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Grupo político do PSD Paraná nas eleições 2024 e deputada Maria Victoria
Sem vaga de vice, Maria Victoria (à direita) deve deixar PP de fora da chapa de Pimentel (à esq), pré-candidato do atual prefeito e do governador do Paraná.| Foto: Ricardo Marajó/Prefeitura de Curitiba

A menos de um mês do início das convenções partidárias, as siglas de Jair Bolsonaro (PL) e do presidente Lula (PT) já definiram que não vão ter candidatos próprios na eleição a prefeito de Curitiba (PR). Optaram por alianças em busca de nomes considerados com mais potencial para vencer a corrida eleitoral pela prefeitura da capital paranaense.

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No espectro da centro-direita, o vice-prefeito Eduardo Pimentel (PSD), pré-candidato do grupo político do prefeito Rafael Greca e do governador Ratinho Junior, recebeu no mês passado o apoio do Novo após a desistência do pré-candidato Deltan Dallagnol, fortalecendo a frente de partidos coligados que abrange Podemos, Republicanos, PRD, Avante e MDB.

Pimentel afirmou à Gazeta do Povo que trabalha para ampliar a frente ampla de centro-direita até as convenções partidárias, que ocorrem entre 20 de julho e 5 de agosto para oficialização das alianças. “Com todos os anúncios importantes e com a força do prefeito e do governador, ainda quero buscar o apoio do PL, do Progressistas e do União Brasil”, afirmou o pré-candidato do PSD.

Se o apoio do PL de Jair Bolsonaro é dado como certo por causa da aliança política entre o governador paranaense e o ex-presidente, com oficialização prevista até o final deste mês, a entrada do PP e do União Brasil ainda necessita de articulação política para se tornar uma realidade e confirmar a polarização contra a frente formada pela esquerda. A Federação PT-PV-PCdoB anunciou o apoio ao pré-candidato Luciano Ducci (PSB) após decisão da cúpula nacional petista, que aposta na aliança com o partido do vice-presidente Geraldo Alckmin. 

Questionado sobre a tentativa de polarização nas eleições municipais, reflexo do último pleito presidencial entre Bolsonaro e Lula, Pimentel respondeu que a população está preocupada em discutir os problemas da cidade que encontram “do portão para fora” em Curitiba. “Quero me dedicar muito nisso, no avanço que fizemos na prefeitura e dar continuidade ao trabalho. A gente vê a união da esquerda em torno de um nome só. Eu procuro trabalhar pelo fortalecimento da base de apoio ao prefeito e ao governador, pois são duas administrações que estão dando certo”, completa. 

Apesar da proximidade do Progressistas com as gestões de Greca e de Ratinho Jr., a entrada do PP estaria condicionada à vaga de vice-prefeito para a deputada estadual Maria Victoria, presidente estadual da sigla e filha do cacique Ricardo Barros, secretário estadual da Indústria, Comércio e Serviços. No entanto, o acordo entre PSD e PL prevê a indicação do nome para compor chapa ao lado de Pimentel, o que pode inviabilizar as negociações com o Progressistas. A tendência é que Paulo Martins (PL), ex-deputado federal e atual assessor especial do governo Ratinho, seja o candidato a vice com Pimentel.

A deputada Maria Victoria confirmou que a pré-candidatura está mantida com a chegada do publicitário argentino Pablo Nobel para a pré-campanha à prefeitura de Curitiba. O marqueteiro político trabalhou nas campanhas do presidente da Argentina, Javier Milei, e do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). 

“O Progressistas lançou a minha pré-candidatura à prefeitura de Curitiba. Faz parte de um processo de fortalecimento da legenda em todo o Paraná. Temos 170 pré-candidatos a prefeito e estamos com o projeto de disputar as prefeituras das principais cidades do estado. Além de Curitiba, Ponta Grossa (Joce Canto), Londrina (Maria Tereza), Maringá (Silvio Barros), Cascavel (Marcio Pacheco) e Foz do Iguaçu (Paulo Mac Donald)”, afirma Maria Victoria em nota enviada à Gazeta do Povo. Na capital, o PP deve confirmar uma chapa pura durante as convenções partidárias.

Pré-candidato do União, Leprevost convida Pimentel para ser vice

Pré-candidato da aliança Ratinho-Bolsonaro, Pimentel também deve encontrar resistência para fechar o acordo com o União Brasil, que lançou o nome do deputado estadual Ney Leprevost. Em entrevista à Gazeta do Povo, o parlamentar afirmou que não pretende “leiloar” o Executivo municipal para iniciar uma nova gestão com a “prefeitura loteada”. O partido Democracia Cristã é a única legenda que declarou apoio ao pré-candidato do União Brasil.

“Eu entendo que não posso ter uma coligação que atrapalha a campanha e que depois atrapalhe a gestão. Não posso montar uma equipe na prefeitura com pessoas que não sejam competentes, que não tenham preparo técnico e que não estejam dispostas a embarcar no projeto de tornar Curitiba a capital mais humana e eficiente”, declarou.     

Questionado sobre a possibilidade de compor a chapa de Pimentel, o deputado estadual respondeu que o União Brasil também não definiu o nome do pré-candidato a vice. “Se o Eduardo quiser ser, estou de braços abertos. Tenho muito apreço pela família dele e acredito que ao meu lado ele pode adquirir experiência sobre os problemas enfrentados pelas pessoas mais humildes e como fazer uma gestão transparente, eficiente e criativa para solucionar questões que a prefeitura ainda não conseguiu resolver”, respondeu Leprevost.

"Quero ser o candidato do presidente da República", diz Ducci

O nome do ex-prefeito Luciano Ducci (PSB) enfrentou a resistência dos petistas curitibanos, mas a vontade do diretório nacional prevaleceu e o deputado federal será o candidato de Lula na corrida eleitoral pela prefeitura da capital paranaense.

“Evidente que, se o PT está me apoiando, eu quero ser o candidato do presidente da República. Para um prefeito, você ser o candidato do presidente e vencer as eleições é a melhor coisa que pode acontecer para uma cidade. Com isso, você consegue trazer projetos importantes e estratégias para serem implantados em Curitiba”, declarou em entrevista à Gazeta do Povo.

Para a militância, o histórico de Ducci pesou contra o parlamentar, principalmente pelo voto favorável à cassação da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) no processo de impeachment na Câmara dos Deputados em 2016. “Na questão específica, o partido na sua imensa maioria, 29 dos 32 votos, foram pelo impeachment. O encaminhamento do PSB foi nesse sentido naquele momento. Eu voto de acordo com o meu partido na maioria das votações importantes. Assim como votei contra a reforma da Previdência e contra a reforma trabalhista, seguindo a orientação do PSB”, justifica o deputado federal, que lembra que disputou oito eleições pelo mesmo partido.

Ele revelou que as conversas com o deputado estadual Goura (PDT) estão adiantadas para a indicação do nome do pré-candidato à vaga de vice e entrada do PDT na coligação. “Há interesse nesta composição PSB, PDT e a Federação PT-PV-PCdoB, mas tenho que esperar o tempo político de decisão do PDT”, respondeu Ducci, sem confirmar o nome de Goura como vice.

Questionado sobre o antagonismo com a pré-candidatura de Eduardo Pimentel, Ducci disse que a polarização “direita e esquerda” e “Lula x Bolsonaro” não cabe no pleito local. “Isso é muito raso para uma eleição municipal. Eu quero discutir a cidade de Curitiba. A pauta de discussão está em cima do plano de governo.”

Goura confirmou que a pré-candidatura do PDT está mantida, mas que discute a aliança política com base no debate de ideias e implantação de projetos sociais e ambientais para a cidade de Curitiba. “Não quero ser candidato apenas para marcar uma posição, mas para levar essas ideias para o poder, para o local de tomada de decisões. Nesse sentido, a disputa majoritária é muito diferente da disputa legislativa e envolve a construção de alianças, aglutinação de forças políticas para que essas propostas tenham protagonismo e avancem. Tenho plena noção disso e maturidade política para que esses diálogos aconteçam”, afirmou o deputado estadual.

A pré-candidatura do ex-governador Roberto Requião, que deixou o PT para se filiar ao Mobiliza, também pode dividir os votos dos eleitores que se identificam mais com o espectro político de esquerda. Por meio da assessoria de imprensa do partido, Requião foi procurado pela Gazeta do Povo, mas não houve retorno sobre o pedido de entrevista ou resposta aos questionamentos até a publicação desta reportagem.

Ex-prefeito, Richa quer comparar administração própria com a de Greca durante eleição em Curitiba

O pré-candidato Beto Richa (PSDB) afirmou que mantém o diálogo com outras siglas ainda disponíveis para formar a coligação para a disputa da prefeitura de Curitiba. No entanto, admite que a legenda tucana sofre para romper o isolamento imposto pela tendência de polarização nas eleições municipais.

“Vários [partidos] já estão amarrados, inclinados ou anunciaram publicamente que vão marchar com candidato A ou B. Estamos com dificuldades, pois restam poucas opções. Mas estamos dispostos a seguir em frente com ou sem coligação”, disse o deputado federal.

Ex-prefeito de Curitiba e ex-governador do estado, Richa aposta na lembrança da população e no equilíbrio apontado pelas pesquisas eleitorais para romper a polarização e disputar um terceiro mandato à prefeitura da capital paranaense. “As pessoas se lembram com carinho da nossa presença permanente nos bairros de Curitiba. Esse é o maior sentimento que eu percebo nas conversas com a população por onde eu passo”, comenta o tucano, que voltou a ressaltar o papel da ex-primeira dama Fernanda Richa no trabalho social durante as gestões municipais.

Beto Richa demonstrou que deve usar a estratégia de comparar a administração tucana com a atual comandada pelo prefeito Greca, que tem o pré-candidato Eduardo Pimentel como vice. De acordo com ele, os números nas áreas de habitação, saúde e segurança pública favorecem a gestão tucana. “A pavimentação asfáltica está bem avaliada porque como governador eu dei R$ 130 milhões a fundo perdido para Curitiba. No enfrentamento direto, estabelecido uma comparação, eu acho que a gente consegue abrir uma vantagem”, disse Richa.   

Na avaliação dele, a disputa também está em aberto por causa do equilíbrio apontado pela última pesquisa eleitoral. “O candidato oficial está em uma superexposição em pautas positivas ao lado do prefeito. Então, ele deveria estar na dianteira com mais folga. Ou seja, isso prova que a eleição está aberta”, analisa o tucano. 

Levantamento realizado pelo instituto Paraná Pesquisas, divulgado em maio, aponta para liderança de Pimentel entre 22% e 26% nos cenários estimulados com a presença de Ducci, Leprevost, Requião e Richa. Os quatros aparecem empatados tecnicamente na segunda colocação dentro da margem de erro de 3,5 pontos percentuais.

No primeiro cenário, a pré-candidata Cristina Graeml (PMB) tem 2,3% das intenções de votos. O nome dela não foi incluído em outros cenários estimulados. “Eu não sou do time que finge ser austero mas usa dinheiro público do fundo eleitoral, dinheiro do pagador de impostos, para fazer campanha e comprar consciências. Minha força está no seu apoio e do imenso eleitorado conservador de Curitiba, que não se deixa enganar pela ‘direita’ de ocasião”, publicou a jornalista nas redes sociais.

Luizão (Solidariedade) aparece com menos de 2% nos dois cenários estimulados. “Vou trabalhar em cima de proposta e não vou ficar em cima de ideologia [durante campanha], pois tenho uma experiência como gestor e sempre mantive o diálogo com outras forças políticas”, afirmou o ex-prefeito de Pinhais, que considera o partido como sendo de centro.   

Metodologia: 800 entrevistados pessoalmente pelo Paraná Pesquisas entre os dias 8 e 13 de maio de 2024. A pesquisa foi contratada pela Televisão Bandeirantes do Paraná Ltda. Confiança: 95%. Margem de erro: 3,5 pontos percentuais. Registro no TSE nº PR-01291/2024.

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