Debate da TV Globo entre candidatos em Florianópolis foi o último antes do primeiro turno| Foto: Reprodução/site G1
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O último debate entre os candidatos à prefeitura de Florianópolis antes do primeiro turno das eleições 2024 começou com discussão e trocas de acusações entre Lela (PT) e Topázio Neto (PSD), que busca a reeleição.

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O candidato do PT trouxe ao debate a investigação de fraude de funerárias que envolve o ex-secretário de Limpeza e Manutenção Urbana de Florianópolis, João da Luz, segundo denúncia do Ministério Público. Ele é suspeito de receber presentes, como chinelo de R$ 4 mil e viagens para facilitar práticas ilegais que prejudicavam os consumidores. Lela perguntou a Topázio se ele deu poderes a João da Luz para negociar com as funerárias.

Topázio chamou Lela de mentiroso e se defendeu: "Nenhum prefeito combateu tanto a corrupção quanto eu combati: criamos uma força-tarefa, trouxemos Polícia Civil, Ministério Público, e todas as pessoas citadas e envolvidas (nos casos de suspeita de corrupção) foram afastadas da prefeitura", respondeu.

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Após a discussão calorosa no debate, promovido pela NSC TV e transmitido pelo site G1, Pedrão (PP) pediu desculpas aos eleitores pela postura dos candidatos. Quando teve oportunidade, o candidato do PP trouxe para o embate a questão dos moradores em situação de rua da cidade, frisando que encerrará a política atual da prefeitura que, segundo ele, é assistencialista e tratará esse grupo com internação.

Portanova (Avante), por sua vez, defendeu que seja solucionada a causa que leva as pessoas a morarem nas ruas e não apenas as consequências. "Vamos criar setor especifico para tratar pessoas com vício de jogos e em outros vícios para que elas tenham acolhimentos".

Marquito (Psol) trouxe ao debate a questão da terceirização da coleta de lixo com contratos que, segundo ele, custam mais de R$ 120 milhões ao ano e defendeu uma Comcap (Companhia de Melhoramentos da Capital) 100% pública. "Podemos reestruturar a Comcap, remodelar frota. Tenho conversado com ministra Marina Silva para mudar frota, trazer frota com baixo carbono e fazer mais pontos de coletas na cidade".

Dário (PSDB) que, quando teve oportunidade criticou a gestão de Topázio, afirmou que as ruas estão "abarrotadas de lixo" e emendou: "Uma vergonha até parece que a gente não tem administrador público em Florianópolis".

O candidato criticou as greves da Comcap, apesar de admitir que essas paralisações são legais e permitidas pela Constituição. Ele defendeu, no entanto, uma renegociação entre Comcap e gestão municipal, para ampliar a participação da companhia na coleta de lixo e elogiou o serviço de "excelência" da companhia.

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Os seis candidatos que participam do debate são de partidos, federações ou coligações que possuem o mínimo de cinco representantes no Congresso Nacional.

Gestão atual na mira dos candidatos

Empatados tecnicamente em segundo lugar, segundo pesquisa Quaest* divulgada em 17 de setembro, Dário e Marquito não se atacaram no embate direto que tiveram. Pelo contrário, se juntaram para criticar a atual gestão de Topázio Neto.

"O atual prefeito fez tiktoks recentemente em que prometeu 800 casas, não cumpriu, prometeu merenda escolar aos finais de semana, não cumpriu...", disse Dário ao perguntar para Marquito qual a opinião dele sobre o assunto.

"A minha opinião é que nas redes sociais cabe tudo, mas não se comprova o que acontece no dia a dia, no cotidiano", disse Marquito. "É ruim quando a administração municipal começa a ser pautada sobre instrumentos de redes sociais, feitas através de estratégias de marketing que não condizem com a administração pública, que exige responsabilidade, transparência e mais do que isso: exige que a gente fale a verdade, dos problemas que estão acontecendo", complementou.

"Marquito, existe vários tipos de políticos, os que fazem e os que só prometem e não fazem, essa é a realidade q estamos vivendo hoje em Florianópolis", disse Dário. Já Pedrão, ao questionar Topázio, acusou a gestão dele de corrupção e perguntou como o prefeito explicava o aumento de subsídios a empresas de ônibus de R$ 63 milhões para R$ 124 milhões.

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Topázio falou que "R$ 70 milhões é pra pagar transporte dos estudantes que ou têm tarifa zero ou pagam meia passagem e de pessoas com deficiência" e criticou Pedrão, ao afirmar que ele não conhecida os números da prefeitura. O candidato do PP aproveitou para dizer que se ele e a população não têm conhecimento dos números é devido à falta de transparência na prefeitura. "Florianópolis tirou sete notas zero na transparência", rebateu.

"De novo, você não tem informações corretas, a prefeitura recebeu nota 8,5 dos tribunais de conta", respondeu Topázio.

Propostas para mobilidade urbana aparecem no debate em Florianópolis

Questionado por Pedrão, Lela afirmou que criará uma agência municipal de transporte marítimo, que envolva as cidades da Grande Florianópolis: Biguaçu, São José e Palhoça. "Vamos conversar com esses prefeitos, para formar um plano para apresentar aos governos do estado e federal pra tirar transporte marítimo do papel".

Pedrão disse que não há transporte marítimo em Florianópolis porque "as maiores corrupções estão nas obras de asfalto e não há interesse de 'asfaltar' o mar, porque não precisa, é só colocar barco e navegar".

Portanova, em diversas oportunidades, defendeu a integração de modais para melhorar a mobilidade urbana da cidade e criticou obras que não priorizam transporte público coletivo. "Vi o projeto de expansão da SC-401, é muito bonito, mas não tem pista exclusiva pra ônibus, e não para qualquer ônibus, precisamos de um que seja com combustível 100% ecológico e integração de modais", que incluam ciclovias, para bicicletas e patinetes.  

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Dário, questionado por Portanova se adicionaria apenas asfalto ou faria integração de modais, defendeu obras estruturantes "sem as quais tudo passa a ser uma falácia". E prometeu então: "Vou duplicar a SC-405 até Rio Tavares, vou fazer elevado da rótula do Campeche, mais uma pista na SC-401, engordamento da praia da lagoa da conceição e terminar com binário escandaloso (da Lagoa) que não adiantou coisa nenhuma".

*Metodologia: 852 entrevistados pela Quaest entre os dias 14 e 16 de setembro de 2024. A pesquisa em Florianópolis foi contratada pela NSC Comunicações SA. Confiança: 95%. Margem de erro: 3 pontos percentuais. Registro no TSE nº SC-09567/2024.