Sergio Moro, Rosangela Moro e Ney Leprevost em anúncio de candidatura à prefeitura de Curitiba.| Foto: Divulgação/Campanha Ney Leprevost
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O senador Sergio Moro (União Brasil) afirmou que o deputado estadual e ex-candidato a prefeito de Curitiba Ney Leprevost (União Brasil) mentiu sobre as causas que levaram à derrota no primeiro turno da eleição na capital paranaense. Em entrevista à Folha de S. Paulo, Leprevost disse que Moro “atrapalhou bastante” na campanha e que o senador achava que o candidato era um “fantoche” para fazer “pré-campanha dele [Moro] para governador”.

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“Somos solidários em relação à derrota, mas quando ele mente a respeito das causas, precisamos nos posicionar”, disse Moro em entrevista à Gazeta do Povo. “Eu jamais levaria isso a público, não fossem as ofensas [dele]. Ele adotou uma postura típica da velha política, sem se posicionar claramente sobre temas importantes e acabou naufragando”, prosseguiu o senador.

Leprevost foi o quarto mais votado no primeiro turno das eleições em Curitiba, com 60.675 votos, o equivalente a 6,49% dos votos válidos, ficando atrás de Eduardo Pimentel (PSD), Cristina Graeml (PMB) e Luciano Ducci (PSB).

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Segundo o senador, Leprevost insistiu para que a deputada federal Rosangela Moro (União Brasil) fosse a vice dele, mesmo com uma relutância do casal — Rosangela e Sergio Moro são casados. Um pedido da direção nacional do União Brasil, porém, teria sido decisivo para que ela entrasse na disputa em Curitiba.

“Logo que começou a campanha, ele tomou a decisão de correr sozinho. Outros membros do partido também foram excluídos e ele não ouviu os conselhos do União Brasil. Foi uma escolha dele e que não pode transferir a responsabilidade para outros”, complementou Moro.

Quando anunciou que Rosangela Moro seria vice, em 29 de julho, Leprevost estava na mesa ao lado dela e de Sergio Moro. Na ocasião, elogiou a deputada por aceitar o convite e o senador por fazer parte da aliança, dando espaço, inclusive, para que Moro participasse de forma ativa na elaboração do plano de governo, com o projeto para a criação de uma agência municipal anticorrupção.

À Folha de S.Paulo, Leprevost disse que começou a perder a campanha quando cometeu "o erro de aceitar o pedido do União Brasil nacional de colocar a mulher do Moro de minha vice" e que o senador "agregou muita rejeição à campanha" devido ao papel de juiz federal desempenhado na operação Lava Jato.

A reportagem da Gazeta do Povo entrou em contato com o deputado Ney Leprevost, mas ele não retornou às ligações. Na tarde desta quarta-feira (16), Leprevost emitiu uma nota em resposta ao que considerou "ataques rasteiros e injustificados proferidos contra mim, e sem o menor cabimento também a familiar meu", feitos por Moro.

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O posicionamento é extenso e enumera o que Leprevost considerou "traições" de Moro, resgatando fatos passados. O deputado diz, por exemplo, que o ex-juiz "traiu a magistratura utilizando-se dela para se promover pessoalmente com objetivo de conquistar cargo político", menciona que Moro traiu o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e relembrou a tentativa de Moro em trocar de domicílio eleitoral para São Paulo. Entre outros itens, Leprevost salienta que Moro teria ido contra eleitores de direita, quando se posicionou favoravelmente a Flavio Dino no Supremo Tribunal Federal (STF).

Em relação à eleição em Curitiba, Leprevost diz que Moro abandonou a campanha "dez dias antes da eleição por não ter sido satisfeita a sua vaidade de aparecer diversas vezes no programa eleitoral de televisão" e que "traiu o partido União Brasil, utilizando na última semana de campanha R$ 230 mil do fundo eleitoral nas redes sociais da sua esposa para mera promoção pessoal da mesma sem sequer pedir votos para o 44". A Moro, Leprevost ainda deu o recado "me esqueça" e chamou o senador de "oportunista".

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]