Novo prefeito de Curitiba vai suceder Rafael Greca (PSD).| Foto: Infografia/Gazeta do Povo
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Os candidatos Eduardo Pimentel (PSD) e Cristina Graeml (PMB) vão disputar o segundo turno em Curitiba nas eleições municipais de 2024. O resultado das urnas opõe candidatos alinhados à direita e que foram responsáveis por esquentar os últimos dias de campanha, com ataques pessoais e uma briga pelo eleitorado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que apoia oficialmente o atual vice-prefeito, mas que posou ao lado de Graeml e autorizou o uso da imagem dele nas redes sociais da candidata. A votação do segundo turno está marcada para 27 de outubro.

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Na votação deste domingo (6), com 100% das seções eleitorais totalizadas, Pimentel teve 33,51% dos votos válidos (313.347 votos) e Graeml registrou 31,17% (291.523 votos).

Em seguida, vieram Luciano Ducci (PSB), com 19,44% (181.770 votos), e Ney Leprevost (União Brasil), que atingiu 6,49% (60.675 votos).

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Atrás, ficaram Luizão Goulart (Solidariedade), com 4,41%; Maria Victoria (PP), com 2,19%; Roberto Requião (Mobiliza), com 1,83%; Professora Andrea Caldas (PSOL), com 0,86%; Samuel de Mattos (PSTU), com 0,06%; e Felipe Bombardelli (PCO), com 0,04%.

A pesquisa da Quaest divulgada em 17 de setembro apontava Pimentel à frente, com Ducci e Ney Leprevost próximos e disputando a preferência do eleitorado para ver quem iria ao segundo turno.

Porém, a pesquisa publicada pelo mesmo instituto neste sábado (5), véspera de realização do primeiro turno, apontou um empate técnico entre Pimentel e Cristina Graeml, que cresceu na reta final da campanha. Ele somava então 26% e ela 21%, empatados dentro da margem de erro de 3 pontos percentuais para mais ou para menos. Na sequência apareciam Ducci com 18% e Leprevost com 12%.

Construção de uma grande aliança em torno do nome de Pimentel

Desde o período da pré-campanha, o objetivo do PSD, liderado pelo governador Ratinho Junior, era juntar o maior número possível de partidos em uma coligação de direita para suceder Rafael Greca na capital, dando mais tempo de televisão — a chapa ficou com 4 minutos e 42 segundos, o maior neste pleito. No fim, a composição somou oito siglas, incluindo o PL do ex-presidente Jair Bolsonaro, que costurou com Ratinho a vaga de vice para Paulo Martins.

Bolsonaro, aliás, pouco apareceu na campanha de Pimentel, exceto na reta final. A associação com o bolsonarismo ficou com Graeml, que chegou a se encontrar com o ex-presidente em Brasília e conseguiu a autorização dele para usar a imagem juntos nas redes sociais — a campanha dela, inclusive, esteve sob risco devido a um desentendimento com a Executiva Nacional do PMB, que destituiu o diretório local, mas o TRE confirmou a candidatura posteriormente.

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Por outro lado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi figura quase inexistente na campanha curitibana, mesmo com o PT integrando a chapa de Ducci junto com o PDT do vice Goura — o risco do ex-aliado do tucano Beto Richa (PSDB) perder votos diante da rejeição a Lula em Curitiba foi determinante.

Símbolos da Lava Jato em lados opostos

Um dos primeiros aliados de Eduardo Pimentel nesta eleição foi o partido Novo do ex-procurador e ex-deputado federal Deltan Dallagnol. Ele chegou a se colocar como pré-candidato, mas desistiu de concorrer. E, apesar do apoio, não participou ativamente da campanha como forma de somar votos do eleitorado lavajatista de Curitiba.

Do outro lado, o ex-juiz federal e senador Sergio Moro (União Brasil) entrou com mais força na campanha, mas do deputado estadual Ney Leprevost. Além de propostas nas áreas de segurança e combate à corrupção, o senador foi um dos responsáveis por indicar a esposa dele, a deputada federal Rosangela Moro (União Brasil), como vice na chapa de Leprevost — o presidente nacional do União, Antonio Rueda, também insistiu na composição.

A chapa do União Brasil, inclusive, foi alvo de investidas de Ratinho Junior. A ideia era ter Leprevost na campanha de Pimentel, aumentando o tempo de televisão e tirando um adversário da disputa. Nem o cargo de primeiro secretário da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) foi suficiente para demover o deputado estadual, que seguiu no pleito.

Campanha em Curitiba esquentou na última semana

O resultado do primeiro turno das eleições em Curitiba passou a ficar mais indefinido a partir do início da última semana, quando veio à tona a notícia da suspeita de coação de servidores da prefeitura de Curitiba para doarem à campanha de Eduardo Pimentel. Pela denúncia, o superintendente de Tecnologia da Informação da prefeitura, Antonio Carlos Pires Rebello, teria forçado a venda de ingressos de um evento partidário com jantar no valor de R$ 3 mil.

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O servidor foi exonerado do cargo, mas as campanhas adversários correram para criticar o caso e o candidato Pimentel. Esse, aliás, foi o principal tema do debate promovido pela RPC, afiliada da Rede Globo. Cristina Graeml disse que o vice-prefeito "deveria pedir desculpas ao povo curitibano e aos servidores que foram coagidos". Leprevost declarou que não vai admitir perseguição aos servidores. Roberto Requião pediu punição a Pimentel na esfera eleitoral. Pimentel se defendeu dizendo que a campanha dele é "a campanha da verdade".

Além disso, a campanha de Eduardo Pimentel avançou sobre as pesquisas eleitorais da última semana. Logo na segunda-feira (30), conseguiu na Justiça Eleitoral suspender a pesquisa da Véritas, encomendada pelo Bem Paraná. Já na sexta-feira (4), obteve liminar para que cinco pesquisas a serem divulgadas na véspera do primeiro turno fossem impugnadas (Quaest, AtlasIntel, 100% Cidades Participações, Véritas e Prefab Future Publicidade). A suspensão do levantamento da IRG foi indeferida, enquanto a Quaest conseguiu um mandado de segurança para seguir com a divulgação.

A motivação dos pedidos, segundo apurou a Gazeta do Povo, foi uma queda de Pimentel na preferência do eleitor nas semanas finais e um crescimento de Graeml, que não teve tempo na propaganda eleitoral gratuita, mas conseguiu tracionar a campanha nas redes sociais.

  • Metodologia da pesquisa Quaest de 5/10: 1.002 entrevistados pela Quaest entre os dias 4 e 5 de outubro de 2024. A pesquisa para a prefeitura de Curitiba foi contratada pela Sociedade Rádio Emissora Paranaense Ltda/TV Paranaense. Confiança: 95%. Margem de erro: 3 pontos percentuais. Registro no TSE nº PR-04399/2024.
  • Metodologia da pesquisa da Quaest de 17/9: 900 entrevistados pela Quaest entre os dias 14 e 16 de setembro de 2024. A pesquisa em Curitiba foi contratada pela Sociedade Rádio Emissora Paranaense Ltda/TV Paranaense. Confiança: 95%. Margem de erro: 3 pontos percentuais. Registro no TSE nº PR-07358/2024.