na Assembleia mineira, durante a confirmação da chapa Tramonte e Barreto às eleições 2024, uma cena que muitos apostavam que nunca aconteceria.
Para o analista político Malco Camargos, doutor em Ciência Política e diretor do Instituto Ver Pesquisa e Estratégia, a aliança entre Novo e Republicanos em Belo Horizonte era esperada, mas a surpresa ficou por conta do fator Kalil. “A surpresa é a chegada do Kalil ao Republicanos que foi opositor ao Zema nas eleições de 2022. Kalil sabe que não tem votos da direita, dada a sua atuação durante a pandemia do Covid-19 em BH. Kalil acabou impondo medidas mais duras aos cidadãos, o que incomodou muito os empresários e, especialmente, os candidatos de direita na capital”, avalia.
Para Malco, quem sairá perdendo com essa mudança de lado é o ex-prefeito de BH. “Com esse comportamento na pandemia, Kalil perdeu o apoio da direita e, então, migra para a esquerda em busca de sua vaga de governador (nas eleições de 2022). Derrotado, agora tenta se aliar à direita e perde credibilidade nos dois espectros ideológicos que polarizam a política mineira e a nacional".
Ainda segundo ele, para o candidato Mauro Tramonte, a chegada do ex-prefeito pode colocá-lo em evidência - num primeiro momento - mas o saldo tende a ser neutro com Tramonte e o Novo, pois o que vale mesmo é o nome do Tramonte na disputa de BH”, observa ele.
Lula e Bolsonaro são peças-chave nas eleições em BH
O presidente Lula (PT) e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) também são figuras-chave nas eleições de BH em 2024. O candidato petista é Rogério Correia e o escolhido por Bolsonaro é Bruno Engler.
“Tanto Lula quanto Bolsonaro são bons cabos eleitorais para qualquer candidato. Eles dão uma largada para o candidato, mas a chegada vai depender do desempenho de cada um, tanto que até o momento os dois (Engler e Correia) figuram no segundo pelotão (em intenção de voto) e correm atrás do mais conhecido, o Mauro Tramonte”, avalia Malco Camargos. De acordo com o último levantamento do instituto Datafolha, divulgado na quinta-feira da semana passada (22), Tramonte aparece com 27%, seguido por Carlos Viana (Podemos) com 12%, Bruno Engler com 10% e Rogério Correia (PT) com 7%.
Para Malco Camargos, o governador Zema não deverá participar diretamente da eleição na capital mineira, principalmente até o primeiro turno da disputa, que ocorre em 6 de outubro. “Romeu Zema não deve participar, afinal sua candidata figura como vice na chapa do Mauro Tramonte e não tem protagonismo. Ele (governador) deve andar distante neste primeiro turno, mas talvez apareça no segundo turno, se houver na capital mineira. No primeiro turno, o desgaste de estar ao lado de Kalil será zero, uma vez que os dois não irão dividir o mesmo palanque e ter eventos juntos”, finaliza.
Metodologia da pesquisa citada: 910 entrevistados pelo Datafolha entre os dias 20 e 21 de agosto de 2024. A pesquisa foi contratada pela Empresa Folha Da Manhã S.A e Globo Comunicação e Participações S/A. Confiança: 95%. Margem de erro: 3 pontos percentuais. Registro no TSE nº MG-05345/2024.
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