Eduardo Pimentel (PSD) está há quase oito anos dentro da prefeitura de Curitiba. Eleito vice-prefeito em 2016 e reeleito em 2020, agora tem a oportunidade de assumir a cadeira de Rafael Greca (PSD). E é exatamente esse período ao lado do prefeito curitibano que fez o candidato, também apoiado pelo governador do Paraná, Ratinho Junior (PSD), praticamente "mudar de sobrenome na campanha": saiu o Pimentel, do avô e ex-governador Paulo Pimentel, e entrou o "Preparado". O jingle se repete ao longo do dia todo no rádio e na televisão: “Tá preparado.”
Em entrevista à Gazeta do Povo, o vice-prefeito de Curitiba falou sobre a experiência na gestão pública e como conseguiu, com a ajuda do governador, montar uma aliança de partidos que lhe concedeu o maior espaço no horário gratuito — uma aliança que tem Paulo Martins, do PL do ex-presidente Jair Bolsonaro, como candidato a vice.
Em 30 minutos de entrevista, Eduardo Pimentel explicou por que a gestão atual não conseguiu concretizar alguns planos - que ele promete avançar caso eleito - especialmente na saúde, na educação, na assistência social e no transporte coletivo. Neste último item, aliás, aposta no popular bonde - ou veículo leve sobre trilhos (VLT) - entre Curitiba e o aeroporto Afonso Pena como um modal inovador para a capital. Ainda comentou sobre seu posicionamento político e sobre temas caros ao conservadorismo.
Todos os candidatos à prefeitura de Curitiba foram convidados pela reportagem da Gazeta do Povo para entrevista.
Confira a íntegra da entrevista com o candidato Eduardo Pimentel
A sua campanha tem explorado muito o fato de que o senhor está “preparado” para ser prefeito de Curitiba, em função dos quase oito anos como vice-prefeito. É isso que lhe faz estar pronto? O senhor acredita que não ter sido vereador ou deputado, por exemplo, não faz diferença?
Eu me preparei para ser prefeito de Curitiba sendo vice-prefeito da cidade, secretário de Obras por dois anos, entregando todas as obras que estavam paradas na cidade quando nós pegamos a administração e dando início a esse grande pacote de obras que temos até hoje. Depois disso, por todo o período difícil da pandemia, que não paramos um dia sequer, na abertura de leitos, na relação com a Região Metropolitana, no cuidado, depois na distribuição da vacina para todos. E, no último ano e meio, como secretário de Estado das Cidades, do governador Ratinho Junior, viabilizei R$ 4 bilhões em obras. Então, sim, com muito respeito com quem foi vereador, deputado, eu me preparei para ser prefeito sendo vice-prefeito da cidade. Oito anos andando todos os bairros da cidade mais de uma vez, vivendo e vivenciando a cidade.
Desde o período de pré-campanha, o senhor falava sobre criar um grande arco de aliança e conseguiu trazer outros sete partidos. Mas sabemos que gostaria que outros partidos tivessem entrado na coligação, inclusive o União Brasil, o que daria ainda mais tempo de televisão e tiraria um oponente na disputa. O que faltou para a sua coligação crescer ainda mais?
Na verdade, nós fizemos uma coligação que é ótima, graças a Deus, excelente, uma grande frente ampla de apoio. Eu sempre disse que queria fazer uma coligação que juntasse a base de apoio do prefeito [Rafael] Greca e do governador Ratinho Junior. E tivemos sucesso, com PL, MDB, Novo, Republicanos, Podemos, Avante, PRTB, mais o meu partido, o PSD. Fizemos uma grande coligação, com maior tempo de televisão. Também conversei com outros partidos que são da base e que acabaram optando por ter candidaturas próprias. Então, nós respeitamos isso, cada partido tem a sua independência, são candidatos hoje. Mas nós fizemos uma frente ampla que o que nos une é o amor pela cidade, que deu tempo de televisão e que reuniu pessoas com o mesmo propósito, que é continuar avançando para os próximos quatro anos.
Nesse arco de aliança, o seu candidato a vice-prefeito, Paulo Martins, é do mesmo partido e tem um alinhamento claro ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Ao mesmo tempo, o atual prefeito Rafael Greca criticou diversas vezes o governo Bolsonaro, especialmente em relação à pandemia. Como tem sido acomodar visões distintas e assegurar que não haja ruídos que possam interferir na campanha, especialmente na reta final?
Nós estamos muito tranquilos. A relação minha com o Paulo é ótima, muito boa como parceiros de chapa, e vamos, se Deus quiser, ganhar as eleições juntos. E ele vai me ajudar a governar, sem dúvida nenhuma. A relação dos partidos está bem alinhada, a relação com o prefeito está bem alinhada, com o governador está bem alinhada. São ações que foram no passado, alguma opinião ou outra, são pessoais, foram colocadas a público, mas nada, absolutamente nada que esteja interferindo na eleição. Não vai interferir nos últimos dias e também, se Deus quiser, caso seja eleito, não vai interferir na composição e nem no futuro governo.
Nesta grande costura entre partidos, o senhor se define como um candidato de centro, centro-direita ou direita? Com o apoio do PL de Paulo Martins, há temas que são muito caros à direita, principalmente de costumes. Como fica a sua posição, por exemplo, em temas como linguagem neutra e ideologia de gênero nas escolas,?
Eu sou um cara que conseguiu construir uma grande frente ampla de apoio com muita tranquilidade e eu me considero do centro-direita. Mas eu quero ser prefeito de Curitiba para todos. Eu tenho falado com muita tranquilidade, eu não quero mudar a ideologia política de ninguém. Eu quero cuidar da cidade e manter esse bom caminho que o prefeito teve até aqui e avançar com inovação onde precisa.
O importante é que eu sou contra as drogas, eu sou totalmente contra a ideologia de gênero para as crianças, no Ensino Fundamental, principalmente. Eu sou a favor da vida, como sou a favor da vacina, como sou a favor da ciência, da saúde para todos. Esse é o meu posicionamento, com muita tranquilidade. Como eu falei, eu quero administrar a cidade para todos, ser o prefeito de todos.
Eu sou contra as drogas, sou totalmente contra a ideologia de gênero para as crianças, sou a favor da vida como sou a favor da vacina.
Eduardo Pimentel (PSD), candidato a prefeito em Curitiba
Curitiba tem uma população de rua superior a 3 mil pessoas, de acordo com o Cadastro Único. E esse é um tema que a atual gestão não tem conseguido resolver. O que não está sendo feito agora e que o senhor pretende fazer para mudar essa situação?
Primeiro que isso é um desafio mundial. Tóquio tem morador em situação de rua, Londres tem, Chicago tem, Los Angeles nem se fala, São Paulo tem. E em Curitiba nós temos tratado com muita transparência e de peito aberto, como tem que ser. E avançamos muito, inclusive com um posto de atendimento chamado FAS SOS, que é referência nacional, pioneiro no país. O que eu estou propondo são mais dois, descentralizados, que faz todo o atendimento para que a pessoa em situação de rua seja reinserida na sociedade.
Qual é o nosso desafio? Primeiro, toda pessoa que está na situação tem um histórico. Ou ela tem um histórico de assédio, de violência, de dependência química ou de saúde mental. Há ainda o criminoso, esse que vive do tráfico, do microtráfico, nós temos que combater com a polícia e com a Guarda Municipal. Quem está lá por problema de abandono ou saúde, o nosso desafio é o que temos feito nos últimos anos, mas eu vou avançar, com a contratação de assistentes sociais, educadores sociais. Essa pessoa precisa ter um cuidado para não sair do tratamento. O morador [de rua], só pode sair da rua se quiser, nós sabemos disso. Ele aceita o acolhimento, mas no dia seguinte ele está na rua de novo.
O nosso desafio, e aí estão as minhas maiores propostas, é manter ele no tratamento. E esse programa FAS SOS faz todo o atendimento num local só. O banho quente, a roupa, a noite de sono, e ele pode permanecer lá um período longo. E o tratamento de saúde, para começar. Se for problema de doença mental, através dos nossos Caps, que são os Centros de Atendimento Psicossocial - temos 10 e vamos revitalizá-los e reformá-los. Vou construir mais dois. E se for dependência química ou de álcool, vamos colocá-lo nas comunidades terapêuticas, nas quais a prefeitura compra e comprará vagas. E aí é um encaminhamento no mesmo lugar para duas coisas, a profissionalização, para ter uma profissão, e depois o encaminhamento ao emprego.
O morador [de rua], só pode sair da rua se quiser, nós sabemos disso. Ele aceita o acolhimento, mas no dia seguinte ele está na rua de novo.
Eduardo Pimentel, candidato à prefeitura de Curitiba
E nesse quesito, há mais uma proposta: vou instituir nos contratos dos prestadores de serviço da prefeitura uma porcentagem de que seja obrigatória a contratação de pessoas que estão em processo de recuperação, para que dê oportunidade. E após isso, a moradia, para a fila da Cohab, principalmente faixa 1 e 2, nós vamos gerar 20 mil unidades habitacionais. Uma das soluções é o aluguel social permanente, para que a gente diminua a fila, principalmente as famílias que precisam, alugando espaços que já estão prontos na cidade, perto de eixos estruturantes, que já vai ter o terminal de transporte, a escola e a unidade de saúde perto da moradia, e também vai servir de moradia para o morador em situação de vulnerabilidade, até ele ter a independência para se cuidar. Então, isso tudo acompanhado pela nossa ação social do município. É um desafio que vamos manter e continuar atendendo de frente, cuidando com transparência.
O seu plano de governo cita a implantação de duas novas UPAs e seis novas Unidades Básicas de Saúde (UBS). O senhor acredita que essas ações são suficientes para agilizar o atendimento à população, que frequentemente reclama da demora?
A saúde, como toda a cidade, é uma permanente construção, nunca está pronta, sempre precisa investir. Quando nós assumimos [a prefeitura] em 2017, faltava paracetamol nas unidades de saúde. Nós investimos R$ 1,9 bilhão, hoje nós estamos perto de R$ 3 bilhões e aumentando o número de investimentos. O que eu estou propondo para avançar nesse trabalho são duas novas UPAs, em Santa Felicidade e na Matriz, e seis unidades de saúde. Hoje temos 109, vamos para 115. E de UPAs vamos de nove para 11.
Além disso, mais duas ações importantes. Hoje, no Bairro Novo temos o hospital e a maternidade, mas vamos construir em cima uma nova maternidade e hospital com todas as especialidades, com 200 leitos, mais 57 [leitos] de UTI e mais nove salas cirúrgicas. E também uma questão importante, que é um centro de diagnóstico por imagem para fazer exames de raio-x, endoscopia, videoscopias, entre outros, para auxiliar na fila de especialidades. Inclusive nós fazemos 200 mil consultas de especialidades por mês na cidade de Curitiba. Então é uma grande composição de investimento para os próximos quatro anos para continuar garantindo um atendimento eficiente da saúde municipal. Quem utiliza o sistema único de saúde de Curitiba dá uma boa avaliação ao nosso sistema único. Claro que temos desafios, e é isso que nós precisamos aperfeiçoar.
A segurança pública é apontada em pesquisas como o principal problema de Curitiba, o que faz a população pedir uma Guarda Municipal mais próxima de uma corporação policial. O seu plano de governo fala sobre reduzir o foco no "policiamento tradicional" e adotar a segurança de proximidade. Como, então, resolver o problema da criminalidade, transformando em uma polícia de fato?
Primeiro que eu sou totalmente a favor, inclusive no programa eleitoral eu já desmistifiquei um ruído de informação que os adversários têm feito, dizendo que eles vão mudar para Polícia Municipal. Não cabe ao prefeito, não é constitucional. Há uma PEC no Congresso Nacional, que está tramitando, e que transforma as guardas municipais em polícia municipal para poder ter o poder de combater o crime também. Eu sou totalmente a favor de que isso aconteça, para que ela continue nessa forte integração com a Polícia Militar. Segurança pública não é um dever constitucional do município, mas será e tem que ser uma prioridade nossa, do prefeito.
Eduardo Pimentel promete lançar concurso para a Guarda Municipal no primeiro trimestre de 2025.
Eu tenho falado, já falei no programa eleitoral, numa parceria com o governo do estado, já conversei com o governador Ratinho Junior, de ter 4 mil homens nas ruas da cidade, com a Polícia Militar e com a Guarda Municipal. Contratamos mais de 500 guardas nos últimos anos. Vou lançar um concurso da Guarda no primeiro trimestre de 2025 e manter o permanente aperfeiçoamento no equipamento de proteção individual dos guardas municipais, mas também a mudança de motos e carros para a segurança deles, as câmaras corporais, que eu acho importante, porque dá segurança a quem está recebendo atendimento e também ao guarda que está fazendo atendimento. E também vou ampliar o programa Muralha Digital, com a interligação de 1,2 mil câmeras, entre a rodoferroviária, os terminais, as unidades de saúde, para prevenir o crime. E caso aconteça, resolver e combater.
Dentro da Muralha Digital tem uma coisa importante que já acontece e que eu quero ampliar, que é a Patrulha Maria da Penha. Todas as mulheres que estão em vulnerabilidade, com risco de violência, têm o seu botão do pânico ligado automaticamente à Muralha Digital e, quando acionado, a viatura mais próxima chega para evitar qualquer tipo de agressão.
Sobre essa estrutura de videomonitoramento, que é bastante divulgada pela gestão do prefeito Rafael Greca: de forma prática, qual foi um caso recente que a Guarda Municipal resolveu ou, então, contribuiu com a polícia a partir da central?
Permanentemente nós temos casos, principalmente de ladrões de oportunidade, esses que roubam celulares, bolsas, joias, óculos, que você consegue através, inclusive, das câmeras com reconhecimento facial que temos na rodoferroviária, identificar e prender. E ainda buscar qual que é a ficha corrida, o seu histórico.
Há casos também de pichação, quando você pega no ato. Teve um fato na Praça Tiradentes que foi muito divulgado pela imprensa um ano atrás, mais ou menos, se não me engano. Então sim, é extremamente eficiente na prevenção, mas principalmente no combate.
O senhor tem uma proposta para revitalização do Centro e fala em "incentivo" a construtoras para "retrofitar" de prédios antigos e abandonados. Que tipo de incentivo são esses? De ordem fiscal ou outro tipo?
O de ordem fiscal nós vamos discutir com elas [empresas] para ver o que dá para se fazer com responsabilidade. A ideia é que possa reformar, que se for construir, construir um pouco a mais dentro dos limites legais, para que ela possa utilizar o terreno no Centro ou a reforma no Centro. Eu vou montar uma comissão já no início da gestão, intersetorial, por toda a prefeitura, envolvendo várias ações: o morador em situação de rua, a alimentação, a infraestrutura e, dentro da infraestrutura, a calçada, a iluminação, o asfalto, além do turismo, a gastronomia, as nossas feiras, a utilização do Centro e também, principalmente, a habitação.
A habitação com o retrofit, nessa parceria com as construtoras e incorporadoras, para que possam vender, que seja atrativo em valor de mercado. E a gente pode fazer também, que é utilizar essa inovação em habitação, que é o aluguel social permanente, para que a gente possa alugar espaços vagos que temos no Centro, para moradia, não só para quem está na fila da Cohab. Mas, por exemplo, alguma família que trabalha perto do Centro, na regional Matriz ou no centro expandido, para morar perto do trabalho. Inclusive, com isso você dá vida e fortalece o comércio.
A pandemia fortaleceu muito o comércio de bairro, o que é muito bom e precisa permanecer assim, mas nós precisamos também voltar a fortalecer o comércio no Centro da cidade, que foi muito para dentro de shoppings. Precisamos fortalecer para que as portas estejam abertas, que o Centro seja utilizado, não só de dia, mas também de noite, com o turismo e com a gastronomia.
A prefeitura de Curitiba vem adotando um modelo de parcerias público-privadas na educação. E pelo plano de governo, a ideia é ampliar isso. Por que terceirizar e como isso pode garantir bons níveis de aprendizado?
Assim, só para a gente cuidar com as palavras. É o terceirizar na contratação de vagas que a gente utiliza nas creches particulares. Nós construímos em torno de 37 CMEIs nos últimos oito anos, disponibilizamos 12 mil vagas e eu estou propondo para os próximos quatro mais 36 CMEIs, com a disponibilização de 9 mil vagas. O que nós fazemos é a contratação, que vai continuar quando necessário, de vagas em creches particulares. Por exemplo, às vezes, em alguma comunidade, algum bairro da cidade, nós estamos precisando de 25, 30, 35 vagas.
Não há motivo para você disponibilizar recursos para construir uma creche naquela localidade, contratar pessoal, colocar lá para poucas vagas. Aí a solução inteligente é contratar a vaga pelo per capita dessas creches que têm, exigir um nível de educação igual do município, porque há esse acompanhamento, e garantir as 25 ou 35 vagas naquela localidade. Então, sim, isso vai permanecer porque nos ajuda a trazer a creche. E isso é uma coisa importante, por isso que eu estou me comprometendo com mais 36 CMEIs e 9 mil vagas, porque eu sei o quanto é importante para uma mãe, para um pai, deixar o seu filho. E todas as nossas vagas em CMEIs, que são as nossas creches, são integrais, com alimentação três vezes ao dia, de alta qualidade, com produtos frescos, inclusive comprados na Região Metropolitana, que é o que nós queremos fortalecer também.
Além disso, como garantir que as escolas municipais de Curitiba estejam entre as melhores capitais em relação à qualidade de ensino?
Eu quero, dentro da equipe que temos de professores, pedagogos e educadores na prefeitura, buscar o primeiro lugar do Ideb [Índice de Desenvolvimento da Educação Básica] nacional, porque eu acho que isso é importante e é possível, não só com a qualidade no ensino das creches, mas também no nosso ensino fundamental.
Hoje as nossas 187 escolas públicas municipais ofertam aulas para quem queira ensino integral e eu quero fortalecer o ensino integral com contraturno escolar não só, eu falo bastante sobre isso, na carteira no turno escolar com português, geografia, matemática, que é fundamental, é óbvio, mas no contraturno, com cultura, esporte, aulas de cidadania, educação financeira básica, aquelas contas de casa, para que as crianças - que são responsabilidade da educação municipal - comecem cada vez mais a se aperfeiçoar para o futuro, para que quando elas entrem no Ensino Médio, no ensino da rede estadual, elas estejam cada vez mais preparadas.
Eu quero buscar o primeiro lugar do Ideb nacional.
Eduardo Pimentel (PSD), candidato a prefeito em Curitiba
E tem mais uma coisa que eu estou propondo, que é a bonificação para os servidores da educação das escolas que se destaquem, como uma forma de incentivar o bom aprendizado permanentemente, e assim buscar o primeiro lugar do Ideb.
Além dessa bonificação, também a capacitação dos professores?
Nós já fizemos bastante e nós temos que ensinar também, atualizar permanentemente quem ensina as nossas crianças. Nós temos o Imap, que é o Instituto Municipal de Administração Pública, que faz esse trabalho de aperfeiçoamento também em graduações e pós-graduações, valorizar quem vai fazer graduações e pós-graduações fora da rede municipal para que isso seja valorizado na sua carreira, isso é importante. Então, o permanente preparo do professor que cuida das nossas crianças também é um compromisso.
Agora, sobre transporte coletivo. Essa é uma das principais reclamações da população, que diz, em vários momentos, ser muito caro, com ônibus lotado, principalmente em horários de pico. Curitiba tem a tarifa mais cara entre as capitais, junto com Porto Velho e Florianópolis, e o ano que vem vencem os atuais contratos do transporte coletivo. O que o senhor pretende apontar nessa próxima licitação para garantir de fato o transporte de qualidade a um preço mais baixo?
Lembrando que quando nós assumimos, pegamos um contrato em andamento. E ainda assim conseguimos fortalecê-lo, trocamos 500 ônibus e mantivemos a qualidade e o nosso transporte é integrado com a Região Metropolitana, que paga uma passagem só. Já estou dizendo que vou integrar temporalmente para que possa fazer a troca de ônibus também fora dos terminais, que é importante, e vou fazer na concessão, que nós já estamos fazendo, nós contratamos quase dois anos antes do fim da concessão, que é setembro do ano que vem. Então, em dezembro do ano passado, contratamos o BNDES, responsável por estruturação de projetos, para construir o novo edital de licitação para o próximo transporte, na próxima gestão. Vou fazer a nova concessão com transparência, audiências públicas, mais integração, e isso vai permitir a gente ter diminuição de custos. E, aí sim, com responsabilidade, no novo contrato, fazer a redução da tarifa responsável.
O que eu me comprometo, a partir de janeiro, são duas coisas possíveis dentro das contas públicas, fruto que nós estamos deixando a gestão com uma saúde fiscal e financeira neste ano: a tarifa pela metade aos domingos e feriados, que é uma demanda da população e hoje nós podemos nos comprometer com a tarifa a R$ 3 para que as famílias tenham lazer, possam possam visitar familiares, irem na missa, no culto. E uma inovação, que é a tarifa zero para o desempregado. Quem estiver momentaneamente procurando emprego e tiver que, por exemplo, que fazer uma entrevista de emprego dentro da cidade, vai ter sua passagem paga pela prefeitura. E aí sim, na nova concessão, com todos os critérios, com toda a questão transparente da licitação, buscar diminuir o preço da passagem.
E como garantir financeiramente esses benefícios? O senhor falou já no início do próximo mandato, mas como garantir isso? Por que não foi feito até agora?
Porque quando nós iniciamos a administração tivemos que fazer um reajuste fiscal forte, todos lembram. Depois nós tivemos a pandemia, que tirou usuários do transporte coletivo e, até hoje, ainda nós não voltamos com a capacidade de passageiros que tínhamos na época.
Agora que nós conseguimos organizar o nosso orçamento com efetividade, com as obras em dia, com as contas em dia, é possível organizar essa questão. Então é por isso que essa proposta está podendo ser feita agora com muita responsabilidade. E ano que vem nós teremos o maior orçamento recorde da história, quase R$ 15 bilhões, e também o maior investimento livre, quase um R$ 1,5 bilhão.
Ainda sobre transporte, muito se discutiu ao longo dos últimos anos a criação do metrô em Curitiba. O assunto, porém, não avançou. Por outro lado, tem a questão do VLT, que é apontado como uma alternativa. No seu plano de governo há a proposta de um VLT ligando Curitiba ao aeroporto Afonso Pena, em São José dos Pinhais. Por que o VLT e não o metrô? O que mudou nesse tempo?
O custo. O metrô é extremamente caro, não há recursos no país. É 10 vezes mais caro que o VLT, e não há recursos nem na iniciativa privada. Mas há recursos que nós vamos buscar para fazer o VLT. Eu acredito nesse projeto. Quando eu era secretário de Estado das Cidades, com Curitiba e São José dos Pinhais, nós já contratamos também, em paralelo com o do transporte coletivo, porque é importante que são linhas que se sobrepõem, contratamos o estudo de viabilidade técnica e econômica para estudar se é viável um VLT entre Curitiba e o nosso aeroporto internacional.
Pelo eixo Marechal, onde nós já temos um carregamento alto de passageiros que fazem o trabalho para São José [dos Pinhais] e São José [dos Pinhais] para Curitiba. Então, Centro Cívico, centro da cidade, terminal do Hauer, do Carmo, do Boqueirão, o terminal central de São José dos Pinhais até o aeroporto, substituindo os ônibus de canaleta, o BRT para o VLT. Na metade do ano que vem, o estudo vai nos mostrar a viabilidade. Eu acredito nessa viabilidade, é um modal ambientalmente mais limpo, consegue carregar mais passageiros e será também viabilizado através de concessão pública na Bolsa de Valores, com transparência.
Então, eu acredito nesse passo inovador que a cidade pode ter e já vai ter um gatilho para deixar, sendo viável e dando certo, a possibilidade de, num futuro breve, fazer também do Centro Cívico até o Santa Cândida. Mas isso é o estudo que vai nos mostrar e aí nós que vamos tomar a decisão.
Na metade do ano que vem, o estudo [do BNDES] vai nos mostrar a viabilidade do VLT.
Eduardo Pimentel (PSD), candidato a prefeito em Curitiba
A questão do transporte tem muito a ver com a cidade como um todo, a parte urbanística, a ocupação de todos os bairros. Isso é algo que o Jaime Lerner fez, do que ele deixou de legado para a cidade. Como o senhor avalia esse legado do Jaime Lerner e como é possível manter Curitiba como, de fato, um exemplo para o país?
E aí que está a responsabilidade que eu peço o voto do eleitor. Curitiba precisa ter um prefeito preparado, que viveu a cidade. Não podemos cair no discurso fácil ou no retrocesso. Manter Curitiba no bom caminho para os próximos quatro anos. O legado que o Ippuc [Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba] tem é fundamental, todo prefeito que não seguiu as diretrizes do Ippuc, o planejamento da cidade, não foi bem. A nossa administração teve a capacidade, e é isso que nós vamos levar em frente, de planejar, mas mais do que planejar, tirar do papel, colocar as obras e ações de pé. Isso é gestão.
E o prefeito Jaime Lerner foi um grande ícone da gestão municipal, como foram outros nomes, e como é o prefeito Rafael Greca, que também tem três mandatos eleitos na nossa cidade. Esse legado que nós temos que defender. E esses oito anos ao lado do prefeito Greca, ao lado dele no Ippuc, planejando, mas mais do que planejando, executando, é que nós queremos garantir pelos próximos quatro anos. E o planejamento consistente, inclusive.
A partir do ano que vem, nós vamos recomeçar a discutir mais uma vez a atualização da lei de zoneamento do município. Isso tem que ser feito com responsabilidade, escutando a sociedade civil organizada, mas sempre priorizando o interesse público no crescimento, para onde a cidade pode crescer comercialmente, industrialmente, mantendo a sustentabilidade e as áreas verdes - que nós aumentamos de 62 para 68 metros quadrados de área verde por habitante. E na nossa gestão, se Deus quiser, vamos passar de 70. Então, essa discussão tem que ser com muita responsabilidade e é isso que eu ofereço para a população da cidade, essa responsabilidade, credibilidade e saber de tomar decisões.
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