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Renildo Lima foi preso por suspeita de crime eleitoral
Dinheiro apreendido com grupo de Renildo Lima| Foto: Polícia Federal/Divulgação

Renildo Evangelista Lima, marido da deputada federal Helena da Asatur (MDB), foi preso, na segunda-feira (9), em ação da Polícia Federal (PF) em Boa Vista (RR), por suspeita de crime eleitoral. Ele estava com outras cinco pessoas que também foram detidas.

“Durante a busca, foram encontrados R$ 500 mil, material de campanha e documentos que confirmavam o destino do dinheiro apreendido”, afirma a PF. Parte desse dinheiro estava na cueca de Renildo Lima.

Segundo a Polícia Federal, após denúncia de crime eleitoral informada via disque-denúncia, a corporação abordou dois carros em Boa Vista. Foram detidos o empresário Renildo Lima, uma advogada, dois policiais militares e outras duas pessoas por crime eleitoral e associação criminosa armada. Os PMs estavam de folga e realizavam a segurança particular dos envolvidos e dos bens, de acordo com a PF.

Na terça-feira (10), a Justiça Eleitoral decidiu pela liberação de todos os envolvidos. Ao decidir pela liberdade provisória, o juiz estabeleceu recolhimento domiciliar noturno, das 18h às 8h, todos os dias, além de medidas cautelares:

  • Comparecer, bimestralmente em juízo, e ainda todas as vezes que for intimado para atos da eventual instrução criminal;
  • Comunicar à autoridade judicial qualquer viagem acima de oito dias dentro do Brasil;
  • Qualquer viagem internacional deve ser previamente autorizada pelo juízo.

O Ministério Público Eleitoral informou à Gazeta do Povo que “aguardará a conclusão das investigações, uma vez que foram apreendidos celulares e outros documentos que serão analisados e periciados pela Autoridade Policial.”

Quem é Renildo Lima

Renildo Lima é marido da deputada federal Helena da Asatur (MDB), que foi eleita com 15.848 votos em 2022. Nas redes sociais, a parlamentar escreveu: “Acreditar que movimentar o próprio dinheiro é sinônimo de compra de votos é pura ignorância. Agora, devemos fechar as empresas em período eleitoral? Só o que faltava”.

Já em nota enviada ao portal G1, a deputada disse que o marido “participou de audiência de custódia realizada na terça-feira (10), na qual foi comprovada a legalidade dos recursos sob sua responsabilidade e o destino correto do dinheiro. Com base nas informações apresentadas, o juiz considerou a prisão em flagrante arbitrária. A deputada reitera que sempre confiou no esclarecimento dos fatos e na Justiça, acreditando que a verdade prevaleceria”.

Lima é empresário do setor de transporte. É sócio da Asatur Transporte, empresa de Boa Vista, criada em outubro de 2001, que tem como linha principal de ônibus o trajeto entre a capital de Roraima e Manaus, no Amazonas. Além disso, a empresa oferta frete e locação de veículos.

Ele também tem sociedade na Voare Táxi Aéreo. Em agosto de 2023, a empresa fechou contrato de um ano (cuja validade era até 25 de agosto), no valor de R$ 26 milhões com o Ministério da Saúde, para atendimento de saúde à população indígena Yanomami.

O contrato prevê serviços de transporte aéreo em aeronave de asas rotativas, com pagamento feito por trecho voado, medido com base na duração do voo. A empresa precisa ter disponibilidade integral, de domingo a domingo.

O objetivo é dar “apoio a saúde indígena no transporte de equipes médicas/sanitárias, transporte de cargas comuns (bagagem, víveres, medicamentos, equipamentos médicos/odontológicos e demais materiais necessários à atividade médica), cargas perigosas (gás de cozinha, cilindro de oxigênio e combustíveis), remoções aeromédicas, bem como voos destinados ao atendimento de ações subsidiárias e necessidades administrativas, operacionais e gerenciais do Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami”.

Audiência de custódia

A audiência de custódia dos seis presos foi realizada na terça-feira (10), na 1ª Zona Eleitoral. “Na ocasião, o Promotor de Justiça Eleitoral, acompanhando entendimento da Polícia Federal, requereu que fossem decretadas as prisões preventivas dos acusados, em virtude da grande quantia em dinheiro em espécie apreendida, diversas trocas de mensagens e materiais com anotações e relacionados à campanha eleitoral de candidatos de Boa Vista e do interior do Estado”, segundo o Ministério Público Eleitoral (MPE).

Na manifestação, o promotor salientou que “se o Juiz assim não entendesse, que fossem ao menos impostas medidas cautelares e fiança para todos os envolvidos, sendo estipulado um valor de R$ 60.000 mil de fiança para o empresário e para os demais envolvidos, os valores de R$15.000,00 e R$ 10.000,00”, diz o MPE.

No entanto, a Justiça Eleitoral decidiu pela liberação de todos os envolvidos. O pagamento de fiança foi determinado por uma assessora, no valor de R$ 5 mil.

Na decisão de conceder liberdade provisória aos detidos, o juiz Breno Coutinho ressaltou que não houve ilegalidades nas prisões e nem danos à integridade física dos presos. E complementou: “Lado outro, em juízo de cognição sumária, próprio nesta fase prematura da investigação, da análise dos elementos informativos reunidos nos autos, verifica-se que há prova da materialidade delitiva e indícios suficientes de autoria, em especial pelos documentos carreados até o presente momento da fase inquisitorial. Todavia, entendo que a concessão de medidas cautelares diversas da prisão são suficientes para garantir a sua integridade física e psicológica, bem como a boa instrução processual”.

A reportagem da Gazeta do Povo tentou contato com a defesa de Renildo Lima, sem sucesso. O espaço permanece aberto para manifestação.

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