Luciano Ducci é candidato a prefeito de Curitiba pelo PSB nas eleições 2024.| Foto: Divulgação/Campanha Luciano Ducci
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Luciano Ducci (PSB) foi prefeito de Curitiba por quase três anos, entre março de 2010 e janeiro de 2013. Ele assumiu o cargo quando Beto Richa (PSDB) deixou a prefeitura para despachar no Palácio Iguaçu. Mais de 10 anos depois, de aliado tucano, Ducci deu uma guinada à esquerda, juntando-se a PT e PDT, para tentar voltar à prefeitura, dessa vez eleito como cabeça de chapa e com Goura (PDT) de vice.

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Médico de formação, Luciano Ducci afirma que a experiência na área da saúde faz com que saiba como resolver os problemas de filas para consultas e exames especializados na capital. Da mesma forma, promete creches para todas as crianças, mesmo que demore para construir as estruturas. Na segurança, quer uma Polícia Municipal Comunitária para ficar próxima da população.

Em entrevista à Gazeta do Povo, o hoje deputado federal cogita resgatar o projeto do metrô em Curitiba — foi na gestão dele com Richa que o assunto ganhou corpo —, mas só se o governo federal apoiar financeiramente. Enquanto isso, adianta que vai trabalhar fortemente para reduzir o preço da passagem de ônibus a partir da nova licitação prevista para 2025.

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Todos os candidatos à prefeitura de Curitiba foram convidados pela reportagem da Gazeta do Povo para entrevista.

Confira a entrevista com o candidato Luciano Ducci 

Na eleição para a prefeitura de Curitiba em 2012, o senhor criticou a aliança entre PDT e PT. Em 2016, votou pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. Como explicar, agora, uma coligação em que o senhor é cabeça de chapa com um vice do PDT em uma coligação que tem o PT?

Vou disputar a minha oitava eleição pelo mesmo partido, nunca mudei de partido ao longo dessa trajetória toda de disputas eleitorais, e o PSB fez a opção de fazer uma aliança com o PT, indicada pelo vice-presidente da República, Geraldo Alckmin. E nós estamos juntos nessa aliança, sim, sem nenhuma dificuldade, trabalhando bastante nos bairros, na organização da campanha, com o apoio do presidente da República. E a gente pretende, ao longo ainda dessa campanha, fortalecer a nossa candidatura, ir para o segundo turno, e se der tudo certo, vencer as eleições.

Apesar da decisão do PT nacional, o partido localmente foi veementemente contra o lançamento da sua candidatura como representante da esquerda. Como está a relação interna e a participação de fato do PT na sua campanha?

Acho que essa conversa é parcial, porque tem mais de um ano, desde junho do ano passado que os partidos vêm se reunindo, discutindo as candidaturas. E a maioria do Partido dos Trabalhadores sempre aprovou a aliança com o PSB, mesmo tendo alguns pré-candidatos também se colocando, como foi o caso do Zeca [Dirceu], do [Felipe] Magal e da deputada Carol Dartora. Mas a ala majoritária do PT sempre apoiou a nossa candidatura.

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Hoje, com essa composição, o senhor se considera um representante da esquerda brasileira?

Olha, eu me sinto um representante das políticas sociais que eu sempre defendi ao longo da minha trajetória política. Desde quando fui médico de posto de saúde, depois quando fui diretor da agência sanitária, diretor da área de assistência à saúde, da municipalização do SUS e de quando fui secretário em Curitiba. Acho que poucas pessoas transitavam tanto pela área social da cidade de Curitiba como eu transitei ao longo da minha carreira política e técnica dentro da prefeitura. Então, não tenho nenhuma dificuldade em ser taxado de direita, de esquerda, de centro. A minha trajetória diz exatamente de que lado eu sempre estive. E sempre estive lá com as pessoas que mais precisaram da administração pública.

O ex-presidente Jair Bolsonaro recebeu quase 65% dos votos no segundo turno contra o presidente Lula em Curitiba, mostrando uma predileção do eleitorado curitibano por políticos de direita. Como o senhor pretende inverter esse cenário para ser eleito?

Eu acho que é mostrando as propostas que nós temos para a cidade de Curitiba. Acho que quem tem acompanhado os programas eleitorais, nós temos feito uma discussão muito forte sobre as nossas propostas e o pessoal que mora na cidade de Curitiba acho que não quer saber muito se é esquerda, se é direita, quer saber sim das pautas que interessam e influenciam na vida delas no dia a dia. Se vai ter vaga na creche, se vai ter hospital para atender uma urgência, emergência, se vai ter equipe de assistência social para tratar a situação das pessoas em situação de rua. Nós estamos mostrando isso na nossa campanha. E a campanha municipal não é uma campanha federal, nacionalizada, aqui é uma campanha local, e você tem que mostrar o que já fez para a sociedade e o que pretende fazer.

Não tenho nenhuma dificuldade em ser taxado de direita, de esquerda, de centro.

Luciano Ducci, candidato à prefeitura de Curitiba
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O seu candidato a vice, o deputado estadual Goura, foi o segundo mais votado na eleição passada. Qual a importância da presença dele na campanha? Ele tem aparecido bastante na propaganda eleitoral…

Olha, assim, o Goura é uma pessoa do bem, uma pessoa que tem uma militância na nossa cidade, já conhecida por todos. Uma pessoa que defende o meio ambiente, ambientalista, com fortes vínculos na área social. E para mim é uma satisfação muito grande ter o Goura de vice. Ele aparece bastante porque a gente não vai governar a cidade sozinho, não vou ser o reizinho de Curitiba e, sim, vou ser um administrador que vai ter um vice de parceiro, que vai montar uma superequipe preparada, a grande maioria servidores públicos de carreira da prefeitura, pessoas que conhecem a cidade e a administração municipal, para que a gente possa realmente fazer uma transformação, produzir grandes avanços para a cidade de Curitiba. E essa é a nossa expectativa.

O deputado Goura, aliás, tinha o desejo de encabeçar uma chapa do PDT para a prefeitura de Curitiba, mas não conseguiu apoio suficiente para viabilizá-la. Mesmo assim lançou uma plataforma chamada “Curitiba que queremos”, com propostas para a cidade. O que a sua campanha aproveitou dessas ideias?

Olha, estão todas no nosso plano de governo, nós aproveitamos todas as propostas do PDT, do PT, do PCdoB, do PV, incorporamos todos, fizemos uma discussão grande entre todos nós e todas elas que foram compatíveis entre os partidos. Hoje estão no nosso plano de governo.

O seu plano de governo fala em concentrar energias no setor da educação, começando por zerar a fila das creches. Como o senhor pretende garantir o acesso a todos e em quanto tempo espera concretizar isso?

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Acho que nós temos que ir por partes nessa pauta, porque nós temos propostas múltiplas na área da educação infantil. A primeira proposta é o novo Mãe Curitibana. O Mãe Curitibana todo mundo conhece, foi implantado em 1999 e virou referência no Brasil no atendimento à gestante, garantido a todas as gestantes na primeira consulta saber em qual maternidade a mãe iria ganhar o seu nenê. Isso depois virou em São Paulo, eu fui lá e ajudei o [José] Serra a implantar a Mãe Paulistana, ajudei o Eduardo Campos a implantar a Mãe Coruja [em Recife]. Aqui virou a Mãe Paranaense, o governo federal fez a Rede Cegonha e universalizou o projeto do Mãe Curitibana no Brasil inteiro. Outros países, inclusive, pegaram como referência o Mãe Curitibana, principalmente países da África.

O novo Mãe Curitibana, o que é? Na primeira consulta, a mãe vai saber em qual maternidade vai ter o nenê, em qual creche o seu filho vai ficar depois que acabar a licença gestação. Isso, em São Paulo, existe há quatro anos no Mãe Paulistana. Não é nenhuma invenção nossa. E é um programa super simples de montar. Basta você pegar os dados epidemiológicos da cidade, das regionais, pegar os dados de creches em Curitiba - as públicas, as privadas e as filantrópicas, fazer o desenho regional e contratar as vagas necessárias para atender a demanda existente em cada regional administrativa da prefeitura e de Curitiba.

Temos um compromisso, junto com o governo federal, já consensado com o ministro [da Educação] Camilo Santana, da construção de 25 creches em Curitiba. Construir creche em Curitiba você não faz em seis meses e nem em um ano, porque até viabilizar as áreas, montar o projeto, fazer as licitações todas, vai levar uns dois anos e meio para começar a entregar essas creches todas. E as 25 creches nós entregaremos, sim, durante o nosso mandato, e depois vai saindo da área privada e indo para a área pública, com as vagas na área pública. Então, a gente pretende resolver a situação nessa dinâmica. Novo Mãe curitibana, novas creches e contrato, por enquanto, contratando vagas privadas ou filantrópicas durante esse interstício entre uma coisa e outra.

Temos um compromisso, junto com o governo federal, já consensado com o ministro Camilo Santana, para construção de 25 creches em Curitiba.

Luciano Ducci, candidato do PSB à prefeitura de Curitiba

Além disso, de que forma um eventual mandato seu vai trabalhar para melhorar a qualidade de aprendizagem?

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É bom lembrar que enquanto eu fui prefeito, enquanto fui vice-prefeito, Curitiba sempre ficou em primeiro lugar no Ideb [Índice de Desenvolvimento da Educação Básica] entre as capitais. Isso tem que ser bem lembrado para mostrar como nós trabalhamos de forma muito séria a questão da educação. Hoje, Curitiba transita entre quarto e quinto lugar entre as capitais no Ideb. Então, tem uma queda na questão da qualidade de educação na nossa cidade. No Paraná, Curitiba transita na faixa dos 232 na qualidade de educação medida pelo Ideb, o que é uma vergonha para a cidade.

O que eu pretendo fazer? Começar de cara a fazer concurso público para contratar professores de carreira para a prefeitura e não professores temporários, como tem sido feito, através do PSS [Processo Seletivo Simplificado], quando a prefeitura não investe na capacitação desses professores. Nós vamos voltar a fazer concurso público, capacitar professores, envolvê-los em todo o processo, eles vão estar sempre presentes no seu território, vão conhecer as famílias dos alunos, então tem que dar uma mexida geral nesse modelo que nós temos hoje na cidade.

A gente vai fazer isso começando pelos concursos públicos, pela valorização do professor, pelos planos de cargos, carreiras e salários dos professores e dos demais servidores da prefeitura que foram abandonados há oito anos. Então, retomar esse orgulho de ser servidor público de Curitiba.

Na saúde também há filas para o atendimento nas UPAs e nas UBSs, além de consultas e exames especializados. Como agilizar o atendimento e garantir o acesso rápido da população à saúde?

Não vai resolver em três ou quatro meses. Tem mais de 200 mil pessoas na fila e é uma fila que se renova sistematicamente. É preciso ter um plano de ataque para poder resolver isso. O que nós vamos fazer é, primeiro, melhorar a atenção básica de saúde que está sendo totalmente terceirizada. Fazer concurso público para contratar profissionais de saúde para atenção básica e criar vínculo com a população. A gente sabe que a atenção básica, resolutiva, resolve mais de 80% dos problemas das pessoas que estão na fila. Segundo, eu considero fundamental retomar de forma muito organizada os mutirões da saúde para dar um limpa na fila. Já fizemos lá atrás, dá para fazer novamente. Aumentar o número de contratos com os hospitais, a parceria com os hospitais públicos, filantrópicos e privados, para a gente abrir na contratualização novos pacotes resolutivos na área das especialidades médicas. Então, ortopedia, você contrata um pacote que vai dar consulta até a cirurgia. A gente vai ter que montar esses novos contatos com os prestadores de serviço.

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Nós vamos criar também um novo hospital na cidade de Curitiba, como eu já fiz o Hospital do Idoso e que inauguramos em 2012. Eu tinha participado da transformação do hospital do Portão em Hospital do Trabalhador. E agora vamos retomar uma proposta de 2012, que é fazer um hospital e pronto-socorro municipal de 400 leitos, e um hospital com parque tecnológico muito avançado, que vai resolver os problemas da urgência e emergência na nossa cidade.

Não dá para Curitiba ficar dependendo do Hospital do Rossio, lá em Campo Largo; do Hospital Angelina Caron, lá em Campina Grande do Sul. Agora, Colombo está construindo um hospital, não queremos que dependam de Colombo, ou do hospital que estão construindo em São José dos Pinhais. Nós queremos que Curitiba garanta o atendimento da urgência e emergência aqui em Curitiba, para que as pessoas não corram risco de vida num transporte mais demorado. Esse hospital de 400 leitos vai ter 150 leitos de enfermaria, 150 leitos de UTI e 100 leitos de pronto-socorro. Com equipe, a pessoa teve um derrame, vai ter equipe da neurocirurgia lá. Teve um infarto, vai ter equipe da cardiologia lá. Precisou fazer um abdômen agudo, uma cirurgia de urgência, vai ter equipe de cirurgia geral. Sofreu um acidente, a equipe da ortopedia vai estar lá para atender. Enfim, nós vamos estar com um sistema superorganizado com esse novo hospital.

A gente vai ter parceria com o governo federal para montar o hospital. Um hospital que vai custar aproximadamente R$ 250 milhões, que vai ser credenciado pelo SUS. Como ali no Hospital do Idoso, nós vamos fazer a ala 80+, que vai ser credenciada pelo SUS. Muitas pessoas que vão estar com Parkinson, com Alzheimer, ou vão ter que colocar uma prótese de quadril, por exemplo, tem que ter um centro de fisioterapia, é uma ala que tem o espaço para ser construído, já temos um pré-projeto para isso.

Lá no Bairro Novo, também vamos avançar na especialidade da ginecologia. O hospital que tem lá hoje - que está somente atendendo pacientes em estado terminal - vai ser um hospital da mulher curitibana, voltado às especialidades ginecológicas, principalmente, além da maternidade. A ginecologia é uma grande demanda que nós temos e que as mulheres têm grande dificuldade em conseguir acesso. Nós vamos colocar ali um grande centro de especialidades e com horário estendido até as 22h.

Temos boas propostas, eu entendo bem de saúde, modéstia à parte. Eu fui responsável pela organização do nosso sistema de saúde em Curitiba até 2012. E pelo menos, depois de 2012 para cá, já não é uma parte que me pertence, mas até 2012 tivemos um sistema robusto e que sempre foi modelo para o Brasil. E vai voltar a ser.

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Nós vamos criar um novo hospital, como eu já fiz o Hospital do Idoso e que inauguramos em 2012.

Luciano Ducci, candidato do PSB à prefeitura de Curitiba

Pesquisas apontam que a segurança pública é o principal problema de Curitiba. E há uma vontade da população de ver a Guarda Municipal atuar como uma corporação policial. O seu plano de governo fala em criar a Polícia Municipal de Curitiba. Como seria a atuação e de que forma seria diferente do que a corporação faz hoje? Poderia citar algum exemplo?

Olha, assim, o conceito de Polícia Municipal vem se fortalecendo desde 2018, quando foi implantado o Susp, o Sistema Único de Segurança Pública. Posteriormente,com discussões em Brasília, e o STF [Supremo Tribunal Federal], que também já considera as guardas municipais participantes do Sistema Único de Segurança Pública. Tem a PEC 57, que discute essa situação também. E tem já municípios, como é o caso de Belo Horizonte, que aprovou lei de criação da Polícia Municipal.

Nós aqui queremos criar a Polícia Municipal Comunitária de Curitiba. Nós temos 1,4 mil guardas municipais em Curitiba, na minha época tinha 1,7 mil e nós vamos dar um salto para 2,5 mil, que é um número mínimo para ter um sistema de segurança minimamente adequado e funcionando bem na cidade de Curitiba. Quero que a Polícia Municipal Comunitária esteja presente nos bairros, que seja amiga das pessoas, que conheça as pessoas que moram naquele bairro, que conheça o comércio do bairro, que conheça quem é o diretor da escola, quem é o diretor do posto de saúde, que conviva com a comunidade. Então, não vai ser uma polícia que vai estar se alternando de forma sistemática, vai estar mais localizada e trabalhando em parceria com a comunidade.

Além disso, a polícia comunitária, a gente pretende - eu já combinei com a Associação Comercial do Paraná - nós vamos fazer a patrulha do comércio. Vai ter um destacamento que vai ser a patrulha do comércio, igual nós temos a patrulha Maria da Penha, e uma patrulha especial que envolve o transporte público das cidades, como já teve lá atrás, em 2010, 2011. Nós tínhamos uma patrulha que trabalhava dentro do transporte público, e a gente tem visto muitas questões de violência dentro do transporte. A gente precisa ter gente lá dentro cuidando um pouco mais disso e pegando as pessoas que estão fazendo ilegalidades dentro do transporte. Então, avançar bastante nisso, com capacitação, profissionais de nível superior, câmeras corporais, muito treinamento, para que essa polícia possa realmente dar resultados que a população espera e que a gente espera também.

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A população em situação de rua em Curitiba é estimada em mais de 3 mil pessoas. Hoje a FAS (Fundação de Ação Social) é o órgão responsável por essa questão. O seu plano de governo fala em extinguir a FAS e criar uma Secretaria de Assistência Social e Cidadania. Acaba sendo apenas uma mudança de nomenclatura ou realmente é fazer diferente do que é feito hoje?

Primeiro, a Secretaria faz com que a atividade mude de status. Vai ser igual à Secretaria da Saúde, à Secretaria da Educação. A Secretaria Municipal de Assistência Social e Cidadania vai fazer parte desse corpo de grandes secretarias da administração pública, com investimentos mais direcionados, com implantação, de fato, do Sistema Único de Assistência Social na nossa cidade, que é o Suas, tem muitas ações do Suas, e hoje a FAS não compatibiliza com o Ministério da Cidadania, por exemplo. Então, nós vamos tentar fazer com que a Secretaria realmente tenha uma ação concreta.

Segundo ponto é que nós temos hoje um corpo da FAS que trabalha muito, se dedica bastante, mas é muito reduzido. A área de assistência social na nossa cidade tem um pessoal que trabalha, mas o número é muito pequeno para trocar os Creas, os Cras, os PIAs, pessoas em situação de rua, então. Precisamos encorpar essa secretaria e fazer uma aliança entre saúde, assistência social, polícia municipal, que a gente possa fazer também um trabalho conjunto com essas três esferas.

Eu espero muito que a gente possa começar com as pessoas em situação de rua, fazendo um trabalho de um grande senso. Nós não sabemos as pessoas que estão na rua. Como você falou, é 3 mil, é 4 mil, tem gente que fala que é 7 mil. A gente não sabe o número de pessoas exatas e nem próximo disso, a gente não sabe o nome das pessoas, não sabe por que as pessoas estão na rua. Se elas estão por um problema de doença mental, por um problema de álcool, por um problema de droga, ou estão lá escondidas no meio das pessoas em situação de rua, se escondendo de algum mal feito que fizeram.

Nós temos várias entidades que trabalham com pessoas em situação de rua ou trabalham na área social. Como nós temos a Pastoral da Pessoa em Situação de Rua, nós temos entidades religiosas da Igreja Católica, Evangélica, que fazem trabalhos também na área do álcool, na área da droga, na área da formação também, na capacitação profissional. Tem pessoa que está na rua porque não tem moradia. Então, nós temos que achar cada caso e resolvê-lo. Acho que se a gente conseguir chegar nesse ponto e fazer um grande centro, se identificar todo mundo e procurar direcionar cada um para um local adequado, a gente consegue diminuir fortemente o número de pessoas em situação de rua.

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E o centro da cidade de Curitiba não pode mais conviver com a situação que estamos convivendo hoje. O comércio está deteriorado, as lojas estão fechando, o turista não vai mais para o nosso centro. Então, temos que encontrar uma forma de resolver e compatibilizar todas essas situações, entendendo a situação da pessoa que está em situação de rua, mas entendendo também a situação das outras pessoas que convivem na cidade. É questão de procurar dar uma harmonizada nessa situação toda. Isso é uma das coisas mais fortes que nós queremos fazer dentro da nossa administração.

Quero que a Guarda Municipal esteja presente nos bairros, que seja amiga e conheça as pessoas que moram naquele bairro.

Luciano Ducci, candidato do PSB à prefeitura de Curitiba

Em 2025 vencem os atuais contratos do transporte coletivo de Curitiba. Caso eleito, de que maneira a sua gestão vai desenhar uma nova licitação que possa reduzir o preço da passagem, já que Curitiba tem hoje a tarifa mais alta entre as capitais, junto com Porto Velho e Florianópolis?

Tem um ponto de partida que é o atual contrato. É ver o contrato que foi assinado lá atrás, fazia parte da nossa gestão, administração, e como está esse contrato hoje? Quais foram as alterações que levaram Curitiba de 11ª tarifa entre as capitais a ser a mais cara de todas agora? O que levou, quando a gente trocou a frota, 1,2 mil ônibus novos e hoje nós temos uma frota sucateada na cidade, e sem a renovação periódica de 10 anos, como deveria ter acontecido. O que levou que nós tínhamos a tarifa domingueira a R$ 1,00 até o final do mandato, e a atual gestão acabou com a tarifa domingueira?

Tinha o ligeirão azul e acabaram. Por quê? Tem motivos para terem acabado com o ligeirão azul? Quem foi beneficiado com isso? A prefeitura deu subsídio de R$ 500 milhões para o transporte público, principalmente durante a pandemia, quando não podia circular muito ônibus, e os ônibus andavam todos lotados, e para o comércio da cidade não deram nenhum tipo de subsídio, aliás, aumentaram o IPTU fortemente durante esse período, e acabou impactando na vida de todo o comércio da nossa cidade. A prefeitura de Curitiba contratou junto ao governo federal, ao BNDES, um estudo sobre a licitação, sobre viabilidades de processos licitatórios. Nós vamos pegar esse contato, ver o que mudou, pegar o estudo do BNDES e montar uma equipe técnica para fazer uma análise de todas as situações.

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Eu não sei te dizer agora o que vai acontecer em agosto, setembro do ano que vem, no formato da licitação. Mas vai ter uma discussão ampla com toda a sociedade, para buscar um modelo que realmente reduza a tarifa, que a tarifa seja mais justa e acessível. Mas a primeira coisa que a gente vai fazer, de cara é, dia 26 de janeiro, implantar a tarifa domingueira zero. Aos domingos, ninguém paga ônibus em Curitiba. E não é nenhuma doidice, porque tem gente prometendo a R$ 1,00, outro que acabou com a tarifa domingueira, agora está prometendo a R$ 3,00, e São Paulo pratica tarifa zero aos domingos há um bom tempo.

E nós queremos fazer um grande movimento com a tarifa domingueira na cidade como um todo, com várias atividades culturais, aproveitando os artistas da nossa cidade, e viabilizar para que as pessoas possam realmente se deslocar e visitar os parques da cidade, irem para cultos, missas, enfim. Acho que tem um movimento para ser feito e tem que ser mexido mesmo nesse processo todo da licitação do novo transporte, sem discutir ainda os novos modais, discutindo somente a licitação do ônibus, sem falar em novos modais.

O seu plano de governo cita o debate por um modelo de gratuidade. Como o senhor pretende trabalhar nesse sentido? Já em 2025 é possível, com novos contratos?

Olha, eu entendo bem desse assunto, modéstia à parte. Como eu participei bastante da construção do SUS, e a lógica é do sistema único de mobilidade, porque você tem que montar um sistema. E um sistema único de mobilidade não depende de uma prefeitura, depende muito de uma articulação junto ao Congresso Nacional. São leis que precisam ser mexidas e substituídas para realmente criar um sistema único de mobilidade urbana que permita que cada um, com a construção de fundo municipal, estadual e nacional de mobilidade urbana, tenha um conjunto de fundos que possibilitem receitas para manter uma tarifa zero todos os dias da semana. É possível? É possível, sim. É difícil? Não é tão difícil quanto as pessoas imaginam. Muita gente se furta da discussão. Mas se você mexer em três ou quatro leis nacionais, consegue sim implantar. Só que é preciso ter a vontade política de fazer isso, porque isso vai desagradar muitas pessoas, vai desagradar quem recebe o vale-transporte, porque isso acaba com o vale-transporte.

Então, se mexe muito com a dinâmica da população, com a dinâmica do ir e vir de cada um, mas é possível. Eu sou um defensor da tarifa zero todos os dias, e se me desse a oportunidade de fazer o projeto, eu faria.

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Tem que ter uma discussão ampla com toda a sociedade para buscar um modelo que realmente reduza a tarifa do ônibus, que a tarifa seja mais justa e acessível.

Luciano Ducci, candidato do PSB à prefeitura de Curitiba

O metrô de Curitiba foi descartado pela atual gestão. Caso eleito, o metrô voltará à pauta ou é possível pensar em outros modais, como VLT (veículo leve sobre trilhos), e isso seria a solução para que as pessoas deixem o carro, reduzindo os congestionamentos? E o preço seria mais baixo?

Olha, vou dizer assim para você, Gustavo. O metrô, eu não coloquei no meu plano de governo, coloquei até como uma oportunidade perdida. A gente perdeu uma oportunidade lá em 2012, quando a gente não se reelegeu, a gente não conseguiu licitar por questões burocráticas. O CIC-Santa Cândida é um projeto que está pronto, desenhado com todas as metodologias construtivas.

Eu tenho uma responsabilidade muito grande. O VLT no Japão, por exemplo, tem cidades que são consideradas atrasadas por causa do VLT. Então, assim, o mundo ainda avança na questão do metrô. As grandes cidades, todas que se viajam, têm metrô. Buenos Aires tem metrô. Aqui no Brasil tem metrô também. E Curitiba fica estagnada com esse pensamento de que não dá para fazer o metrô. Eu não consigo imaginar Curitiba daqui a 30, 40 anos sem metrô. Difícil você imaginar Curitiba daqui 30, 40 anos, sem metrô, e você se deslocando para Fazenda Rio Grande, Pinhais, Almirante Tamandaré, Itaperuçu, Rio Branco do Sul, para todos esses locais da da Região Metropolitana de ônibus.

Eu não consigo imaginar Curitiba daqui a 30, 40 anos sem metrô.

Luciano Ducci, candidato do PSB à prefeitura de Curitiba
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Então, acredito muito no metrô. Se eu vencer as eleições, eu não tenho dúvida de que eu vou pegar o projeto do metrô e vou lá para Brasília. Se eu vou conseguir o dinheiro ou não vou conseguir, não sei. Mas vou levar o projeto debaixo do braço e vou conversar com o governo federal. Era para a gente ter feito lá em 2012. Belo Horizonte fez, Salvador e Porto Alegre também. Nós não conseguimos fazer. Dá para a gente recuperar no PAC da mobilidade. Hoje, tem recurso. Se eu conseguir levar lá e convencer o governo de que eles vão ajudar no município de Curitiba a fazer o metrô, eu toco o projeto para frente. Se não tiver recurso, não tem como estar prometendo uma coisa que Curitiba não dá conta de resolver sozinha.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]