Luizão Goulart (Solidariedade) é bastante conhecido em Pinhais, cidade da Região Metropolitana de Curitiba, onde foi prefeito por dois mandatos. No pleito de 2012, ainda pelo PT, foi reeleito com 94% dos votos válidos, a maior votação proporcional de um prefeito no Brasil naquele ano. É com esse histórico que Luizão entra pela primeira vez na disputa pela prefeitura de Curitiba, com a ideia de transportar o que fez na cidade vizinha para a capital paranaense, mas com a dificuldade de transmitir isso aos eleitores curitibanos — o tempo de propaganda gratuita dele na televisão é de 17 segundos.
Em entrevista à Gazeta do Povo, o candidato do Solidariedade defendeu fazer o “básico bem feito” para resolver os problemas de Curitiba, especialmente nas áreas de saúde, educação, segurança pública e transporte coletivo. A partir disso pretende buscar soluções mais pontuais, como uma Guarda Municipal direcionada para a segurança ostensiva e novos modais de transporte, incluindo o metrô.
O candidato promete, também, acabar com a população de rua, usando a própria estrutura administrativa para gerar vagas de trabalho. Todos os candidatos à prefeitura de Curitiba foram convidados pela reportagem da Gazeta do Povo para entrevista.
Confira abaixo a íntegra da entrevista com o candidato Luizão Goulart
O senhor foi prefeito de Pinhais por dois mandatos e saiu com nível de aprovação alto, fato que é usado na sua campanha. De que forma essa história em Pinhais pode ser importante em um eventual mandato de prefeito em Curitiba?
O que pode ser importante é o sucesso da gestão. Eu consegui implantar um modelo de gestão técnica e profissionalizada no município que tinha todo tipo de problema, desde infraestrutura, segurança, problema na saúde, até educação, alagamentos pela cidade. E em cada uma das áreas nós conseguimos um bom resultado, à custa de planejamento, de organização, de uma equipe bem preparada. Não foi numa área que Pinhais se destacou, não foi só na educação ou só na saúde ou na infraestrutura ou na sustentabilidade. Pinhais é hoje referência nacional em sustentabilidade.
Esse modelo que deu certo e continua dando certo que eu pretendo implantar em Curitiba. Embora a proporção de tamanho de Pinhais com Curitiba seja diferente em termos territoriais ou até populacionais, a forma da gestão pública não difere muito, considerando também que Curitiba tem um orçamento proporcionalmente bem mais generoso do que o município de Pinhais.
O que foi feito em Pinhais que o senhor entende que poderia ser replicado em Curitiba?
Na habitação, por exemplo, eu percorro Curitiba, tenho um levantamento. A própria Cohab admite que tem um déficit habitacional de 50 mil moradias. E nós temos em Curitiba mais de 450 ocupações irregulares, das mais diversas e em todas as regionais. Na regional Matriz, por exemplo, nós temos três ocupações antigas. Na [regional] Boa Vista, são mais de 100 ocupações irregulares. Santa Felicidade, Cajuru, CIC, nem se fala. Não só a região Sul, no Bairro Novo ou Tatuquara, nós temos na cidade inteira.
Eu tenho um exemplo bem sucedido no município de Pinhais. Tínhamos um problema em que às margens dos rios havia centenas de famílias em áreas de risco e nem conseguíamos chegar no rio para resolver o problema de alagamento. E ali nós tivemos a realocação de centenas de famílias. Eu fui atrás de parceria com o governo do estado e o governo federal. Dei qualidade de vida para essas famílias, casa com infraestrutura e consegui dar uma resposta em relação aos alagamentos, às enchentes que aconteciam na cidade, porque eu consegui entrar e recuperar os rios. Construí, inclusive, parques lineares na divisa aqui com Curitiba, no Bairro Alto e Capão da Imbuia, a população de Curitiba se beneficiou porque acabou com os alagamentos a partir do trabalho que eu realizei em Pinhais. Esse é um trabalho que eu consigo realizar em Curitiba.
O principal é um modelo de gestão técnica, profissionalizada, com planejamento, organização e transparência.
Luizão Goulart (Solidariedade), candidato a prefeito em Curitiba
Uma escola em tempo integral também. Desenvolvemos um modelo modelo próprio para a região, não são duas turmas numa escola em tempo integral. É a escola toda no formato de construção de pedagogia em tempo integral. É um modelo que funciona bem em Curitiba. Na área da segurança pública, eu criei uma Guarda Municipal que não havia em Pinhais. E é uma das melhores hoje, bem preparada e próxima da população. Trabalhando em parceria com a Polícia Militar e com a Polícia Civil, claro, mas a agilidade da Guarda é melhor, de chegar mais rápido no cidadão. Além de câmeras de monitoramento, muralha digital, usando tecnologia para melhorar a segurança da população. Mas o principal mesmo, como guarda-chuva, é um modelo de gestão técnica, profissionalizada, com planejamento, com organização e com transparência.
E o que não daria para ser replicado?
Eu tenho um exemplo bem sucedido em Pinhais que é na área de pessoas em situação de rua. Em Curitiba é uma população grande, é a sexta cidade brasileira. Mas eu tenho uma proposição de criar frente de trabalho para essas pessoas trabalharem nos próprios órgãos da prefeitura, no Meio Ambiente e em Obras. Pela quantidade, claro, é mais difícil. Mas tem um modelo já bem sucedido, e pode ser possível implantar em Curitiba.
O Solidariedade montou chapa pura para a eleição. Isso não torna a campanha mais difícil em um cenário com candidatos de grupos tradicionais em Curitiba?
A disparidade de oportunidades é muito grande. Quando eu tenho um meio de comunicação como a Gazeta do Povo, um importante meio de comunicação, que abre um espaço igual para todos os candidatos, nós temos que valorizar, porque isso é democracia. Em relação à estrutura de recursos e ao tempo de televisão no programa gratuito, [a disparidade] é gigante. Se considerar o principal candidato, com 4 minutos e meio, para 17 segundos que eu tenho, é muito difícil para nós podermos discutir os problemas da cidade e apresentar propostas e soluções em relação à experiência que eu já tenho. Por outro lado, tem tempo sobrando para esse e para outros candidatos. Temos que nos virar não nos 30, mas nos 17 [segundos].
O seu vice vem da iniciativa privada e está ligado com o empreendedorismo. De que forma essa experiência pode ajudá-lo em um eventual mandato, inclusive com uma participação maior da iniciativa privada?
Não só pela experiência do meu vice, mas pela minha própria experiência. Eu fiz muitas parcerias no município de Pinhais e eu acho que aqui em Curitiba as oportunidades são gigantescas. Por exemplo, na área da saúde, a melhor estrutura de saúde pública do estado do Paraná está aqui na nossa capital, os melhores hospitais de referências também estão aqui. Então acho que aqui é uma oportunidade grande para fazer parceria, principalmente para resolver os problemas de exames especializados e cirurgias.
Nós temos uma lista de espera de pessoas para fazer um exame oftalmológico de seis a oito meses. Mas como um dos pilares do meu plano de governo é justamente a inovação, eu trouxe para a chapa um especialista em inovação. O Tiago Chico, além de ser um jovem empreendedor de sucesso e engenheiro civil, ele é especialista em inovação e esteve no primeiro mandato da gestão do [Rafael] Greca, quando desenvolveu projetos importantes, como o aplicativo Saúde Já, o Vale do Pinhão e o fundo municipal para as startups. É essa linha que a gente quer e eu acredito que ele vai contribuir muito porque ele é natural daqui, tem uma experiência de gestão daqui, então acredito que a gente vai poder avançar bastante.
O candidato falou sobre saúde e esse é um tema sensível para a população curitibana, com queixas de filas nas unidades de saúde. Como o senhor pretende resolver esse problema, especialmente nas regiões mais pobres da cidade?
A minha visão é que a gente tem que primeiro fazer o básico bem feito. Por exemplo, o básico bem feito é trabalhar na prevenção e aperfeiçoar o diagnóstico. Eu pretendo ampliar o número de agentes comunitários de saúde. Hoje, nós temos 555 agentes comunitários de saúde em Curitiba para uma população de 1,8 milhão de habitantes. O Ministério da Saúde preconiza um agente para cada 750 pessoas. Então nós teríamos que quadruplicar o número de agentes. Começa por aí, ir na casa das pessoas, diagnosticar bem, identificar e planilhar os principais problemas, diferenciar por regionais, porque em cada regional nós temos uma realidade diferente. Podemos popularizar a telemedicina e, nos casos mais graves, temos que chamar o que temos de melhor na nossa capital, que são os hospitais filantrópicos, as clínicas, para zerar essas filas de exames especializados, principalmente naquilo que não é tão complexo, como um exame de vista.
E nesse caso das filas para exames e tratamentos especializados, qual deve ser a abordagem para que esse cenário não exista mais?
A prioridade é a atenção básica, a estrutura do município vai no máximo até média complexidade. Mas aqui em Curitiba a gente precisa otimizar melhor os recursos e aperfeiçoar o diagnóstico. Porque se não aperfeiçoa o diagnóstico, o médico faz uma consulta, ele tem uma suspeita e já pede mais cinco ou seis exames. Muitas vezes esses exames demoram para serem feitos e as pessoas não retornam ao mesmo médico. Então temos que organizar e usar a tecnologia para isso. Foi implantado um aplicativo, o Saúde Já, em Curitiba, eu acho que nós podemos ampliar isso. Inclusive o meu vice tem uma proposta de fazer um superaplicativo para usar não só na saúde, mas também em todas as outras áreas, porque daí pode cruzar as informações e aperfeiçoar a dinâmica da gestão pública.
A segurança pública é o principal problema apontado pela população de Curitiba. Há um anseio por uma atuação mais presente da Guarda Municipal, em apoio às ações policiais de responsabilidade do governo estadual. Também muito se fala em uma atuação da Guarda mais próxima de uma corporação policial mesmo, e o senhor fala em "polícia cidadã com mão forte contra a criminalidade". O que poderia ser mudado atualmente na GM de Curitiba nesse sentido?
Eu defendo esse modelo de guarda municipal mais voltada para a segurança ostensiva. Porque, inicialmente, a Guarda foi criada para cuidar de patrimônio público em Curitiba. E tem muito disso ainda. Nós temos guarda cuidando de horto municipal, por exemplo. Para o patrimônio público, nós temos outras alternativas, como vigilância eletrônica. Eu tenho uma experiência bem sucedida, eu criei uma Guarda Municipal nessa linha de combate à criminalidade. Eu falo em transformar a Guarda Municipal de Curitiba numa polícia municipal.
Inclusive, eu como deputado federal trabalhei para aperfeiçoar a legislação nesse sentido, não para desobrigar a Polícia Militar, porque essa é uma atribuição, é uma responsabilidade e de orçamento do estado, de cuidar da segurança pública. Então a gente tem que fazer a parte municipal, mas sem desobrigar. Nós temos que fazer a parceria. Quando digo “guarda cidadã”, é porque ela tem que tratar as pessoas com respeito, não pode imaginar que todo mundo é bandido só porque está na rua, só porque é pobre ou porque está numa casa de abrigo.
Para o patrimônio público, nós temos outras alternativas, como vigilância eletrônica. Eu falo em transformar a Guarda de Curitiba numa polícia municipal.
Luizão Goulart (Solidariedade), candidato a prefeito em Curitiba
“Mão firme contra a criminalidade” é identificar onde que está a criminalidade, onde que está o tráfico de drogas, para poder agir com firmeza, informação e tecnologia. Eu pretendo requalificar a nossa Guarda Municipal de Curitiba, ampliar o contingente, que hoje é insuficiente para o tamanho da cidade e regionalizar. Pretendo construir em cada uma das regionais uma central de monitoramento com efetivo suficiente para cuidar dos bairros daquela regional, com armamentos modernos letais e não letais, viaturas modernas com câmeras na viatura e no uniforme, como nós fizemos em Pinhais, para trabalhar com transparência. Mas quando é preciso ser firme, tem que ser firme dentro da lei.
É possível fazer e ainda levar a segurança para os bairros, mais próxima da população. E não descuidar do Centro, nós temos problemas no Centro. E não só o crime organizado, é o crime desorganizado, principalmente. Temos, por exemplo, fatalidades no transporte coletivo. Temos que cuidar das escolas, por isso que a patrulha escolar é importante, e um outro destacamento para o cuidado da violência contra as mulheres, vigilância ambiental. A minha intenção, então, é regionalizar, modernizar, ampliar o efetivo e levar a segurança para a população.
Em relação à educação, o seu plano de governo fala de atendimento de 100% da demanda para crianças de 0 a 3 anos. Como garantir que todos tenham acesso?
Proporcionalmente, Curitiba constrói poucas escolas. No meu planejamento, é construir 40 escolas em quatro anos - 10 por ano - escolas grandes, com capacidade para 400 alunos, em torno de 3 mil metros quadrados cada. Em muitos lugares temos que verticalizar, mas já fizemos isso lá em Pinhais, porque nós temos poucos espaços públicos disponíveis. Para isso, eu pretendo utilizar 1% do orçamento por ano para a construção de novas unidades, mais modernas, acessíveis, com estrutura adequada, ambientalmente corretas, para atender essa demanda enorme que nós temos. E são estruturas necessárias porque nós temos uma grande quantidade de escolas hoje em Curitiba que são prédios antigos, em outro formato. Hoje são exigidos prédios mais modernos, com acessibilidade, com claridade, estrutura, salas maiores. Nós construímos escolas [em Pinhais] com banheiro compartilhado a cada duas salas, para troca de fraldas, higiene e para banho. Eu acredito que construindo dez escolas por ano, nós vamos dar conta dessa fila.
Ainda em educação, como fazer para melhorar as metas de aprendizagem de Curitiba em relação às demais capitais do país?
Curitiba já tem um bom conceito, mas na educação infantil nós ainda não temos implantada a hora-atividade para os os profissionais da educação. Isso é fundamental, porque o professor precisa daquele um terço de tempo para preparar as aulas, se capacitar, fazer formação continuada e poder aplicar melhor os conteúdos e dar conta da demanda, realmente. Quando eu assumi a prefeitura de Pinhais, o nosso Ideb era 5,2 e após oito anos foi para 6,7, e Pinhais continua mantendo o topo na questão do Ideb.
A escola em tempo integral é fundamental para a gente colocar aquelas crianças em situação mais vulnerável, aquelas de famílias mais desestruturadas, com mais dificuldade de aprendizado. Porque daí a gente pode equilibrar o nível da criançada. Então, não é só construir escolas e colocar crianças para dentro da escola. É dar um ensino de qualidade, focado no desenvolvimento da criança, focada no sucesso profissional no futuro. E com condições para os professores, porque nós temos, por exemplo, alunos de inclusão. Nós temos o imigrante, uma grande quantidade de venezuelanos, bolivianos e haitianos aqui em Curitiba e na região também.
Então temos que ter o profissional especializado auxiliando o professor para a gente poder dar conta disso, porque os nossos profissionais da educação estão estressados, em número insuficiente, assim como na área da saúde. Então é não é só colocar a criança na escola, é dar condição para o professor desempenhar bem o seu trabalho, para os pais terem a tranquilidade de que o filho não está só na escola enquanto está trabalhando, mas ele está tendo uma boa pedagogia, um bom desenvolvimento intelectual e com uma boa perspectiva de futuro.
Segundo dados do Cadastro Único do governo federal, a população de rua em Curitiba superou 3 mil pessoas. Como os programas Supera Rua Curitiba e Caminho de Volta, citados no seu plano de governo, vão resolver esse problema?
Primeiro, criando uma Secretaria de Assistência Social com profissionais concursados para trabalhar nessa área, com psicólogos e assistentes sociais, principalmente. Isso para que a gente possa, primeiro, fazer um bom diagnóstico e individualizar o cidadão. E tentar o caminho de volta, identificando se tem problema de saúde mental, oferecendo assistência médica e psicológica, fazendo parceria com as clínicas de recuperação e com as comunidades terapêuticas das igrejas para tentar recuperar o máximo que a gente puder. Identificar por qual caminho ele chegou até aquela situação e tentar fazer o caminho de volta, reintegrar na família, no bairro, na cidade de onde veio, às vezes de outros estados.
Tem uma boa assistência para as pessoas de rua, mas tem uma ação para tirar eles dessa situação? Eu já lidei com isso, sei como fazer, tem que individualizar e profissionalizar o atendimento.
Luizão Goulart (Solidariedade), candidato a prefeito em Curitiba
E para uma boa parcela, criar frentes de trabalho. Cada cidadão desses já desenvolveu alguma atividade remunerada na vida, já sabe fazer alguma coisa e nós temos, dentro da administração, espaço para todo tipo de habilidade. Então, criar frente de trabalho com incentivo para essas pessoas, com lugar para morarem temporariamente e para superarem essa situação. Porque eu digo o seguinte: hoje tem uma boa assistência para as pessoas de rua, mas tem uma ação para tirar eles dessa situação? Para revitalizar o centro da cidade? Para dar tranquilidade aos proprietários, comerciantes, moradores do nosso Centro? Não tem, não tem uma ação efetiva. Essa é uma das minhas prioridades, porque Curitiba tem uma população [de rua] de 4 mil pessoas. É um problema sério que deve ser encarado com responsabilidade. Eu já lidei com isso, sei como fazer, tem que individualizar e profissionalizar o atendimento.
O preço da tarifa do transporte coletivo de Curitiba é um dos mais altos do Brasil. O seu plano de governo fala em reduzir o preço dos atuais R$ 6 para R$ 4. De que forma o senhor pretende viabilizar essa redução? E em quanto tempo?
Eu consigo fazer em um ano porque é o tempo que vão vencer os atuais contratos do transporte coletivo. A partir do início do ano que vem eu pretendo montar uma comissão multidisciplinar com participação da comunidade, das entidades representativas de trabalhadores e empregadores, com participação do Ministério Público, do Tribunal de Contas. Abrir a discussão com dados, com informações, e fazer uma ampla licitação, uma ampla concorrência, porque nós temos as canaletas (corredores exclusivos) e, por conta disso, nós podemos ter veículos maiores.
E a passagem deveria ser mais barata. Porque Curitiba puxa a média nacional. A média hoje está em torno de R$ 4,50 e 4,60, Curitiba, Florianópolis, Porto Velho, que estão no topo, puxam para cima. Precisamos fazer uma licitação por eixos de transportes, vendo onde tem canaletas e pistas exclusivas, e nos bairros mais distantes nós vamos ter que subsidiar o transporte, como Ganchinho, Umbará, Caximba, Campo de Santana. São bairros distantes que vamos ter que subsidiar para manter a tarifa em R$ 4. Em um ano é possível fazer uma boa licitação com transparência, com ônibus modernos. Hoje, boa parte dos ônibus que deveria estar na frota de reserva, está circulando. Há depoimentos de usuários dizendo que os ônibus estão velhos. E estão mesmo, acima do prazo de validade.
Dezenas de cidades pelo país tornaram viável a adoção da tarifa zero no transporte público. Isso seria possível em Curitiba?
Eu sou responsável o suficiente, já fui gestor, em dizer que não é possível. Pelo menos a médio prazo. Por isso que eu acho coerente uma tarifa de R$ 4. Nós temos mais de 300 cidades no Brasil que já têm a tarifa zero, mas temos que considerar aqui que nós temos uma integração, não só uma cidade isolada, como é o caso de Araucária, que tem transporte municipal, mas quando vai para a integração, é diferente. Então acho razoável R$ 4 para um transporte público de qualidade, mais eficiente e considerando sempre a integração.
A proposta de metrô já foi descartada pela equipe de engenheiros técnicos da prefeitura, mas seu plano de governo retoma a ideia. Como a proposta seria viável e com recursos vindos de que fonte?
Por qual motivo o projeto foi descartado? Não sabemos, não temos essa informação. Metrô não é só subterrâneo, também pode ser elevado. Com o metrô podemos usar o espaço subterrâneo onde precisamos de espaço na superfície. É um estudo que foi feito na época do prefeito Beto Richa, que já se passaram 15 anos, então nós temos que recuperar esse estudo, abrir a discussão e ver se é viável ou não. Mas discutir com a sociedade, não apenas o administrador dizer que não é viável, que é muito caro. Metrô tem no mundo inteiro, as principais capitais têm metrô, na Venezuela tem metrô, e funciona bem. Então por que em Curitiba não tem metrô até hoje? Será que é por conta do lobby das empresas de transporte coletivo que não permitem a implantação de um novo modal aqui em Curitiba? Não sei.
Dois estudos pretendo recuperar aqui em Curitiba, um é o do metrô e o outro é o da retirada das linhas de trem do Centro da nossa capital. Está sendo feito outro estudo do VLT. Vamos comparar e avaliar. Evidentemente que a próxima licitação do transporte tem que ser nos moldes atuais de ônibus, porque não dá tempo para implantar. Mas a médio prazo é possível a gente estudar para modernizar o nosso sistema.
Essas mudanças envolvem o Ippuc, que é o órgão que pensa a cidade. Olhando de uma forma mais abrangente de urbanismo, junto com o Ippuc, como o senhor imagina Curitiba daqui quatro anos, com um eventual mandato seu?
Uma cidade onde o trânsito flua melhor. Nós temos uma das cidades mais motorizadas do Brasil e do mundo. Em um ranking, Curitiba, São Paulo e Recife constam como as cidades onde a pessoa perde mais tempo no trânsito. Nós temos uma população de 1,8 milhão de habitantes e temos 1.566.000 veículos emplacados em Curitiba. E nós não estamos modernizando além de retirar o estacionamento de algumas vias para fazer pista de rolamento, prejudicando os comerciantes. Não vejo nisso uma solução muito inteligente. Temos que modernizar o nosso trânsito, criar mais vagas de estacionamento, inclusive eu defendo vagas de estacionamento no subsolo em algumas praças e vias, que é possível fazer. Eu vejo uma cidade, no futuro, eu pretendo construir essa cidade, com um transporte público eficiente, uma tarifa barata, mantendo a integração com a Região Metropolitana.
Eu venho da Região Metropolitana. Eu vejo muito claro a necessidade de uma integração maior, inclusive explorando mais o turismo da região. Quando integro mais, eu consigo ajudar um município da Região Metropolitana a resolver um problema na área de saúde, e esse problema não vem sobrecarregar o sistema aqui de Curitiba. Quando consigo resolver em parceria um problema de segurança pública, eu vou trabalhando em conjunto. Tem a questão da imigração, nós temos que resolver em parceria. Hoje é um problema que não está sendo levado em conta, cada um está se virando como pode. Nós temos que ter um planejamento integrado para resolver esse problema. Senão daqui a pouco nós vamos chegar num estrangulamento. Nas escolas já estamos passando por isso, com a dificuldade de você trabalhar com um aluno que fala um outro idioma, que tem uma outra cultura. Então temos que trabalhar isso de forma integrada.
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