O ex-governador do Paraná e ex-prefeito de Curitiba Beto Richa (PSDB-PR) é pré-candidato e deve voltar a disputar a eleição municipal na capital do estado após 16 anos. Em 2008, o tucano foi reeleito prefeito de Curitiba com mais de 77% dos votos válidos. Quatro anos antes, o então jovem de sobrenome tradicional na política paranaense foi eleito pela primeira vez para assumir a prefeitura curitibana com menos de 40 anos e apontava como uma das principais lideranças tucanas no estado e no país.
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Depois de duas décadas, a trajetória política de Richa viveu o apogeu e a queda no período em que governou o Paraná por dois mandatos, entre 2011 e 2018. No primeiro mandato, a gestão Richa repetiu o sucesso municipal no Palácio do Iguaçu recebendo alta aprovação dos paranaenses. Então, o governador foi reeleito ainda no primeiro turno com 55% dos votos válidos, batendo nas urnas o ex-governador Roberto Requião e a petista Gleisi Hoffmann.
Nascido em Londrina (PR), Beto Richa é o herdeiro político do ex-governador e ex-senador José Richa, um dos fundadores do PSDB no país, que morreu no final de 2003, quando o filho ocupava a vice-prefeitura de Curitiba. Casado com Fernanda, pai de três filhos e avô de quatro netos, Beto é formado em Engenharia Civil pela PUC-PR. Foi deputado estadual (1995-2000) e vice-prefeito (2001-2004) antes de assumir o mandato de chefe do Executivo em Curitiba na rápida ascensão política rumo ao governo do estado.
Após mais uma vitória nas urnas, o início do ano de 2015 apontava que o segundo mandato como governador do Paraná seria o avesso dos quatro anos anteriores, quando Richa teve amplo apoio popular dos paranaenses. A longa greve do funcionalismo ficou marcada pelo confronto de manifestantes e professores com a tropa de choque da Polícia Militar no dia 29 de abril, no Centro Cívico da capital, durante a aprovação de projeto de lei de autoria do governo para alterações no regime do ParanaPrevidência. O então governador foi inocentado na Justiça pelo episódio.
Os anos seguintes da gestão do governador Beto Richa foram marcados por investigações do Ministério Público e pela operação Integração, desdobramento da Lava Jato que apurou a suposta existência de esquema de corrupção com desvios de recursos das concessões de pedágio no Paraná para políticos e para as campanhas eleitorais.
Richa também foi alvo de investigações durante as operações Rádio Patrulha, Piloto e Quadro Negro, tendo sido preso três vezes entre setembro de 2018 e março de 2019 pelos supostos esquemas de corrupção. A campanha ao Senado em 2018 foi impactada e o ex-governador foi derrotado nas urnas.
O retorno à vida pública ocorreu em 2022, quando foi eleito deputado federal com 64.868 votos. No Congresso Nacional, ele integra a bancada da Federação PSDB-Cidadania. No final do ano passado, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias Toffoli anulou todos os atos judiciais contra o ex-governador pela existência de "conluio processual", provocando a nulidade dos casos envolvendos Richa nas operações Rádio Patrulha, Quadro Negro, Piloto e Integração.
O ex-governador defende sua gestão estadual e ressalta a criação do Serviço de Resgate Aéreo, que usa helicópteros para atender urgências e emergências médicas em todo o Paraná. Na Educação, ele cita que reformou e ampliou mais da metade das escolas públicas do estado e reajustou o salário dos profissionais da área em 146%. Ainda conforme Richa, houve geração de mais de 400 mil empregos com o programa Paraná Competitivo e a duplicação de mais de 500 quilômetros de rodovias.
Pré-candidato teve saída do PSDB frustrada
A agitada trajetória política de Beto Richa teve mais um episódio em 2024. O ex-prefeito de Curitiba foi convidado para se reunir com as lideranças do Partido Liberal (PL) em Brasília, onde teve reuniões com o ex-presidente Jair Bolsonaro e com o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto. Depois dos encontros, Beto Richa assinou a ficha de filiação do partido com planos de ser pré-candidato a prefeito de Curitiba com apoio de Bolsonaro.
Porém, a reação dos militantes do PL na capital paranaense e o veto do PSDB frustraram a troca partidária de Richa. Sem a carta de anuência dos tucanos, o ex-governador do estado manteve a pré-candidatura pelo partido para voltar ao cargo de chefe do Executivo em Curitiba.
Beto Richa cogita ex-primeira dama na chapa à prefeitura
Richa terá que superar a rejeição dos curitibanos e cogita a participação da ex-primeira dama, Fernanda Richa, na campanha e até o lançamento dela como candidata à prefeitura. “Existe um movimento forte e crescente em torno do nome da minha mulher. Ela foi muito atuante em Curitiba, sobretudo nos bairros mais periféricos, atendendo quem mais precisa do poder público. Ela ajudou a melhorar a vida dessas pessoas e famílias em situação de vulnerabilidade social”, disse Beto Richa em entrevista à Gazeta do Povo em fevereiro deste ano.
De 2005 a 2010, Fernanda presidiu a Fundação de Ação Social (FAS), em Curitiba. No período, segundo a assessoria tucana, a capital registrou a maior redução de pobreza e miséria do país. Em janeiro de 2011, ela assumiu a Secretaria da Família e Desenvolvimento Social, no governo estadual, coordenando as políticas de assistência social e de defesa dos direitos da criança e do adolescente, da pessoa idosa, da mulher e da pessoa com deficiência.
Em maio de 2016, Fernanda Richa foi eleita a representante do Fórum Nacional de Secretários Estaduais de Assistência Social (Fonseas) da Região Sul. Em junho de 2016, assumiu a coordenadoria da Comissão Permanente de Políticas Públicas para as Mulheres do Conselho de Desenvolvimento e Integração Sul (Codesul). Em março de 2017, participou do curso de Liderança Executiva em Desenvolvimento da Primeira Infância, na Universidade de Harvard, em Massachusetts, nos Estados Unidos.
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