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Desafios Curitiba
Curitiba tem uma população de 1,8 milhão de habitantes.| Foto: Gilson Abreu/AEN

Eleito o novo prefeito de Curitiba neste domingo (27), Eduardo Pimentel (PSD) terá de enfrentar uma série de desafios no mandato que cumprirá entre 2025 e 2028. Ao vencer Cristina Graeml (PMB) nas urnas nas eleições de 2024, terá como missão lidar com problemas típicos de uma cidade que não para de crescer: são mais de 1,8 milhão de habitantes na capital paranaense.

Pimentel está há oito anos dentro da prefeitura como vice-prefeito de Rafael Greca (PSD) e terá no ano que vem o maior orçamento da história da cidade. Com R$ 14,5 bilhões — 12% a mais do que neste ano —, poderá endereçar a resolução de alguns dos problemas de Curitiba, como saúde e educação, áreas que contam juntas com quase R$ 6 bilhões do orçamento.

Ao longo da campanha, alguns problemas da cidade ficaram mais evidentes, não só as filas de atendimento na saúde e na educação. Também entraram na pauta a questão de como tratar a população em situação de rua e como reduzir o preço da passagem de ônibus ao mesmo tempo em que melhora a qualidade do serviço. São vários os desafios de Curitiba e a Gazeta do Povo listou abaixo alguns deles.

Nova concessão do transporte público de Curitiba está prevista para 2025

O sistema de transporte público de Curitiba foi, por décadas, exemplo para outras cidades brasileiras e mesmo estrangeiras. O tempo passou e a capital paranaense agora convive com reclamações frequentes dos passageiros, como ônibus lotados, poucas frequências em algumas linhas, especialmente nos horários de pico, e, acima de tudo, o preço. A cidade tem, ao lado de Porto Velho e Florianópolis, a passagem de ônibus mais cara entre as capitais: R$ 6,00.

Reduzir o preço da passagem e melhorar a qualidade do serviço é o principal desafio de Curitiba nos próximos quatros anos. A boa notícia é que a oportunidade bate à porta do Palácio 29 de Março. Isso porque os atuais contratos do transporte coletivo acabam em 2025, abrindo a possibilidade de uma nova concessão que permita não apenas reduzir o preço da passagem como também renovar e aumentar a frota de ônibus — os contratos em vigência foram assinados em 2009 ainda na gestão de Beto Richa (PSDB) na prefeitura de Curitiba.

Em outubro de 2023, a prefeitura e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) assinaram um contrato, no valor de R$ 10 milhões, para estudar uma nova modelagem de concessão, prevendo edital de licitação em junho e leilão em setembro do ano que vem. O objetivo do estudo é encontrar a melhor maneira para aumentar os deslocamentos feitos por transporte coletivo e reduzir os trajetos por veículos individuais, inclusive prevendo a transição energética da frota, chegando a 33% de ônibus elétricos até 2030 e zerando as emissões de CO2 até 2050.

O tema do transporte coletivo, aliás, foi o que mais ganhou destaque no segundo turno em Curitiba. Após Cristina Graeml lançar a proposta de cobrança por distância percorrida, Eduardo Pimentel acusou a adversária de querer aumentar o preço da passagem de ônibus, usando exaustivamente essa possibilidade na propaganda eleitoral ao longo das três semanas finais de campanha. Graeml, por sua vez, rebateu dizendo que não aumentaria o preço e que esse modelo é equivalente ao que acontece com as viagens de Uber: quanto mais roda, mais paga.

Atendimento à população em situação de rua é insuficiente

Os números divergem, mas é certo que a população em situação de rua em Curitiba aumentou nos últimos anos, especialmente por causa da pandemia de Covid-19. Segundo o Cadastro Único do governo federal, seriam mais de 4 mil. Nem a prefeitura tem um número exato. O problema é que, segundo a Fundação de Assistência Social (FAS), a capital paranaense consegue atender pouco mais de 1,5 mil nos espaços de acolhimento.

Os desafios da gestão pública em Curitiba sobre essa questão estão principalmente na individualização dos casos. Entre moradores em situação de rua estão desempregados, desalojados, pessoas com problemas de saúde mental. Sem contar a presença de usuários de drogas e mesmo criminosos se escondendo das autoridades policiais.

Mais do que ações de acolhimento assistencial, o desafio maior está em reinserir as pessoas à sociedade, necessitando de outras iniciativas que transpassam a assistência social, como habitação, trabalho e saúde. A atual gestão se defende dizendo que se trata de um “problema mundial”. Durante o período eleitoral, Graeml apontou a população de rua como o principal desafio da cidade e criticou duramente o trabalho da prefeitura nesse sentido. Por sua vez, Pimentel reconheceu que há falhas, mas que o caminho está em fornecer habitação e oportunidades de trabalho para tirar as pessoas da rua.

Mães curitibanas aguardam por vaga em creche

O número muda mês a mês, mas hoje há cerca de 8 mil crianças de zero a três anos na fila de espera por creches em Curitiba, seja nos Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIs) ou nas instituições privadas conveniadas — nestes casos a prefeitura paga pela vaga, em um sistema que a atual gestão vem adotando para tentar reduzir o problema.

Em setembro de 2022, o Supremo Tribunal Federal (STF) entendeu que disponibilizar vaga na creche é um direito não apenas da criança, mas também da mãe. E é nesse ponto que a fila de espera se torna um desafio para os próximos anos em Curitiba. Se não há vaga na creche, a mãe não tem como trabalhar, gerando outros problemas sociais, especialmente em áreas mais pobres da cidade.

Por causa da fila de espera, muitas famílias estão buscando a via judicial para que a prefeitura seja obrigada a disponibilizar vagas nas creches. A Defensoria Pública do Paraná vê o número de pedidos aumentando a cada mês.

Filas da saúde persistem em consultas e procedimentos especializados

A espera não está apenas na área da educação, mas também na saúde. De acordo com dados oficiais da prefeitura de Curitiba, referentes a 23 de outubro de 2024, a fila da saúde chega a 210 mil atendimentos, entre consultas e procedimentos, que incluem cirurgias e exames especializados. A fila de consultas com especialistas passa de 145 mil e a de procedimentos bate 64 mil.

Algumas áreas são mais críticas, como a oftalmologia. Atualmente há quase 46 mil pacientes aguardando por uma consulta com um oftalmologista. E essa fila não tem andado rápido, com pessoas precisando esperar meses para serem atendidas por um especialista. No caso de procedimentos, chama a atenção a fila para os exames de imagem. Só de ultrassonografias, a espera é de 39 mil pacientes. Para uma radiografia, a fila vai a 3,1 mil.

A demora nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) também está no foco da população, especialmente em alguns períodos do ano, como o inverno, quando aumenta a demanda por atendimento de casos respiratórios. A atual gestão optou por terceirizar o atendimento de algumas unidades, mas os problemas persistem, principalmente pela falta de profissionais, como médicos e enfermeiros.

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