Conservadora e militante de esquerda discutiram a legalização do aborto no debate| Foto: Denis Ferreira Netto/Divulgação/Plural
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Os candidatos a prefeito de Curitiba Andrea Caldas (Psol), Cristina Graeml (PMB), Luizão Goulart (Solidariedade), Ney Leprevost (União), Roberto Requião (Mobiliza) e Samuel de Mattos (PSTU) participaram do debate na Universidade Federal do Paraná (UFPR), na noite desta quinta-feira (12), promovido pelo portal de notícias Plural.

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De acordo com a organização, todos os candidatos à prefeitura de Curitiba nas eleições de 2024 foram convidados, sem a adoção da regra eleitoral que limita a participação dos concorrentes, conforme a representatividade do partido no Congresso Nacional. No entanto, a deputada estadual Maria Victoria (PP), o vice-prefeito Eduardo Pimentel (PSD) e o ex-prefeito Luciano Ducci (PSB) não participaram do debate.

A atual gestão da prefeitura, representada por Pimentel, foi o principal alvo das críticas dos participantes. O candidato do PSD tem o apoio do prefeito Rafael Greca e do governador Ratinho Junior, ambos do mesmo partido, e ainda tem como vice Paulo Martins (PL), indicado na aliança pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Segundo o último levantamento do instituto Paraná Pesquisas, Pimentel lidera as intenções de voto na capital com 32% no cenário estimulado no primeiro turno.* 

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Questionado sobre impostos e questões fiscais no primeiro bloco com perguntas feitas por representantes sindicais, o deputado estadual Ney Leprevost respondeu que Curitiba não tem problemas na arrecadação de recursos para os cofres públicos.

“O Greca e o Pimentel foram mestres em arrecadar dinheiro, inclusive aumentando o IPTU todo ano acima do valor da inflação. Aliás, eles comandam uma indústria das multas. Só em radares de trânsito e multas, arrecadaram mais de R$ 220 milhões no ano passado e investiram só um 1% disso na conscientização e educação no trânsito. Para reabilitar vítimas de acidentes de trânsito, não investiram absolutamente nada”, respondeu.

O ex-governador Requião atacou o ex-prefeito Ducci, que tem o apoio do PT e do presidente Lula, pelo contrato do transporte coletivo e a atual administração do PSD pelo alto preço da tarifa. “Estamos pagando R$ 8,00 na passagem [de ônibus], R$ 6,00 o usuário paga e R$ 2,00, a prefeitura subsidia. Isso porque quem fez o contrato lá atrás foi o Luciano Ducci. Ele fez o edital e fez a licitação”, disparou. “Há 10 anos, era a 15ª mais cara do Brasil, hoje é a primeira na mão do Pimentel. Eles mercantilizam esse processo”, completou Requião, que chamou a dupla de “fujões” pela ausência no debate.

Leprevost chegou a afirmar que Pimentel não foi ao debate com “medo” da candidata Cristina Graeml e que o Ducci também teve uma posição semelhante pelo provável confronto com Requião. A suposição do deputado estadual, que tem o apoio do senador Sergio Moro (União) e como vice Rosângela Moro (União), seria de que Graeml disputaria votos com Pimentel e que a candidatura “solo” de Requião seria uma ameaça para frente de partidos de esquerda encabeçada por Ducci. “O que você acha de um candidato progressista que tem medo de debater com os colegas progressistas?”, questionou Leprevost em pergunta direcionada ao militante do PSTU, Samuel de Mattos.

Graeml também reclamou da “asfixia de candidatos” nas eleições de Curitiba e lembrou do veto ao debate da Band após ser convidada para o evento. “O Pimentel não se faz presente, covardia mais uma vez. Não me surpreende, pois no debate da Band, ele só confirmou a presença depois que eu fui desconvidada”, acusou a candidata.

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*Metodologia: 800 entrevistados pelo Paraná Pesquisas entre os dias 7 e 10 de setembro de 2024. A pesquisa foi contratada pela Televisão Bandeirantes do Paraná Ltda. Confiança: 95%. Margem de erro: 3,5 pontos percentuais. Registro no TSE nº PR-02748/2024.

Conservadora e candidato de esquerda discutem aborto no debate em Curitiba

No bloco de perguntas entre os candidatos, a conservadora Cristina Graeml criticou a legalização do aborto durante o embate direto com o candidato do PSTU, Samuel de Mattos. “Não estou questionando o que é permitido legalmente, mas essa gritaria que se faz para fingir que o bebê é culpado […] matar o bebê não é a solução”, afirmou.

“Somos a favor que a mulher decida sobre o corpo dela porque é muita demagogia falar em morte de feto e depois quando a mulher tem o filho, o estado não garante creche, não garante educação, escola. Já nasce disputando vaga na creche”, rebateu o candidato de extrema esquerda. 

Graeml respondeu que além de oferecer as vagas de creche, o poder público também deve garantir a vida e apoio às mães que engravidaram sem desejar e que foram abandonadas pelos parceiros. Na réplica, Mattos argumentou que “mulheres ricas podem fazer aborto em outros países, enquanto as pobres vão em clínicas clandestinas” e criticou o projeto de lei 1904/2024, que estipula uma pena maior para a mulher que cometesse aborto do que para o condenado por estupro.

“Eu nunca defendi estuprador. Eu defendo que bandido esteja na cadeia, ao contrário dos ídolos da esquerda que defendem a ‘bandidolatria’ e são contra a polícia”, retrucou a conservadora no debate em Curitiba.

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Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]