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Primeiro debate entre os candidatos à prefeitura de Florianópolis (SC).
Primeiro debate entre os candidatos à prefeitura de Florianópolis (SC).| Foto: Reprodução/YouTube NSC Total

O combate à corrupção dominou o primeiro debate entre os candidatos à prefeitura de Florianópolis (SC), nesta sexta-feira (16). Parte dos participantes citou as revelações da operação Presságio sobre suposto esquema envolvendo fraude à licitação, corrupção passiva e lavagem de dinheiro dentro da prefeitura e cobrou medidas de transparência na administração pública.

O embate de ideias é o primeiro a ser realizado nas eleições de 2024 em Florianópolis, promovido por CBN Floripa e NSC Total. Outros temas que tiveram destaque foram transporte coletivo, saúde e meio ambiente.

Participaram do evento Dário Berger (PSDB), Marquito (Psol), Pedrão Silvestre (PP), Rogério Portanova (Avante), Topazio Neto (PSD) e Vanderlei Farias, o Lela (PT). Como foram convidados para o debate apenas os candidatos de partidos, federações ou coligações com pelo menos cinco parlamentares no Congresso Nacional, conforme determina a legislação eleitoral, ficaram de fora Brunno Dias (PCO), Carlos Muller (PSTU) e Mateus Souza (PMB).

O ponto alto

O maior alvo de críticas durante o debate foi o atual prefeito Topazio Neto, que viu os demais postulantes criticarem sua gestão e teve que se defender. Pedrão, por exemplo, disse que ocorreram casos de corrupção na prefeitura nos últimos dois anos, citou que o prefeito é “maestro dessa orquestra” e questionou: “Quem é o culpado dessa corrupção? O que tem se propagado nas notícias é que você empurra para o ex-prefeito, seu antecessor Gean (Loureiro, que deixou o cargo de prefeito para concorrer ao governo de Santa Catarina nas eleições de 2022) e se esquiva. A culpa é do Gean ou é sua?”

“Primeiro que não me esquivo”, pontuou Topazio. “Nunca teve um trabalho tão grande de transparência e  combate à corrupção como no meu governo de dois anos. Vou te falar o seguinte: montei a Controladoria-Geral do município, fizemos convênio com Polícia Civil e criamos núcleo anticorrupção que tem atuado em todas as atividades. Sou prefeito há dois anos e estamos dando condições de a corrupção ser investigada”. Ele disse ainda que “quem tem que definir se o culpado é ‘a’, ‘b’ e ‘c’ é a polícia” e que “nenhuma operação dessas tem nosso nome envolvido”.

Na réplica, Pedrão reforçou que o nome de Topazio não foi citado nas investigações e que não estava dizendo que o prefeito é corrupto. “Mas é o prefeito que escolheu o secretário que está preso e os que foram afastados do cargo. Teu núcleo é reativo, ele não é protagonista. Ele está para enfeite e redes sociais”. Topazio Neto voltou a dizer que nunca se investigou tanto a prefeitura com o apoio do prefeito como agora. “Estamos fazendo isso e a cidade está participando de todas as ações que foram arroladas. E nenhuma veio da minha gestão, são de gestões anteriores”.

Bate-boca

Com Berger chamando Topazio Neto de mentiroso e esse tendo direito de resposta, o principal bate-boca do debate entre os candidatos de Florianópolis se estendeu por dois blocos. A rixa entre os dois começou com Topazio Neto rebatendo comentários de Berger sobre ele ser "apenas um gestor de redes sociais" e dizendo que teve dificuldade de acompanhar os oito anos de trabalho de Berger como senador por falta de redes sociais: “Não sei onde você estava em Brasília”.

Berger defendeu, então, seu mandato no Congresso Nacional, citando que foi presidente da Comissão do Orçamento e que levou mais de R$ 1 bilhão para Santa Catarina. Parte desse recurso, afirmou, foi para a terceira faixa da Via Expressa, importante via da capital. Topazio Neto questionou os valores enviados por Berger para Florianópolis e citou que ele poderia ter investido mais na cidade no período em que foi parlamentar. Dario rebateu como “mentiroso”, mas o tempo dele já tinha terminado e a fala não saiu no microfone.

No último bloco, quando os candidatos tiveram espaço para citar o que pretendem fazer nos primeiros cem dias de mandato, Berger começou a fala criticando Topazio Neto: “Já sabia que a prefeitura atual era de um prefeito fake, virtual, tiktoker, mas não sabia que era prefeito mentiroso".

Topazio Neto teve o único direito de resposta concedido no debate e disse que era um absurdo o que Berger estava falando. “Simplesmente olhei os dados que estão lá e são públicos. É só olhar as emendas q vc encaminhou".

“O senhor nem foi eleito”

Em mais uma discussão, Topazio criticou o fato de Marquito ter cumprido dois anos como deputado estadual e já estar se candidatando à prefeitura. “Se você for eleito prefeito, vai ficar dois anos?”, perguntou ele.

Marquito rebateu, citou que foi eleito duas vezes vereador e foi o deputado estadual mais votado em Florianópolis. “O povo está comigo”, disse, completando: “O senhor nem eleito foi. Você era o vice do prefeito Gean”.

Do que eles falaram?

Pedrão criticou, em diversos momentos, a transparência da administração pública. Citou o relatório da Open Knowledge Brasil, divulgado em junho, em que Florianópolis tirou sete notas “zero” de oito itens analisados. A capital catarinense ficou em 13º no ranking entre as capitais do país. Lela disse que é necessário fazer auditorias nos contratos da prefeitura com participação das organizações civis, observatórios, Ministério Público.

Outro assunto explorado foi o transporte público e a mobilidade urbana. “Em primeiro lugar, precisamos de BRTs que sejam com combustível não poluente. Mas temos que trabalhar com a grande alternativa do mundo inteiro, que são as ciclovias”, disse Portanova. Já Marquito disse que é necessário discutir a mobilidade urbana de forma integrada com municípios da grande Florianópolis: “Um das formas é corredores de ônibus, pensar em linhas interbairros e principalmente integrar transporte metropolitano”.

Em relação à saúde, Berger disse que é necessário recuperar o quadro de profissionais: “O problema é que faltam pessoas, médicos, profissionais” e anunciou como proposta construção de centros para pessoas com autismo.

Na educação, Topazio Neto falou sobre a proposta de aumentar o número de escolas com turno integral ou jornadas estendidas para todas as regiões da cidade e disse que esse contraturno deve ser feito com contratação de professores efetivos ou temporários, descartando a contratação de administrações para a função.

Estratégias expostas no debate de Florianópolis

Com duas horas de duração, o debate expôs algumas estratégias dos candidatos. Lela tentou se vincular ao presidente Lula (PT), enquanto Portanova defendeu a despolarização, criticando a extrema direita e a esquerda. Topazio Neto enfatizou a parceria com o governador Jorginho Mello (PL) e destacou alguns feitos de seu mandato.

Berger também relembrou como foi sua gestão como prefeito e focou em melhorias na saúde. Marquito citou o trabalho na Câmara de Vereadores e na Assembleia Legislativa, além de focar em questões ambientais. Já Pedrão também recorreu à sua época de vereador e focou na necessidade de transparência da administração pública.

Como funcionou o debate em Florianópolis

O debate entre os candidatos a prefeito de Florianópolis foi dividido em três blocos. No primeiro e segundo bloco, candidatos fizeram perguntas de tema livre entre si.

Depois, os colunistas da CBN Floripa Ânderson Silva e Renato Igor questionaram os postulantes à prefeitura com base nos cinco eixos do projeto SC Ainda Melhor: saneamento básico, atendimento em postos de saúde, mobilidade urbana, transporte público e educação básica. No último bloco, cada candidato apresentou quais serão as prioridades dos cem primeiros dias de governo, caso seja eleito.

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