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Pedrão (PP)
Pedrão é candidato à prefeitura de Florianópolis (SC).| Foto: Samara Maskalenkas/Campanha Pedrão

Candidato à prefeitura de Florianópolis pelo PP, Pedro Silvestre, o Pedrão, defende a criação de uma força-tarefa com diversos órgãos públicos para tratar os moradores em situação de rua. Em entrevista à Gazeta do Povo, afirmou que dependentes químicos serão encaminhados para comunidades terapêuticas, enquanto pessoas com doenças psiquiátricas serão levadas a clínicas, e criminosos “vão ter o tratamento da Guarda Municipal e da Polícia Militar”.

“As pessoas em situação de rua também não terão mais hotel pago pela prefeitura. Isso é um compromisso nosso. Hoje a prefeitura gasta dinheiro dos nossos impostos para pagar o hotel ao invés de pagar clínica para as pessoas se internarem”, disse Pedrão.

Nesta entrevista à Gazeta do Povo, o candidato do PP falou, ainda, sobre ampliar a transparência da prefeitura, apostando em dados abertos. Defendeu a necessidade de buscar investimentos privados para qualificar o turismo e ofertar, na cidade, oceanário, roda-gigante e parques temáticos. Pedrão também propõe firmar parcerias com a iniciativa privada para contratar exames para o SUS e médicos especialistas.

Todos os candidatos à prefeitura de Florianópolis foram convidados pela reportagem da Gazeta do Povo para a entrevista.

Leia a entrevista com o candidato Pedrão

Florianópolis teve caso de suspeita de corrupção na prefeitura, inclusive com um secretário preso. A situação traz à tona a necessidade de medidas de combate à corrupção, que passam pela transparência de informações de contratos, licitações, investimentos, uso de recursos pela prefeitura. Que medidas práticas o senhor pretende adotar para aumentar a transparência da prefeitura e coibir casos de corrupção, se eleito? 

Então, Florianópolis tem 18 secretarias municipais e em seis foram descobertas envolvimento com corrupção. Isso significa que um terço do governo já foi descoberto com suspeitas de corrupção. Os outros dois terços estão sob interrogação, a população não sabe se são secretarias que estão fazendo uma gestão honesta ou corrupta, precisa de investigação. Mas são as secretarias que têm os maiores orçamentos, por exemplo Saúde e Educação. Então ali precisaria, com toda a certeza, de uma investigação urgente por parte de Tribunal de Contas, Ministério Público etc.

Da nossa parte, quando vereador, criei a política municipal de transparência e combate à corrupção, ela deve ser implantada na íntegra. Se tivesse sido implantada na íntegra desde 2020, Florianópolis, em 2022, seria a cidade mais transparente do Brasil. Esse era o plano. Então o nosso objetivo é transparência total, dados abertos e não vai ter nenhuma informação do município que seja obscura ou que fique de fato escondida. Todas as informações abertas e disponíveis no Portal da Transparência.

No seu plano de governo, o senhor cita a vocação turística de Florianópolis e diz que há a necessidade de potencializar essa característica. De que forma o senhor pretende fazer isso?

Parceria público-privada é o caminho para o turismo aqui em Florianópolis. A gente não tem parques temáticos, não tem equipamentos que tragam o turismo náutico para cá. Então a nossa linha principal é na busca por investimentos privados, para trazer equipamentos como Oceanário de Florianópolis, roda-gigante, parques temáticos. E aí já tem conversa com Beto Carrero, Hopi Hari e outros também de fora do país. Os píers e atracadouros para o transporte marítimo que são, por si só, um equipamento turístico.

E também a questão do turismo ecológico. Nós temos nove unidades de conservação municipais, muito visitadas e subutilizadas, então nossa intenção é parceirizar com os cursos do IFSC (Instituto Federal de Santa Catarina) de turismo para fazer com que os jovens saiam empregados como guia de turismo. E também tem dentro dessas unidades, das trilhas guiadas, espaço para camping, restaurante, quiosque etc. Então é trazer para dentro das unidades de conservação um turismo sustentável.

Temos um ponto forte que é o turismo de base comunitária, ele acontece no Sertão do Ribeirão, Ratones e em algumas comunidades do Maciço. E nosso objetivo é fomentar esse turismo de base comunitária, para que possa virar referência, como acontece em outros lugares do Brasil. Turismo em comunidades acontece no Rio de Janeiro, no Bar da Laje, no Vidigal, por exemplo. E com turismo de base comunitária, nós conseguimos viajar até por Santa Catarina mesmo, para ter experiências gastronômicas, culturais e artísticas. (Bairro) Ratones tem um formato de pesca artesanal que por si só já é um turismo. E eu tive a oportunidade de fazer: você entra numa embarcação feita com uma árvore que é nativa de Florianópolis, pela própria pessoa, ela nos leva para pescar, nós pescamos, limpamos o peixe e aprendemos a fazer um prato típico da cidade. Então, isso é um turismo que encanta os olhos e é um turismo de experiência, né?

Nós temos também aqui a prerrogativa de ter o turismo esportivo e um turismo de negócios muito forte, para combater a sazonalidade do verão. Então nosso objetivo é fazer com que a Secretaria de Turismo no município seja protagonista, tenha um plano e esteja distante da corrupção, sendo administrada por pessoas que realmente estão preparadas para administrar o turismo da capital.

E como incentivar esse turismo fora de época, fora da temporada de verão?

É turismo de eventos. Florianópolis, por exemplo, não tem uma arena multiesportiva, os jogos acontecem em Joinville, Jaraguá, São José, mas não aqui. E é uma vergonha uma capital de estado não ter uma arena multiesportiva. O próprio Iron Man (prova de triatlo) que acontece está negociando para sair de Florianópolis. É um tipo de evento que não pode sair daqui.

Florianópolis se comporta como um galanteador barato, traz o turismo de verão prometendo muitas coisas, entrega não apenas praias bonitas, mas engarrafamento, águas poluídas, atendimento do comércio abaixo da qualidade

Pedrão, candidato do PP à prefeitura de Florianópolis

Nós temos que trazer shows o ano inteiro, entrar no eixo de shows dos artistas. Na parte de teatro, trazer para cá grandes espetáculos. E fomentar que os artistas, os atletas e os times os clubes daqui tenham a possibilidade de competirem e de se apresentarem nesses espaços grandiosos. Nós temos que criar a rota cultural de Florianópolis, resgatando eventos como a Maratona Cultural que trazia gente do Brasil inteiro, resgatar eventos como o antigo Planeta Atlântida que era uma parceria público-privada. E assim a gente vai trazer novos turistas e os mesmos turistas novamente.

Florianópolis hoje se comporta como um galanteador barato, traz o turismo de verão, prometendo muitas coisas, entrega não apenas praias bonitas, mas entrega engarrafamento, águas poluídas em boa parte das praias, um atendimento do comércio que está abaixo da qualidade que a gente pode entregar. Enfim, a nossa cidade ainda vai evoluir muito, mas da forma como está não pode mais se manter.

E para esse turismo de shows e eventos culturais, o senhor pretende construir alguma casa de espetáculos?

O mais interessante para o município não seria construir uma casa de shows, mas a gente utilizar os lugares que o município tem. Por exemplo, os estádios do Avaí e do Figueirense conseguem comportar grande público, e o município tem que estimular a vinda desses eventos para cá, parceirizar com os dois clubes para que também tenham receita. Hoje esses clubes têm dificuldades financeiras, o Figueirense em especial. E acontece esse formato (de shows em estádios) no Brasil inteiro, né?

Se nós pegarmos os estádios mais modernos, a arena do Palmeiras recebe shows de ordem mundial. E aqui pode ser similar a isso, os estádios já receberam shows, por exemplo, de Paul McCartney, Gusttavo Lima, Roberto Carlos. Então a gente tem essa expertise. Obviamente que vai necessitar da nossa participação enquanto prefeitura para trabalhar uma inteligência de trânsito, espaço para estacionamento, infraestrutura, como tratamento de esgoto para comportar esses eventos.

As queimadas em diversas partes do país trouxeram muita fumaça para Florianópolis, deixando a qualidade do ar na cidade insalubre na sexta-feira, 13 de setembro. O caso levantou o debate ambiental e necessidade de combater as mudanças climáticas, considerando que estamos em uma ilha e os impactos podem ser percebidos antes do que em outros locais. O que o senhor propõe para preservar o meio ambiente em Florianópolis?

Fazer o que a prefeitura já deveria ter feito. Assinou um protocolo e não cumpriu, que foi o primeiro deles, Florianópolis Lixo Zero. Esse protocolo está assinado pelo Gean Loureiro (ex-prefeito de Florianópolis que, no segundo mandato, teve como vice Topázio Neto, hoje prefeito que concorre à reeleição) e também teve uma digital do Topázio. Eles não fizeram absolutamente nada do que estava previsto nesse cronograma. Foi muito mais para inglês ver, foi muito mais marketing do que ação.

Esse é o primeiro ponto: trabalhar a questão do resíduo sólido em Florianópolis, mudar a lógica que Florianópolis trabalha os resíduos sólidos. O mundo inteiro ficou impactado com um navio cargueiro transatlântico desses repleto de lixo saindo da Europa e chegando na África e outro chegando no Brasil alguns anos atrás. Florianópolis faz isso todos os dias: ao invés de mandar lixo dentro de um navio para outro continente, manda dentro de uma carreta. São diversas carretas de 35 toneladas que saem do (bairro) Itacorubi e vai para o município vizinho de Biguaçu, sendo que boa parte desses resíduos são orgânicos, são recicláveis e pouca coisa é rejeito.

O município paga ainda um dos valores mais altos do Brasil para tratar - entre aspas esse tratar - o resíduo sólido. Florianópolis tem que parar de cometer crime ambiental quando se trata de resíduos sólidos. Esse é o primeiro ponto aqui no município. O segundo é tratar as unidades de conservação do nosso município com devido respeito. Nossas unidades de conservação têm planos de manejo que já eram para estar prontos e sendo operacionalizados. As unidades de conservação aqui do município cumprem um papel fundamental para a questão das mudanças climáticas.

E um terceiro ponto é trabalhar a arborização urbana, para reduzir a micro temperatura. Hoje Florianópolis não é a cidade mais arborizada do Brasil em área urbana, e a gente precisa mudar isso. Somado a tudo isso, chega numa proposta que é interessante - objeto de trabalho meu profissional, da minha empresa - que é a questão dos créditos de carbono, neutralização de carbono.

Florianópolis tem uma nova receita que é justamente a geração de créditos de carbono a partir da sua economia verde. E nós temos um plano para isso, seguindo os passos de São Paulo, Curitiba, mas com maior facilidade pelo fato do nosso tamanho ser menor. Então a gente consegue adotar políticas como substituição dos combustíveis dos carros da prefeitura por etanol, ao invés de diesel e gasolina, fazer a questão da iluminação através de energia limpa da cidade e dos prédios públicos, criar políticas de incentivo aos empreendedores para construírem de forma sustentável. Foi até um projeto meu como vereador.

Então tudo isso a gente consegue trabalhar e trazer resultado para nossa cidade. Caso nada seja feito, a gente vai continuar só reclamando dos problemas. A gente precisa mudar e colocar a nossa vocação em prática. Florianópolis já tem vocação, precisa só praticar o que já tem.

O senhor diz que a construção civil vem sendo propositalmente desestimulada a empreender na cidade. Quais ações o senhor pretende adotar, se eleito, para estimular o setor?

Assim como a gente observa que, em outras profissões, os conselhos são atuantes, a gente tem que ter esse conselho e trabalhar a questão da construção civil com um plano diretor que seja autoaplicável. Independente se vai construir uma casa ou um prédio, quando olhares o teu lote, tu tens que saber quantos metros quadrados pode construir. Hoje Florianópolis depende de uma consulta de viabilidade e da aprovação de um projeto que normalmente está lincado com corrupção. Isso foi até objeto de CPI aqui na cidade quando fui vereador. Nós comprovamos que a origem de tudo está num plano diretor que não funciona e que é recauchutado, remendado, alterado e que não é conclusivo. A lei urbanística da cidade tem que ser clara, objetiva e autoaplicável.

Os casos em que o município deve intervir e colocar esforços são os de impacto ambiental, onde tem impacto de vizinhança e impacto na mobilidade. Nos demais casos, o município tem que deixar previamente autorizada a construção, com regras claras e com punições mais claras ainda. Tem que pegar um pouquinho do modelo americano e trazer para cá. Fazendo isso, quem construir errado vai ter que pagar uma multa no valor do próprio empreendimento, ou seja, com uma equipe de fiscalização pequena hoje, você não consegue fiscalizar tudo o que acontece na cidade.

Com uma equipe de fiscalização que está lincada à corrupção - como nós vimos o chefe e o diretor de fiscalização do município presos - isso é muito grave. Isso mostra que o modelo está falido e não é confiável. Então a gente precisa alterar esse modelo. Além disso, a outorga do município, que é cobrada com direito de construir um pouco a mais, é muito cara e essas contas não são transparentes. Nós precisamos tornar isso transparente e inclusive mudar a ótica. Ao invés de pagar um dinheiro para o município para construir mais, o município tem que dizer quais obras esse empreendedor vai ter que fazer, porque um empreendedor fazendo sai mais barato para o município, sai mais rápido, porque não tem licitação, e fica distante de um modelo de corrupção. E tem mais de um ganho, um ganho de qualidade de obra que, normalmente, quem vai construir privado para a prefeitura constrói com uma qualidade maior do que aquele que o município contrata para construir.

O senhor cita no plano de governo que um dos problemas da cidade são as construções irregulares. O que o senhor pretende fazer para combatê-las e quais suas propostas para o planejamento urbano da cidade? 

Regularização fundiária é o caminho. A gente tem que criar a lei do passa régua: quem construiu até aqui está construído, regulariza, o que tiver dano ambiental cobra-se uma multa se não tiver como recuperar e não for demolir as casas. Então passa a régua e coloca as últimas casas das áreas de invasão como os centuriões dessa área de preservação. E, com base nisso, coloca-se ali barreiras físicas monitoradas e cria-se a unidade de conservação até o limite da última casa - ao ponto de que quem invadir simplesmente vai ter sua casa derrubada. Isso é regra e tem que fazer valer.

Nosso compromisso é usar o slogan de Ilha do Silício na prática e não apenas da boca para fora, como é feito hoje.

Pedrão, candidato do PP à prefeitura de Florianópolis

O município hoje tem menos funcionários na área de fiscalização do que tinha na década de 1990, portanto, a gente precisa ter o apoio da tecnologia. E aí nós temos diversos aplicativos que a cidade já divulgou que iria usar, mas não usa, que são os de monitoramentos de áreas invadidas por satélite, pelos quais essas imagens são semanalmente comparadas. E as mudanças de imagem levam obrigatoriamente o técnico, o fiscal a agir. Então o nosso compromisso é usar o slogan de Ilha do Silício na prática e não apenas da boca para fora, como é feito hoje.

O número de famílias em situação de rua aumentou 45% em 2023, segundo o  Cadastro Único do governo federal. Quais ações o senhor pretende adotar, se eleito, para acolher essas pessoas e reduzir esse número?

São 3,5 mil pessoas aproximadamente, no último número que eu tive acesso. É uma população maior do que Rancho Queimado, um município da Serra de Santa Catarina. Nós temos como vice o Coronel Pontes, que foi o criador da força-tarefa Doa, que em 2016 e 2017 enfrentou essa problemática das pessoas em situação de rua. Foi juntada à força-tarefa, que é isso que nós vamos fazer, órgãos como Secretaria de Saúde, Assistência Social, Polícia Científica, Polícia Militar, Guarda Municipal, vou esquecer algum agora, Ministério Público. Nós vamos juntar todos esses órgãos, como foi feito em 2016 e em 2017, capitaneado e construído pelo meu vice e vamos fazer a abordagem e o acolhimento.

Com isso, nós vamos levar quem é dependente químico para tratamento através de convênios da prefeitura com as comunidades terapêuticas, quem tem problema psiquiátrico para os institutos de psiquiatria. Aqueles que querem voltar para suas casas, um lanche, colocar no ônibus e um abraço. E aqueles que são os mandriões que estão furtando e estão aqui descumprindo a ordem da cidade, esses vão ter o tratamento da Guarda Municipal e da Polícia Militar. Vamos fazer cumprir a ordem aqui na cidade. 

Passarela do Samba, o projeto que tem lá será encerrado. Nós vamos devolver a Passarela do Samba ao samba e aos eventos. E as pessoas em situação de rua também não terão mais hotel pago pela prefeitura. Isso é um compromisso nosso. Hoje a prefeitura gasta dinheiro dos nossos impostos para pagar o hotel ao invés de pagar clínica para as pessoas se internarem, gasta dinheiro fazendo oficinas que, vou te dizer, é absurdo: as pessoas largam filhos, emprego, família e casa para morar na rua por conta da droga, e a prefeitura quer ensinar eles a consertar violão, por exemplo. Essas pessoas não querem trabalhar, elas querem usar droga. E aí eu tenho que resolver esse problema. Elas precisam de um tratamento antes de serem reinseridas na atividade laboral. Elas precisam ser curadas da doença que é a dependência química, ser reconectadas com a sua família.

Então é um tratamento mútuo do indivíduo e da família para aceitarem essa pessoa e aí depois, sim, reinseri-la no mercado de trabalho. É complexo, não é simples, mas o que não pode é a prefeitura dar café da manhã, almoço, lanche da tarde, janta, banho, comida, hotel, casa, roupa lavada e não exigir nenhuma contrapartida. A contrapartida aqui é tratamento.

Pela sua proposta, as internações seriam de forma involuntária? 

Involuntária e compulsória.

Nas suas redes sociais, o senhor publicou um vídeo citando o episódio de um caminhão que ficou parado na SC-401, no bairro João Paulo, provocando congestionamentos na região. O que o senhor pretende fazer para melhorar a mobilidade urbana da cidade?

Primeiro, colocar semáforos inteligentes. Nossa cidade aqui não tem nada de semáforo inteligente. E o segundo passo é trabalhar micromobilidade: é um projeto nosso que chama "Whats tá na mão". Através do WhatsApp, a prefeitura vai ofertar todos os serviços disponíveis ao cidadão. E um deles é sobre mobilidade urbana, pelo qual o cidadão vai solicitar lombada, placa de trânsito, pintura de faixa de pedestre, inversão de rua, tudo aquilo que se faz necessário para melhorar a mobilidade dentro do bairro.

Além disso, tem as obras estruturantes da cidade, por exemplo, levar à Beira-Mar do Estreito até São José, fazer o elevado da Edu Vieira, fazer o túnel da Mauro Ramos com a Madre Benvenuta, fazer o túnel da Lagoa, ampliações de faixa da avenida das Rendeiras e Ortiga, tem várias aqui. E a implantação do transporte marítimo, que eu trago desde 2015.

E quais são suas propostas para o transporte coletivo?

Primeiro de tudo, o ônibus: renovação da frota. O atual prefeito permitiu a frota de Florianópolis chegar a 18 anos. Isso é trágico. Os ônibus serem limpos para que as pessoas sintam-se confortáveis dentro dos ônibus e hoje é uma imundície. Nós precisamos ter também câmera de monitoramento e ar-condicionado nos ônibus.

Segundo passo: fazer a integração desses ônibus entre os municípios da Grande Florianópolis, para acabar com o turismo compulsório, de quem sai de municípios vizinhos e é obrigado entrar dentro de Florianópolis, pegar outro ônibus para ir para o município que quer. O cidadão sai da Palhoça querendo ir para Biguaçu e é obrigado a entrar em Florianópolis, prejudicando a mobilidade e comendo o tempo de vida da pessoa.

Somado a isso, a gente quer fazer a parte de faixas exclusivas para os ônibus, que é importante demais para ganhar tempo. E trazer também pontos de ônibus amigos, que é um projeto bem bacana que eu tive a honra de conhecer em São Paulo, que é um ponto de ônibus seguro, moderno, não essas medonhices que nós temos aqui que não funcionam para nada.

O senhor defende a creche em tempo integral de segunda a sábado. Como colocar isso em prática? A prefeitura tem recursos suficientes para a proposta?

A educação tem bastante recurso, hoje é muito mal administrado. Eu, como prefeito, a primeira coisa que vou fazer junto com Pontes, que é o vice, é auditar todos os contratos do município e repactuá-los. Tem contratos ali com sobrepreço absurdo. Só para ter ideia, eu peguei um na saúde de castração animal, 90% de sobrepreço. É a diferença de um trabalho sério para um trabalho de corrupto.

Então é bem simples: a prefeitura de Florianópolis hoje é uma gestão corrupta, que rouba do povo, é uma gestão que vai sair, não vai prosperar. Tem a Justiça tanto comunitária de pessoas que estão vendo isso, como uma Justiça também espiritual divina, para quem tem fé entende. É um processo de limpeza disso que está acontecendo. E a educação consegue fazer de duas formas a creche em tempo integral. A primeira delas é através do próprio serviço público do município, com os servidores e com as atuais creches. A gente consegue torná-las 100% em tempo integral, também atendendo aos sábados, aí sábado não é integral, é até às 14h. E as vagas remanescentes serem adquiridas na iniciativa privada. Esse é um compromisso nosso. E vai ser escalonado: primeiro ano, segundo ano, terceiro ano, até atingir 100% das crianças. A nossa meta-sonho é ter 100% das crianças em tempo integral.

No seu plano de governo, a saúde aparece como um pilar para o desenvolvimento social da cidade, mas não há detalhamentos sobre propostas. O que o senhor pretende adotar para melhorar a saúde pública em Florianópolis e facilitar o acesso dos moradores a exames e cirurgias?

A gente não subiu a versão final do plano, até a gente vai cobrar agora do pessoal que está terminando ali de atualizar; o plano está sendo colaborativo, então a gente recebeu muitas propostas nessas últimas semanas, foi atualizando e não subiu a última versão, mas creio que até quinta-feira a gente deva subir a versão final.

A questão de exames é bem simples: comprar os exames nos horários de baixa de clínicas e laboratórios, como foi feito em São Paulo na época do (João) Doria (ex-prefeito de São Paulo), o “Corujão da saúde”, a gente vai fazer aqui. Tem outro problema que é a questão de consultas com especialistas. O município de Florianópolis não tem especialistas na rede. A gente precisa ter endócrino, neuro, ortopedista. Enquanto se necessita dessas consultas, a gente vai ter que adquirir também na iniciativa privada. Não compensa para o município ter especialistas na sua grade, por conta da demanda que é infinita e seu serviço que custa muito mais caro para o município ter como o próprio do que contratar.

O nosso foco é medicina da saúde, programa saúde da família e também a parte de fortalecimento da prevenção à saúde. Então se for pegar ali o nosso plano tem um detalhe bem interessante que são os convênios do município como as universidades. Aí eu te digo: fisioterapia, fono, educação física, a própria medicina, enfermagem, odonto. É trazer esses jovens, monitorados por seus professores e pelos diretores e coordenadores das unidades, para que eles possam também prestar o serviço para a população. Isso já acontece dentro da Secretaria de Saúde, mas de um jeito muito tímido, a gente precisa fazer um verdadeiro exército com esses alunos para atender a demanda, que é crescente.

Só que Florianópolis tem um hábito que é o de tratar, não de prevenção, é um modelo reativo, sabe? Espera a pessoa adoecer para depois tratar. Nós precisamos conseguir virar essa lógica, é fazer com que a pessoa viva promovendo a própria saúde. Então nós temos que fazer com que as pessoas tenham clube de caminhadas, que o posto de saúde estimule ioga, atividade física, alimentação saudável. É fundamental ter no posto de saúde nutricionista passando dieta balanceada para a família. Então esse é um caminho que a gente pretende seguir sabe, trabalhar muito forte a prevenção e a longo prazo uma das metas é fazer de Florianópolis uma blue zone, uma área azul de longevidade.

Pesquisa Quaest*, encomendada pela NSC, mostra o senhor em terceiro lugar, empatado tecnicamente com o Lela... 

Não acredito em pesquisas, vamos derrubá-las na Justiça, como derrubamos as outras duas. Eles usam o meu nome como Pedro Silvestre, ninguém me conhece como Pedro Silvestre. Eu gravei o questionário, ele é uma indução para o Topázio, tá? A pesquisa assim está muito tendenciosa e muitas poucas entrevistas. Não é uma pesquisa… E estão me pondo em último, por quê? É uma estratégia do próprio Topázio colocar a gente lá atrás. Por quê? Porque se tiver segundo turno, Topázio hoje perde para o Dário (candidato do PSDB) e perde para o Pedrão. Se passar o Dário Berger, o Dário Berger se elege. Se passar o Pedrão para o segundo turno, Pedrão se elege. O Topázio ganha do Marquito (Psol) e do Lela (PT), dos dois ele ganha. Do restante ele perde.

Não acredito em pesquisas, vamos derrubá-las na Justiça, como derrubamos as outras duas.

Pedrão, candidato do PP à prefeitura de Florianópolis

O senhor assinou um termo de compromisso que vai garantir a participação dos conselhos na nova gestão. Como será, de fato, a participação desses conselhos na sua gestão se eleito?

Os conselhos cumprem o que está na lei. Eu aprovei essa lei quando era vereador, só que na época o prefeito era o Gean Loureiro, que era dupla do Topázio. Eles colocaram uma palavrinha que era "preferencialmente": 5% do IPTU de cada região “preferencialmente” será usado em obras indicadas pelos conselhos. Na época, em 2018, falei que estava errado e que deveria ser "obrigatoriamente", para que o prefeito que entrasse não fizesse o que o Topázio fez, que foi simplesmente matar um projeto de participação comunitária.

O político que não é honesto tem medo da imprensa e hoje de redes sociais e de pessoas. Basicamente é isso. Quando você não permite que a pessoa que paga o imposto participe da construção de como vai ser a utilização desses recursos é quase uma monarquia, entende? Você tira o dinheiro das pessoas e como o “prefeito rei” vai lá e diz: “olha, a obra é essa porque tem que ser assim”. Não, o prefeito tem que ser humilde o suficiente para ouvir a comunidade e permitir que a comunidade ajude a governar junto.

Então nosso compromisso é ter em Florianópolis não apenas a política participativa via conselhos, mas uma política via cidadão. Isso está escrito na nossa última versão do plano e eu defendia em 2020, quando fui candidato a prefeito, que é o orçamento participativo, a população vai saber pela transparência quanto custa o posto de saúde, a creche, o serviço público como um todo e quanto sobra para investimento. E dessa verba de investimento a população vai dizer como deve ser investido.

Quando você não permite que a pessoa que paga o imposto participe da construção de como vai ser a utilização desses recursos é quase uma monarquia.

Pedrão, candidato do PP à prefeitura de Florianópolis

*Metodologia da pesquisa citada: Metodologia: 852 entrevistados pela Quaest entre os dias 14 e 16 de setembro de 2024. A pesquisa em Florianópolis foi contratada pela NSC Comunicações SA. Confiança: 95%. Margem de erro: 3 pontos percentuais. Registro no TSE nº SC-09567/2024.

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