Ney Leprevost é candidato a prefeito de Curitiba pelo União Brasil.| Foto: Divulgação/Campanha Ney Leprevost
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O deputado estadual Ney Leprevost (União Brasil) abriu mão, em 2020, de concorrer ao cargo de prefeito de Curitiba após um pedido do governador Ratinho Junior (PSD), que desejava ver Rafael Greca reeleito. Quatro anos mais tarde, tentou ser demovido novamente da mesma ideia. Mas dessa vez, Leprevost disse não e está na disputa por uma vaga na prefeitura da capital paranaense contra a coligação desenhada pelo governador e encabeçada pelo atual vice-prefeito Eduardo Pimentel (PSD). Até um dos cargos mais importantes na linha sucessória do estado, o de primeiro secretário da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), Leprevost negou para seguir na disputa.

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Sem uma coligação grande — tem apenas o Agir e o Democracia Cristã na chapa —, Ney Leprevost aposta em sua vice, a deputada federal Rosangela Moro, para buscar mais votos, especialmente do eleitorado lavajatista e seguidor do ex-juiz e senador Sergio Moro, marido de Rosangela. É com ela que o candidato promete transformar Curitiba na cidade mais segura da América do Sul, olhando para o exemplo de Nova Iorque e transformando — se o Congresso Nacional permitir — a Guarda Municipal em Polícia Municipal.

Em entrevista à Gazeta do Povo, Ney Leprevost prometeu zerar as filas de vagas nas creches e de exames e consultas especializadas na área da saúde. E disse que vai reduzir o preço da passagem de ônibus antes mesmo da nova licitação do transporte coletivo, prevista para 2025. A partir daí, afirmou que vai trabalhar para zerar a tarifa, renovar a frota e criar trincheiras para acelerar a viagem no eixo Santa Cândida-Pinheirinho. Todos os candidatos à prefeitura de Curitiba foram convidados pela reportagem da Gazeta do Povo para entrevista.

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Confira a entrevista com o candidato Ney Leprevost

O senhor foi um dos últimos candidatos a confirmar que concorreria ao cargo de prefeito de Curitiba. O que foi determinante para que o senhor e o União Brasil decidissem pela candidatura na capital?

Eu ouvi muito meus companheiros de partido, ouvi a população nos 75 bairros de Curitiba e constatei que existe um desejo, um pouco encabulado, meio silencioso, porque as pessoas têm muito medo de serem perseguidas pela prefeitura, de que haja uma continuidade em algumas coisas boas que estão feitas, mas que exista uma mudança grande em relação à atenção que a prefeitura dá para os bairros. As pessoas que moram nos bairros mais humildes se sentem excluídas pela atual gestão municipal, principalmente no que se refere à parte de zeladoria urbana, de saúde e também de atendimento em creches.

Curitiba tem 9,5 mil crianças, por baixo [na fila das creches]. Esse é o número que a prefeitura reconhece. A Defensoria Pública fala que são 12 mil crianças esperando vaga em creche. Passa de 200 mil consultas em atraso. Então, existe uma percepção da população que tem uma simpatia pelo prefeito Greca, ele conseguiu se tornar um personagem folclórico de TikTok, de Instagram, e a população simpatiza com esse personagem, como simpatiza com o Papai Noel, com o Rei Momo, com os personagens da Disney. Por outro lado, há uma certa rejeição à maneira com que a prefeitura está fazendo a gestão da cidade.

E eu, como devo muito aos curitibanos, porque já fui vereador de Curitiba - o mais votado, já fui deputado mais votado de Curitiba, nasci aqui, sou neto de ex-prefeito de Curitiba, devo meus estudos a Curitiba, comecei estudando na escola pública Nice Braga, minha mulher de Curitiba cria o meu filho Pedro aqui em Curitiba. E eu entendi que precisava colocar o meu nome à disposição dos curitibanos como uma opção nessa eleição porque eu me considero mais do que preparado, eu me considero pronto para ser o melhor prefeito da história de Curitiba, sem nenhuma falta de modéstia.

A população simpatiza com o prefeito Greca como simpatiza com o Papai Noel, com o Rei Momo, com os personagens da Disney.

Ney Leprevost, candidato à prefeitura de Curitiba
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Após a confirmação da candidatura, houve convites para que o senhor integrasse outra chapa na cidade, inclusive com promessas de cargos. Por que o senhor, mesmo assim, não aceitou essa composição?

Recebi, de fato, um convite para ser primeiro secretário da Assembleia Legislativa, é o terceiro cargo mais importante do Paraná. O primeiro cargo é o de governador, o segundo é de presidente da Assembleia Legislativa. Me refiro a cargo político. Mas entendo que estaria traindo meus eleitores se eu aceitasse esse convite, porque há uma expectativa muito grande das pessoas, há anos já, de que eu dispute a eleição. Há quatro anos, eu não pude disputar porque nós estávamos em época de pandemia, e o governador Ratinho, que é meu amigo, me pediu para ajudá-lo, para permanecer no governo, para cuidar das pessoas que estavam passando fome, porque a área de desenvolvimento social era uma área que estava no guarda-chuva da Secretaria de Justiça, Família e Trabalho, pela qual eu fui o responsável.

E nós conseguimos cumprir a missão, fazer o Cartão Comida Boa, para dar um socorro alimentar para as pessoas durante a pandemia. Conseguimos também entregar para todos os alunos das Apaes, em uma verdadeira operação de guerra, mais de 90 mil cestas de alimentos durante a pandemia. E depois promovemos a retomada econômica do Paraná, colocamos o estado em primeiro lugar do Brasil na geração de empregos com carteira assinada através das Agências do Trabalhador.

A escolha da deputada federal Rosangela Moro como candidata a vice foi não só um desejo do presidente do seu partido, Antonio Rueda, mas também do senador Sergio Moro. De que maneira ela pode contribuir para um eventual mandato?

O Antonio Rueda indicou a doutora Rosângela Moro para vice e eu, imediatamente, aceitei a indicação. Não por ela ser esposa do senador Sergio Moro, que é uma pessoa de quem eu gosto e por quem eu tenho um profundo respeito, mas por ela ser minha amiga. Eu já conhecia a doutora Rosangela de antes. Nós trabalhamos muito em conjunto pelas Apaes, pelas entidades que defendem as pessoas com doenças raras. Ela é uma boa advogada e o vice tem que ser uma pessoa de confiança. Então, eu entendo que a doutora Rosangela é uma pessoa que não irá me trair e por isso aceitei a indicação do presidente nacional do União Brasil, para tê-la como vice na nossa chapa.

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Eu me considero mais do que preparado, eu me considero pronto para ser o melhor prefeito da história de Curitiba, sem nenhuma falta de modéstia.

Ney Leprevost, candidato a prefeito em Curitiba

Deputado, como que o senhor responde a quem o classifica como um candidato oportunista?

Eu não vi nada disso. Para mim não chegou nada disso.

Nunca ouviu ninguém falar isso?

Eu preciso entender qual é acusação. Eu quero falar sobre o assunto, quero enfrentar qualquer tema, mas preciso saber. Quando tiver alguma acusação, me fale porque eu não fujo a nenhum tema. Acho que a obrigação de quem quer ser prefeito é ser transparente.

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O que eu tenho ouvido são críticas, muitas críticas, ao senador Sergio Moro. As pessoas, às vezes, o chamam de oportunista. Mas essa decisão dele de apoiar a vinda da doutora Rosangela para cá, eu não considero oportunista, como as pessoas dizem por aí. Eu entendo que é uma decisão acertada, porque a doutora Rosangela nasceu em Curitiba. Ela foi lá para São Paulo para ser candidata, segundo me contaram, para não atrapalhar a candidatura do Deltan Dallagnol a deputado federal aqui no Paraná. Na época, segundo me dizem, eles tinham uma estratégia de eleger alguns deputados da Lava Jato e um não podia atrapalhar o outro.

A volta dela para o Paraná não me parece uma atitude oportunista do senador Sergio Moro. Muito pelo contrário, me parece uma atitude correta, porque ela vem para o seu berço político. É claro que as pessoas de São Paulo não gostaram, mas os paranaenses estão gostando da vinda da doutora Rosangela.

A estimativa é de que haja mais de 3 mil pessoas em situação de rua em Curitiba. Como o senhor pretende agir para reduzir esse problema na cidade?

São mais de 4 mil pessoas em situação de rua, oficialmente. Eu converso muito com as ONGs que cortam cabelo de moradores de rua, que levam médicos para conversar com os moradores de rua, que tentam convencer moradores de rua a buscarem tratamento de saúde mental, e eles estimam que, contando os moradores de rua que estão na região central da cidade com os que estão nos bairros, já são mais de 6 mil.

A verdade é que a gestão do Greca e do Pimentel cruzou os braços em relação a esse problema, não teve coragem de enfrentar essa situação e nós vamos enfrentá-la. Eu vou cuidar pessoalmente, como prefeito, dessa questão. Em primeiro lugar, vou fazer os C.R.I.S.T.O.S., os Centros de Reabilitação, Inclusão, Saúde, Trabalho, Organização para Moradores de Rua. Nós vamos fazer um cadastramento, através da FAS (Fundação de Ação Social), de todos os moradores de rua e vamos separar o joio do trigo.

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A gestão do Greca e do Pimentel cruzou os braços, não teve coragem de enfrentar essa situação e nós vamos enfrentá-la. Eu vou cuidar pessoalmente, como prefeito, dessa questão.

Ney Leprevost, candidato a prefeito de Curitiba

O morador de rua que é dependente de crack e está colocando em risco a sua própria vida terá a oportunidade de ser internado para se desintoxicar e depois receber cursos profissionalizantes e voltar para o mercado de trabalho. O morador de rua que está na rua porque é desempregado, vamos ajudá-lo com qualificação profissional e vamos procurar nas empresas de Curitiba vagas de empregos. O morador de rua que está vivendo na rua porque perdeu a sua casa, por não conseguir pagar aluguel durante a pandemia da Covid-19, vai receber um aluguel social até que a prefeitura consiga construir novas moradias populares.

A atual gestão da prefeitura deixou a cidade com um déficit habitacional que chega próximo a 100 mil casas. É um problema seríssimo que a gente vai ter que enfrentar a partir do ano que vem. Agora, tem também, misturados aos moradores de rua, foragidos do sistema penal. Esses nós vamos identificar e vamos avisar a polícia. Eles são fugitivos que se misturam ali no meio para não serem flagrados pelas forças de segurança.

Eu quero restabelecer a lei e a ordem em Curitiba, custe o que custar, mas vou fazer isso respeitando os direitos humanos e com muito humanismo conforme manda a doutrina cristã, que é a doutrina que eu sigo na minha vida pessoal e política.

Eu quero tornar Curitiba a capital mais segura de toda a América do Sul.

Ney Leprevost, candidato a prefeito em Curitiba
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A segurança pública é apontada em pesquisas como o principal problema de Curitiba. O plano de governo do senhor fala sobre transformar a Guarda Municipal na Polícia da Cidade. Como essa transformação em uma corporação policial pode resolver os problemas de criminalidade e poderia detalhar, com exemplos, o que precisa ser alterado na maneira como a GM de Curitiba já trabalha?

Ney Leprevost: A Constituição brasileira preconiza que qualquer cidadão deste país pode dar voz de prisão a quem é flagrado cometendo um crime. É claro que as pessoas, de modo muito sensato, não fazem isso, porque elas não estão armadas, elas não têm treinamento, elas não carregam algemas consigo, então elas não vão correr o risco de dar voz de prisão e acabarem até sendo esfaqueadas ou atingidas por um tiro. Mas se qualquer pessoa do país pode dar voz de prisão, por que a Guarda Municipal, que anda armada, não poderia?

É bem verdade que tramita na Câmara Federal uma PEC que transforma as guardas municipais em polícias municipais. Eu, inclusive, apoiei essa PEC para fazer a transformação. A atual gestão não fez porque não quis, já que há uma jurisprudência da Suprema Corte reconhecendo as guardas municipais como integrantes legítimas do sistema de segurança pública e reconhecendo que os guardas podem, inclusive, revistar pessoas suspeitas de criminalidade.

Então, nós queremos transformar imediatamente a guarda em polícia da cidade, como fizeram as grandes cidades da Alemanha, Espanha e Estados Unidos. Em Nova Iorque, por exemplo, o então prefeito Rudolph Giuliani, na sua época, conseguiu reduzir drasticamente os índices de criminalidade. Graças à polícia da sua cidade, que ele comandou para executar o programa de tolerância zero, inspirado na teoria das janelas quebradas. O que é a teoria das janelas quebradas? Se você vai em um banheiro de um restaurante e aquele banheiro está todo sujo, cheio de papel jogado no chão, a tendência é você não tomar muito cuidado. A tendência é você arremessar o papel e, se não cair na lata de lixo, talvez você nem cate esse papel e coloque lá. Talvez você deixe a pia molhada. Agora, se o banheiro estiver bem limpinho, tiver uma pessoa que a cada meia hora dá uma limpadinha ali, você mesmo vai cuidar do banheiro para não ser um sugismundo, para não ser o porquinho que deixou o banheiro sujo.

Isso vale também para os bairros. Se você coloca o poder público e cuida do imóvel que está depredado, se exige que seja combatida a pichação na cidade, se mantém as coisas bem pintadas, mantém o patrimônio público em ordem, as ruas bem asfaltadas, a tendência é as pessoas não depredarem o patrimônio. Nós temos que aplicar aqui em Curitiba essa teoria das janelas quebradas e a teoria da tolerância zero, que não é, ao contrário do que muita gente pensa, uma teoria de intolerância. Pelo contrário, é uma prática inteligente.

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Se qualquer pessoa do país pode dar voz de prisão, por que a Guarda Municipal, que anda armada, não poderia?

Ney Leprevost, candidato a prefeito de Curitiba

Em Nova Iorque, quando reduziram os índices de violência, eles fizeram um cruzamento de dados e descobriram que quem cometia o pequeno delito não era necessariamente quem cometia grandes crimes. Mas todo mundo que cometia grandes crimes, cometia pequenos delitos. Todo criminoso, por exemplo, furava sinal de trânsito. Todo criminoso, deixa eu pegar aqui mais um exemplo, estacionava na calçada. Então eles foram pegando esses dados e chegando aos grandes criminosos da cidade. A polícia da cidade vai trabalhar com inteligência, com cruzamento de dados, ciência e tecnologia. A gente tem que usar tudo o que a tecnologia nos oferece para prevenir os crimes.

Eu quero transformar a Guarda Municipal em polícia da cidade. É claro que vou ter que remunerar melhor os guardas, porque a responsabilidade deles vai aumentar. Eles não vão mais ficar cuidando de patrimônio público, como exigem hoje o atual prefeito e o seu vice. Eles vão fazer policiamento preventivo e ostensivo, auxiliando a Polícia Militar. Nós vamos abrir concurso público para dobrar o efetivo da Guarda Municipal, vamos dar um treinamento com os melhores técnicos da área de segurança pública para os guardas municipais

E vamos também fazer os módulos fixos da Guarda Municipal nas 10 regionais de Curitiba. Só que esses módulos terão toda uma estrutura de monitoramento por câmeras interligadas e terão drones que irão, do alto, observar permanentemente as áreas de maior incidência de crimes. Aqui em Curitiba nós já temos 322 comunidades chamadas de favelas e algumas delas dominadas por facções criminosas, como é o caso de uma pequena parte da Caximba, onde só entra político que tem autorização do crime organizado. Nós vamos enfrentar tudo isso.

No Centro da cidade, por exemplo, todo mundo sabe quais são os estabelecimentos que vendem substâncias proibidas para as pessoas e não se toma nenhuma atitude. Com a polícia da cidade, nós vamos restabelecer a lei e a ordem, custe o que custar, mas com respeito à lei e com o humanismo. E vamos também ter os módulos móveis da polícia da cidade, nos 75 bairros de Curitiba sempre os mesmos policiais, porque eles passarão a ser conhecidos da comunidade. Eu quero tornar Curitiba a capital mais segura de toda a América do Sul.

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O plano de governo do senhor cita a criação da Secretaria da Criança e do Orçamento Criança como estratégias para zerar a fila de espera em creches. Como isso funcionaria na prática, com a manutenção da Secretaria de Educação?

Ney Leprevost: O nosso plano de governo é complementado por um programa de gestão. O plano de governo cumpre a função legal que é exigida para o registro de candidatura, mas o programa de gestão é mutante, porque ao longo da campanha, andando pelos bairros, conversando com as entidades classistas, a gente vai recebendo muitas sugestões das pessoas. Então, a gente vai acrescentando isso no programa de gestão. Os CMEIs vão continuar na minha gestão na Secretaria de Educação. A estratégia para zerar a fila de creches envolve a construção, evidentemente, de novos CMEIs, mas isso eu não vou conseguir fazer em um mês, nem dois, nem três. Eu acredito que vou começar a inaugurar CMEIs a partir do oitavo ou nono mês de gestão, porque é necessário a licitação e depois a construção das obras. O nosso projeto é inaugurar, no mínimo, 38 novos CMEIs em Curitiba ao longo da primeira gestão.

Nós pretendemos também aumentar, através de concurso público, o número de professoras da educação infantil, que hoje é insuficiente para atender todos os alunos. E ampliar, já no início da gestão, as parcerias com as creches comunitárias. Tem uma creche no bairro São Braz, a Jesus Criança, que é extraordinária. Lá as crianças têm quatro refeições por dia, têm o ensino infantil, já começando a aprender noções básicas de ciências, português, matemática, têm atividades artísticas e até musicoterapia. É muito bacana esse modelo. Eu quero implantar junto com as creches comunitárias de Curitiba o mesmo modelo da creche Jesus Criança, que é gerida por uma entidade ligada à Igreja Católica.

E na Secretaria da Criança, a função vai ser administrar o orçamento do município para que todas as secretarias tenham que aplicar um valor mínimo em prol da infância. Secretaria da Educação, Secretaria do Esporte, Secretaria de Saúde, Secretaria de Cultura. Eu fiz o Orçamento Criança quando fui secretário de Justiça, Família e Trabalho do governo Ratinho Junior. Foi uma experiência que deu certo e as pessoas vão poder acompanhar, através do portal de transparência do município, os nossos investimentos na infância. Isso é muito importante, porque uma cidade inteligente como Curitiba tem como obrigação fundamental cuidar bem da infância.

O nosso projeto é inaugurar, no mínimo, 38 novos CMEIs em Curitiba ao longo da primeira gestão.

Ney Leprevost, candidato a prefeito em Curitiba
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Fila de espera também tem na área da saúde. Uma reclamação recorrente é o tempo de espera de atendimento nas UBSs e UPAs. Como o senhor pretende mudar essa situação?

Olha, esse hoje é um dos maiores problemas da atual gestão municipal. Ao mesmo tempo em que eu tenho que reconhecer que o prefeito Rafael Greca fez um belo trabalho na área de zeladoria dos bairros de classe média alta de Curitiba, eu tenho que dizer que a atual gestão da prefeitura sucateou a saúde pública da nossa cidade. Hoje a fila de espera por consultas e exames na rede pública municipal é de mais de 200 mil consultas e exames em atraso. Isso chega a ser desumano, porque quem está doente tem pressa, quem tem dor tem pressa, quem precisa da cura tem pressa. Nós temos no nosso plano de governo a previsão de abrir policlínicas, que serão locais, em cada uma das 10 regionais da cidade, em que as pessoas terão atendimento com médicos especialistas. Esse atendimento de especialistas hoje é o que mais demora na prefeitura. E nas policlínicas, as pessoas terão também os exames laboratoriais e os exames de diagnóstico por imagens, como raio-x, mamografia, ultrassom.

E para cuidar da saúde da infância, tem um programa dos meus sonhos, que é o PAI, o Pronto Atendimento Infantil. Com o PAI, nenhuma mãe curitibana vai ficar sem ter a sua criança atendida por pediatras. A criança que estiver com diarreia, dor de cabeça, febre, não vai precisar ser trazida até o hospital Pequeno Príncipe, aqui no Centro da cidade. Ela vai ser atendida lá na ponta, porque os pais terão pediatras 24 horas para cuidar dos curitibinhas.

Curitiba tem a tarifa de transporte coletivo mais alta do Brasil, junto com Porto Velho e Florianópolis. O que o senhor pretende fazer para reduzir o preço da passagem, especialmente a partir de 2025, quando haverá nova licitação?

Ney Leprevost: Eu vou reduzir o preço da passagem antes do novo contrato, porque o transporte público de Curitiba já é subsidiado pela prefeitura. A pessoa pensa que quando ela paga lá o cartão transporte está pagando para a empresa de ônibus. Não é verdade isso. Ela está pagando para a prefeitura, através da Urbs. E a prefeitura já paga para as empresas de ônibus um valor muito maior do que esse valor que o cidadão paga para utilizar o ônibus. Eu gostaria de fazer tarifa zero. Talvez até o final do mandato eu consiga chegar a essa meta, mas por enquanto eu não posso assumir esse compromisso.

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O compromisso que eu posso assumir, já que eu quero renovar a frota, é de baixar, antes que termine o sexto mês de gestão, a tarifa do ônibus para R$ 5. E nos domingos nós vamos voltar com a tarifa domingueira a R$ 1. Outra coisa que a gente vai precisar fazer, além da renovação da frota, é a climatização dos ônibus com aparelhos de ar-condicionado, como já fazem várias capitais do Brasil, até por conta do aquecimento global. É necessário recuperar clientes para o transporte coletivo. Cada dia tem menos gente em Curitiba andando de ônibus. É por isso também que nós vamos ter um ônibus que vai fazer uma cobrança um pouquinho mais cara, mas que vai circular o anel central da cidade para que a pessoa que é um executivo de uma empresa, que tem que ir a um escritório, para que o cara que a população chama de "engravatado" passe também a querer utilizar o transporte público.

Além disso, vamos investir em ciclovias, nós vamos ter o plano de 1,5 mil quilômetros de asfalto e 500 quilômetros de calçadas com ciclovias. E vamos fazer a linha parque, reduzindo a demora do deslocamento do Santa Cândida até o Pinheirinho em 20 minutos, porque teremos trincheiras e, portanto, os ônibus não vão ter que ficar parando. Em cima dessas trincheiras, a gente vai colocar parques, academias ao ar livre, vamos colocar também plantas, inclusive árvores frutíferas, e vamos voltar a investir na ecologia em Curitiba, porque hoje nós percebemos que a prefeitura corta árvores, está na contramão do aquecimento global, nega veementemente a ciência que comprova que o mundo está cada vez mais aquecido e a cidade precisa de mais árvores e também de mais parques lineares, já que existem previsões de muitas secas e enchentes nos próximos anos. Nós estamos vendo alguns terrenos - um na região do bairro Butiatuvinha, outro no Campo de Santana e outro no Bom Retiro - para fazer novos parques lineares com lagos. Há o exemplo do Parque Barigui, que foi criado pelo Jaime Lerner e pelo Nicolau Klüppel , exatamente para funcionar em caso de enchente. A função do Parque Barigui não é apenas dar lazer aos curitibanos, é também evitar alagamentos em dias de chuvas intensas.

O seu plano de governo fala sobre essa passagem subterrânea dos ônibus nesse eixo Santa Cândida-Pinheirinho e também fala sobre o metrô, que não é uma realidade possível na cidade. Mas essa passagem subterrânea também não é uma obra que acaba sendo muito cara para ser realizada e com muito impacto na cidade?

Não, porque não são túneis, são apenas trincheiras onde tem sinaleiros. Claro que não é uma obra extremamente simples, mas também não é nenhuma obra faraônica. Obra faraônica seria o metrô. Eu não vejo possibilidade de fazermos [o metrô] pelos custos. A nossa geologia não é muito favorável à construção de metrô. Isso sangraria os cofres públicos do município, mas eu sou muito simpático com a ideia do VLT, o veículo leve sobre trilhos. O BNDES está fazendo um estudo de viabilidade econômica, vamos aguardar para ver se é possível. Eu ficaria muito feliz de ser o prefeito que fez o VLT em Curitiba, vamos ver se o município comporta essa obra.

A arrecadação prevista para o ano que vem é de R$ 15 bilhões, é uma arrecadação alta, mas eu vou investir prioritariamente em segurança, saúde e educação. Se for possível, a gente vai também fazer essas grandes obras estruturantes. Se não for possível, vamos buscar soluções mais simples, porém inteligentes, não soluções burras, como aquele binário da Avenida Mateus Leme, que coloca em risco crianças e motoristas noite e dia.

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Eu ficaria muito feliz de ser o prefeito que fez o VLT em Curitiba, vamos ver se o município comporta essa obra.

Ney Leprevost, candidato a prefeito em Curitiba

Para finalizar, então, deputado, como imagina Curitiba daqui a quatro anos, caso seja eleito?

Ney Leprevost: Olha, eu tenho plena convicção de que eu vou ser eleito. A minha candidatura está crescendo a cada dia que passa, eu estou visitando os 75 bairros da cidade e o sentimento das ruas não corresponde ao que as pesquisas vêm mostrando. Eu quero dizer para os curitibanos que nós vamos juntos fazer uma gestão pluralista, inclusiva, democrática e as pessoas vão recuperar a liberdade em Curitiba.

Hoje a prefeitura atrapalha a liberdade das pessoas poderem empreender, abrir novos negócios, fazer novas empresas na cidade. A prefeitura trata o empresário e o comerciante como adversários. Eu vou administrar junto com todo mundo. As pessoas vão governar Curitiba junto comigo e nós vamos fazer dessa cidade a capital mais humana, eficiente, inovadora e, principalmente, a capital mais segura de toda a América do Sul. Eu sei que esse sonho é possível e é por isso que eu sou candidato a prefeito.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]
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