O "casamento arranjado" entre o pré-candidato à reeleição na prefeitura de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), e o vice Ricardo Mello Araújo (PL), indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), continua dando sinais de superficialidade e falta de entrosamento entre as partes, apesar dos esforços mútuos e dos marqueteiros para demonstrar o contrário.
Na convenção municipal do PL em São Paulo, na noite de segunda-feira (22), Mello Araújo precisou se retratar e afirmar que cometeu uma gafe ao dizer que se sentia honrado por disputar a eleição para trazer "mudança" e "renovação". Explica-se: somando o período como vice e prefeito de São Paulo com o período como vereador da Câmara Municipal de São Paulo, Nunes está há dez anos implementando políticas públicas na cidade e, em vez de renovação, a campanha à reeleição foca em continuidade dos feitos.
O desconforto e a falta de naturalidade não se reflete apenas nos discursos e aparições públicas dos dois Ricardos, mas também na ausência de Valdemar Costa Neto, presidente nacional do PL, e do ex-presidente Bolsonaro no evento que marcou a aliança no maior colégio eleitoral do país. Nunes não soube explicar a ausência desses que são os nomes mais importantes para a direita conservadora na política atual, e Mello Araújo afirmou que certamente se deve a outras agendas.
Críticas indiretas a Boulos e Haddad e ênfase à segurança pública
Além de oficializar Mello Araújo como vice do MDB, a convenção que teve a presença de 800 pessoas foi palco de críticas indiretas ao principal opositor e pré-candidato, Guilherme Boulos (Psol), quando Nunes agradeceu o voto de confiança dos apoiadores para "vencer esse invasor, esse vagabundo, desse sem-vergonha". Já em relação ao ministro da Fazenda de Lula, Fernando Haddad (PT), a indireta ocorreu quando Nunes enfatizou a redução de alíquotas e a responsabilidade fiscal de sua gestão, "diferente do que estamos vendo por aí".
Em relação à pauta de segurança pública, principal tema da campanha eleitoral de 2024, Mello Araújo, que foi presidente da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), lembrou que pôs "ordem" no local ao enfrentar a corrupção, o tráfico de drogas e o abuso sexual de crianças. “Com a experiência do prefeito e a minha vontade de trabalhar, o que demora 40 anos a gente pode fazer em quatro”, afirmou.
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