Prefeitos eleitos em segundo turno nas eleições municipais de 2024 gastaram, em média, 3,7 vezes mais para conquistar votos no primeiro turno, na comparação com a movimentação das campanhas na segunda etapa do pleito. No dia 6 de outubro, cada apoio conquistado custou R$ 28,37 em média - enquanto no último dia 27 esse gasto foi de R$ 7,49. Confira tabelas discriminadas por turno, logo abaixo.
Isso acontece porque o limite de gastos do primeiro turno é maior do que no segundo - além da primeira etapa da campanha ser mais extensa. Dos eleitos nas 51 cidades com dois turnos no pleito de 2024, Abilio Brunini (PL), de Cuiabá, foi quem mais "gastou" com votos no primeiro turno. Cada um dos 126.944 apoios conquistados por ele nas urnas custou R$ 71,29. Já no segundo turno ele ficou em segundo lugar na conta, com custo de R$ 16,43 para cada um dos 171.324 votos recebidos.
Pela quarta vez à frente do Poder Executivo municipal, o prefeito eleito de Camaçari (BA), Luiz Caetano (PT), gastou R$ 63,10 por voto no primeiro turno - ocupando a segunda posição no ranking de gastos. Ao todo, ele recebeu 77.926 apoios nas urnas nesta etapa do pleito. Já no segundo turno, foi o prefeito que mais gastou por voto - cada um dos 80.626 votos custou R$ 30,22.
Na outra ponta da tabela, no primeiro turno, Igor Normando (MDB), eleito prefeito de Belém (PA), foi quem menos utilizou recursos para revertê-los por voto. Foram R$ 5,81 para cada um dos 359.904 apoios conquistados na primeira etapa da eleição. Em segundo lugar, está Alexandre Ferreira (MDB), de Franca (SP): o "custo" de cada um dos 73.496 votos recebidos por ele foi de R$ 6,61. Na terceira posição aparece Marcio Correa (PL), eleito em Anápolis (GO). Ele gastou R$ 8,85 por voto e recebeu, nesta etapa, 97.049 apoios nas urnas.
Já no segundo turno, o candidato que menos gastou foi Ramos Santana (PSDB), eleito prefeito em Paulista (PE). Cada um dos 120.228 votos conquistados por ele na segunda etapa "custou" R$ 0,49. Em segundo lugar está Helinho Zanatta (PSD), de Piracicaba (SP): ele investiu R$ 2,07 em cada um dos 106.399 votos conquistados. Em terceiro, aparece Adiló Didomenico (PSDB), prefeito eleito em Caxias do Sul (RS), que conquistou 116.730 votos na segunda etapa - cada um a R$ 2,65.
A análise dos dados foi feita pela reportagem da Gazeta do Povo por turno para evitar distorções nos resultados e sobreposições de votos - já que muitos apoios do primeiro turno estão incluídos no segundo turno. Para calcular os custos por voto, o valor arrecadado no primeiro turno foi dividido pelo total de votos na mesma etapa de votação. O método foi repetido com dados do segundo turno para contabilizar os gastos por apoios na etapa decisiva do pleito municipal.
A prestação de contas dos candidatos consta no site DivulgaCand, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e foi consultada entre os dias 29 de outubro e 1º de novembro. Foram considerados como recursos do segundo turno todos aqueles informados pelos candidatos após 6 de outubro. Como em alguns casos o candidato arrecadou mais do que o limite de gastos permitido, optou-se por utilizar o teto para calcular o valor correspondente do voto.
O limite de gastos é distribuído proporcionalmente entre os municípios, considerando o tamanho da cidade e o número de eleitores aptos a votar, conforme explica o site do Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR).
Primeiro turno
No primeiro turno, Tiago Amaral (PSD), eleito prefeito em Londrina, arrecadou R$ 2.525.500, sendo que o limite é de R$ 2.376.630,68. Para calcular os votos, foi considerado o teto de gastos. Em Anápolis, Marcio Correa (PL) arrecadou R$ 988.480 no primeiro turno - limite é R$ 859.449,32. O mesmo ocorreu em Belém: Igor Normando (MDB) arrecadou R$ 2.233.408, e o limite de gastos é de R$ 2.092.675,68.
O prefeito eleito de Santa Maria (RS), Rodrigo Decimo (PSDB) arrecadou R$ 1.259.000 no primeiro turno turno; o limite de gastos é de R$ 1.139.318,95. Já em Aracaju, Emilia Correa (PL) arrecadou R$ 5.600.100,00 no primeiro turno - o limite de gastos é 5.567.772,40. Por fim, em São Bernardo do Campo (SP), Marcelo Lima (Podemos) arrecadou R$ 7.680.402,96 no primeiro turno, sendo que o teto é de R$ 6.813.402,91.
Segundo turno
Em Fortaleza, Evandro Leitão (PT) arrecadou, no segundo turno, mais do que o limite estabelecido: R$ 7.856.836, e o teto é de R$ 7.343.664,57. Como o gasto não pode ultrapassar o teto, foi utilizado no cálculo feito pela Gazeta do Povo o valor do limite para o custo de voto dele.
Em Imperatriz (MA), Rildo Amaral (PP) arrecadou R$ 947.468,34 e o teto é de R$ 802.067,41. Assim como em Santarém (PA): Zé Maria Tapajós (MDB) arrecadou R$ 621.100 e o limite de gastos no segundo turno é de R$ 599.611,45.
Em João Pessoa (PB), Cícero Lucena (PP) arrecadou R$ 1,7 milhão e o teto é R$ 1.458.996,18. O mesmo ocorreu em Canoas (RS), onde o prefeito eleito Airton Souza (PL) arrecadou R$ 1.187.400 e o teto é de R$ 1.130.652,61. Também no Rio Grande do Sul, em Pelotas, Fernando Marroni (PT) arrecadou R$ 690.957,23, e o teto é R$ 495.957,23.
Em Franca (SP), Alexandre Ferreira (MDB) arrecadou R$ 255 mil e o teto é R$ 215.052,48. E o prefeito eleito de Taubaté (SP), Sergio Victor (Novo), arrecadou R$ 634.933,33 e o teto é R$ 597.139,38.
Já em Porto Velho (RO), Léo Moraes (Podemos) não declarou os valores arrecadados no segundo turno. Por último, na tabela não constam os valores de Jundiaí (SP), porque a eleição na cidade paulista está sub judice.
O que consta nos recursos arrecadados pelos candidatos
Dos recursos de campanha, uma das principais fontes é o fundo eleitoral. É dessa parcela, inclusive, que vem a maior parte dos recursos arrecadados. O prefeito reeleito na cidade de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), por exemplo, arrecadou R$ 51.528.765,84 nos dois turnos - o maior valor entre os candidatos que disputaram a segunda etapa do pleito. Do total, 97,98% vêm de doações de partidos.
Outra fonte de arrecadação são as doações por pessoas físicas. Dos candidatos que foram ao segundo turno, o prefeito reeleito de Porto Alegre, Sebastião Melo foi quem teve maior número de doadores. Foram mais de 500 pessoas físicas que fizeram doações para a campanha dele. Dos R$ 10,5 milhões que ele arrecadou, R$ 2,3 milhões são provenientes do apoio de pessoas físicas.
Segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), outras fontes de recursos considerados legítimos são:
- recursos dos próprios dos candidatos;
- doações de outros candidatos ou partidos políticos;
- comercialização de bens, serviços e promoção de eventos de arrecadação realizados pelo candidato ou partido;
- rendimentos gerados a partir da aplicação de recursos;
- doações feitas às legendas por pessoas físicas.
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